A sensação que eu tenho é de que tudo que se possa dizer será pouco. Sempre faltará algum comentário sobre a nobreza e a delicadeza do caráter de nosso colega. Um amigo de todas as horas, sempre disposto a auxiliar a quem fosse com um sorriso largo no rosto e uma palavra adequada para a ocasião. O amigo das brincadeiras sem fim e das piadinhas maliciosas. Dos aniversários planejados na surdina, como se todos já não esperássemos pelas comemorações. Dos momentos em que as injustiças dessa vida tinham a força de deixá-lo transtornado a ponto de lhe tirar a fluência e lhe trazer uma certa gagueira incontrolável e encantadora. Da água esquentando atrás da impressora, da caneta no bolso, da hora certa para começar a trabalhar, das metodologias facilitadoras do trabalho. Um homem de bem, reto, digno, correto, dedicado, sempre afável, disponível, confiável, incapaz de proferir que fosse uma palavra para o prejuízo de outrem. Como é difícil desapegar da sua presença. Um lugar está vago na Diretoria, um cantinho que hoje pareceu mil vezes maior do que realmente é. Uma falta sem medida, sem tamanho, falta da presença que trazia alegria, confiança, inspiração, força, fé e muitas vezes consolo. Depois de ouvir a opinião dele, tínhamos sempre a certeza do que era o correto a se fazer, fossem questões de trabalho ou de nossas vidas. Realmente, nada que seja dito agora será capaz de demonstrar o amor que temos por ele. Só nos resta a confiança, a mesma que sempre foi por ele demonstrada, de que Deus sabe o melhor para cada um de nós, e que hoje ele está livre do sofrimento dos últimos dias, amparado e conduzido pelos irmãos de bem. Sua jornada na Terra foi irretocável, não encontramos um senão em seu caminho. Tudo que podemos desejar agora é que ele siga em paz, recompensado por todo o bem que foi capaz de esparramar ao seu redor, e que cada um de nós seja capaz de reproduzir um pouco dos ensinamentos de benevolência que ele tanto demonstrou.