FUNDAMENTOS DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO Aula 9 – Lugar das raízes (root-locus) Prof. Marcio Kimpara Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Sistema de controle A característica básica da resposta transitória de um sistema de malha fechada, depende essencialmente da localização dos pólos de malha fechada; Permite estudar a evolução das raízes de uma equação, quando um parâmetro é variado continuamente; É importante, então, que o projetista saiba COMO os pólos de malha fechada se movem no plano s, a medida que o ganho de malha varia (compensador); O método do Lugar das raízes (root-locus) permite que as raízes da equação característica sejam representadas graficamente para todos os valores do ganho k. Prof. Marcio Kimpara 2 Lugar das raízes Iniciemos nosso estudo sobre o método do lugar das raízes considerando o sistema com realimentação mostrado a seguir: R(s) + C(s) K G(s) H(s) Vamos avaliar a influência do ganho K sobre os pólos do sistema em malha fechada. A função de transferência do sistema em malha fechada é: Logo, desejamos estudar a equação: Y ( s) K .G(s) R( s) 1 K .G(s).H (s) 1 K .G( s).H (s) 0 0 K Prof. Marcio Kimpara 3 Lugar das raízes EXEMPLO: Considere o seguinte sistema de controle: R(s) + 5 s ( s 20 ) Ka C(s) 1 • Resolvendo a equação do denominador da função de transferência de malha fechada, encontramos as raízes em função de Ka 5.K a 5K a Y (s) ss 10 2 R( s ) 1 5.K a s 20 s 5K a ss 20 Prof. Marcio Kimpara 4 Lugar das raízes • Podemos verificar a posição dos pólos de malha fechada (lugar das raízes) para o sistema dado, fazendo Ka variar de 0 a Da equação anterior, os polos a malha fechada são: 20 20 2 4.5.K a 10 100 5K a 2 Os Variando o valor de Ka, podemos montar a tabela ao lado: Prof. Marcio Kimpara 5 Lugar das raízes Para K a 0 temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) Os Re(s) x -20 Prof. Marcio Kimpara x 0 6 Lugar das raízes Para K a 1 temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) Os Re(s) xx -19.75 Prof. Marcio Kimpara xx -0.25 7 Lugar das raízes Para K a 5 temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) Os Re(s) xx x -18.66 Prof. Marcio Kimpara x xx -1.34 8 Lugar das raízes Para K a 10 temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) Os Re(s) xx x x -17.07 Prof. Marcio Kimpara x x xx -2.93 9 Lugar das raízes Para K a 20 temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) Os Re(s) xx x x x x x xx -10 Prof. Marcio Kimpara 10 Lugar das raízes Para K a 30 temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) x -10+j7,07 Os Re(s) xx x x x x x xx x -10-j7,07 Prof. Marcio Kimpara 11 Lugar das raízes Para K a 40 temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) x -10+j14.14 x Os Re(s) xx x x x x x xx x x -10-j14.14 Prof. Marcio Kimpara 12 Lugar das raízes Para K a temos o seguinte plote dos polos a malha fechada no plano complexo Imag(s) x x Os Re(s) xx x x x-10 x x x x x x Prof. Marcio Kimpara 13 Lugar das raízes O gráfico do Lugar geométrico das raízes, consiste no esboço da posição de todos os valores que os pólos de malha fechada de uma função de transferência assumirão num plano de coordenadas complexas. EXEMPLO: Considere o sistema de controle abaixo: Os Função de transferência à malha fechada: Prof. Marcio Kimpara Lugar das raízes 14 Lugar das raízes A característica básica de resposta transitória de um sistema de malha fechada, depende essencialmente da localização dos pólos de malha fechada. Para cada posição dos pólos a resposta transitória será diferente. Demonstração: acesse o simulador disponível em: http://www.wiley.com/college/nise/0471794759/swf/SOcalculator.swf e altere a localização dos polos (clicando e arrastando) e observe a resposta Daí a importância que o projetista saiba como os pólos de malha fechada se movem no plano s, a medida que o ganho varia. De acordo com a resposta desejada, deve-se buscar a localização dos pólos que dão origem a tal resposta. Mas como podemos esboçar o lugar das raízes? Prof. Marcio Kimpara 15 Lugar das raízes Solucionando a equação característica... Contudo, a análise dos pólos através da solução da equação característica apresenta limitações para sistemas de grau superior a 3, pois se torna muito trabalhoso e requer métodos computacionais para encontrar a solução Além disto, trata-se de uma análise estática, pois, se o ganho variar, os cálculos deverão ser refeitos. Portanto, o objetivo do método do lugar das raízes é estabelecer regras simples para representar graficamente as raízes do denominador da função de transferência em malha fechada para todos os valores de K, porém sem o conhecimento explícito das raízes. Prof. Marcio Kimpara 16 Esboçando o lugar das raízes O processo de construção do “lugar das raízes” de um sistema a malha fechada se torna bem simples se aplicarmos os passos apresentados abaixo: E S B O Ç O R E F I N A M E N T O 1o Passo: Determinar o número de ramos 2o Passo: Simetria 3o Passo: Pontos de inicio e término do lugar das raízes 4o Passo: Determinar o lugar das raízes sobre o eixo real 5o Passo: Comportamento no infinito Os 6o Passo: Determinar o ponto de partida ou chegada do eixo real 7o Passo: Determinar o ângulo de partida ou chegada no eixo real 8o Passo: Determinar o ângulo de partida e chegada dos polos ou zeros complexos 9o Passo: Determinar o ponto de cruzamento com o eixo imaginário Prof. Marcio Kimpara 17 Procedimentos para esboço 1ª REGRA: Determinar o número de ramos Ramo é o caminho percorrido pelo pólo quando variamos o ganho k. O número de Ramos será SEMPRE igual ao número de pólos do sistema a malha fechada Ramo 1 Voltemos ao caso do exemplo com o sistema de controle da posição da câmera, cuja FT Os em malha fechada é dada por: Ramo 2 O sistema possui dois polos e, portanto, o lugar das raízes terá 2 ramos (caminhos) Prof. Marcio Kimpara 18 Procedimentos para esboço 2ª REGRA: Simetria O lugar geométrico das raízes é simétrico em relação ao eixo real. 3ª REGRA: Pontos de início e término O lugar das raízes se inicia nos polos, finitos ou infinitos de G(s).H(s) e termina nos zeros de G(s).H(s). O número de pólos é sempre igual ao número de zeros, lembrando que estes podem ser finitos ou infinitos. Os Por exemplo, a FT abaixo tem 3 pólos finitos e nenhum zero finito, porém se analisarmos o comportamento desta função no infinito, veremos que: K s.s 1 . s 4 • Se a função tender ao infinito, quando ‘s’ tender ao infinito, então a função terá um ou mais pólos no infinito. • Se a função tender a zero quando ‘s’ tender ao infinito, então, a função terá um ou mais zeros no infinito. Neste caso, fazendo ‘s’ tender ao infinito, tem-se 3 zeros no infinito. Prof. Marcio Kimpara 19 Procedimentos para esboço 4ª REGRA: Determinar o lugar das raízes no eixo real Um ponto no eixo real faz parte do lugar das raízes se o número total de pólos e zeros no eixo real à direita do ponto for ÍMPAR. Considere a função de transferência: K .s 2 s.s 1 . s 3 . s 4 No eixo real, o lugar das raízes existe à esquerda de um número ímpar de pólos e/ou zeros finitos que estejam sobre o eixo real. Desenhando