ESTADO E POLÍTICAS PÚBLICAS O poder local e o nacional Prof. Raul Borges Guimarães 1 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL República: res publica (latim) coisa pública, forma de governo na qual o povo é soberano. Federação: união entre Estados independentes para formar uma única entidade soberana. 2 Federalismo Elaborado como solução para independência das ex-colônias inglesas na América. Criação de uma confederação que deu origem, no séc. XVIII, aos Estados Unidos da América Pacto federativo - é um pacto de base territorial, na qual grupos localizados organizam-se em busca de harmonização entre suas demandas particulares e os interesses gerais. 3 Experiência Federativa Brasileira A constituição de uma federação no Brasil teve um movimento diferente. A estrutura federativa brasileira surgiu como mecanismo de descentralização do poder imperial Isto permitiu a convivência entre centralismo e mandonismo local. 4 Princípios da Constituição de 1891 federalismo: os 20 Estados da época teriam autonomia para elaborar sua própria constituição, eleger seus presidentes (governadores), possuir suas próprias forças militares presidencialismo: o chefe da Federação seria o Presidente da República, com poderes para intervir nos Estados quando houvesse alguma tendência separatista. Regime representativo com eleições diretas pelo povo (excluídos os analfabetos, as melhores, os soldados e os jovens). 5 República Federativa só no papel A República, que significa “coisa pública”, não favorecia a maioria do povo. Os 2 primeiros presidentes (Marechal Deodoro e Marechal Floriano Peixoto) eram centralizadores e autoritários. A partir do primeiro presidente civil (Prudente de Moraes), a oligarquia cafeeira assumiu o controle político do país, governando segundo os seus interesses. 6 O poder dos coronéis Nos municípios dominavam os coronéis: eram proprietários da terra, comerciantes e até industriais e bacharéis, cujo título militar persistia, mesmo após a extinção da Guarda Nacional, em função do poder que exerciam sobre seus parentes, agregados e moradores dos distritos e municípios. Um dos principais objetivos do coronel era o controle do voto de seus dependentes pelo “voto de cabresto” 7 A máquina eleitoral O domínio político do incontestável em seu domínio. coronel era Os chefes municipais, por sua vez, se agrupavam em torno dos líderes da cidade mais importante de uma região, que elegiam os chefes políticos regionais. Os mais fortes dos chefes políticos formavam as oligarquias: grupos poderosos constituídos pelas famílias e chefes políticos das principais regiões. 8 A política de governadores A máquina eleitoral dava sustentação política ao Presidente da República e este, por sua vez, favorecia seus aliados políticos com investimentos e recursos. Fortalecidas pelo apoio federal, as oligarquias estaduais mantinham sob controle os coronéis municipais. Este mecanismo político consolidou o poder de São Paulo e Minas Gerais - política do café com leite. 9 Constituição de 1934 mudar para ficar no mesmo lugar A “Revolução” de 1930 não passou de um rearranjo do poder, com base em grupos oligárquicos que não tinham espaço na política do café com leite. A Constituição de 1934 manteve a Repúplica Federativa e Presidencialista, instituindo o voto secreto. Contudo, os analfabetos continuavam impedidos de votar (2/3 da população). Aumentava o poder de intervenção do Estado na economia e na política. 10 O Estado Novo Ditadura Vargas - 1937/1945 Regido pela Constituição autoritária de 1937, inspirada no fascismo, o Estado Novo representou a instauração da ditadura no país. O Presidente da República passou a legislar por meio de decretos-lei e a intervir nos governos estaduais, substituindo as lideranças que não faziam o jogo do regime. Uso da propaganda política para construção da imagem do homem público: Getúlio - pai dos pobres.. 11 Os conflitos do Estado populista 1946/1964 Com o fim da ditadura Vargas, uma nova Constituição foi promulgada em 1946 - manutenção do regime republicano, federativo, presidencial e representativo (excluindo os analfabetos e soldados). Ampliação do poder do Estado e municípios, preservação da estrutura da propriedade da terra. Política de massas (populismo) - ser, ao mesmo tempo, a voz dos interesses populares e limitar suas conquistas de acordo com os interesses dos grupos dominantes. 12 Regime Militar 1964/1984 Autoritário Centralizador Permanência do poder de influência das elites locais política territorial - ênfase na necessidade de integração nacional, com medidas específicas para a ação regional na Amazônia (SUDAM, Zona Franca de Manaus) 13 Constituição de 1988 A constituição - Cidadã Instrumento legal e formação de descentralização de decisões, representa um instrumento para garantir o funcionamento da democracia O município é o grande beneficiário da nova constituição O nível estadual, por sua vez, sem poder contar com a fonte financeira da união para projetos de desenvolvimento, começa a desenvolver uma política agressiva e competitiva´para atrais investimentos guerra fiscal 14 Para onde vamos? Os efeitos da nova constituição estão em plena fase de configuração 1. O fortalecimento do poder municipal significa a possibilidade de maior controle e organização da sociedade civil - fatos novos 2. Com o fim da política de desenvolvimento regional do regime militar (SUDAM, SUDENE...), a região transformou-se mais em um nível de gestão de recursos do que propriamente de decisão. 3. O Congresso Nacional deveria ser o fórum de discussão da direção das políticas da nação em conjunto. Como os municípios estão cada vez mais fortes, há um enfraquecimento do papel mediador dos estados - “A Câmara dos Deputados é uma grade Câmara de Vereadores” 15 O que fazer? A Geografia tem uma enorme contribuição para o debate A questão da Escala Geográfica 16