ÍNDICE INTROD UÇÃO .................................................................................................................... 5 I – POLINÓMIOS E SUAS RAÍZES ........................................................................................... 7 TEOREMA DE KRONEKER ...................................................................................................................................................................................... 11 TEOREMA DE VIETT ............................................................................................................................................................................................. 13 II – AP LICAÇÃO DAS FÓRMULAS DE VIETT NA RES OLUÇÃO DE PROBLE MAS NO ENSIN O SE CUND ÁRIO ... 16 EXERCÍCIOS. PARTE I.......................................................................................................................................................................................... 16 EXERCÍCIOS. PARTE II........................................................................................................................................................................................ 19 III – P OLIN ÓMIOS DE “N” VARIÁVEIS ................................................................................... 21 TEOREMA 7: TEOREMA FUNDAMENTAL SOBRE POLINÓMIOS SIMÉTRICOS .............................................................................................. 23 IV – APLICAÇÕES PRÁTICAS DE P OLIN ÓMIOS SIMÉTRICOS ......................................................... 29 1. RACIONALIZAR O DENOMINADOR ........................................................................................................................................................ 29 2. CONSTRUÇÃO DE POLINÓMIOS ............................................................................................................................................................. 32 3. RESOLUÇÃO DOS SISTEMAS SIMÉTRICOS.......................................................................................................................................... 37 EXERCÍCIOS PROPOST OS .................................................................................................... 43 SUGESTÕES, RESPOSTAS E SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS ........................................................................................................ 44 CON CLUSÃO ................................................................................................................... 46 FONTES BIBLIOGRAFICOS .................................................................................................. 47 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 5 INTRODUÇÃO O ensino da Matemática tem sido alvo de muitos estudos devido ao fraco aproveitamento dos alunos. As razões que levam à essa situação são várias e, uma delas, certamente, está ligada com a maneira como a disciplina tem sido leccionada, isto é, com os tipos de exercícios que são introduzidos na turma, com a motivação dos alunos, com a metodologia utilizada na resolução dos exercícios/problemas, etc. Nesta perspectiva, é necessário analisar bem as unidades temáticas de forma a permitir uma boa selecção dos exercícios para a motivação dos alunos, despertando neles o gosto pela disciplina o que, por sua vez, vai facilitar a aprendizagem. Assim, tendo em conta estes aspectos, levantou-se a seguinte hipótese: - “Se forem apresentados aos professores diversidades de exercícios/problemas, bem como uma forma para construir os seus próprios exercícios/problemas, terão mais possibilidades para motivar os alunos e, por conseguinte, atingir melhores resultados na disciplina de Matemática”. Foi assim que surgiu o tema da minha tese para obtenção do grau de licenciatura em Matemática, Aplicação de “Polinómios” na resolução de Problemas da “Matemática Elementar”, que pauta pelos seguintes objectivos: - Fazer uma abordagem teórica dos polinómios e suas raízes ao nível da Álgebra Superior; - Aplicar o teorema de Viett na resolução de exercícios/problemas no estudo das equações do 2º grau; - Apresentar uma metodologia para racionalização do denominador de uma fracção; - Considerar o método de resolução de sistemas simétricos; - Dar sugestões de criação de novos exercícios sobre o tema; - Propor diversos exemplos de problemas. Para traçar estes objectivos parti dos seguintes pressupostos: Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” - - - 6 No tratamento da unidade temática, “equações do 2º grau”, no 10º ano de escolaridade, os manuais apresentam pouca diversidade de exercícios, que permite aos professores explorar a capacidade dos seus alunos. Os exercícios/problemas devem ser elaborados de tal forma que elevem a capacidade de raciocínio dos alunos, que motivem os alunos para a aprendizagem, que relacionem aquilo que se está a aprender com o já aprendido. Por exemplo: “Sem resolver a equação, x 2 + 3x + 2 = 0 , obtenha uma equação cujas raízes são inversos das suas”. Os processos da racionalização de denominadores das fracções utilizados no Ensino Secundário não permitem a resolução de alguns 1 = ; exercícios. Por exemplo: a racionalização da fracção, 4 2 +1 Os exercícios de construção de polinómios são pouco diversificados, pois não abordam a relação entre polinómios, por exemplo: “Seja f ( x ) = x 3 - x 2 + x - 1 . Encontrar g ( x ) Î Q[x ] cujas raízes são cubos das raízes de f ( x ) ”. - A resolução dos sistemas simétricos não contemplada no programa tem feito falta. Este conteúdo pode ser ministrado, pois o método de resolução está ao alcance dos alunos. È o caso do sistema, ìïu 2 + v 2 = uv + 13 . í ïîu + v = uv + 3 O trabalho ora apresentado foi realizado com base nas pesquisas e análises bibliográficas. Ao longo da sua realização, houve vários encontros de reflexão entre a orientadora e o autor, que permitiram o seu enriquecimento. Pretende-se que este trabalho seja acessível a todos aqueles que pretendem obter uma orientação na escolha dos exercícios/problemas ao longo do tratamento das unidades temáticas nele referidas. Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 7 I – POLINÓMIOS E SUAS RAÍZES Tendo em consideração o tema deste trabalho, Aplicação de “Polinómios” na resolução de Problemas da “Matemática Elementar”, considera-se de grande importância fazer uma pequena abordagem dos polinómios e as suas raízes. Na origem de todos os assuntos básicos da Matemática Elementar (em particular, Álgebra) estão teorias fundamentais da Matemática ou Álgebra Superior. As propriedades gerais encontram suas aplicações “simplificadas” em situações restritas ao nível “elementar”. Assim polinómios de uma variável considerados sobre os corpos de números reais (R) e racionais (Q) a nível do Ensino Secundário são casos particulares dos polinómios de uma variável, construídos sobre um domínio de integridade com identidade L de característica zero (ou corpo qualquer P) A noção de um polinómio introduz-se ao nível do Ensino Secundário no 8º ano e atinge uma certa profundidade nos níveis de ensino posteriores onde os alunos estudam polinómios com coeficientes reais. Definição 1: Chama-se polinómio de variável x a toda expressão racional inteira redutível à forma f (x ) = an x n + an -1x n -1 + ... + a1x + a0 (forma canónica), em que: e an ; an -1 ;...; a1 ; a0 são números reais e an ¹ 0 e n é um número natural ou nulo, isto é, n Î N 0 e Às expressões an x n , an -1 x n -1 ,..., a1x e a0 dá-se o nome de termos do polinómio e os números an ; an -1;...; a1; e a0 denominam-se coeficientes. e Ao grau da potência an x n chama-se grau do polinómio. Exemplos 1: a. 2 x 2 - 3x + 1 (grau 2) b. 3 x - 1 (grau 1) por Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 8 c. - x 3 + 2 x 2 - 3 x + 2 (grau 3) Nota 1: a. Os polinómios de grau 0 (zero) chamam-se constantes b. O grau de um polinómio nulo é indeterminado É claro que introduzindo a Definição 1 no 9º Ano de Escolaridade, não se faz referência às questões: à Que estrutura algébrica formam polinómios sobre um corpo (corpo numérico)? à Como se constrói essa estrutura? à Que propriedade possui essa estrutura, e porquê? São momentos importantes e pensa-se que saber e compreender a sua fundamentação algébrica rigorosa é muito importante para os professores do Ensino Secundário, pois estende os seus horizontes de conhecimento e transforma-os em profissionais mais qualificados na sua área. Por isso se vão abordar neste trabalho alguns capítulos da Teoria dos polinómios sobre um domínio de integridade com identidade L (ou corpo P) Definição 2: Seja L – domínio de integridade com identidade, x um elemento transcendente sobre L. Ao anel de polinómios de uma variável sobre L chama-se extensão simples transcendente L[x]. Os elementos desse anel chamam-se polinómios de uma variável x sobre L e designam-se por f(x), g(x), etc. A Definição 2 é algébrica e é equivalente à definição funcional de polinómios só quando L é domínio de integridade de característica zero ( char = 0 ). Desse modo as definições algébrica e funcional de polinómios consideradas sobre os corpos numéricos (Q, R, C), não se distinguem. O estudo das raízes de um polinómio no Ensino Secundário é uma das grandes prioridades dentro da Matemática, uma vez que na resolução de equações do tipo an x n + an -1x n -1 + ... + a1 x + a0 = 0 não se faz outra coisa se não procurar todas as raízes do polinómio que compõe o primeiro membro da equação. Seja f (x ) = an x n + an -1 x n -1 + ... + a1 x + a 0 polinómio sobre o corpo P e ∆ extensão de P , isto é, P Í D , então "a Î D : f (a ) Î D Definição 3: Um elemento a Î D tal que f (a ) = 0 chama-se raiz do polinómio de f (x ) Î P [x ] . Exemplo 2: -3 é uma raiz do polinómio f ( x ) = x 3 + x 2 - 5 x + 3 , com efeito: f (-3) = (- 3) + (- 3) - 5 × (- 3) + 3 = -27 + 9 + 15 + 3 = 0 Teorema 1: Um elemento x1 Î P é raiz de um polinómio f (x ) Î P [x ] se e 3 2 somente se o binómio x - x1 é divisor de f (x ) . Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 9 Demonstração Segundo o Teorema de Bezout1, o resto da divisão inteira de f (x ) por x - x1 é f (x1 ) , por isso: g Se f (x ) é divisível por x - x1 , então o resto é igual a zero; logo f( x1 ) é igual a zero, isto é, x1 é raiz. g Se x1 é raiz de f (x ) , então f (x1 ) = 0 , logo f (x ) é divisível por x - x1 . Nota 2: O Teorema 1 é condição necessária e suficiente para que x1 seja raiz do polinómio f (x ) . Deste modo pode-se apresentar outra definição equivalente a Definição 3. Definição 4: Um elemento x 1 Î P chama-se raiz do polinómio f (x ) Î P [x ] se f (x ) se divide por x - x1 . Esta definição pode ser generalizada para o caso de raízes múltiplas de polinómios. Definição 5: Um elemento x 1 Î P chama-se raiz de ordem, k Î N , do polinómio f (x ) se f (x ) é divisível por (x - x1 )k e não por (x - x1 )k +1 . Assim sendo: g As raízes de ordem 1 (um) chamam-se raízes primas ou simples; g As raízes de ordem 2 (dois) chamam-se raízes duplas; g As raízes de ordem 3 (três) chamam-se raízes triplas; etc. Exemplo 3: O polinómio f (x ) = x 3 - 3x 2 + 4 admite uma raiz dupla (2) e uma prima (-1) , com efeito, f (x ) é divisível por ( x - 2) e não por ( x - 2) e é divisível por x + 1 2 3 e não por (x + 1)2 . Utilizando a regra de Ruffini2, pode-se constatar isto: 2 1 1 2 1 -1 1 -3 2 -1 2 1 -1 0 =R 0 -2 -2 2 0=R 4 -4 0=R f (x ) = (x - 2)2 × (x + 1) Nota 3: a) Se f (x ) é um polinómio nulo, então "x 1 Î P é raiz de ordem indefinida de f (x ) , com efeito f (x ) é divisível por ( x - x1 ) com m Î N ; m 1 2 Bezout (Estevão) – Matemático Francês (1730-1783) Ruffini – Matemático e Médico Italiano (1765-1822) Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” b) 10 Se f (x ) ¹ 0 , então qualquer raiz x 1 Î P tem a ordem determinada k £ deg f(x) , pois f (x ) é divisível por (x - x1 )k e não por (x - x1 )m , m > deg f(x) ; c) Se x1 é raiz de ordem k de f (x ) onde k < n e n = deg f(x) , então: f (x ) = (x - x 1 ) × g (x ) k Teorema 2: A quantidade de todas as possíveis raízes dum polinómio f (x ) ¹ 0 Î P [x ] não é mais do que o seu grau. Demonstração Suponhamos que: x1 é raíz de ordem k1 ; x2 é raíz de ordem k2 ; … xm é raíz de ordem km . f (x ) = (x - x 1 )k1 × (x - x 2 )k2 × ...(x - x m )km × g (x ) onde g (x ) é um polinómio para o qual nenhum dos elementos x1 , x2,..., xm é raiz. Então, deg f(x) = k1 + k2 + ... + km + deg g (x ) , isto é: k1 + k2 + ... + km < deg f (x ) . Corolário 1: Se f (x ) Î P [x ] de grau n tem n + 1 raízes diferentes, então é um polinómio nulo. Agora passaremos a enunciar um teorema conhecido por princípio de identidade de dois polinómios. Teorema 3: Dois polinómios g(x) e f(x) Î P[x] , cujos graus não são maiores do que n , são iguais se eles tomam valores iguais em n + 1 pontos diferentes. Demonstração n n i =0 i=0 Sejam, f ( x) = å an - i x n - i e g ( x ) = å bn -i x n - i Suponhamos que g (x ) e f (x ) tomam os mesmos valores para os seguintes n + 1 valores diferentes: f ( x1 ) = g ( x1 ) f ( x2 ) = g ( x2 ) … f ( xn ) = g ( xn ) f ( xn +1 ) = g ( xn +1 ) Então, f (x ) - g (x ) cujo grau não é superior a n , anula-se para n + 1 valores diferentes, isto é, f (x ) - g (x ) tem n + 1 raízes (pelo menos). Então pelo Corolário 1, f (x ) - g (x ) = 0 Û f (x ) = g (x ) . Definição 6: Seja P * uma extensão de P e p (x ) Î P [x ] um polinómio irredutível. Quando p (x ) tem uma raiz em P * , dizemos que P * é um corpo de ruptura de p (x ) . Definição 7: O corpo P chama-se corpo de decomposição do polinómio f (x ) , se f (x ) se decompõe em factores lineares em P [x ] . Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 11 Definição 8: O corpo P chama-se algebricamente fechado se todas as raízes de polinómio arbitrário f (x ) Î P [x ] pertencem ao mesmo corpo P , isto é, se for corpo de decomposição de qualquer polinómio sobre ele. De seguida vamos apresentar um teorema de grande utilidade na resolução de exercícios práticos apresentados neste trabalho, que descreve o processo de construção de um corpo de ruptura de um polinómio irredutível. TEOREMA DE KRONEKER3 Teorema 4 (de Kroneker): Se f(x) é um polinómio de grau ³ 1 irredutível sobre o corpo P, então existe uma extensão do corpo P, que contem uma determinada raiz de f(x). Demonstração Consideremos o anel P [x ] e construímos o anel – quociente P [x ](f (x ) ) (corpo de ruptura), onde f (x ) é irredutível sobre P . P [x ] (f (x )) é o anel de classes de restos obtidos da divisão de qualquer polinómio g (x ) Î P [x ] por f (x ) . g P [x ] P [x ] Além disto, P [x ](f (x ) ) é um corpo, isto é, para as classes de (f (x )) diferentes de (f (x )) diferente de 0 = f (x ) se efectua a divisão, isto é, todo o elemento de 0 é invertível. Para se convencer disso, devemos mostrar a existência da classe que desempenha o papel da unidade e que, para qualquer classe diferente de 0 , existe a classe inversa. A unidade de P [x ](f (x ) ) é 1, isto é, a classe de polinómios que na divisão por f (x ) dá resto 1. Seja S (x ) Î P [x ](f (x ) ) , uma classe diferente de 0 e s (x ) Î S (x ) , então s (x ) não é divisível por f (x ) , e sabendo que f (x ) é irredutível, tem-se MDC (s (x );f (x ) ) = 1 , isto é, $u (x ) e v (x ) Î P [x ] : s ( x) × u ( x) + f ( x) × v ( x) = 1 Û s ( x ) × u ( x ) = - f ( x ) × v ( x ) + 1 , o que significa que S ( x ) × U ( x) = 1 , onde U (x ) a classe que contém u (x ) . ( ) S ( x ) × U ( x) = 1 Û U ( x) = S ( x) Logo, P [x ](f (x ) ) é um corpo. g -1 , isto é, U (x ) é inverso de S (x ) . Mostremos que P [x ](f (x ) ) é extensão do corpo P . Pomos em correspondência a cada elemento a de P uma classe de polinómios que tem o resto igual a " a " (polinómio de grau zero) na divisão por f(x), isto é, a ® a . 3 Kroneker (Leopold) – Matemático Alemão (1823-1891) 12 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” Tais classes completam um subcorpo do corpo P [x ](f (x ) ) isomorfo a P . Realmente a bijecção é evidente e a "+" e "." de elementos de P corresponde a “+” e “.” das classes às quais pertencem os elementos de P . Por isso, pode-se não distinguir os elementos de P e as classes correspondentes de P [x ](f (x ) ) . g Designemos por X a classe de polinómios que tem o resto " x " na divisão por f (x ) . X Î P [x ](f (x ) ) . É fácil verificar que X é raiz do polinómio f (x ) em P [x ](f (x ) ) . ( Seja f ( x) = an x n + an -1 x n -1 + ... + a1 x + a0 e Ai uma classe correspondente a ) ai Î P , i = 0, n . n P [x ] Consideremos o elemento An × X + An -1 × X n -1 + ... + A1 × X + A0 do corpo (f (x )) . n n -1 A classe An × X + An -1 × X + ... + A1 × X + A0 contem f (x ) (tendo em conta as regras de "+" e "." de classes). Como f (x ) é divisor de f (x ) , então essa classe é igual a classe 0 . n Deste modo, substituindo em An × X + An -1 × X Ai n -1 por respectivos elementos ai Î P , verifica-se que + ... + A1 × X + A0 as classes no corpo P [x ](f (x ) ) tem lugar: n an X + an - 1 X n -1 + ... + a1 X + a0 = 0 , isto é, a classe X é raiz de f (x ) . Como consequência deste teorema, pode-se enunciar o seguinte teorema: Teorema 5: Para qualquer polinómio f (x ) de grau ³ 1 sobre o corpo P, existe uma extensão L do corpo P, tal que f (x ) se representa sob a forma de produto de factores lineares, isto é, L é o corpo de decomposição de f (x ) . Demonstração Com efeito: Seja f (x ) Î P [x ] de grau n ³ 1 . Pelo Teorema 4 existe uma extensão K1 de P, tal que f (x ) tem uma raiz x1 e, por isso, pode ser representada sob a forma: f (x ) = (x - x1 ) × f1 (x ) , onde f1 ( x ) Î K1[x ] e grau de f1 ( x ) é n - 1 . Aplicando o Teorema 4 ao corpo K1 e ao polinómio f1 ( x ) , obtemos a extensão K 2 do corpo K1 , onde existe uma raiz x2 do polinómio f1 ( x ) . Claro que x2 é raiz de f (x ) e K 2 é extensão de P. Agora tem lugar a representação: f (x ) = (x - x1 ) × (x - x2 ) × f2 (x ) , onde f2 (x ) Î K2 [x ] e grau de f (x ) é igual a n -2. 13 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” Continuando este processo constroem-se as extensões, K 3 , K 4 ,..., K n do corpo P; que contêm as raízes, x3, x 4 ,..., xn de f (x ) . Depois de n passos se obtém o polinómio fn (x ) de grau 0, isto é, fn (x ) é igual a um constante c Î K n . O corpo K n é a extensão L procurada do corpo P, assim: f (x ) = c × (x - x1 ) × (x - x2 ) × ... × (x - xn ) Exemplo 4: f ( x ) = x 2 - 2 não se decompõem em factores lineares sobre o corpo Q, ( )( ) mas em R: f ( x ) = x - 2 × x + 2 , logo R é um corpo de decomposição de f (x ) . Corolário 2: Um polinómio de grau n tem no corpo de decomposição n raízes: x1, x2 ,..., xn . Com efeito, como f (x ) não pode ter em nenhuma extensão de P mais do que n raízes, então pode-se dizer que o corpo de decomposição contem todas as raízes de f (x ) . Corolário 3: Em corpo de decomposição do polinómio, n n -1 f ( x) = an x + an -1 x + ... + a1 x + a0 , a sua decomposição canónica tem a forma: f (x ) = an × (x - x1 )k1 × (x - x2 )k2 × ... × (x - xn )kn , onde: k1 + k2 + ... + kn = n e x1 , x2 ,..., xn são raízes diferentes. Com efeito, na decomposição f (x ) = c × (x - x1 ) × (x - x2 ) × ... × (x - xn ) , pode existir os factores iguais, agrupando-os obtém-se a representação: f (x ) = c × (x - x1 )k1 × (x - x2 )k2 × ... × (x - xn )kn , onde k1 + k 2 + ... + kn = n e x1, x2 ,..., xn são diferentes em pares, isto é, representa a sua forma canónica. A constante c define-se igualando os coeficientes de x n dos polinómios que ficam nas duas partes da expressão: f (x ) = c × (x - x1 )k1 × (x - x2 )k2 × ... × (x - xn )kn , logo c = an . Com esta exposição teórica chega-se ao teorema que ao longo deste trabalho vai ser explorado no sentido da sua aplicação na resolução de problemas do ensino secundário. TEOREMA DE VIETT4 Teorema 6 (de Viett): se x1 , x2 ,..., xn são raízes do polinómio, + ... + a1 x + a0 e an ¹ 0 , então: a x1 + x2 + ... + xn = - n -1 an f ( x) = an x + an -1 x n n -1 x1 × x2 + x1 × x3 + ... + x1 × xn + x2 × x3 + ... + x2 × xn + ... + xn -1 × xn = … å xj C nk 4 1 × x j2 × ... × x jk = (- 1)k × Viett (Fransua) – Matemático Francês (1540-1603) an-2 an an -k n! , onde 2 £ k £ n e Cnk = k !