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SEGUNDA-FEIRA, 28 DE ABRIL DE 2014 A GAZETA
Cuidados na
colheita do café
para ter mais lucro
Pág.27
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ELAINE SILVA
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ARROCHO NAS CONTAS
PESO DOS JUROS É MAIOR
PARA QUEM GANHA MENOS
Brasileiro trabalha, em média, 52 dias por ano só para pagar juro
YASMIN DE SÁ
O brasileiro endividado trabalha em média 52,5 dias
poranoparapagarjuros,segundo estudo da Fecomércio-SP. Divulgado pela Folha
deSãoPaulo,ocálculolevou
em conta os R$ 233 bilhões
em gastos de pessoas físicas
com juros de empréstimos
em 2013 e uma renda de R$
1,62 trilhão de consumidores com dívidas no mesmo
período. A conclusão é que
os juros pesam mais para
quem ganha menos.
O resultado equivale a
14,4% do salário anual
desses
trabalhadores.
Quem recebe R$ 810 líquidos por mês, por exemplo,
leva 52 dias para pagar os
jurosdeumadívidadeR$1
mil no cheque especial dividida em 12 parcelas. Já
quem recebe R$ 5 mil por
mês leva apenas 8 dias para quitar os mesmos juros.
Na conta do montante
total de juros pagos, foram
consideradas todas as modalidades do chamado crédito livre, como cartão de
crédito, empréstimo pessoal e cheque pessoal. Financiamentos imobiliários
eoutraslinhasdirecionadas
não foram incluídas.
O especialista em finanças pessoais e fundador da
SOS Dívidas, Emanuel Gonçalves, explica que o consumo em cima de empréstimoséreflexodafaltadecultura orçamentária da maioria dos brasileiros. “Não fomos educados para economizareplanejar,eacabamos
comprando antes do tempo
e sem base nas reais possibilidades de pagamento. Resta então abusar das facilidades do cartão de crédito, dos
financiamentos com juros
absurdosepagarpordoistelevisores em vez de um”.
Gonçalves questiona a
falta de cautela recomendadaaestesserviços.“Naspropagandas de cervejas ou remédios, é recomendada a
prudência ou a procura de
especialistas. Por que não há
‘calcule os juros antes de
comprar’ nas propagandas
de empréstimos?”. Ele também aponta que não há iniciativas de incluir a educação financeira nas escolas, o
que,naopiniãodoconsultor,
nos torna “presas fáceis”.
Dados da Fecomércio
também apontam que 60%
das famílias brasileiras estão endividadas. Frente a
números mundiais não é
um percentual alarmante,
o que preocupa são as despesas com encargos financeiros por causa dos juros
altos, pela possibilidade de
alavancar a inadimplência.
Naavaliaçãodoespecialista, essa dependência do
juronãoésomenteprejudicial ao indivíduo, mas onera o país. “Desse jeito vamos permanecer na cirandadegerardívidasparapagaroutrasdívidas,comprometendo a qualidade de vida individual e familiar.
Além disso, o dinheiro continuará praticamente todo
na mão do capital investidor e não do consumidor”.
A saída, segundo Gonçalves, é viver de acordo
com realidade dos ganhos,
fazer contas, se planejar,
comprar à vista e barganhar descontos. “Não existe outra opção. É preciso
mudar os paradigmas para
parardeconsumiremcima
de juros absurdos”.
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