Género e Mudanças Climáticas Em Moçambique Copyright © 2010 CCAA Project ÍNDICE •Introdução •Contexto de análise •Impactos das mudanças climáticas em Moçambique •Acções de adaptação/mitigação implementadas pela MuGeDe •Acções de adaptação/mitigação implementadas pelo Governo de Moçambique •Principais sectores intervenientes •Recomendações Introdução A MuGeDe- Mulher, Género e Desenvolvimento, é uma Organização da Sociedade Civil Moçambicana, sem fins lucrativos, cuja constituição jurídica foi em 2004, com a missão de desenvolver uma cidadania activa na preservação dos Valores Ambientais, Desenvolvimento Rural e na Promoção do Equilíbrio de Género, orientada pelos valores de Justiça, Tolerância, Solidariedade, Equidade e Igualdade de Género. Tem a sua sede em Maputo capital de Moçambique, mas possui pontos focais em algumas diversas províncias do pais, com activistas constituidos por jovens e mulheres formados e reciclados nos diversos cursos de educação ambiental e meio ambiente no seu geral e, ministrados quer pela MuGeDe ou pelos parceiros. Introdução Reconhecendo a vulnerabilidade de Moçambique face ás mudanças climáticas a MuGeDe, desenvolve actividades contribuindo de forma modesta para a criação de intervenções na educação social, ambiental e económica em diferentes áreas de Gestão Ambiental nas comunidades com especial atenção à mulher, através de educação cívica ambiental, treinamento e prontidão para prevenção e mitigação dos efeitos deste fenómeno. Mudanças Climáticas São alterações no sistema climático, geradas pelo aquecimento global provocado pela emissão de gases de efeito estufa das actividades de responsabilidade dos seres humanos como uso de combustíveis fósseis em processos industriais, geração de energia e transporte, desflorestamento, expansão urbana e técnicas agrícolas nocivas. O termo adaptação refere-se às medidas necessárias para adaptar actividades humanas (agricultura, abastecimento de água, geração de energia, transporte, habitação etc) aos impactos irreversíveis das mudanças climáticas. Contexto da análise Moçambique é historicamente o país mais afectado pelos desastres naturais na Àfrica Austral. De acordo com os dados do relatório mundial de 2008 sobre os desastres, mais de 8 milhões de Moçambicanos foram afectados pelas calamidades naturais nos últimos 20 anos, nomeadamente na década 80 e 90. A sua vulnerabilidade aos efeitos das mudanças climáticas é devido a: • Fragilidade que alguns sectores de relevante importância para economia nacional têm (ex. Agricultura, saúde, vias de acesso) e a •Limitada capacidade humana, institucional e financeira de antecipar e responder directa ou indirectamente os seus efeitos. O exemplo mais evidente da incapacidade e adaptação a eventos climáticos extremos foi o das cheias de 2000. Contexto da análise (Cont.) Moçambique tem uma população maioritariamente rural (80%) cuja sobrevivência depende fundamentalmente da agricultura. Cerca de 70% da energia consumida em Moçambique é produzida a partir de bio-combustíveis. Aproximadamente 18 milhões de metros cúbicos de florestas são devastados anualmente para a produção de lenha e carvão. As mulheres são as que mais se dedicam nesta procura de fontes de energia, que compreende essencialmente lenha e carvão. Isso faz com que elas sejam vistas como catalisadoras da degradação ambiental e consequentemente das mudanças climáticas com repercussões directas advindas da seca, cheias, ciclones e agravadas pela presença da epidemia do HIV/SIDA Contexto da análise (Cont.) Agravantes aos efeitos das mudanças climáticas •As cheias no pais, são causadas não só pela precipitação que ocorre dentro do território nacional, mas também pelo escoamento das águas provenientes das descargas das barragens dos países vizinhos situados a montante. Considerando que o pais tem 9 bacias hidrográficas internacionais (ex:Rovuma, Zambeze, Limpopo, Incomati entre outros) e outras tantas pequenas bacias, podendo-se afirmar que praticamente todo o pais é vulnerável a