×(n - k )! an 14 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” x1 × x2 × ... × xn = (- 1) × n a0 an Estas fórmulas são conhecidas como fórmulas de Viett. Para obtê-las, basta multiplicar os binómios na parte direita da identidade: an x n + an -1 x n -1 + ... + a1x + a0 = an × ( x - x1 ) × ( x - x2 ) × ... × ( x - xn ) , reduzir os termos semelhantes e igualar os coeficiente do mesmo grau de x nas duas partes da igualdade apresentada. A título de exemplos: g Para n = 2 2 a2 x + a1 x + a0 = a2 × ( x - x1 ) × ( x - x2 ) ( Û a2 x 2 + a1 x + a0 = a2 × x 2 - xx2 - xx1 + x1 x2 ) Û a2 x 2 + a1 x + a0 = a2 x 2 + (- a2 x2 - a2 x1 )x + a2 x1 x2 , então: a a1 = - a2 × ( x2 + x1 ) Û x2 + x1 = - 1 a2 a a0 = a2 x1 x2 Û x1 x2 = 0 a2 g Para n = 3 3 a3 x + a2 x 2 + a1 x + a0 = a3 × ( x - x1 ) × ( x - x2 ) × ( x - x3 ) ( Û a3 x 3 + a2 x 2 + a1 x + a0 = a3 × x 3 - x 2 x3 - x 2 x2 + xx2 x3 - x 2 x1 + x1 x3 x + xx1 x2 - x1x2 x3 Û a3 x 3 + (- a3 x3 - a3 x2 - a3 x1 ) × x 2 + (a3 x1 x2 + a3 x1 x3 + a3 x2 x3 ) - a3 x1 x2 x3 ì a2 = x1 + x2 + x3 ïa3 ï ìa2 = - a3 × ( x1 + x2 + x3 ) ïï a1 ï ía1 = a3 x1 x2 + a3 x1 x3 + a3 x2 x3 Û í = x1 x2 + x1 x3 + x2 x3 ï a3 ïa = - a x x x 3 1 2 3 î 0 ï a0 = x1 x2 x3 ïïî a3 g Para n = 4 4 a4 x + a3 x 3 + a2 x 2 + a1 x + a0 = a4 × ( x - x1 ) × ( x - x2 ) × ( x - x3 ) × ( x - x4 ) ( Û a4 x 4 + a3 x 3 + a2 x 2 + a1 x + a0 = a4 × x 4 - x 3 x4 - x 3 x3 + x 2 x3 x4 - x 3 x2 + x 2 x2 x4 + + x 2 x2 x3 - - xx2 x3 x4 - x3 x1 + x 2 x1 x4 + x 2 x1 x3 - xx1 x3 x4 + x 2 x1 x2 - xx1 x2 x4 - xx1 x2 x3 + x1x2 x3 x4 Û a4 x + a3 x + a2 x + a1 x + a0 = a4 x - a4 × ( x4 + x3 + x2 + x1 ) × x + a4 × ( x2 x4 + 4 3 2 4 ) 3 + x2 x3 + x1 x4 + x1 x3 + x1 x2 + x3 x4 ) × x 2 - a4 × ( x2 x3 x4 + x1 x3 x4 + x1 x2 x4 + x1 x2 x3 ) × x + + a4 × x1 x2 x3 x4 ) Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 15 ì a3 ï- a = x1 + x2 + x3 + x 4 ï 4 ï a2 = x1x2 + x1x3 + x1x 4 + x2x3 + x2x 4 + x3x 4 ï ïa Ûí 4 ï- a1 = x x x + x x x + x x x + x x x 1 2 3 1 2 4 1 3 4 2 3 4 ï a4 ï ï a0 = x x x x 1 2 3 4 ïa î 4 Exemplo 5: Consideremos o polinómio, f ( x) = x n - 1 , sobre o seu corpo de decomposição, C. As raízes de f (x ) são raízes de ordem n de unidade: W0 , W1 , W2 , W3 , …, Wn -1 , onde Wk = cos ( 2pk 2pk + isen , k = 0, n - 1 n n ) Pelas Fórmulas de Viett obtém-se: ìW0 + W1 + ... + Wn -1 = 0 ï ïW0W1 + W0W2 + ... + Wn -2Wn -1 = 0 í... ï ïW W ...W W = (- 1)n î 0 1 n -2 n -1 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 16 II – APLICAÇÃO DAS FÓRMULAS DE VIETT NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO ENSINO SECUNDÁRIO As fórmulas de Viett não são mais do que a extensão das fórmulas da soma e produto das raízes de uma equação do 2º grau ministrada no Ensino Secundário no 10º Ano de Escolaridade. Neste sentido passa-se a apresentar alguns exercícios de aplicação dessas fórmulas que podem servir como exercícios de apoio para os professores que trabalham no Ensino Secundário. Também, na base de algumas ideias gerais expostas nos problemas “com parâmetros”, sugere-se a criação das colectâneas de exercícios individuais para a prática lectiva dos professores (Exercícios. Parte II). EXERCÍCIOS. PARTE I 1. Completar uma equação do 2º grau sabendo as suas raízes x1 e x2 : a) x1 = 1 e x2 = -3 b) x1 = 1 + 6 e x2 = 1 - 6 -1 + 7 -1 - 7 e x2 = 2 2 d) x1 = - 3 e x2 = 3 3 c) x1 = Resolução a) É claro que a equação procurada pode ser escrita na forma b c x 2 + Bx + C = 0 , com efeito, ax 2 + bx + c = 0 Û x 2 + x + = 0 . a a x1 + x2 = - B Û 1 - 3 = - B Û B = 2 x1 × x2 = C Û 1 × (- 3) = C Û C = -3 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 17 A equação procurada é x 2 + 2 x - 3 = 0 . Outras equações equivalentes à x 2 + 2 x - 3 = 0 podem ser encontradas, bastando para isso, multiplicar o primeiro membro da referida equação por um constante diferente de zero. b) Seja a equação procurada na forma x 2 + Bx + C = 0 x1 + x2 = - B Û B = -2 ( )( ) 2 x1 × x2 = C Û C = 1 + 6 × 1 - 6 Û C = 12 - 6 = 1 - 6 = -5 A equação procurada é x 2 - 2 x - 5 = 0 . Outras equações equivalentes à x 2 - 2 x - 5 = 0 podem ser encontradas, bastando, para isso, multiplicar o primeiro membro da referida equação por um constante diferente de zero. c) Seja a equação procurada na forma x 2 + Bx + C = 0 -1 + 7 -1 - 7 + Û B =1 2 2 æ -1+ 7 ö æ -1- 7 ö ÷×ç ÷ Û C = 1- 7 Û C = - 6 = - 3 x1 × x2 = C Û C = çç ÷ ç ÷ 2 2 4 4 2 è ø è ø x1 + x2 = - B Û - B = A equação procurada é x 2 + x - 3 = 0 Û 2x 2 + x - 3 = 0 . Outras equações 2 equivalentes à 2x 2 + x - 3 = 0 podem ser encontradas, bastando, para isso, multiplicar o primeiro membro da referida equação por um constante diferente de zero. d) Seja a equação procurada na forma, x 2 + Bx + C = 0 x1 + x2 = - B Û - B = - 3 + 3 3 Û B = -2 3 x1 × x2 = C Û C = - 3 × 3 3 Û C = -9 A equação procurada é x 2 + -2 3x - 9 = 0 . Outras equações equivalentes à x 2 + -2 3x - 9 = 0 podem ser encontradas, bastando, para isso, multiplicar o primeiro membro da referida equação por um constante diferente de zero. Nota: Da resolução destes exercícios, pode-se constatar que, para além do conhecimento das fórmulas de Viett, os alunos devem ainda dominar as operações com números reais onde muitas vezes apresentam várias dificuldades. Ainda, o professor pode propor outros tipos de exercícios aos alunos: 2. Indique as raízes das equações seguintes sem aplicar a fórmula resolvente: a) x 2 - 7 x + 12 = 0 b) 2r 2 - 3r + 1 = 0 c) 3t 2 - 2t - 1 = 0 Resolução Tendo em conta que se uma equação do 2º grau tem raízes, x1 e x2 então: Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” b c + = 0 Û x 2 - Sx + P = 0 , onde: a a ax 2 + bx + c = 0(a ¹ 0) Û x 2 + S = x1 + x2 e P = x1 × x2 Na resolução de exercícios equação à forma x 2 - Sx + P = 0 e a determinar as próprias raízes. a) x 2 - 7 x + 12 = 0 S = 7 e P = 8 , significa que x1 x2 4 em 2) deve-se em primeiro lugar, reduzir a partir da soma e do produto das raízes, 3 Então, Solução = {4,3} b) 2 r 2 - 3r + 1 = 0 Û x 2 - 18 x1 e x2 são positivos x1 × x2 x1 + x2 12 7 3 1 x+ = 0 2 2 3 1 e P = , significa que x1 e x2 são positivos. 2 2 3 1 Nota-se que S = = 1 + (basta efectuar a divisão inteira de 3 por 2) e 2 2 1 1 que 1 × = = P . 2 2 ì 1ü Então, Solução = í1, ý î 2þ 2 1 c) 3t 2 - 2t - 1 = 0 Û t 2 - t - = 0 3 3 2 1 S = e P = - , significa que x1 e x2 são de sinais opostos. 3 3 2 æ -1ö æ -1ö -1 Nota-se que S = = 1 + ç ÷ e que 1 × ç ÷ = =P 3 è 3 ø è 3 ø 3 ì - 1ü Então, Solução = í1, ý î 3þ 3. Decompor em factores lineares os seguintes polinómios, caso possível. a) f ( x) = x 2 - 2 x - 15 S= b) g ( x ) = x 2 + (2 + a )x + 2a c) h( x) = 3v 2 - 2v - 1 Resolução a) f ( x) = x 2 - 2 x - 15 f ( x ) = ( x - 5) × ( x + 3) b) g ( x ) = x 2 + (2 + a )x + 2a g ( x) = (x + 2 ) × (x + a ) c) h( x) = 3v 2 - 2v - 1 S = 2 e P = -15 Þ x1 = 5 e x 2 = -3 S = -2 - a e P = 2a Þ x1 = -2 e x 2 = -a S= 2 3 e P= -1 -1 Þ x1 = 1 e x 2 = 3 3 19 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 1ö æ h( x) = 3 × ( x - 1) × ç x + ÷ 3ø è EXERCÍCIOS. PARTE II Os problemas com parâmetros exigem um nível elevado de “familiarização” com o assunto e compreensão da matéria. A resolução desses exercícios têm carácter investigativo, pressupõem os momentos de “análise” e “síntese”, interpretação de diferentes situações ou casos. Descobrindo as “potencialidades cognitivas”, isto é, a “bagagem” de ideias que os problemas contêm, a amplitude das suas aplicações, o professor, sem grandes dificuldades, consegue criar um vasto leque de exercícios “simples” para os seus alunos. Seguidamente, propõem-se alguns exercícios do género: 1. Demonstrar que as raízes das equações 2 qx + px + 1 = 0 são números inversos entre si. x 2 + px + q = 0 e Resolução Com efeito, se x1 e x 2 são raízes da equação x 2 + px + q = 0 , então: x1 + x2 = - p e x1x2 = q Para a equação qx 2 + px + 1 = 0 , se y 1 e y2 são suas raízes, então: x x p x1 + x2 1 1 = = 1 + 2 = + q x1x2 x1x2 x1x2 x1 x2 1 1 1 1 y1 ´ y 2 = = = ´ , logo as raízes de x 2 + px + q = 0 são inversos q x1x2 x1 x2 y1 + y 2 = - das raízes de qx 2 + px + 1 = 0 . 2. Encontrar o quadrado da diferença das raízes da equação, x 2 + px + q = 0 . Resolução Sejam x1 e x2 as raízes da equação x 2 + px + q = 0 , então: x 1 + x 2 = - p e x1x2 = q (x1-x2 )2 = x12-2x1x2 + x22 = x12 + x22-2q = (x1 + x2 )2-2x1x2-2q = p 2- 2q-2q = p 2- 4q R: O quadrado da diferença das raízes é igual a p 2 - 4q Nota: Partindo desses exemplos, podemos propor exercícios interessantes que poderão despertar interesses nos alunos na aprendizagem. Até porque, se repararmos bem, na resolução deste tipo de exercício, os alunos têm de ser capazes de conhecer fórmulas de casos notáveis, aplicar artifícios e conhecer as operações básicas com números reais, principalmente, permitindo, deste modo, a consolidação da matéria. 