Música: AMENO (amenizar, libertar) Grupo ERA Artigo 1 Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Declaração Universal dos Direitos do Homem Artigo 26 I. Todo o homem tem direito à instrução. II. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. Declaração Universal dos Direitos do Homem Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. O menino abriu a gaiola; Ele voou por três dias... morreu de fome. Anderson A. Machado Centro de Detenção Provisória de Diadema – SP 1º Lugar – Concurso de Redação “Escrevendo a Liberdade” “Esse não precisa de gaiola, mesmo livre preso estará para sempre”. Texto selecionado Concurso de Redação “Escrevendo a Liberdade” “Assim, certa noite, sem conseguir dormir, comecei a andar da porta até a janela gradeada, esperando o dia raiar. Aquela prometia ser uma noite atormentada, não acontecesse um inusitado. Cansado de contar os passos, andei até a janela e fiquei ali segurando os ‘pirulitos’ da grade, durante horas, olhando as estrelas brilhantes, sentido-me reconfortado pelo amparo das barras cruzadas”. Texto selecionado Concurso “Escrevendo a Liberdade” NOME: Roberto da Silva DATA DE NASCIMENTO: 31/08/1957 LOCAL: Garça - SP "Fui aos arquivos do Sistema Penitenciário e de diversos órgãos para levantar as informações, saber quem eram meus pais, meus irmãos, e por onde eles andavam. Eu me interessei também pela história daqueles outros meninos que encontrei na prisão." A punição e a vigilância são poderes destinados a educar (adestrar) as pessoas para que essas cumpram normas, leis e exercícios de acordo com a vontade de quem detêm o poder. A vigilância é uma maneira de se observar a pessoa, se esta está realmente cumprindo com todos seus deveres – é um poder que atinge os corpos dos indivíduos, seus gestos, seus discursos, suas atividades, sua aprendizagem, sua vida cotidiana. Michel Foucault (1926-1984) A democracia está assentada no dever do Estado de garantir a todos os cidadãos os direitos básicos, entre os quais o direito à segurança pública. Somente através da garantia da segurança, da paz e dos demais direitos inerentes à cidadania, é possível o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Por essa razão as políticas de segurança não podem estar dissociadas de políticas que assegurem educação, saúde e bem-estar, oferecendo oportunidades de desenvolvimento aos segmentos e grupos mais vulneráveis. Ministro de Estado da Justiça do Brasil Luiz Paulo Barreto - discurso no 12º Congresso das Nações Unidas de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, 2010 A educação deve ser vista como um direito, não para a reintegração. Claro que isso é muito importante, mas se a reintegração for impossível, a educação continua a ser um direito. A educação pode ser uma solução se for uma educação ao longo da vida, não apenas do tipo profissional ou a reeducação. É para muitos presos a primeira oportunidade de compreender sua história e de tratar de desenvolver seu próprio projeto de vida. MARC DE MAEYER, Instituto da Unesco para a Educação ao Longo da Vida e Programa Internacional em Educação nas Prisões Ninguém conhece verdadeiramente uma nação até ter estado em suas prisões. NELSON MANDELA Os problemas são muitos, mas o primeiro - que condiciona todos os demais – é a superlotação. Nossas prisões estão abarrotadas de gente, de uma forma tal que inexistem espaços para qualquer atividade de tratamento penal. Cada canto foi transformado em alojamento, nas piores condições possíveis, inclusive os corredores das galerias, os banheiros, etc. Isto inviabiliza, por exemplo, projetos sérios de trabalho prisional ou educação. MARCOS ROLIM - jornalista e consultor em segurança pública e direitos humanos • 95% são pobres ou muito pobres • 65% são negros (pretos mais pardos) • 2/3 cometeram crimes que não envolveram violência • somente 8,9% cometeram homicídio • alta reincidência entre 50% a 80% • 8% são analfabetos e 70% não completaram o ensino fundamental • 60% são jovens, com idade entre 18 e 29 anos • 26% participam de alguma atividade laboral e 18% participam de alguma atividade educacional dentro das unidades prisionais Dados do Ministério da Justiça (2006) Para as Nações Unidas, a educação na prisão é um direito que se situa na perspectiva da educação para todos ao longo da vida. Não é uma educação especial, mas a continuação da educação formal, não formal e informal de uma pessoa, temporariamente confinada a um lugar específico. A perda momentânea do direito à liberdade de movimento não pressupõe a perda de outros direitos, nomeadamente do direito à educação. A política pública de educação nas prisões atende, portanto, a imperativos inadiáveis: garantir a promessa expressa na Constituição de 1988 de que todos os cidadãos têm direito à educação fundamental e, ao mesmo tempo, criar condições para que a ressocialização desses indivíduos se dê a partir de elevação da escolaridade e da formação profissional. André Lázaro, Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade SECAD/MEC "O trabalho aqui só dá certo porque a equipe não vê a Educação prisional como terapia ou benefício. É direito, estipulado pela Lei de Execuções Penais e pela Constituição“. Creuza Ribeiro, professora na Penitenciária Major Eldo Sá Corrêa, em Rondonópolis - MT Quando eu soube que fui selecionada para trabalhar na penitenciária, fiquei com medo. Ainda mais quando soube que a gente sabe que fica presa dentro da sala, durante a aula, com quase vinte homens. Mas logo aprendi que se você respeitá-los como pessoas, ao cruzar a grade, a sala se transforma numa classe comum. A escola muda a relação que o preso estabelece com as pessoas. Ele passa a ter princípios, dos quais ele havia esquecido ou nunca teve mesmo, e ainda morre de orgulho de poder chegar em casa com um diploma. Glória Maria de Almeida, professora da Penitenciária Doutor Pio Canedo, em Minas Gerais É no coração da noite que desponta o dia. Música: AMENO / Grupo ERA Montagem: Edimar Leite / 2010