cheias. •Moçambique é um dos países mais vulnerável aos ciclones, uma vez que a sua costa forma a fronteira ocidental duma das mais activas bacias dos ciclones tropicais, o Sudoeste do Oceano Indico. Todos os anos, esta bacia sozinha produz cerca de 10% de todos os ciclones do mundo. Contexto da análise (Cont.) Agravantes aos efeitos das mudanças climáticas •A vulnerabilidade á seca, deve-se às precipitações irregulares e imprevisíveis. A estacão chuvosa frequentemente não inicia conforme as previsões resultando em períodos erráticos das sementeiras. Esta, ao ocorrer, concentra-se em períodos bastante curtos (precipitação potencial) causando a degradação física dos solos pelo fenómeno de escoamento superficial. Impactos Destruição do gado bovino pelo efeito das secas. •Em caso de ocorrência de crise alimentar as raparigas são as mais sacrificadas na ida à escola, dado que as mulheres jogam um papel crucial na gestão da água e combustíveis lenhosos. Impactos Impactos Mais de 650.000 mortes por afogamento cheias de 2000 na região Sul e Centro de Moçambique; Acções de adaptação/ mitigação ás mudanças climáticas implementadas pela MuGeDe •A MuGeDe, através de financiamentos pontuais e de valores modestos têm desenvolvidos trabalhos de educação ambiental nas escolas, comunidades urbanas, rurais e no seio dos transportadores colectivos de passageiros. Os resultados são modestos pela exiguidade dos fundos disponíveis e pela dimensão das campanhas. Pouco a pouco começa-se a verificar em miniatura a mudança de comportamento do cidadão em relação ao meio ambiente. •A MuGeDe por solicitação do ponto focal africano da rede internacional ``GenderCC and Justice´-Gender Climate Change and Justice,-(mudanças climáticas e justiça), está a procura de recursos financeiros para a implantação em Moçambique, tendo para isso elaborado um projecto que submeteu a vários organismos e instituições, apesar de ainda não ter tido resultados positivos. Acções de adaptação/ mitigação ás mudanças climáticas implementadas pela MuGeDe O objectivo do projecto, e, da implantação da rede, é permitir uma maior interação com outras organizações de modo a intensificar-se o trabalho de educação ambiental assim, como dotar as mulheres de mais e melhores instrumentos de prevenção e mitigação às mudanças climáticas. •Em parceria com o OCPA (Observatório de Políticas Culturais em África) e o MICOA (Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental), a MuGeDe esta a trabalhar para a realização duma Conferência Internacional subordinada ao tema: -``A MULHER E O MEIO AMBIENTE: seu papel na educação ambiental, prevenção, mitigação, adaptação as mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e prevenção das culturas africanas``. Está prevista para 8 a 11 de Novembro de 2010, e a entendemos como um momento de reflexão sobre o papel da mulher face à catástrofe das mudanças climáticas e que caminhos trilhar para evitar o aumento da pobreza que ela comporta. Acções de adaptação/ mitigação ás mudanças climáticas implementadas pela MuGeDe •A MuGeDe elaborou um projecto de reflorestamento, cujo grupo alvo são as comunidades produtoras de carvão e comerciantes de lenha, nas regiões onde os recursos florestais sofrem intensa pressão de abate e corte com as nefastas consequências climáticas que daí advém. Porém este projecto não tem financiador para a sua efectivação. •O Projecto ``GÉNERO E SOBERANIA ALIMENTAR``, também foi criado com o objectivo de reduzir os efeitos das mudanças climáticas na vida da mulher, em particular à mulher rural, orientando-se em difundir as tecnologias de produção ambientalmente correctas, técnicas acessíveis de produção e conservação de produtos alimentares, com o enfoque no uso dos celeiros melhorados, bem como o plantío de cereais de alto valor nutricional resistentes à seca, tais como feijões, batata-doce, milho . Este projecto também não tem financiador para a sua efectivação. Acções de adaptação/ mitigação ás mudanças climáticas implementadas pela MuGeDe Na área do