20 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” O exercício do ponto 2, por exemplo, pode ser lançado da seguinte forma: " Sem resolver a equação, x 2 + 3x + 2 = 0 determina o quadrado da diferença das suas raízes. Resolução: p = 3 e q = 2 (x 1 - x 2 )2 = p 2 - 4q = 3 2 - 4 ´ 2 = 9 - 8 = 1 3. Encontrar a soma x 2 + px + q = 0 . dos quadrados das raízes da equação, Resolução Sejam x1 e x2 as raízes da equação x 2 + px + q = 0 , então: x 1 + x 2 = - p e x1x2 = q x 1 2 + x 2 2 = (x 1 + x 2 )2 - 2x 1 x 2 Û x 1 2 + x 2 2 = (- p )2 - 2q Û x 1 2 + x 2 2 = p 2 - 2q R: A soma dos quadrados das raízes da equação x 2 + px + q = 0 é p 2 - 2q . 4. Encontrar a x + px + q = 0 . soma dos cubos das raízes da equação 2 Resolução Sejam x1 e x2 as raízes da equação x 2 + px + q = 0 , então: x 1 + x 2 = - p e x1x2 = q x 1 3 + x 2 3 = (x 1 + x 2 )3 - 3x 1 2 x 2 - 3x 1 x 2 2 Û x 1 3 + x 2 3 = (-p )3 - 3x 1 x 2 (x 2 + x 1 ) Û x 1 3 + x 2 3 = -p 3 - 3q (- p ) Û x 1 3 + x 2 3 = -p 3 + 3qp R: A soma dos cubos das raízes da equação x 2 + px + q = 0 é - p 3 + 3qp . 5. Para que valor do parâmetro “p”, a razão entre as raízes da equação, x 2 + px - 16 = 0 , é igual a -4? Resolução Sejam a1 e a 2 as raízes da equação x 2 + px - 16 = 0 . Sabe-se que: 1) a1 + a 2 = - p 2) a1a 2 = -16 a 3) 1 = -4 Û a1 = -4a 2 (pelo dado) a2 De 2): a1a 2 = -16 Û -4a 2a 2 = -16 Û a 2 = 4 Û a 2 = ±2 De 3): Se a 2 = 2 então, a1 = -8 , logo 2 - 8 = - p Û p = 6 2 Se a 2 = -2 então a1 = 8 , logo - 2 + 8 = - p Û p = -6 O parâmetro “p” pode ser igual a 6 ou -6. 21 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” III – POLINÓMIOS DE “N” VARIÁVEIS A noção de polinómio de n variáveis introduz-se a partir da noção do polinómio de uma variável. Sabe-se que, na linguagem algébrica, essa definição significa o seguinte: Um polinómio de uma variável x sobre um domínio de integridade L com identidade, é um elemento do anel L[x ] que é extensão simples transcendente de L, e x um elemento transcendente sobre L. Representa-se por, f (x ), g ( x ),... . Tendo em conta que qualquer extensão transcendente simples de L[x ] é também domínio de integridade com identidade, isto é, por exemplo, L[x ][y ] = L[x, y ] , onde y é um elemento transcendente sobre L[x ] , pode-se estender a noção de um polinómio de uma variável para noção de um polinómio de duas, três, …, “n” variáveis sobre um domínio de integridade com identidade, em particular, um corpo. Definição 9: Ao anel de polinómios L[x1, x2,..., xn -1, xn ] de variáveis, x1, x2 ,..., xn -1, xn , sobre o domínio de integridade L, chama-se anel de polinómios de uma variável xn sobre o domínio de integridade L[x 1 , x 2 ,..., x n -1 ] , isto é: L[x1, x2 ,..., xn -1 ] [xn ] = L[x1, x2 ,..., xn -1, xn ] (por definição). Cada elemento do anel L[x1, x2,..., xn ] chama-se polinómio de “n” variáveis, x1, x2 ,..., xn sobre L e designa-se por f (x1, x2,..., xn ) , g (x1, x2,..., xn ) , …, tendo a forma: f (x 1 , x 2 ,..., x n ) = n k1i å Ai x 1 i =1 ( ) x 2 2i ...x n ni , onde Ai Î L , kli Î Z 0+ , i = 1, n . k k Definição 10: Dois termos de um polinómio que se distinguem só por coeficientes chamam-se semelhantes. Se um polinómio não tem termos semelhantes diz-se que o polinómio está na forma canónica. Definição 11: Grau do termo Ax 1k1 x 2k2 ...x nkn do polinómio, f (x 1 , x 2 ,..., x n ) é a soma, k1 + k2 + ... + kn . Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 22 O número ki chama-se grau do termo dado relativamente a xi . Definição 12: O maior dos graus dos termos do polinómio chama-se grau do polinómio dado. Definição 13: O termo de grau maior chama-se termo maior do polinómio. Obs.: Um polinómio pode ter diferentes termos maiores. Exemplos 6: f (x, y, z ) = 2 xy 3 z 2 + x 4 z 2 + 3 xyz - xy Os termos maiores são: 2 xy 3 z 2 e x 4 z 2 Definição 14: Se todos os termos do polinómio têm o mesmo grau, “l”, então o polinómio chama-se homogéneo ou forma de grau “l”. Obs.: Qualquer polinómio pode ser representado sob a forma de soma de número finito dos polinómios homogéneos de graus diferentes. Definição 15: Um polinómio f (x1 , x2 ,..., xn ) chama-se simétrico relativamente às variáveis xi1 , xi2 ,..., xik onde i j (j = 1, k ) são números do conjunto {1,2,3,..., n } (k £ n ) diferentes em pares, se depois de uma permutação qualquer de variáveis xi1 , xi2 ,..., xik , se obtém um polinómio igual ao polinómio dado. Um polinómio f (x1, x2,..., xn ) chama-se simétrico se ele é simétrico relativamente a todas as variáveis, x1 , x2,..., xn . Nota: qualquer constante pode ser considerado um polinómio simétrico. Exemplos 7: a) f (x , y ) = x 2 + y 2 é simétrico, com efeito, f (y , x ) = y 2 + x 2 = f (x , y ) b) g (x1, x2 ) = x1x22 + 3x1x2 - 2x1 - 2x2 + x12x2 + 5 é também simétrico c) h (x1, x2, x3 ) = 2x22 + x1x2 - x2x3 é simétrico relativamente a x1 e x3 , mas não é simétrico relativamente a x2 e x3 ou x1 e x2 , por isso ele não é simétrico. Nota: Aos polinómios: s 1 = x1 + x2 + ... + xn s 2 = x1x2 + x1x3 + ... + xn -1xn … sk = å xj x j xj C nk 1 2 æ 3 n! ö ÷ ...x jk , onde çç Cn = k!×(n - k )! ÷ø è k s n = x1x2x3 ...xn , são polinómios simétricos fundamentais (elementares ou simples). Propriedades de polinómios simétricos 1. A soma, a diferença e o produto de polinómios simétricos de “n” variáveis sobre o corpo P é um polinómio simétrico sobre esse corpo. 2. O conjunto de todos os polinómios simétricos é um subanel do domínio de integridade P [x1, x2,..., xn ] . Esse subanel é um domínio de integridade com unidade. 23 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 3. Se o polinómio simétrico contém o termo Ux1l1 x2l2 ...xi li ...xn ln , então ele contém também o termo formado mediante permutação de expoentes l1 , l 2 , l 3 ,..., ln arbitrária. a uma 4. Se x1l1 × x2l2 × ... × xi li × xi +1li +1 × ... × xn ln é termo maior de um polinómio simétrico, então l1 ³ l2 ³ ... ³ ln TEOREMA 7: TEOREMA FUNDAMENTAL SOBRE POLINÓMIOS SIMÉTRICOS Qualquer polinómio simétrico, f (x1, x2,..., xn ) , de “n” variáveis sobre P, pode ser representado sob a forma de um polinómio sobre P de polinómios simétricos fundamentais s 1 , s 2 , …, s n de variáveis x1 , x2 ,..., xn . Antes de passar para a demonstração do teorema apresentado, vai-se fazer algumas observações que servirão de base para a demonstração do teorema. 1. Um polinómio de “n” variáveis x1 , x2 ,..., xn pode ter somente um número finito de diferentes (não semelhantes) termos de grau determinado, “l”. Esse número não ultrapassa a quantidade de possibilidades de representação de “l” como soma de “n” parcelas ordenadas inteiras não negativas. Exemplos 8: Para l = 7 ; n = 2 temos 8 possibilidades. 7 = 0 + 7; 7 = 1 + 6; 7 = 2 + 5; 7 = 3 + 4; 7 = 7 + 0; 7 = 6 + 1; 7 = 5 + 2; 7 = 4 + 3 2. O termo maior x1l1 x2l2 ...xn ln de qualquer polinómio simétrico pode ser representado como o termo maior do produto de polinómios simétricos fundamentais, s 1, s 2, ..., s n . Considera-se o produto, s 1l1 -l2 × s 2l2 -l3 × s n -1ln -1 -ln × s n ln Pela propriedade 4 de polinómios simétricos, l1 - l2, l2 - l3, l3 - l4,..., ln -1 - ln , ln são números inteiros não negativos, por isso s 1l1 -l2 × s 2l2 -l3 × s n -1ln -1 -ln × s n ln é um polinómio de x1 , x2,..., xn . Assim como o termo maior do produto de dois ou mais polinómios fundamentais é igual ao produto dos termos maiores desses polinómios e sabendo que os termos maiores de s 1 , s 2 ,..., s n são, respectivamente, x1 , x1x2 , x1x2x3 , ..., x1x2 ...xn -1, x1x2 ...xn , s 1l1 -l2 × s 2l2 -l3 × s n -1ln -1 -ln × sn ln então o termo maior do produto é igual a: x1l1 -l2 × (x1x2 )l2 -l3 × ... × (x1x2 ...xn -1 )ln -1 -ln × (x1x2 ...xn )ln , que coincide com o termo x1l1 × x2l2 × ... × xn ln . 3. Sabe-se que qualquer polinómio simétrico pode ser representado sob a forma da soma de polinómios simétricos homogéneos. Com efeito, se um polinómio é simétrico então cada um dos seus componentes homogéneos é também um polinómio simétrico. Pois, para qualquer Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 24 permutação de variáveis x1, x2 ,..., xn , cada termo do polinómio se transforma em termos do mesmo grau, isto é, em outro termo do mesmo polinómio homogéneo. Por isso, a igualdade do polinómio, obtido depois de uma permutação das variáveis, ao polinómio dado significa invariedade de cada um dos componentes homogéneos, isto é, a simetria desses polinómios homogéneos. Demonstração do Teorema Fundamental dos Polinómios Simétricos Depois destas observações, pode-se demonstrar o teorema fundamental dos polinómios simétricos. Vai-se fazer a demonstração para os polinómios simétricos homogéneos, uma vez que cada polinómio simétrico pode ser representado sob a soma de polinómios simétricos homogéneos. Seja f (x1, x2,..., xn ) um polinómio homogéneo de grau “m”. Suponhamos que o termo maior de f (x1, x2,..., xn ) tem a forma: Ax1l1 x2l2 ...xn ln (1) Constrói-se o polinómio simétrico: g (x1, x2 ,..., xn ) = A × s 1l1 -l2 × s 2l2 -l3 × ... × s n -1ln -1 -ln × s n ln Segundo observação 2, o termo maior desse polinómio é igual a (1). Além disso, g (x1, x2,..., xn ) é polinómio homogéneo, assim como são homogéneos os seus factores s 1 , s 2 ,..., s n . O grau do polinómio g (x1, x2 ,..., xn ) é igual ao grau do polinómio f (x1, x2,..., xn ) , pois esses polinómios têm os mesmos termos maiores. Considera-se agora f1 (x1, x2,..., xn ) = f (x1, x2,..., xn ) - g (x1 , x2,..., xn ) Claro que f1 (x1, x2,..., xn ) é também um polinómio simétrico homogéneo de grau “m”. Mas esse polinómio já não contém todos os possíveis termos desse grau. Realmente, f1 (x1, x2,..., xn ) já não contém o termo (1). Além do mais nessa subtracção desaparecem todos os n! termos que se obtêm do termo (1) como resultado de todas as possíveis permutações dos expoentes l1, l2,.., ln , assim como pela propriedade 3, esses termos estão contidos nos polinómios f (x1, x2,..., xn ) e g (x1, x2 ,..., xn ) . O polinómio f1 (x1, x2,..., xn ) pode conter só termos do mesmo grau com sistema de expoentes l1, l2,.., ln “inferior” a do termo (1). Aplica-se a esse polinómio o mesmo raciocínio, isto é, seja o termo maior de f1 (x1, x2,..., xn ) da forma: B × x1m1 × x2m2 × ... × xn mn (2) Constrói-se o polinómio: g1 (x1, x2,..., xn ) = B × s 1m1 -m2 × s 2m2 -m3 × ... × s n -1mn -1 -mn × s n mn e forma-se a diferença f2 (x1, x2,.., xn ) = f1 (x1, x2,.., xn ) - g1 (x1, x2,.., xn ) . Também f2 (x1, x2,..., xn ) é polinómio simétrico homogéneo de grau “m” que não contém os termos (1) e (2), e pode conter só os termos com os sistemas de expoentes “inferior” a do sistema de expoentes de (1) e (2). 