REVISTA ÂMBITO JURÍDICO ® Ser? paz que o direito procura? Não será objeto de o presente artigo utilizar o termo paz em seu sentido conotativo ou etimológico, mas paz enquanto satisfação plena e não conflituosa de um conflito, sob uma ótica sistêmica. Ensina-se, nas cátedras jurídicas, que a finalidade maior do direito é pacificação social. A paz configura-se como objeto mediato a ser perseguido pelo moderno Direito. Mas o que seria de fato a paz? Sob o ponto de vista sistêmico a paz seria ação plena do processo entrópico sobre determinado corpo ou evento. O sistema está em repouso permanente e não há retorno para o “status quo ante”. Por contraponto, a harmonia seria o pleno equilíbrio entre os processos entrópicos de decomposição do sistema e aqueles sintrópicos, de sobrevida, tal qual um jogo de vetores contrastados. Acerca da harmonia não significa afirmar que houve uma completa satisfação dos interesses de ambas as partes: é um processo dinâmico afeto a todos os elementos do sistema. Basta estar vivo para se ter uma angustia. Essa angustia de estar entre o mundo dos presentes é a responsável de impulsionar o ser humano a satisfação de necessidades as mais variadas. Acontece que nem sempre essa satisfação é feita de um modo leal, por conta de os recursos serem parcos e limitados. Daí, intrigas. A paz é como um sustenido mudo, sem expressão nem sabor. Não há modificação no meio, as forças aqui representadas estão em equilíbrio eterno e permanente. A harmonia, pelo contrário, representa um equilíbrio dinâmico e eventual, o que representa melhor a realidade material em que vivemos. Se paz é a consumação do Direito seria por consecutivamente decretar a morte deste, e conceber a maturação da sociedade para um nível de eliminação permanente de conflitos, bastante improvável ante a dinâmica dos fatos. A ética não aniquila a própria vontade do homem nem seus caprichos, mas ensina o homem a retirar o mel das abelhas sem, no entanto, provocá-las. Dessa forma saber viver com as diferenças entre as pessoas, concerne viver em harmonia, mas não sinaliza que um cordeiro viverá em paz com o lobo, seu agressor...