OTITES MÉDIAS CRÔNICAS
PROF. DR EDSON BASTOS
Prof. Adjunto Doutor da Disciplina de
Otorrinolaringologia da UFBA.
OTITE MÉDIA CRÔNICA
Processo inflamatório crônico da OM com infiltrado da
mucosa por plasmócitos e linfócitos, podendo evoluir para
perfurações ou retrações crônicas da MT, secreção
persistente, tecido de granulação, granuloma de
colesterol, neoformação óssea, timpanosclerose e até
mesmo colesteatoma. (Bluestone, 1990; Goycoolea, 1991).
OTITE MÉDIA CRÔNICA
Inflamação crônica da OM caracterizada por
perfuração timpânica e otorréia.
Kenna, 1988
OTITE MÉDIA CRÔNICA
O que caracteriza as otites médias
crônicas não é a duração do processo
supurativo, mas sim as alterações
histopatológicas que a determinam
( SHAMBAUGH, 1967)
OTITE MÉDIA CRÔNICA

Persistência de uma perfuração da
membrana timpânica através dos anos e
pela presença de exsudato mucocatarral,
mucupurulento ou totalmente purulento,
oriundo do ouvido médio e drenado através
do meato acústico externo
Hungria
OTITES MÉDIAS CRÔNICAS
CLASSIFICAÇÃO
SHAMBAUGH, 1967
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES
OTITE MÉDIA CRÔNICA SUPURADA NÃO COLESTEATOMATOSA
OTITE MÉDIA CRÔNICA COLESTEATOMATOSA
PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO
SHUCKNECT, 1974
ATIVAS E INATIVAS
OTITE MÉDIA CRÔNICA
SIMPLES
Definida por crises intermitentes de
supuração não fétida da OM através de
uma perfuração central da Membrana
timpânica.
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES
ETIOPATOGENIA
Evolução de OMA necrotizante em uma de suas
sequelas menos graves.
Perfuração central da membrana timpânica
Perfuração da parte tensa da MT
Quando há lesões ossiculares (mínimas)
Mucosa OM exposta perde seus mecanismos de defesa
Raramente representam sequelas de perfuração
traumática da MT
Pode estender-se desde a perfuração timpânica até ao
orifício faríngeo da tuba auditiva  infecção
tubotimpânica crônica (otorréia tubária)
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES

Histopatologia
– Limitam-se à mucosa de revestimento da OM.
– Macroscopicamente(normal, congestão, edema,
–
–
–
–
–
secreção mucosa, hiperemiado ou por vezes pálido)
Microscopicamente (camada sub-epitelial infiltrado
leucocitário)
O epitélio cilíndrico costuma estar preservado
O osso não apresenta lesões inflamatórias.
Com a evolução pode haver fibroses na mucosa.
Exsudato pode ser permanente ou intermitente,
devido a períodos de inatividade infecciosa
– Degeneração hialina
 Lesões de timpanoesclerose
– Surdez progressiva
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES

Agentes
– Estafilococos
– Proteus
– Pseudomonas
– Estreptococos
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES
FATORES PREDISPONENTES À
SUPURAÇÃO
Penetração de água ou bactérias através da
perfuração (banhos de piscina, mar).
Disfunção da tuba (IVAS, hipertrofia adenóide,
sinusites, fenda palatina e tu rinofaringe)
Imunidade geral.
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES
DIAGNÓSTICO
História
Otoscopia ou otomicroscopia
Audiometria
Radiologia
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES
TRATAMENTO

CLÍNICO
– Curativos
– Cauterizações de tecido granuloso
– Instilações de preparados com base em antibióticos

Cloranfenicol, rifampicina, polimixina B
– Corticóide


Reduz o edema e possíveis pequenas granulações
CIRÚRGICO
– TIMPANOPLASTIA
OTITE MÉDIA CRÔNICA SUPURADA
NÃO COLESTEATOMATOSA

Supuração contínua, permanente, fétida,
com graves danos a mucosa da OM
(osteítes e sequestros ósseos)