25 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” Assim como a quantidade de diferentes termos de grau “m”, pode ser um número finito (Obs. 1), então, continuando este processo, a um determinado passo, chega-se à diferença: fk +1 (x1, x2 ,..., xn ) = fk (x1, x2 ,..., xn ) - gk (x1, x2 ,..., xn ) que não pode conter nenhum termo de grau “m”, isto é, igual ao polinómio nulo. Então, das diferenças: f1 = f - g f2 = f1 - g1 … fk = fk -1 - gk -1 0 = fk - g k , segue-se a que f = g + g1 + g2 + ... + gk -1 + gk Assim como os polinómios g , g1, g2,..., gk são expressos por produtos de polinómios s 1 , s 2, ..., s n , então o polinómio f (x1, x2,..., xn ) fica representado sob a forma de um polinómio de s 1, s 2,..., s n . f (x1,x2,...,xn ) = j (σ1,σ2,...,σn ) (3) Os coeficientes desse polinómio j são obtidos de coeficientes do polinómio dado depois de adição e subtracção, por isso, são elementos do corpo P. Teorema 8: A representação de um polinómio simétrico sob a forma de um polinómio de polinómios simétricos fundamentais é única. Exemplos f (x1, x2 , x3 ) = x12x2 + x12x3 9: + x1x22 Encontrar + x1x32 2 a + x2 x3 + representação x2x32 -4× ( x12 + x22 + do x32 polinómio, ) + 5 , sobre Q, por polinómios simétricos fundamentais. Primeiro vai-se escrever f (x1, x2, x3 ) sob a forma de uma soma algébrica de polinómios homogéneos de graus diferentes: f (x1, x2 , x3 ) = f1 - 4f2 + 5 onde: f1 (x1, x2 , x3 ) = x12x2 + x12x3 + x1x22 + x1x32 + x22x3 + x2x32 f2 (x1, x2, x3 ) = x12 + x22 + x32 Vai-se agora expressar separadamente f1 e f2 por polinómios simétricos fundamentais. O termo maior de f1 é x12x2 , isto é, l1 = 2 , l2 = 1 e l3 = 0 (sistema de expoentes de x12x2 ). g1 (x1, x2 , x3 ) = s 12 -1 × s 21- 0 × s 30 = s 1 × s 2 Não é necessário determinar a subtracção f1 - g1 , basta determinar a forma dos termos do polinómio j (s 1 , s 2 , s 3 ) , e depois encontrar os coeficientes através do método de coeficientes indeterminados. Na diferença f1 - g1 desaparecem todos os termos da forma x1l1 × x2l2 × x3l3 , cujos expoentes l1, l2, l3 é uma permutação qualquer do sistema dos expoentes 2, 1, 0, do termo maior de f1 . Ao mesmo tempo, podem aparecer os Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 26 termos do mesmo grau “3” mas com outro sistema “inferior” de expoentes. Neste caso, tal sistema é 1, 1, 1. Portanto, no segundo passo, será necessário subtrair o polinómio simétrico: g1' = (x1, x2, x3 ) = a × s 3 . Assim como para os termos de grau “3” não existem sistemas de expoentes “inferior” a 1, 1, 1, então se pode escrever: f1 (x1, x2 , x3 ) = s 1 × s 2 + a × s 3 , onde “ a ”, por enquanto, um coeficiente indeterminado ou em forma desenvolvida. Para encontrar o valor do coeficiente “ a ”, basta atribuir às variáveis, x1 , x2 , x3 , quaisquer valores do corpo Q, por exemplo, x1 = x2 = x3 = 1 . Assim sendo, pode-se obter o seguinte: f1 (x1, x2, x3 ) = s 1 × s 2 + a × s 3 Û 6 = 9 + a Û a = -3 Logo, f1 (x1, x2, x3 ) = s 1 × s 2 - 3 × s 3 Analogamente pode-se proceder para f2 (x1, x2, x3 ) = x12 + x22 + x32 . O termo maior é x12 , isto é, l1 = 2 , l2 = 0 e l3 = 0 , logo: g2 (x1, x2 , x3 ) = s 12 Podem aparecer os termos do mesmo grau “2”, mas com outro, sistema “inferior” de expoentes. Neste caso, 1, 1, 0. Então, g2' (x1, x2, x3 ) = b × s 2 Como, para os termos de grau “2”, não existem sistemas de expoentes “inferior” a 1, 1, 0, então, pode-se escrever: f2 (x1, x2 , x3 ) = s 12 + b × s 2 Para x1 = x2 = x3 = 1 , se obtém: f2 (x 1 , x 2 , x 3 ) = s 1 2 + b × s 2 Û 3 = 9 + 3b Û b = -2 Logo, f2 (x1, x2, x3 ) = s 12 - 2 × s 2 Finalmente, f (x1, x2, x3 ) = s 1 × s 2 - 3 × s 3 - 4 × (s 12 - 2 × s 2 ) + 5 . Nota: Uma das grandes vantagens da representação de um polinómio sob a forma de um polinómio de polinómios simétricos fundamentais consiste exactamente na representação de Somas de Potências, isto é, polinómios simétricos da forma: Sk = x1k + x2k + x3k + ... + xn k (onde k Î N \ {0}) Do teorema fundamental sobre polinómios simétricos, segue-se a que cada soma de potências pode ser representado como um polinómio de polinómios simétricos fundamentais (com coeficientes inteiros). É fácil ver que: S1 = s 1 S 2 = s 1 - 2s 2 (foi encontrado no decurso da resolução do exercício do exemplo 9). Pode-se obter a fórmula para S3 = x 1 3 + x 2 3 + ... + x n 3 , aplicando o método 2 geral de representação de polinómio simétrico por polinómios simétricos fundamentais. 27 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” Completa-se a tabela: Sistema de expoentes de termos maiores Termos maiores Produtos de polinómios fundamentais correspondentes 3, 0, 0 2, 1, 0 1, 1, 1 x13 s 13 a × x12x2 a ×s1 ×s2 b × x1x2x3 b × s3 Logo, pode-se escrever: S3 = s 13 + a × s 1 × s 2 + b × s 3 , onde “a ” e “b ” são coeficientes indeterminados. Para determinar “ a ” e “ b ”, toma-se primeiro: x1 = x2 = 1; x3 = x 4 = ... = xn = 0 , obtém-se: S3 = 2 ; s 1 = 2 ; s 2 = 1 e s 3 = 0 . S3 = s 13 + a × s 1 × s 2 + b × s 3 Û 2 = 8 + 2 × a Û a = -3 Depois: x1 = x2 = x3 = 1 e x 4 = x5 = ... = xn = 0 , obtém-se: S3 = 3 , s 1 = 3 , s 2 = 3 e s3 = 1 . S3 = s 13 - 3 × s 1 × s 2 + b × s 3 Û 3 = 27 - 3 × 3 × 3 + b Û b = 3 Deste modo: S3 = s 13 - 2 × s 1 × s 2 + 3 × s 3 Analogamente, podem ser representados S 4 , S5 , …, por polinómios simétricos fundamentais. No entanto, existem relações que ligam as somas de potências com os polinómios simétricos fundamentais: chamam-se Fórmulas de Newton: " Sk - Sk -1 × s 1 + Sk -2 × s 2 - ... + (- 1)k -1 × S1 × s k -1 + (- 1)k × k × Sk = 0 , (k = 1,2,..., n ) . " S k - S k -1 × s 1 + Sk - 2 × s 2 - ... + (- 1) × S k - n × s n = 0 , (k = n + 1,...,) n Utilizando fórmulas de Newton é possível encontrar representação de S k por s 1 ,s 2 ,...,s n , se já são conhecidas as representações para S1 , S 2 , …, S k -1 . Considera-se agora um dos corolários mais importantes do teorema fundamental dos polinómios simétricos. Corolário 4: Se f (x ) é um polinómio de uma variável x sobre o corpo P com raízes a1 ,a 2 ,...,a n (que podem não pertencer ao corpo P), então o valor de qualquer polinómio simétrico g ( x1 , x2 ,..., xn ) Î P[x1 , x2 ,..., xn ] para, x1 = a1 , x2 = a 2 , …, xn = a n é um elemento do corpo P. Com efeito, seja o polinómio: f (x ) = x n + an -1x n -1 + ... + a1x + a0 Î P [x ] . Designam-se as raízes desse polinómio por a1 ,a 2 ,...,a n , que podem não pertencer a P, mas, de certeza à uma extensão D de P. Toma-se agora um polinómio simétrico qualquer g ( x1 , x2 ,..., xn ) sobre P de “n” variáveis. Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 28 De acordo com o teorema fundamental de polinómios simétricos, o polinómio g ( x1 , x2 ,..., xn ) pode ser representado por polinómios simétricos fundamentais s 1 , s 2 ,...,s n com coeficientes do corpo P. Então, g ( x1 , x2 ,..., xn ) = j (s 1 , s 2 ,...,s n ) . Coloca-se em g ( x1 , x2 ,..., xn ) , no lugar de x1 o elemento a1 , x2 o elemento a 2 , …, xn o elemento a n . Assim como todas as raízes pertencem a uma extensão D de P, então, g (a1 ,a 2 ,...,a n ) em geral é um elemento do corpo D . Mas, a especificidade de polinómios simétricos consiste no facto de g (a1 ,a 2 ,...,a n ) ser também um elemento de P. Com efeito, pelas fórmulas de Viett, os respectivos valores de polinómios simétricos fundamentais expressam-se pelos coeficientes do polinómio f ( x ) . s 1 (a1 ,a 2 ,...,a n ) = a1 + a 2 + ... + a n = - an -1 s 2 (a1,a 2 ,...,a n ) = a1 × a 2 + a1 × a 3 + ... + a n -1 × a n = an - 2 … n s n = a1 × a 2 × ... × a n = (- 1) × a0 Então, g (a1 , a2,..., an ) = j [- an -1, an -2,..., (- 1)n × a0 ] Agora é fácil ver que g (a1 ,a 2 ,...,a n ) é um elemento do corpo P, assim como é resultado de operações de adição e de multiplicação dos elementos ai Î P (i = 0, 1, ..., n - 1) e coeficientes do polinómio g ( x1 , x2 ,..., xn ) . 29 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” IV – APLICAÇÕES PRÁTICAS DE POLINÓMIOS SIMÉTRICOS Feitas as considerações teóricas sobre os polinómios simétricos, passase para a sua aplicação prática na racionalização do denominador de uma fracção, na construção de polinómios (ou equações polinomiais) e na resolução de sistemas simétricos. Nota-se que as fórmulas de Viett voltam a ter lugar importante, ao longo da resolução dos exercícios aqui apresentados, pois estão “intimamente” ligadas aos polinómios simétricos fundamentais. 