Meio Ambiente na Escola- A contribuição da Ética de Aristóteles Flaviano Marcelino Pereira 3° Filosofia Roque Luis Sibioni Orientador Resumo Trabalhar com os jovens é justamente ter claro que estamos pensando no futuro de nossa cidade, de nosso país e do nosso mundo. Usando, assim, a filosofia como instrumento balizador, o nosso foco é o meio ambiente. Nos dias atuais tal tema se faz importante devido ao modo como a sociedade avança sem que haja um questionamento juvenil em relação ao meio ambiente. Temos em Aristóteles que o homem deve atingir o justo meio, por meio do hábito e, conseqüentemente, atingir a felicidade. Um dos frutos de onde brota a felicidade é a harmonia. Se um lugar não é harmonioso, então a felicidade não se manifestará de modo pleno. Palavras-Chaves Meio ambiente, valor da vida, visão crítica, indiferença, preservação, valores éticos e bem estar da social. Desenvolvimento Notório ao nosso olhar é uma sociedade em esgotamento; crise de valores, de sentido, de relações interpessoais, de relações com o meio ambiente (que é a ‘onda do momento’), entre outras crises; não se tem mais uma noção de se guiar pela medianidade. Porém, como se percebe esta crise dentro do ambiente escolar? Quais os meios e/ou soluções para este grande mal que afeta nossos jovens? Quais subsídios a filosofia pode elaborar para resolver ou suavizar esta realidade? Uma das saídas para este fato que assola a educação brasileira está na importante função que tem os professores e os estagiários dentro da escola. Nesses meses em que estou realizando o estágio sobre a Filosofia de Aristóteles e o Meio Ambiente, em uma escola da Rede Pública, na cidade de Cruzeiro, com os jovens e adolescentes, que atingem a faixa de idade dos 14 aos 18 anos, ensino médio (1º e 2º ano), compreendo que é necessário resgatar o sentido do valor da vida humana na sociedade, família e em toda vida juvenil, percebendo como os jovens estão sem um “fio norteador” para suas vidas, como ausência em sua vidas de um parâmetro a seguir, um modelo para se agir na sociedade. Tal projeto vem neste sentido, fazer com que o educando, os jovens, a partir de uma realidade complexa, pare, perceba e comece a refletir sobre a sua própria vida e existência neste mundo, que tenha uma visão positiva (ética) do mundo, que tenha uma visão crítica da realidade concernente na sociedade atual. Para que o educando jovem não seja mais considerado como indiferente diante de seus problemas, que pelo menos saiba o que está acontecendo com ele, com sua família, com a realidade que o cerca, que o jovem desperte para a vida que o convida a cada amanhecer a viver com intensidade. É necessário então, estimular a descoberta de valores na vida particular e coletiva do jovem, em casa, no grupo de amigos, na sociedade, baseado numa ética que é base de pesquisas desde a Antiguidade até hoje – a ética aristotélica; mostrar para ele o quanto a sociedade futura acredita e espera da sua pessoa; que faz parte de um projeto de um mundo melhor, que começa a partir dele mesmo, baseado numa ética teleológica eudemonista (Aristóteles), visando que o homem tenha como fim último de sua vida a felicidade através das práticas de ações virtuosas na sua cidade, no seu estado, no seu país e no mundo. Almejar e chegar ao ponto em que os jovens tenham uma consciência crítica da importância de preservar o meio ambiente, com ênfase na escola no que diz respeito ao lixo. Um ambiente que se encontra visivelmente limpo e ordenado cria no aluno uma auto-estima maior, decorrendo daí, várias melhorias no desempenho educacional, familiar e social do aluno. Nesse sentido, destaco um projeto já desenvolvido na escola: Projeto Bom Lugar, que incentiva a responsabilidade do aluno (cada dia três por ordem de chamada) em relação a preservação e limpeza da sala de aula. Os próprios jovens se tornam protagonistas e artífices da preservação e da qualidade do espaço no qual vivem. Mas fica sempre a questão: como motivar para que eles façam, não por obrigação, mas sim por consciência? Aristóteles diz que devemos nos pautar sempre pelo “justo meio”, ou seja, devemos dirigir nossas ações para o que está na medianidade. Não devemos viver dos extremos, tanto para mais (excesso) quanto para menos (falta). “Ora, a virtude diz respeito às paixões e ações em que o excesso é uma forma de erro, assim como a carência, ao passo que o meio-termo é uma forma de acerto digna de louvor; e acertar e ser louvada são características da virtude. Em conclusão, a virtude é uma espécie de mediania, já que, como vimos, ela põe a sua mira no meio-termo”.1 O justo meio se adquire senão pelo hábito, com nossas práticas cotidianas e, assim, alcançarmos, entre outras muitas coisas, uma relação harmoniosa com as pessoas e com o ambiente ao nosso redor. Somente assim alcançamos o Sumo Bem e seremos felizes. Portanto, um dos primeiros passos a se realizar foi um processo inicial de conscientização dos alunos sobre a importância de uma vida pautada em valores éticos. E também mostramos aos alunos como o Meio Ambiente se faz importante no contexto moderno, entre outros fatores, devido ao progresso humano que, hoje, se faz sem um planejamento correto. Para tanto, utilizamos meios como vídeos didáticos, cartazes, debates e questionários. Faz-se necessário criar nos alunos um senso de responsabilidade sobre a questão ambiental. Mas focalizando, é claro, que a responsabilidade com o Meio Ambiente se faz de início, ao redor de cada um. Dentro do contexto escolar, o aluno que é recebido em uma instituição com uma considerável poluição visual sente-se desmotivado a estudar. Portanto, os alunos devem começar a zelar pela escola, inicialmente com gestos simples como jogar o lixo no lixo, não sujar as paredes, rabiscar as carteiras, entre outras atitudes. 1 Aristóteles. Pág. 273 Assim, o papel de todos os educadores é zelar para que os alunos adquiram uma consciência da importância do Meio Ambiente e desenvolvam uma consonância interna e externa, contribuindo para o bem estar da sociedade como um todo. Referências ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Coleção os pensadores. Abril Cultural: São Paulo, 1977.