→ O Desafio da Maturidade “Todos sabemos que a vida é um constante processo, ou seja, há uma continuidade e uma seqüência de fatos que marcam, cada um, de um modo diferente. As marcas determinam a forma como cada sujeito lida com as situações de separações e de perdas desde a infância. As reações, os sentimentos, os questionamentos, fazem parte de toda a existência e por um determinado período acredita-se que o tempo é eterno, ou seja, é com dificuldade que o ser humano começa a cogitar do limite temporal. A adolescência, por exemplo, é um dos momentos em que o tempo começa a dar sinais de que “acaba”, essa é uma das razões para que o adolescente se angustie. Sendo assim, conforme a idade avança, algumas mudanças ocorrem, na medida em que, já não é mais possível acreditar que se “dispõe de todo o tempo do mundo”. Tornar-se maduro é antes de tudo assumir que o tempo “passa” e por conseqüência, que a vida é finita. Finitude é uma questão que angustia pois coloca o sujeito diante da possibilidade de morte. Ninguém quer, de fato, falar e/ou pensar sobre o assunto como se fosse possível apagar o destino de todos os seres humanos. A evitação é uma espécie de segurança que, supostamente, protege o sujeito. Negar a própria morte é como esconder-se atrás de um véu transparente, é impossível congelar o tempo e cristalizar a vida, mas é viável construir um projeto que valorize o tempo que cada um dispõe. Assumir que a vida é limitada é também a possibilidade de edificar um viver com mais alegria e qualidade. O desafio é justamente aceitar a limitação e encontrar substitutos para o trabalho, para a beleza do corpo que começa a desaparecer, para a força que começa a diminuir, enfim, para as mudanças que o físico vai impondo a todos nós. Construir um projeto de vida não é deixar para realizar os sonhos mais adiante, ao contrário, é dar-se o direito de explorar ao máximo o desejo e autorizar-se a viver o mais feliz possível, hoje.” Márcia Tolotti