1. RACIONALIZAR O DENOMINADOR Evitar a irracionalidade do denominador de uma fracção é um problema muito frequente em Matemática no Ensino Secundário, quando se simplifica uma fracção. Daí que se vai aproveitar os conhecimentos sobre polinómios simétricos, para apresentar uma metodologia (um procedimento) de racionalização do denominador de uma fracção, pensando com isso estar a enriquecer os conhecimentos daqueles que consultarem este trabalho. Na racionalização do denominador de uma fracção do tipo 2+4 , 2-3 2 3 costuma-se multiplicar ambos os termos da fracção por 22 + 2 × 3 2 + 3 22 , devendo-se isto à fórmula seguinte: a 3 - b3 = (a - b ) × a 2 + a × b + b 2 . ( ) Passa-se da análise deste exemplo para apresentar um método geral. De um modo geral, é dada uma fracção f (a 1 ) , onde f (x ) , g (x ) são g (a 1 ) polinómios sobre Q e a1 é raiz irracional de um polinómio y ( x ) Î Q[x ] Se y ( x ) é um polinómio de grau “n”, então no seu corpo de decomposição ele tem, além de a1 , as raízes a 2 ,a 3 ,...,a n . Para evitar a 30 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” irracionalidade do denominador, f (a 1 ) multiplica-se g (a2 ) × g (a3 ) × ... × g (an ) , e obtém-se: e g (a 1 ) por f (a 1 ) f (a 1 ) × g (a 2 ) × g (a 3 ) × ... × g (a n ) = g (a 1 ) g (a 1 ) × g (a 2 ) × g (a 3 ) × ... × g (a n ) O produto g (a 1 ). g (a 2 ) × g (a 3 ) × ... × g (a n ) = j (a 1 , a 2 ,..., a n ) é o valor do polinómio ( ) simétrico j ( x1, x2 ,..., xn ) Î Q[x1 , x2 ,..., xn ] , para xi = a i i = 1, n . j (a1 ,a 2 ,...,a n ) Î Q (pelo corolário 4), desse modo a irracionalidade do denominador da fracção é evitada. É de salientar que, tanto o numerador como o denominador da fracção, f (a1 ) × g (a2 ) × g (a3 ) × ... × g (an ) , podem ser calculados sem saber as raízes a1 ,a 2 ,...a n , de g (a1 ) × g (a2 ) × g (a3 ) × ... × g (an ) y ( x ) . O denominador g (a1 ) × g (a2 ) × g (a3 ) × ... × g (an ) polinómios simétricos fundamentais de coeficientes de y ( x ) . pode ser representado por a1 ,a 2 ,...a n que se exprimem por O produto g (a2 ) × g (a3 ) × ... × g (an ) é simétrico relativamente a a 2 ,a 3 ,...,a n e, por isso, pode ser representado por coeficientes do polinómio y (x ) = an × ( x - a 2 ) × ( x - a 3 ) × ... × ( x - a n ) , que tem raízes a 2 ,a 3 ,...,a n . w( x ) = x - a1 Os coeficientes de w( x ) exprimem-se por a1 e coeficientes de y ( x ) , encontrados como resultado da divisão de y ( x ) por ( x - a1 ) (aplicando a regra de Ruffini). Apresentam-se agora alguns exercícios para ilustrar aquilo que foi acima exposto. Exercícios 1. Racionaliza os denominadores das seguintes fracções: 3 a) 2+4 2-32 b) 4 = 1 = 2 +1 1 c) 1+ 2 - 3 = Resolução 2+4 = 2-3 2 a1 = 3 2 ; f (x ) = x + 4 ; g (x ) = 2 - x ; y (x ) = x 3 - 2 g (a1 ) × g (a 2 ) × g (a 3 ) = (2 - a1 ) × (2 - a 2 ) × (2 - a 3 ) = (4 - 2a 2 - 2a1 + a1a 2 ) × (2 - a 3 ) = 8 - 4a 3 - 4a 2 + 2a 2a 3 - 4a1 + 2a1a 3 + 2a1a 2 - a1a 2a 3 = 8 - 4 × (a1 + a 2 + a 3 ) + 2 × (a1a 2 + a1a 3 + a 2a 3 ) - a1a 2a 3 = 8 - 4 × 0 + 2 × 0 - 2 = 6 y (x ) 2 w( x ) = = x 2 + a1 x + a1 x - a1 a) 3 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 31 g (a 2 ) × g (a 3 ) = (2 - a 2 ) × (2 - a 3 ) = 4 - 2a 3 - 2a 2 + a 2a 3 = 4 - 2 × (a 2 + a 3 ) + a 2a 3 = 4 - 2 × (- a1 ) + a1 = 4 + 2a1 + a1 = 4 + 23 2 + 3 22 Então: 2 2+4 = 2-3 2 3 2 ( 3 ) )( 2 + 4 × 4 + 23 2 + 3 2 2 123 2 + 63 22 + 18 = = 23 2 + 3 4 + 3 6 6 1 = 2 +1 a1 = 4 2 ; f (x ) = 1 ; g (x ) = x + 1 ; y (x ) = x 4 - 2 g (a1 ) × g (a 2 ) × g (a 3 ) × g (a 4 ) = (1 + a1 ) × (1 + a 2 ) × (1 + a 3 ) × (1 + a 4 ) = = (1 + a1 + a 2 + a1a 2 ) × (1 + a 3 + a 4 + a 3a 4 ) = 1 + a 3 + a 4 + a 3a 4 + a1 + a1a 3 + a1a 4 + a1a 3a 4 + a 2 + a 2a 3 + a 2a 4 + a 2a 3a 4 + + a1a 2 + a1a 2a 3 + a1a 2a 4 + a1a 2a 3a 4 = 1 + (a1 + a 2 + a 3 + a 4 ) + + (a1a 2 + a1a 3 + a1a 4 + a 2a 3 + a 2a 4 + a 3a 4 ) + (a1a 2a 3 + a1a 2a 4 + a1a 3a 4 + a 2a 3a 4 ) + + a1a 2a 3a 4 = 1 + 0 + 0 + 0 - 2 = -1 y (x ) 2 3 = x 3 + a1 x 2 + a1 x + a1 w( x ) = x - a1 g (a 2 ) × g (a 3 ) × g (a 4 ) = ×(1 + a 2 ) × (1 + a 3 ) × (1 + a 4 ) = (1 + a 3 + a 3 + a 3a 3 ) × (1 + a 4 ) = 1 + a 4 + a 3 + a 3a 4 + a 2 + a 2a 4 + a 2a 3 + a 2a 3a 4 = 1 + (a 2 + a 3 + a 4 ) + (a 2a 3 + a 2a 4 + a 3a 4 ) + b) 4 2 3 + a 2a 3a 4 = 1 - a1 + a1 - a1 = 1 - 4 2 + 4 22 - 4 23 Então: 4 c) 1 1 - 4 2 + 4 22 - 4 23 = = -1 + 4 2 - 4 2 2 + 4 2 3 1 2 +1 1 1+ 2 - 3 = a1 = 2 - 3 ; f (x) = 1 ; g (x ) = x + 1 ; y (x ) = x 4 - 10x 2 + 1 Nota: oy (x ) é obtido utilizando o seguinte processo: ( 2 - 3) Û x = 5 - 2 6 Û x 6 ) Û x - 10x + 25 - 24 = 0 Û x 2 x = 2- 3 Þx2 = ( Þ x2 -5 ) = (- 2 2 4 2 2 2 - 5 = -2 6 4 - 10x 2 + 1 = 0 Então, y (x ) = x 4 - 10x 2 + 1 . g (a1 ) × g (a 2 ) × g (a 3 ) × g (a 4 ) = (1 + a1 ) × (1 + a 2 ) × (1 + a 3 ) × (1 + a 4 ) = = (1 + a1 + a 2 + a1a 2 ) × (1 + a 3 + a 4 + a 3a 4 ) = 1 + a 3 + a 4 + a 3a 4 + a1 + a1a 3 + a1a 4 + a1a 3a 4 + a 2 + a 2a 3 + a 2a 4 + a 2a 3a 4 + + a1a 2 + a1a 2a 3 + a1a 2a 4 + a1a 2a 3a 4 = 1 + (a1 + a 2 + a 3 + a 4 ) + + (a1a 2 + a1a 3 + a1a 4 + a 2a 3 + a 2a 4 + a 3a 4 ) + (a1a 2a 3 + a1a 2a 4 + a1a 3a 4 + a 2a 3a 4 ) + +a 1a 2 a 3a 4 = 1 + 0 - 10 + 0 + 1 = -8 w (x ) = y (x ) = x 3 + a 1 x 2 + - 10 + a 1 2 x + - 10a 1 + a 1 3 x - a1 ( ) ( ) g (a 2 ) × g (a 3 ) × g (a 4 ) = ×(1 + a 2 ) × (1 + a 3 ) × (1 + a 4 ) = (1 + a 3 + a 3 + a 3a 3 ) × (1 + a 4 ) Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 32 = 1 + a 4 + a 3 + a 3a 4 + a 2 + a 2a 4 + a 2a 3 + a 2a 3a 4 = 1 + (a 2 + a 3 + a 4 ) + (a 2a 3 + a 2a 4 + a 3a 4 ) + ( ) ( ) + a 2a 3a 4 = 1 - a 1 + - 10 + a 1 2 - - 10 + a 1 2 = 1 - a 1 - 10 + a 1 2 + 10a 1 - a 1 3 ( - 9 = -(2 ) ( 2 - 3) 2 = -a 1 3 + a 1 2 + 9a 1 - 9 = - 2 - 3 + = -a 1 3 + a 1 2 + 9a 1 1 1+ 2 - 3 2. = ( ) +9 2 - 3 -9 ) 2 - 6 3 + 9 2 - 3 3 + 5 - 2 6 + 9 2 - 9 3 - 9 = -2 2 - 2 6 - 4 -2 2 -2 6 - 4 = -8 2 + 6 +2 4 CONSTRUÇÃO DE POLINÓMIOS É dado um polinómio f ( x ) Î P[x ] com as raízes a1 , a 2 ,...,a n . Construir um ( ) polinómio g ( x ) cujas raízes b i i = 1, n se exprimem por a i de f ( x ) , mediante as relações, b i = j (a i ) , onde j ( x ) Î P[x ] (P um corpo). Problemas desse tipo são muito frequentes no Ensino Secundário, pelo que se vai apresentar um método que permite resolver essas questões. Seja o polinómio g ( x ) na forma: g ( x ) = x n + an -1 x n -1 + ... + a1x + a0 , onde: - an -1 = j (a1 ) + j (a 2 ) + ... + j (a n ) an - 2 = j (a1 ) × j (a 2 ) + j (a1 ) × j (a 3 ) + ... + j (a n -1 ) × j (a n ) … (- 1)n × a0 = j (a1 ) × j (a 2 ) × ... × j (a n ) ( ) Como já se viu, os coeficientes ai i = 1, n - 1 são valores de polinómios simétricos determinados sobre P para valores de variáveis iguais a j (a i ) , onde a i são raízes de f ( x ) Î P[x ]. Do Teorema Fundamental de Polinómios Simétricos segue-se a que sempre é possível encontrar a expressão dos coeficientes ai procurados por coeficientes do polinómio dado, f ( x ) , e esses coeficientes pertencem ao mesmo corpo P. Esses raciocínios têm lugar quando b i = ji (a1 , a 2 ,...,a n ) , onde ji é um polinómio simétrico arbitrário sobre P. Exercícios 1. Encontrar uma equação cujas raízes b1 e b 2 são ligadas com as raízes a1 e a 2 da equação ax 2 + bx + c = 0 (a ¹ 0 ) , mediante a relação: à b1 = ka1 b 2 = ka 2 (k ¹ 0 ) Resolução Seja a equação procurada na forma x 2 + Bx + C = 0 33 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” æ-bö b1 + b 2 = - B Û ka1 + ka 2 = - B Û k × (a1 + a 2 ) = - B Û - k × ç ÷=B è a ø kb ÛB= a c k 2c b1b 2 = C Û k 2a1a 2 = C Û C = k 2 × = C Û C = a a kb k 2c 2 2 = 0. R: A equação procurada é: x + Bx + C = 0 Û x + x + a a Û ax 2 + kbx + k 2 c = 0 Aqui o professor pode diversificar os exercícios tomando k como um número inteiro ou racional qualquer. 2. Completa uma equação cujas raízes são quadrados das raízes da seguinte equação: x 2 + px + q = 0 . Resolução Sejam x1 e x2 as raízes da equação x 2 + px + q = 0 , então: x 1 + x 2 = - p e x1 x2 = q Seja a equação pedida na forma x 2 + bx + c = 0 , então: x 1 2 + x 2 2 = -b Û (x 1 + x 2 )2 - 2x 1x 2 = -b Û b = -p 2 + 2q x1 x2 = ( x1 x2 ) = c Û c = q 2 2 2 2 R: A equação pedida é x 2 + (- p 2 + 2q )x + q 2 = 0 . Nota: com este exercício, os professores podem propor várias outras aos seus alunos, como por exemplo: " Sem resolver a equação x 2 + 3x + 2 = 0 , obtenha uma equação cujas raízes são quadrados das suas raízes. 3. Completar uma equação do 2º grau cujas raízes são (a - b ) , sabendo x + px + q = 0 . 2 que “a” e “b” são raízes da (a + b )2 e equação 2 Resolução Seja a equação pedida na forma x 2 + Bx + C = 0 (a + b )2 + (a - b )2 = - B Û (- p )2 + a 2 + b 2 - 2ab = - B Û p 2 + (a + b )2 - 4ab = - B Û p 2 + p 2 - 4q = - B Û B = 4q - p 2 (a + b )2 × (a - b )2 = C Û ( ) ( ) p 2 × a 2 + b 2 - 2ab = C Û p 2 × p 2 - 4q = C Û C = p - 4p q R: A equação pedida é: x 2 + Bx + C = 0 Û x 2 + 4q - p 2 x + p 4 - 4 p 2q = 0 . 4 2 ( ) ( ) 4. Sejam a e b raízes da equação 3 x 2 + 7 x + 4 = 0 . Sem resolver a equação dada, completar uma equação do 2º grau cujas raízes a b e são . b -1 a -1 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 34 Resolução Seja x + bx + c = 0 a equação pedida. 