os pólos e zeros no plano complexo: Os Imag(s) Re(s) x x -4 -3 -2 x x -1 Aplicando a regra acima, determinamos os locais sobre o eixo real pertencentes ao lugar das raízes Imag(s) Re(s) x x 0 -4 Prof. Marcio Kimpara -3 -2 x x -1 0 20 Procedimentos para esboço 5ª REGRA: Comportamento no infinito (caso exista) O lugar das raízes tende a retas assintóticas quando o lugar tende ao infinito. A equação das assíntotas é dada pelo ponto de interseção a sobre o eixo real e o ângulo a de partida do eixo real: a polos finitos zeros finitos a Qtde polos finitos Qtde zeros finitos Os 2K 1. Qtde polos finitos Qtde zeros finitos • O ângulo é dado em radianos no sentido trigonométrico a partir do eixo real positivo. • O índice K fornece uma multiplicidade de retas. O número de retas obtidas é igual à diferença entre o número de pólos finitos e o número de zeros finitos. Prof. Marcio Kimpara 21 Procedimentos para esboço 5ª REGRA: Comportamento no infinito (caso exista) EXEMPLO: Considere o sistema: K s 3 s.s 1 . s 2 . s 4 Como existem zeros no infinito, precisamos das assíntotas para direcionar o esboço do lugar das raízes • O ponto de interseção com o eixo real é dado por: 1 2 4 3 4 1,33 a 4 1 Os 3 • Os ângulos das retas valem: a 2K 1 3 3 5 3 para k 0 para k 1 para k 2 Prof. Marcio Kimpara 22 Procedimentos para esboço 6ª REGRA: Determinar os pontos de partida e chegada no eixo real Se o lugar das raízes localiza-se entre dois pólos adjacentes no eixo real, existe no mínimo um ponto de saída. Se o lugar das raízes localiza-se entre dois zeros adjacentes no eixo real, existe no mínimo um ponto de entrada. Se o lugar das raízes está entre um zero e um polo no eixo real, pode não existir nenhum ponto de entrada ou saída. EXEMPLO: Considere um sistema Os de controle, cujos pólos sejam 1+j1 e 1-j1, e os zeros sejam -2 e -3. Imag(s) j1 -3 1 -2 -j1 Prof. Marcio Kimpara x Re(s) x 23 Procedimentos para esboço 6ª REGRA: Determinar os pontos de partida e chegada no eixo real Pela regra 4, podemos descobrir os segmentos sobre o eixo real que fazem parte do lugar das raízes Imag(s) Pela regra 3, como existem dois zeros adjacentes no eixo real, existe um ponto de chegada entre estes dois zeros. Para encontrar o valor exato deste ponto, usaremos a seguinte expressão: m n 1 1 1 z 1 p i i onde: Os j1 -3 m n de zeros n n de polos zi zeros finitos Para o exemplo dado: pi polos finitos Prof. Marcio Kimpara 1 -2 ponto de partida ou chegada x -j1 Re(s) x z1 2 z 3 2 p1 1 j1 p2 1 j1 24 Procedimentos para esboço 6ª REGRA: Determinar os pontos de partida e chegada no eixo real Substituindo na expressão anterior: 2 5 2 2 2 5 6 2 2 1 1 1 1 (2) (3) (1 j1) (1 j1) 3 2 1 j 1 j 2. 3 2 2 2 -3 j1 -2,43 -j1 x 1,29 2,43 x 1 -2 7 2 8 22 0 Os Imag(s) Ponto de chegada no eixo real 2 Este ponto não pertence ao lugar das raízes Re(s) x Prof. Marcio Kimpara 25 Procedimentos para esboço 7ª REGRA: Determinar os ângulos de partida e chegada no eixo real Ainda considerando o exemplo anterior, sabemos que o lugar das raízes sairá dos polos complexos e terminarão nos zeros, entrando no eixo real pelo ponto -2,43. Mas, como será a trajetória do lugar das raízes? Uma forma de refinar o esboço do lugar das raízes é determinar o ângulo de chegada no eixo real. Os 180 chegada n j1 n n de polos chegada 90 Imag(s) x 90° -3 1 -2 -2,43 -j1 Prof. Marcio Kimpara Re(s) x 26 Procedimentos para esboço 8ª REGRA: Determinar os ângulos de partida/chegada dos polos/zeros complexos A partir de um dos pólos, traçamos retas que ligam cada pólo e cada zero ao polo de referência (a um ponto bem próximo a ele) 1 1 a tan 18.43 3 Imag(s) j1 -3 2 x Imag(s) j1 -3 2 1 1 -2 3 Os 1 -j1 x 1 Re(s) 3 90 -j1 Imag(s) -2 1 x x Re(s) 3 90 j1 2 -3 1 2 a tan 14.03 4 x 1 -2 Prof. Marcio Kimpara 1 4 1 Re(s) 3 90 -j1 x 27 Procedimentos para esboço 8ª REGRA: Determinar os ângulos de partida dos polos complexos angulos dos zeros angulos dos polos 180 1 2 3 X 180 X 122 .4 2 14.03 Imag(s) j1 -j1 j1 -2 1 18.43 1 -j1 x x Re(s) 3 90 x 1 -2 -3 Os 122.4 -3 X 18.43 14.03 90 X 180 Imag(s) x Re(s) Simetria em relação ao eixo real 122.4 Prof. Marcio Kimpara 28 Procedimentos para esboço 9ª REGRA: Cruzamento com o eixo imaginário (quando existir) A importância desta regra pode ser notada claramente. Se olharmos para a figura abaixo, podemos observar que os polos a malha fechada estão no semi-plano esquerdo apenas até um certo valor de ganho. Acima deste valor, dois dos polos se moverão para o semiplano direito, significando que o sistema se tornará instável. O ponto de cruzamento com o eixo imaginário será portanto o ponto no lugar das raízesOs que separa a operação estável da operação instável do sistema. O valor do ω no ponto de cruzamento será a frequência de oscilação. Para encontrar o ponto jω de cruzamento, utilizamos o critério de Routh-Hurwitz. Prof. Marcio Kimpara 29 Procedimentos para esboço 9ª REGRA: Cruzamento com o eixo imaginário (quando existir) Exemplo: K s 3 s 4 7 s 3 14 s 2 8 K s 3K s4 1 14 3K 0 s3 7 8 K 0 0 90 K 21K 0 0 K 2 65 K 720 90 K 0 0 0 0 0 0 Os s2 s * OBS: A tabela foi simplificada pelo fator 7 na segunda coluna 1 s0 21K Prof. Marcio Kimpara 30 Procedimentos para esboço 9ª REGRA: Cruzamento com o eixo imaginário (quando existir) Pelo critério de Routh, o sistema é estável quando não houver alteração de sinal na 2° coluna. Como nas duas primeiras linhas temos valores positivos, devemos ter: 1) 90 K 0 K 90 2) K 2 65 K 720 0 90 K Valor positivo Os Valor positivo Como K< 90 (primeira exigência), o denominador será positivo. Logo: K 2 65 K 720 0 Prof. Marcio Kimpara 31 Procedimentos para esboço 9ª REGRA: Cruzamento com o eixo imaginário (quando existir) Resolvendo a inequação: K 2 65K 720 0 K 2 65 K 720 0 Raízes: -74,65 <0 0 >0 Região que satisfaz a inequação 9,65 <0 K1 74,65 K 2 9,65 Os Eixo Reais Assumindo valores positivos para o ganho, concluímos que: 0 K 9,65 Prof. Marcio Kimpara 32 Procedimentos para esboço 9ª REGRA: Cruzamento com o eixo imaginário (quando existir) Sabendo que 9,65 é o valor máximo de K para que o sistema continue estável e sabendo-se que o sistema se torna instável quando os pólos passam para a região do semi-plano direito, podemos concluir que quando K é máximo, os pólos estarão sobre o eixo imaginário. Ponto para o valor máximo de K Região Estável Parte Imaginária Montando uma equação com qualquer uma das linhas da tabela de Routh e substituindo o valor de K para 9,65 Os neste exemplo), podemos encontrar s: (valor máximo Linha 2: 7 s 3 8 K s 0 ou 2 Linha 3: 90 K .s 21K 0 Região Instável Parte Real 90 9,65s 2 21 9,65 0 80,35s 2 202,7 0 s1, 2 0 j1,59 Prof. Marcio Kimpara Ponto cruzamento 33 Exemplos R(s) + C(s) K G(s) 1 a) s 2s 6 G( s) b) s G( s) Os s 2 8s 25 4s 20 s 2s 4 2 Resolvido no quadro! Prof. Marcio Kimpara 34 Exemplo R(s) + s 5 ss 1s 4 K C(s) - Root Locus 15 1 Plote o lugar das raízes do sistema acima utilizando o Matlab Os No Matlab: G = tf( {[1 5]} , {[1 5 4 0]}) comando para escrever a função de transf. rlocus(G) comando para plotar o lugar das raízes. Imaginary Axis 10 5 0 -5 -10 -15 -6 Prof. Marcio Kimpara -5 -4 -3 -2 Real Axis -1 0 35 1