ARTROTOMIA DO TARSO PARA CORREÇÃO DE
FRATURA DO OSSO TALUS
Luis Fernando O. Varanda1; Cinthia Beatriz da S. Dumont1; Ana Lourdes A. M. Alencar¹; Mariana
2
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Damazio Rajão ; Fernanda A. Fonseca ; Ernane P.F. Novaes ;Fabio Bezerra Ximenes³ Antonio
Raphael T. Neto4; Roberta F. de Godoy5
1 Mestranda
em Saúde Animal – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – FAV/UNB* [email protected]; 2 Residente do Hospital Escola
de Grandes Animais da Granja do Torto – FAV/UnB; 3 Professor Adjunto de Obstetrícia de Grandes Animais; 4 Professor Adjunto de Clínica e Equinos –FAV/UnB
; 5 Professora Adjunta de Cirurgia de Grandes Animais – FAV/UnB.
Introdução
Fraturas de tarso são injúrias incomuns, resultantes de evento traumático único ou por estresse repetitivo. Dentre os
acidentes que levam à fraturas de tarso estão traumas por coice, lesões durante a corrida ou salto, além de acidentes
automotivos. São raras e de difícil diagnóstico, principalmente se forem incompletas. O grau de claudicação varia de
acordo com o tipo e extensão da fratura, sendo o diagnóstico confirmado por meio de exame radiográfico. O tratamento
deve ser escolhido avaliando-se as peculiaridades individuais da lesão, porém considera-se que o tratamento cirúrgico
seja de eleição na maioria dos casos. O prognóstico é reservado para o retorno a função plena quando se faz a remoção de
fraturas em lasca que envolvem superfícies de apoio de peso, no entanto isso é dependente do tamanho do fragmento, de
sua localização e do tempo de ocorrência da fratura até a instituição do tratamento.
Relato de Caso
Um eqüino macho, castrado, SRD, de 340 kg foi atendido no Hospital Escola de Grandes Animais da Universidade de
Brasília com histórico de atropelamento há 42 dias. Ao exame clínico, observou-se que o animal não apoiava o membro
posterior esquerdo no solo e apresentava aumento de volume de consistência rígida na região medial da articulação
társica. Ao exame radiográfico foi diagnosticada fratura oblíqua em lasca da tróclea medial do talus, com fragmento
aderido na face crânio medial da tíbia. O fragmento possuia aproximadamente 5 cm de altura, 4 cm de largura e 4 cm de
comprimento. Embora o prognóstico fosse desfavorável para o retorno às atividades, optou-se pela remoção cirúrgica do
fragmento no intuito de promover um maior conforto ao animal, uma vez que a intenção do proprietário era apenas mantêlo como animal de estimação. O procedimento cirúrgico foi realizado com o animal em decúbito lateral esquerdo, sob
efeito de anestesia geral inalatória e bloqueio anestésico regional dos nervos fibular e tibial. Realizou-se incisão na pele e
fáscia subcutânea de aproximadamente 12 cm de comprimento sobre a face crânio-medial da articulação társica, medial à
veia safena e o tendão do músculo fibular terceiro, seguida de incisão na cápsula articular, remoção do fragmento e
curetagem mecânica, além de monitoramento radiográfico trans-operatório. A síntese se deu através fechamento separado
dos tecidos incisionados. No pós-operatório utilizou-se fenilbutazona (4,4 mg/kg IV SID), penicilina procaína (20.000 UI/kg
IM BID) por 05 dias consecutivos e massagem com dimetil sulfóxido (DMSO) na região do tarso durante 30 dias,
permanecendo confinado em baia. Foi observada redução gradual do edema e da sensibilidade dolorosa, tanto à palpação
quanto no exame de claudicação. O animal recebeu alta 33 dias após a cirurgia com ausência de manifestação dolorosa
quando apoiava o membro no solo, recomendando-se repouso por 06 meses seguido de retorno gradual ao exercício.
Figura 1- Fratura oblíqua em
lasca da tróclea medial do
talus, com fragmento aderido
na face crânio medial da
tíbia.
Figura 2- Radiografia para
localização da fratura no
momento da cirurgia.
Figura 3- Radiografia após
artrotomia e retirada do
fragmento (seta).
Figura 4- Fragmento da
tróclea medial do talus de
aproximadamente
5
cm
retirado após artrotomia.
Conclusão
O tratamento por meio de remoção cirúrgica de fragmento da tróclea medial mostrou-se satisfatório quando se objetiva promover
conforto e qualidade de vida, reduzindo ainda a ocorrência de complicações, como a laminite contralateral. Entretanto, Com
prognóstico desfavorável ao retorno à carreira atlética devido ao tipo de fratura.
Brasília/2010
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