2 ( a b a2 -a + b 2 - b a + b ) - 2ab - (a + b ) + = -b Û = -b Û = -b b -1 a -1 ba - b - a + 1 ba - (a + b ) + 1 2 2 4 7 æ 7ö 49 8 7 46 ç- ÷ - 2× + - + 23 3ø 3 3 = -b Û 9 3 3 = -b Û 9 = -b Û =b Ûè 14 14 4 7 21 + +1 3 3 3 3 4 a b ab 2 × =C Û =C Û 3 =C ÛC = 14 b -1 a -1 ab - (a + b ) + 1 7 3 R: A equação pedida é: 23 2 x 2 + Bx + C = 0 Û x 2 - x + = 0 Û 21x 2 - 23 x + 6 = 0 21 7 5. Encontrar x1 -2 + x2-2 , onde x1 e x2 são raízes da equação ax 2 + bx + c = 0 , sem resolver a equação dada. Resolução b c x1 + x 2 = e x1x2 = , então: a a 2 c æ-bö - 2× ç ÷ 2 2 2 (x + x2 ) - 2 x1 x2 = è a ø 1 1 x +x a -2 -2 x1 + x2 = 2 + 2 = 1 2 22 = 1 = 2 2 (x1 x2 ) x1 x2 x1 x2 æcö ç ÷ èaø b 2 2c b 2 - 2ac 2 b 2 - 2ac a2 ,c ¹ 0 = a 2 a = = c c2 c2 a2 a2 b 2 - 2ac -2 -2 R: x1 + x2 = , onde c ¹ 0 . c2 Nota: atribuindo aos parâmetros “a”, “b” e “c” valores numéricos, podese encontrar x1 -2 + x2-2 sem resolver a equação dada. 1 1 6. Completar uma equação do 2º grau sabendo que e são suas x1 x 2 raízes, onde x1 e x 2 são raízes da equação ax 2 + bx + c = 0 (a ¹ 0) Resolução Seja a equação pedida na forma x 2 + Bx + C = 0 Se x1 e x 2 são raízes da equação ax 2 + bx + c = 0 (a ¹ 0) , então: b c x1 + x2 = - e x1 x2 = a a 2 Em equação x + Bx + C = 0 : Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 35 -b b 1 1 x1 + x2 -b + = -B Û = -B Û a = -B Û = - B(c ¹ 0) Û B = c c c x1 x2 x1 x2 a a 1 1 1 1 × =C Û =C Û =C ÛC = c c x1 x2 x1 x2 a R: Então a equação pedida é: b a x 2 + x + = 0 Û cx 2 + bx + a = 0 c c Nota: Deste exercício, pode-se constatar que, se trocarmos os coeficientes “a” e “c” numa equação do 2º grau, poderemos encontrar uma outra equação cujas raízes são inversas das da equação dada. Sendo assim o exercício pode ser apresentado da seguinte forma: " Sem resolver a equação x 2 + 3x + 2 = 0 , obtenha uma equação cujas raízes são inversos das suas. O aluno que já conhece o exercício pode em “cinco segundos”, resolver esta questão: basta trocar os coeficientes a = 1 e c = 2 , o que não acontece com um outro aluno que não a conhece. 7. Completar uma equação do 2º grau, sabendo que uma das suas raízes é igual a soma das raízes da equação ax 2 + bx + c = 0(a ¹ 0 ) , e outra, ao produto das raízes da mesma equação. Resolução Seja a equação pedida na forma x 2 + Bx + C = 0 e a1 e a 2 as suas raízes, então: -b c e a2 = a a -b c -b+c b-c a1 + a 2 = - B Û + = -B Û = -B Û B = a a a a -b c - bc a1a 2 = C Û C = × ÛC= 2 a a a Então a equação pedida é: b-c - bc x2 + x + 2 = 0 Û a 2 x 2 + (ab - ac )x - bc = 0 a a 8. Completar uma equação do 2º grau cujas raízes são maiores do que as raízes da equação ax 2 + bx + c = 0(a ¹ 0 ) em uma unidade. a1 = Resolução Sejam x1 e x 2 as raízes de ax + bx + c = 0(a ¹ 0 ) , e a equação procurada na forma x 2 + Bx + C = 0 -b c Sabe-se que: x1 + x2 = e x1 x2 = , então: a a -b (x1 + 1) + (x2 + 1) = - B Û + 2 = - B Û b - 2a = B a a 2 36 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” c b a+c-b =C - +1 = C Û a a a b - 2a a+c-b x+ =0 R: A equação pedida é: x 2 + Bx + C = 0 Û x 2 + a a Û ax 2 + (b - 2a )x + (a + c - b ) = 0 (x1 + 1) × (x2 + 1) = C Û x1 x2 + x1 + x2 + 1 = C Û 9. Seja f ( x ) = x 3 - x 2 + x - 1 . Encontrar g ( x ) Î Q[x ] cujas raízes são cubos das raízes de f ( x ) . Sejam a1 ,a 2 , a 3 as raízes de f ( x ) , então: b1 = a1 , b 2 = a 2 e b 3 = a 3 3 3 3 são raízes de g ( x ) = x 3 - ax 2 + bx - c , pois b1 , b 2 , b 3 têm os mesmos sinais de a1 , a 2 , a 3 . Pelas fórmulas de Viett, segue-se a que: 3 3 3 3 a = b1 + b 2 + b 3 = a1 + a 2 + a 3 = (a1 + a 2 + a 3 ) - 3 × (a1 + a 2 + a 3 ) × (a1a 2 + + a1a 3 + a 2a 3 ) + 3 × (a1a 2a 3 ) = 1 - 3 + 3 = 1 , 3 3 3 pois 3 S3 = x1 + x2 + x3 = s 1 - 3 × s 1s 2 + 3 × s 3 b = b1b 2 + b1b 3 + b 2 b 3 = (a1a 2 ) + (a1a 3 ) + (a 2a 3 ) = (a1a 2 + a1a 3 + a 2a 3 ) 3 ( 3 3 3 ) - 3 × (a1a 2 + a1a 3 + a 2a 3 ) × a1 a 2a 3 + a1a 2 a 3 + a1a 2a 3 + 3 × (a1a 2a 3 ) 2 2 2 2 = 13 - 3 × 1 × (a1 + a 2 + a 3 ) × a1a 2a 3 + 3 × 1 = 1 - 3 × 1 × 1 + 3 = 1 c = b1b 2 b 3 = (a1a 2a 3 ) = 13 = 1 3 R: Então, g ( x ) = x 3 - x 2 + x - 1 Obs. : Sendo g ( x ) = f ( x ) significa que as raízes de f ( x ) elevadas ao cubo não se alteram. x4 - 1 , pelo que as x +1 suas raízes são iguais às raízes de ordem 4 de unidade (excepto -1). Recorda-se que as raízes de ordem 4 de 1 são: 1, -1, i, -i . Este facto pode ser explicado pelo seguinte: f ( x ) = 10. Seja f (x ) = x 3 - 6x 2 + 11x - 6. Encontrar g ( x ) Î Q[x ] cujas raízes são dobros das raízes de f ( x ) . Resolução Sejam a1 , a 2 , a 3 as raízes de f ( x ) , então: b 1 = 2a 1 , b 2 = 2a 2 e b 3 = 2a 3 são raízes de g ( x ) = x 3 - ax 2 + bx - c , pois b1 , b 2 , b 3 têm os mesmos sinais de a1 , a 2 , a 3 . Pelas fórmulas de Viett, segue-se a que: a = b 1 + b 2 + b 3 = 2a 1 + 2a 2 + 2a 3 = 2 × (a 1 + a 2 + a 3 ) = 2 ´ 6 = 12 b = b 1 b 2 + b 1 b 3 + b 2 b 3 = 4a 1a 2 + 4a 1a 3 + 4a 2a 3 = 4 × (a 1a 2 + a 1a 3 + a 2 a 3 ) = 4 ´ 11 = 44 c = b 1 b 2 b 3 = 8a 1a 2a 3 = 8 ´ 6 = 48 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 37 R: Então, g (x ) = x 3 - 12x 2 + 44x - 48 . 3. RESOLUÇÃO DOS SISTEMAS SIMÉTRICOS Os “sistemas simétricos” de n equações com n incógnitas definem-se com mais rigor ao nível da Álgebra Superior. Para este trabalho limitamo-nos ao estudo de sistemas simétricos de duas equações com duas incógnitas. Assim sendo: Um sistema de duas equações com duas incógnitas em que equações não se alteram numa permutação qualquer de variáveis chama-se “sistema simétrico”. As partes esquerdas das equações de tais sistemas são polinómios simétricos de duas variáveis ou redutíveis aos tais, ou suas razões. Como por exemplo: Ò x -1 + y -1 = 5 é equivalente a x +y = 5 em que (x ¹ 0; y ¹ 0 ) e a parte xy esquerda da igualdade é a razão de dois polinómios simétricos elementares de duas variáveis; com x + y £ 13 onde Ò x + xy + y = 13 Û xy = [13 - (x + y )]2 f (x , y ) = [13 - (x + y )]2 já é um polinómio simétrico de duas variáveis. Vai-se, de seguida, apresentar um método para resolução de sistemas simétricos com duas incógnitas, o que muitas vezes causam problemas para professores e alunos ao longo do Ensino Secundário. O método consiste na substituição conforme o seguinte: u = x + y e v = x × y , onde x e y são variáveis do sistema. Essa ideia surgiu do teorema fundamental aplicado a esse caso particular. Deve-se lembrar que resolver um sistema significa determinar as suas soluções (pares ordenados que satisfazem a cada equação do sistema) ou concluir que o sistema é impossível. É de notar que, em sistemas simétricos, tendo em conta a natureza dos polinómios simétricos, se ( x1 , x2 ) é uma solução, então ( x2 , x1 ) é também solução. Exercícios Na fase inicial é bom que se saiba resolver os sistemas simétricos básicos, como os seguintes: 1. Resolve os seguintes sistemas simétricos ìx + y = 4 a) í îx × y = 3 Resolver este sistema é mesmo que procurar dois números cuja soma é 4 e produto é 3. y x+ y x× y x 38 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” b) 1 3 São os números 1 e 3. S = {(1,3); (3,1)} ì x + y = 23 í î x × y = 132 4 3 Analogamente, pode-se encontrar os números 12 e 11. S = {(12,11); (11,12)} Com esta prática já se pode resolver outros tipos de sistemas como os seguintes: ìu 2 + v 2 = 13 ì1 1 ìï x -1 + y -1 = 5 + = 12 d) e) í ïï t z í -2 ïî x + y - 2 = 13 îu × v = 6 c) í ï 1 = 20 ïî t × z ì x 2 y + xy 2 = 6 ì x y 13 ìï x 2 + xy + y 2 = 91 + = g) ï í h) í f) íy x 6 î xy + x + y = 5 ïî x + xy + y = 13 ïx + y = 5 î i) ìïu 2 + v 2 = uv + 13 í ïîu + v = uv + 3 l) ì x 2 + y 2 = 34 í î x + y + xy = 23 j) 1 4 ì 1 + = ï y 3 í x ï xy = 9 î k) ì( x + 1) × ( y + 1) = 10 í î( x + y ) × ( xy + 1) = 25 Resolução c) ì1 1 ïï t + z = 12 Û í 1 ï = 20 ïî tz ìu ïï v = 12 Û í 1 ï = 20 ïî v ì ïïu = í ïv = ïî ìt + z ïï tz = 12 í ï 1 = 20 ïî tz Para u = t + z e v = tz , com t ¹ 0 e z ¹ 0 3 ì 12 3 3 3 ì ì z = -t t z z = -t = + = ï ï ï 5 ï ï ï 20 5 5 5 Ûí Ûí Ûí 1 ï- t 2 + 3t - 1 = 0 ïtz = 1 ït × æç 3 - t ö÷ = 1 ïî ï ïî è 5 ø 20 20 20 5 20 î 3 ì ïz = - t Ûí 5 ï- 20t 2 + 12t - 1 = 0 î 1 ì 1 ì ïï z = 10 ïï z = 2 Ûí Úí ït = 1 ït = 1 ïî ïî 10 2 D = b 2 - 4ac = 122 - 4 × (- 20) × (- 1) = 64 - 12 ± 8 1 1 t= Ût= Ú t= - 40 2 10 ìæ 1 1 ö æ 1 1 öü S = íç , ÷; ç , ÷ý îè 2 10 ø è 10 2 øþ Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 39 ì(u + v )2 - 2uv = 13 ìu 2 + v 2 = 13 d) Ûí Para t = u + v e z = uv í îu × v = 6 îuv = 6 ìt 2 = 25 ìt 2 - z = 13 ìt = 5 ìt = -5 Ûí Ûí Úí Ûí î z = 6 îz = 6 îz = 6 îz = 6 à à e) ìt = 5 ìu + v = 5 ìu = 2 ìu = 3 S1 = {(3,2 ); (2,3)} Ûí Ûí Úí í z = 6 uv 6 v 3 v 2 = = = î î î î ìt = -5 ìu + v = -5 ìv = -2 ìv = -3 S 2 = {(- 3,-2 ); (- 2,-3)} Ûí Ûí Úí í îz = 6 îuv = 6 îu = -3 îu = -2 S = S1 È S 2 = {(3,2); (2,3); (- 3,-2 ); (- 2,-3)} ìx + y ìx + y ì1 1 = 5 + = 5 ï xy = 5 ï ïx y ìï x + y = 5 ï ï xy ï Para, Ûí Ûí Ûí 2 í -2 2 2 -2 ïî x + y = 13 ï ( x + y ) - 2 xy = 13 ï x + y = 13 ï 1 + 1 = 13 ïî ïî ( xy )2 ïî x 2 y 2 (xy )2 -1 -1 u = x + y e v = xy , com x ¹ 0 Ù y ¹ 0 ìx + y ìu ï xy = 5 ïï v = 5 ìu = 5v ìu = 5v ï Ûí 2 Ûí 2 Ûí 2 í 2 2 îu - 2v = 13v î12v - 2v = 0 ï u - 2v = 13 ï ( x + y ) - 2 xy = 13 2 2 ïî v ïî (xy ) 1 5 5 1 ì ì ì ì ïïu = 6 ïï x + y = 6 ïï x = 2 ïï x = 3 ìu = 5v Ûí (Pois v ¹ 0 ) Û í Ûí Úí Ûí 1 1 1 î2v × (6v - 1) = 0 ïv = ï xy = ïy = ïy = 1 ïî ï ï 3 ïî 2 6 6 î î ìæ 1 1 ö æ 1 1 öü S = íç , ÷; ç , ÷ý îè 2 3 ø è 3 2 øþ ì ( x + y )2 - 2 xy 13 ì x 2 + y 2 13 ì x y 13 + = = = ï ï ï f) 6 Ûí 6 xy í y x 6 Û í xy ïx + y = 5 ïx + y = 5 ïx + y = 5 î î î com x ¹ 0 Ù y ¹ 0 . Para u = x + y e v = xy , ì ( x + y )2 - 2 xy 13 ì u 2 - 2v 13 13v ì = ì150 - 12v = 13v ìv = 6 = ï ï ï25 - 2v = Ûí xy 6 Ûí v 6 Ûí 6 Ûí í îu = 5 îu = 5 ïx + y = 5 ïu = 5 ïîu = 5 î î ì xy = 6 ìx = 2 ìx = 3 S = {(2,3); (3,2 )} Ûí Ûí Úí îx + y = 5 îy = 3 îy = 2 g) ì x 2 y + xy 2 = 6 ì xy × (x + y ) = 6 Para u = x + y e v = xy Ûí í xy + x + y = 5 xy + x + y = 5 î î 40 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” ìuv = 6 ìv = 2 ìv = 3 Ûí Ûí Úí îu + v = 5 îu = 3 îu = 2 ìv = 2 ì xy = 2 ìx = 1 ìx = 2 à S1 = {(1, 2); (2,1)} Ûí Ûí Úí í îu = 3 îx + y = 3 îy = 2 îy = 1 ì- x 2 + 2 x - 3 = 0 ìv = 3 ì xy = 3 ì x × (2 - x ) = 3 Û Û Û í í í í îu = 2 îx + y = 2 îy = 2 - x îy = 2 - x 