Evolução de OMA necrotizante – lesões na
mastóide, osteíte, tecido de granulação.
OTITE MÉDIA CRÔNICA SUPURADA
NÃO COLESTEATOMATOSA
HISTOPATOLOGIA
FRIEDMANN, 1974
Infiltrado linfoplasmocitário predominante sobre os
neutrófilos.
Substituição de células ciliadas por células
caliciformes, tecido de granulação.
Reabsorção e deposição óssea
(remodelação - pneumatizado em esclerótico)
OTITE MÉDIA CRÔNICA SUPURADA
NÃO COLESTEATOMATOSA
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Otorréia fétida, contínua, de difícil controle,
Perfuração variável (central ou marginal)
Espessamento da mucosa, granulação, pólipos.
Perda auditiva importante
Flora mista (Pseudomonas, Stafilo, Proteus)
Maior possibilidade de complicações.
Radiologia
OTITE MÉDIA CRÔNICA SUPURADA
NÃO COLESTEATOMATOSA
TRATAMENTO
CLÍNICO
CIRÚRGICO
TIMPANOMASTOIDECTOMIA
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
COLESTEATOMA ( JOHANES MULLER, 1838 )
Estrutura cística revestida por epitélio escamoso estratificado
queratinizado (matriz), repousando sobre um estroma fibroso
(perimatriz) que pode conter alguns elementos do forro mucoso
original ( FRIEDMANN, 1959 )
Acúmulo de queratina esfoliada dentro da orelha média originada a
partir de um epitélio escamoso queratinizado ( SCHUKNECHT, 1974 )
ORELHA MÉDIA
OMC Colesteatomatosa
O colesteatoma tem características líticas
e de migração, podendo, portanto, causar
erosão tanto na cadeia ossicular quanto
do arcabouço da mastóide e levar a
complicações endo e extracranianas.
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
Histopatologia
Macroscopicamente é uma lesão cística, arredondada, esbranquiçada,
friável, de consistência esponjosa, formada por várias camadas
concêntricas de descamação epitelial (bulbo de cebola)
Microscopicamente o epitélio é semelhante a epiderme
Basal, escamosa, granulosa e córnea.
Lim e Saunders 1982: Denominaram:
Epitélio (matriz), Tec. subepitelial( perimatriz)
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
CLASSIFICAÇÃO
Congênito
Restos de epitélio na OM com MT íntegra e sem história
de infecções pregressas ( Derlacki e Clemis, 1965).
Adquirido
Primário
Secundário  Após OMA necrosante
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
PRIMÁRIO
Localizam-se ao nível do ático ou epitímpano (parte flácida da MT ou
membrana de Shrapnell)

Teoria da Metaplasia ( WENDT 1873 )
–

Devido a uma OMA necrosante, haveria metaplasia do epitélio e a formação da matriz
Teoria da Migração Epitelial Profunda ( RUEDI 1957 )
Teoria da Retração Atical ou Invaginação Epitelial (BEZOLD 1888)

–
O epitélio cresce para o interior da cavidade timpânica através da perfuração marginal
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
SECUNDÁRIO
Resultante de uma invasão do epitélio escamoso da camada externa da
MT, através de uma perfuração marginal ou mesmo central (parte tensa
da MT) ou através de uma atelectasia.
Teoria da Migração Epitelial Superficial (HABERMANN 1888, ALBERT
1964)
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
QUADRO CLÍNICO
PRIMÁRIO

Aspiração ou perfuração da membrana Schrapnell
Supuração fétida, contínua, persistente, através da perfuração
atical, com sinais de descamação epitelial

Diminuição da audição
 Manifestações
 Paralisia facial, labirintite aguda, surdez acentuada, processos de
meningoencefalite
SECUNDÁRIO

Supração fétida, crônica, persistente, resistente aos
tratamentos, associado a perfuração marginal ou central da MT,
com sinais de descamação epitelial.

Diminuição da audição
A expressão Clínica do Colesteatoma
Sintomatologia depende da localização e extensão da doença
Assintomático
Complicações intracranianas ou intratemporais
A otorréia fétida e a perda auditiva
são as manifestações clínicas mais
comuns.
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
O DIAGNÓSTICO É ESSENCIALMENTE CLÍNICO
Otoscópico (Otomicróscópico)
Radiologia apenas para avaliar a extensão das lesões.
Otoscopia/Otomicroscopia
Primário- Perfuração atical, drena
secreção e grumos epiteliais, e/ou pólipo
no conduto na região atical.
Secundário- Otorréia, migração de pele para dentro da
caixa por perfuração marginal ou central, tecido de
granulação e até pólipos.
OTITE MÉDIA CRÔNICA
COLESTEATOMATOSA
TRATAMENTO
SEMPRE CIRÚRGICO
TIMPANOMASTOIDECTOMIA
MASTOIDECTOMIA RADIDAL
MASTOIDECTOMIA RADICAL MODIFICADA
OTITES MÉDIAS CRÔNICAS
COMPLICAÇÕES
Propagação da infecção ou inflamação além dos limites
do revestimento mucoperiosteal da orelha média.
(Tratado de Otorrinolaringologia da SBORL, 2003)
a- Extensão por espaços pré-formados
b- Erosão óssea
c- Osteotromboflebites
OTITES MÉDIAS CRÔNICAS
COMPLICAÇÕES
Intratemporais
Intracranianas
Mastoidite
Labirintites
Fístula perilinfática
Paralisia facial periférica
Petrosite ou apicite
Meningite otogênica
Tromboflebite do seio sigmóide
Abscesso extradural
Abscesso subdural
Abscesso cerebral e cerebelar
OTITES MÉDIAS CRÔNICAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
OUVIDO QUE SUPURA NÃO DÓI.
Quando aparece dor ou vertigem é............
SUGESTIVO DE COMPLICAÇÕES.
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