Ambiente: •Promove prácticas de uso sustentável da biodiversidade local nas mulheres tanto urbanas como rurais; •Capacitações sobre ambiente, com enfoque nas mudanças climáticas às comunidades locais; •Promove iniciativas de expansão de tecnologias de uso de energias sustentáveis ; •Sessões de capacitação, produção e difusão de fogões melhorados para as mulheres rurais; Acções de adaptação/ mitigação ás mudanças climáticas implementadas pela MuGeDe •Através dos nossos pontos focais nas províncias do país, temos recolhido diversas intervenções que nos permitem fazer actuações pontuais e programarmos o nosso trabalho quer de educação ambiental quer de vários projectos no meio ambiente. Muito recentemente, chegou-nos a informação da contaminação das águas do lago Niassa, pelos resíduos de mercúrio que os garrimpeiros utilizam para a extracção artesanal de ouro. Está em curso a deslocação de técnicos da MuGeDe para o local no més de Setembro em conformidade com o trabalho a realizar no âmbito da Rede Internacional de Recursos Naturais em África (no qual somos membros). Estes irão inteira-se melhor do que esta a acontecer de facto e recolher toda informação possível para delinear uma estrategia de trabalho. Acções de adaptação/ mitigação ás mudanças climáticas implementadas pela MuGeDe No sector Água: •Sensibiliza a comunidade sobre a necessidade do tratamento e uso racional da água sem desperdícios e difunde prácticas de conservação da água na agricultura, com enfoque na agricultura de conservação para familias ou associações de camponeses; •Educa a mulher rural sobre os cuidados a ter com a água nos períodos de cheias onde há enclosão de surtos de cólera e diarreias. Acções de adaptação/ mitigação ás mudanças climáticas implementadas pela MuGeDe Na sector habitação: •Sensibiliza a mulher sobre os riscos de construir em zonas vulneráveis as cheias e a erosão; •Educa sobre a necessidade de construir habitações com material mais resistente ás efeitos das mudanças climáticas; •Educa sobre a identificação de possíveis zonas seguras para prover habitação temporária em casos de emergência. Acções do Governo no âmbito das mudanças climáticas •Aprovação em 2007 da Estratégia Ambiental para Desenvolvimento Sustentável de Moçambique (EADS-Moç) o •Aprovação do Plano de Acção de Adaptação às Mudanças Climáticas e do Controlo e Combate à Erosão de Solos e Queimadas Descontroladas •A criação da Unidade do Meio Ambiente e elaboração da Estratégia para a Gestão Ambiental no sector de Energia •A incorporação da componente ambiental nos planos de actividades de outros sectores governamentais, como a Agricultura, Obras Públicas a Habitação, Saúde, Turismo, Pescas, Energia e Indústria Principais sectores intervenientes Nacionais MICOA – Ministério Para Coordenação e Acção Ambiental INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição CVM – Cruz Vermelha de Moçambique MuGeDe-Mulher, Género e Desenvolvimento. Internacionais PMA – Programa Mundial de Alimentação UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para Criança PNUD– Programa Para Nações Unidas para o Desenvolvimento Recomendações •Necessidade de envolver mais a mulher nos vários foruns de discussões e tomada de decisões relacionadas com a mitigação dos efeitos das Mudanças Climáticas, pois tendo um papel chave na utilização e gestão de recursos naturais e o facto de ser a mais afectada pelos impactos das mudanças climáticas, mais informada sobre esta realidade será a força motriz para que se alcancem resultados positivos. •As mudanças climáticas, são hoje um dos grandes desafios da humanidade que ameaçam perpetuar a pobreza e a miséria por isso, mulheres e homens, devem trabalhar lado a lado, em igualdade de circunstâncias, direitos e oportunidades iguais, para vencerem a batalha. •Necessidade de mais iniciativas de programas de formação e capacitação das comunidades urbanas e rurais, com especial ênfase para as mulheres, em matérias de prevenção, mitigação e adaptação às mudanças climáticas. OBRIGADA MuGeDe