2 2 D = b - 4ac = 2 - 4 × (- 1) × (- 3) = -8 Equação impossível S = {(1,2 ); (2,1)} ìï( x + y )2 - xy = 91 ìï x 2 + xy + y 2 = 91 h) Ûí í ïî x + xy + y = 13 ïî xy + y + x = 13 ( x > 0 Ù y > 0 ) Ú (x < 0 Ù y < 0 ) Para u = x+ y e v = xy , com ìï( x + y )2 - xy = 91 ìïu 2 - v = 91 ìïu 2 - v = 91 ìïu 2 - v = 91 Û Û Û í í í í ïî v = 13 - u (u £ 13) ïîv = (13 - u )2 ïî v + u = 13 ïî xy + y + x = 13 ìïu 2 - (13 - u )2 = 91 ìïu 2 - 169 + 26u - u 2 = 91 ì26u = 260 ì x + y = 10 ìu = 10 Ûí Û Ûí Û í í í 2 2 2 ïîv = (13 - u ) ïîv = (13 - u ) î xy = 9 îv = 9 îv = (13 - u ) ìx = 1 ìx = 9 S = {(1,9); (9,1)} Úí í îy = 9 îy = 1 ìï(u + v )2 - 3uv = 13 ìïu 2 + v 2 = uv + 13 i) Ûí í ïîu + v = uv + 3 ïîu + v - uv = 3 (u > 0 Ù v > 0) Ú (u < 0 Ù v < 0 ) Para t =u+v e z = uv , ìï(u + v )2 - 3uv = 13 ìït 2 - 3 × (t - 3)2 = 13 ìït 2 - 3z = 13 ìït 2 - 3 z = 13 Û Û Û í í í í ïî z = t - 3 (t ³ 3) ïît - z = 3 ïî z = (t - 3)2 ïîu + v - uv = 3 ìï- 2t 2 + 18t - 40 = 0 ìï- t 2 + 9t - 20 = 0 ìït 2 - 3t 2 + 18t - 27 = 13 Ûí Ûí í ïî z = (t - 3)2 ïî z = (t - 3)2 ïî z = (t - 3)2 D = b 2 - 4ac = 92 - 4 × (- 1) × (- 20 ) = 1 - 9 ±1 t= Ût=5 Ú t =4 -2 ìï- t 2 + 9t - 20 = 0 ìt = 5 ìt = 4 Ûí Úí í 2 ïî z = (t - 3) î z = 4 îz = 1 à ìt = 5 ìx + y = 5 ìx = 1 ì x = 4 Ûí Ûí Úí í îz = 4 î xy = 4 îy = 4 îy = 1 S1 = {(1, 4); (4,1)} com 41 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” à ìy = 4 - x ìt = 4 ìx + y = 4 ìy = 4 - x Ûí Ûí Ûí 2 í îz = 1 î xy = 1 î x × (4 - x ) = 1 î- x + 4 x - 1 = 0 D = b 2 - 4ac = 4 2 - 4 × (- 1) × (- 1) = 12 -4±2 3 Û x = 2- 3 Ú x = 2+ 3 -2 ìï y = 2 + 3 ìï y = 2 - 3 ìy = 4 - x Ûí Úí í 2 ïî x = 2 - 3 ïî x = 2 + 3 î- x + 4 x - 1 = 0 x= { ( )( {( )( S 2 = 2 - 3 ,2 + 3 ; 2 + 3 ,2 - 3 S = S1 È S 2 = (1, 4); (4,1); 2 - 3 ,2 + 3 ; 2 + 3 ,2 - 3 )} )} ì x+ y 4 1 4 ì 1 + = = ï ï y 3Ûí j) 3 Para u = a + b e v = a .b , com x > 0 Ù y > 0 ; onde xy í x ï ï xy = 9 î î xy = 9 u e v são polinómios simétricos de variáveis a e b (a = x ; b = y ) ì x+ y 4 ìu 4 ìï x + y = 4 ìï x = 1 ìï x = 3 = ìu = 4 ï ï = ( Pois v > 0) Û í Úí Ûí 3 Û ív 3 Û í xy í v 3 = ïî y = 1 ï y 3 = xy 3 = 2 ï î ï ïv = 9 î î î î xy = 9 ìx = 1 ìx = 9 S = {(1,9); (9,1)} Úí í îy = 9 îy = 1 ì( x + 1) × ( y + 1) = 10 ì xy + x + y + 1 = 10 Para t = x + y e z = xy Ûí í î( x + y ) × ( xy + 1) = 25 î( x + y ) × ( xy + 1) = 25 ìz = 9 - t ìz = 9 - t ì z + t + 1 = 10 Ûí 2 Ûí Ûí ît × (- t + 10 ) = 25 ît × ( z + 1) = 25 î- t + 10t - 25 = 0 k) D = b 2 - 4ac = 102 - 4 × (- 1) × (- 25) = 0 - 10 t= =5 -2 ìz = 4 ì xy = 4 ì x = 1 ìx = 4 Ûí Ûí Úí í ît = 5 îx + y = 4 îy = 4 îy = 1 S = {(1, 4); (4,1)} ì( x + y )2 - 2 xy = 34 ì x 2 + y 2 = 34 Para t = x + y e z = xy Û í í î x + y + xy = 23 î x + y + xy = 23 ìt 2 - 2 z = 34 ìt 2 - 46 + 2t - 34 = 0 ìt 2 + 2t - 80 = 0 Ûí Ûí Ûí ît + z = 23 î z = 23 - t î z = 23 - t l) D = b 2 - 4ac = 2 2 - 4 × 1 × (- 80 ) = 324 - 2 ± 18 t= Û t = -10 Ú t = 8 2 ìt 2 + 2t - 80 = 0 ìt = -10 ìt = 8 Ûí Úí í î z = 33 î z = 15 î z = 23 - t Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” à ìt = -10 ìx + y = -10 ìy = -10 - x Ûí Ûí Û í îz = 33 îxy = 33 îx × (- 10 - x ) = 33 D = b 2 - 4ac = (- 10 ) - 4 × (- 1) × (- 33) = -32 Equação impossível ìt = 8 ìx + y = 8 ìx = 3 ìx = 5 S = {(3,5); (5,3)} Ûí Ûí Úí í î z = 15 î xy = 15 îy = 5 îy = 3 2 à ïìy = -10 - x í ïî- x 2 - 10x - 33 = 0 42 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 43 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Complete uma equação do 2º grau, sabendo as suas raízes x 1 e x 2 : a) x 1 = -1 ; x 2 = -2 b) x1 = 3 ; x2 = - 3 c) x 1 = 2 ; x 2 = 3 d) x1 = 3 + 2 ; x2 = 3 - 2 e) x 1 = 2. 3+ 3 3- 3 ; x2 = 4 4 Indique as raízes das equações seguintes sem aplicar a fórmula resolvente: a) x 2 - 11x + 10 = 0 c) x 2 + x - 6 = 0 e) 6v 2 - 5v + 1 = 0 3. f) x 1 = 3 3 ; x 2 = - 3 b) x + 12x + 20 = 0 d) - u 2 + 6u - 8 = 0 f) - 10t 2 + 3t + 1 = 0 Decomponha, se possível, em produto de factores: a) x 2 + 6x + 9 c) t 2 + (3 + a )t + 3a b) 3v 2 - 2v - 1 4. Para que valores do parâmetro k ¹ 0 , a soma dos cubos das raízes da equação kx 2 - 6kx + 2k 2 é igual a 72 ? 5. Sabendo que 2 é uma raiz da equação x 3 - (a + 2)x 2 + bx - 2a = 0 onde a , b Î Z , encontrar os valores dos parâmetro a e b e outras raízes da equação dada. 6. Resolva os seguintes sistemas: ìïx 3 + y 3 = 7 ïîxy (x + y ) = -2 b) ìïx 3 + y 3 = 35 ïîx + y = 5 d) a) í c) í ìïx + y + xy = 7 í 2 ïîx + y 2 + xy = 13 ìïx 3 + y 3 = 65 í 2 ïîx y + xy 2 = 20 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” ìïx 3 + x 3 y 3 + y 3 = 17 e) í ïîx + xy + y = 5 44 ìïx 3 + y 3 = 9 f) í ïîxy = 2 3 ì 3 g) ïíx + y = 19 ïî(xy + 8)(x + y ) = 2 7. Racionalize os denominadores das seguintes fracções: a) 8. 1 b) 6 1+ 2 a , onde a 3 - 3a + 1 = 0 a +1 Sem determinara as raízes do polinómio dado, construa um polinómio P (x ) sabendo que as suas raízes são: a) Quadrados das raízes de x 3 - 2x 2 + 4x - 8 . b) Triplos das raízes de x 3 + x 2 + 3x + 3 . SUGESTÕES, RESPOSTAS E SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Sugestão: A equação pode ser escrita na forma x 2 - Sx + P = 0 onde S e P são, respectivamente, a soma e o produto das raízes. A partir de x 2 - Sx + P = 0 determina-se outras equações equivalentes, multiplicando ambos os termos de x 2 - Sx + P = 0 por um constante diferente de zero. a) S = -3 e P = 2 , logo a equação procurada pode ser: x 2 + 3x + 2 = 0 . b) x 2 - 3 = 0 c) x 2 - 2 + 3 x + 6 = 0 ( ) d) x 2 - 6x + 7 = 0 3 3 e) x 2 - x + = 0 2 8 2 f) x - 2 3x - 9 = 0 2. Sugestão: Reduza a equação à forma x 2 - Sx + P = 0 . S e P são, respectivamente, a soma e o produto das raízes.. Conhecida a soma e o produto pode-se determinar as raízes procuradas. a) S = 11 e P = 10 , logo Sol . : {1,10} . b) Sol . : {- 2,-10} c) Sol . : {- 3,2} d) Sol . : {- 2,-4} ì1 1 ü e) Sol . : í , ý î2 3 þ ì1 1 ü f) Sol . : í , - ý î2 5 þ 3. Sugestão: Determine as raízes utilizando a soma e produto das raízes e, depois, utilize a fórmula: ax 2 + bx + c = a × (x - x1 ) × (x - x2 ) onde x1 e x2 são raízes de ax 2 + bx + c . a) S = -6 e P = 9 , logo existe uma raiz dupla -3 . Então, x 2 + 6x + 9 = (x + 3)2 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 1ö æ b) 3v 2 - 2v - 1 = 3 × (v - 1) × çv + ÷ 3ø è 2 c) t + (3 + a )t + 3a = (t + a ) × (t + 3) 4. 5. 6. R: k = 4 R: b = -2 ; a = -1 e as outra raízes são -1 e - 2 . a) Sol . : {(- 1,2); (2,-1)} Sugestão: x 3 + y 3 = (x + y )3 - 3xy × (x + y ) b) Sol . : {(1,3); (3,1)} Sugestão: x 2 + y 2 + xy = (x + y )2 - xy c) Sol . : {(3,2); (2,3)} d) Sol . : {(1, 4 ); (4,1)} e) Sol . : {(1,2); (2,1)} f) Sol . : {(1,2); (2,1)} a) 1 = -1 + 6 2 - 3 2 + 2 - 3 4 + 6 32 1+62 b) a a 3 - a 2 - 2a a 3 - 3a + 1 - a 2 + a - 1 a 2 - a + 1 = = = a +1 3 -3 -3 a) P (x ) = x 3 + 4x 2 - 16x - 64 g) Sol . : {(3, -2); (- 2,3)} 7. 8. Sugestão: S2 = x12 + x22 + x32 = s 12 - 2 × s 2 b) P (x ) = x 3 + 3x 2 + 27x + 81 45 Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 46 CONCLUSÃO O estudo realizado ao longo da elaboração deste trabalho e os resultados alcançados são satisfatórios apesar dos esforços despendidos, pois permitiu-me alargar os meus horizontes de conhecimentos. A abordagem teórica dos polinómios feita a nível da Álgebra Superior, vai permitir àqueles que vão consultar este trabalho, ter um conhecimento mais sólido, que lhes dão a capacidade de criar os seus próprios exercícios para motivar os alunos e aprofundar os seus conhecimentos. Os exercícios apresentados acerca das equações do 2º grau devem ser introduzidos paulatinamente aumentando os seus graus de dificuldades. Há um leque de exercícios que permite a criação de vários outros, dando possibilidades aos professores de diversificar os problemas de acordo com as características dos seus formandos. A metodologia apresentada para racionalização do denominador de uma fracção vai ajudar na resolução de vários exercícios, elevando o nível de conhecimentos dos alunos e dos professores. No entanto, esses exercícios devem ser apresentados aos alunos com noção clara acerca do Teorema de Viett. O método de resolução dos sistemas simétricos está ao alcance dos alunos de nível igual ou superior ao 9º ano, só que os exercícios devem ser adequados a esses níveis, pelo que, se for introduzido lhes vai dar possibilidades de resolução de vários sistemas, que muitas vezes parecem de resolução impossível. Os exercícios aqui apresentados podem ser aproveitados para os vários níveis de ensino, conforme for o grau de conhecimentos adquiridos pelos alunos; permitem uma relação entre os diferentes conteúdos estudados ao longo do Ensino Secundário. Aplicação de “Polinómios” na Resolução de Problemas da “Matemática Elementar” 47 FONTES BIBLIOGRAFICOS 1. ÁVILA, Geraldo. Variáveis Complexas e Aplicações. Brasília. 3ª Edição. JC Editora. 2000 2. GARCIA, Maria Madalena, DOS ANJOS; Alfredo Osório, RUIVO; António Fernando. Compêndio de Matemática. Porto. 1976. 3. FADEEV, D. K., LYASCHENCO, N. N., NIKULINE, M. C., SOKOLOVSKY, J. F.,. Problemas algébricos de 6 a 8 anos de escolaridade. Moscovo. 1988. 4. SKANAVI, M. I. Coletânea dos Problemas Matemático para os Candidatos para o Ensino Superior. 3ª edição. Moscovo. 1978. 5. KOSFRIKIN, A. Introdução à Álgebra Superior. Moscovo. Editora Nauka. 1977. 6. ZAVALO, S., HATZET, B., KASTARCHUK, V.. Álgebra e Teoria dos Números, II Parte. Kiev. Vuschaya Skala. 1980. 7. KUROSH, A.. Curso da Álgebra Superior. Moscovo. Editora Nauka. 1975. 8. MONTEIRO, António I., MATOS, Isabel Teixeira. Álgebra - Um Primeiro Curso. Escolar Editora. 1995. 9. CABRAL, Manuela. Álgebra. Universidade Aberta. 1996. 10. FADIEEV, I., SAMINSKI, I.. Problemas da Álgebra Superior. Moscovo. Editora Mir. 1980.