UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
REGINA CÉLIA RIBEIRO FORTUNATO
ORIENTADORA
SIMONE FERREIRA
Rio de Janeiro
2010
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: Regina Célia Ribeiro Fortunato
Rio de Janeiro
2010
2
AGRADECIMENTOS
As professoras Dayse Serra, Marta Relvas e
Carol Kwee, pelas significativas contribuições, à professora
Simone Ferreira pela orientação. A todos os autores que
sem o embasamento teórico não seria possível a
veracidade dos fatos, nos unindo por idéias e crenças
contribuindo assim de forma significativa para a confecção
deste trabalha acadêmico.
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus pais Pedro
Fortunato e Célia Ribeiro Fortunato, a um amigo especial
que durante alguns anos vem mostrando-me minhas reais
possibilidades de crescimento, fortalecendo cada vez mais
nossos laços fraternais, com certeza de muitas existências
e gerações no amor de Deus. A todas amizades sinceras
que venho cultivando durante minha caminhada de
crescimento, e a meus alunos, pois por todos esses
procuro
aprimorar-me
profissional competente.
tornando-me
assim
pessoa
e
4
RESUMO
Nos primórdios de nossa história encontramos vestígios de que os brinquedos
e brincadeiras já faziam parte das práticas infantis. É extremamente visível as
possibilidades de crescimento que o lúdico oferece, sendo uma das primeiras
manifestações a se desenvolver no homem quando ainda o mesmo mostra-se
vulnerável ao ambiente e aos estímulos que o circundam, até os animais
utilizam as brincadeiras para se conhecerem, assim como o homem.É uma
possibilidade tão fantástica que levou estudiosos como Piaget a pesquisarem e
desenvolverem estudos pautados nas contribuições favoráveis que as
brincadeiras oferecem ao desenvolvimento do homem e da aprendizagem.
Sendo também por meio dessa colaboração que os Psicopedagogos podem
investigar possíveis defasagens de aprendizagem. Utilizando se do auxílio das
práticas lúdicas os mesmos profissionais conduzem o homem a compreender
seu processo particular de assimilação do modo de aprender, de maneira
discreta e eficaz, contribuindo assim favoravelmente para seu crescimento.
5
METODOLOGIA
A metodologia utilizada baseou-se bibliograficamente na obra de
profissionais renomados reconhecidos no meio literário por suas grandes
contribuições e empenho ao estudarem, pesquisarem e repartirem seus
conhecimentos de forma generosa, sendo esses: Celso Antunes, Regina
Haydt, Leonor Rizzi, Maria da Graça Souza Horn, Angela Cristina Munhoz
Maluf, Ercília Perrone, Olívia Porto, Marta Pires Relvas, Maria Lúcia Lemme
Weiss. Artigos de: Fábio Aranha, Anderson Moço, Renata Petrocelli, Estatuto
da Criança e do Adolescente e Multieducação.
Para produção e desenvolvimento do trabalho acadêmico dentro das
normas e padrões exigidos pelo Instituto “A vez do Mestre” de formatação do
referido trabalho utilizou-se o guia prático para adequação necessária e
aperfeiçoamento do trabalho em metodologia da pesquisa.
A finalização do trabalho é um dos requisitos pertinentes a
conclusão do curso de Pós Graduação em Psicopedagogia desta Instituição.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
7
CAPÍTULO I
DEFININDO O QUE É ATIVIDADE LÚDICA
10
CAPÍTULO II
IDENTIFICANDO AS BRINCADEIRAS INFANTIS NA CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
17
CAPÍTULO III
NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
26
CAPÍTULO IV
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM INFANTIL
31
CONCLUSÃO
35
ÍNDICE
40
7
INTRODUÇÃO
O presente estudo faz uma reflexão teórica a respeito da intervenção
psicopedagógica
brincadeiras
no processo educacional, utilizando-se dos
como
elementos
fundamentais
e
jogos e
potencializadores
de
aprendizagem no decorrer da aquisição do conhecimento e desenvolvimento
infantil.
O Tema investigado neste trabalho é: Brincadeira e Educação.
O Título: A Importância do Lúdico na Educação Infantil.
A finalidade desta pesquisa é demonstrar a importância dos jogos na
construção do conhecimento e a participação do Psicopedagogo tornando
essas atividades instrumento viabilizador de aprendizagens significativas, por
apresentarem resultados positivos, proporcionando que seja exercitada a
imaginação, atenção, desenvolvimento da linguagem, memória, socialização,
interação, entre outras habilidades que são fundamentais no processo de
construção do conhecimento. Tendo em vista um desenvolvimento físico e
mental harmonioso.
Para que o lúdico seja utilizado como potencializador e desencadeador
de aprendizagem se faz necessário e presente a imagem do Psicopedagogo
como viabilizador e incentivador dessas práticas, intervindo com estímulos
onde o aluno apresenta dificuldade, onde há necessidade de uma construção e
de uma interação, tornando o aluno capaz de receber e desenvolver-se a partir
dos estímulos recebidos.
O presente trabalho pretende compreender a importância da interação
do Psicopedagogo e sua intervenção no processo de aprendizagem por meio
das atividades lúdicas na construção do conhecimento infantil.
O 1º capítulo define o que é atividade lúdica, por que brincar na
Educação Infantil, brinquedoteca e arrumação do espaço da sala de aula e a
sucata como matéria prima na sala de aula.
8
O 2º capítulo identifica as brincadeiras infantis na construção do
conhecimento, com o que podem brincar as crianças e como meninos e
meninas brincam.
O 3º capítulo cognição e aprendizagem.
O 4º capítulo descreve o trabalho do Psicopedagogo utilizando as
atividades
lúdicas
na
intervenção
e
construção
do
conhecimento
e
desenvolvimento infantil.
A intervenção Psicopedagógica ao utilizar-se das atividades lúdicas na
aquisição do conhecimento apresenta resultados positivos e satisfatórios, pois
por meio dos jogos e brincadeiras as crianças se apropriam com maior
facilidade
dos
conhecimentos,
apresentando
assim
desenvolvimento
harmonioso de suas capacidades. Brincar é o modo mais significativo de
expressão da criança, sendo uma linguagem por excelência utilizada para
aprender, se desenvolver, explorar o mundo que a cerca, e ampliar sua
percepção, organizando seu pensamento, sua capacidade de iniciativa, suas
emoções, e apropriação da cultura em que se encontra inserida.
O Psicopedagogo ao possibilitar e garantir um espaço de brincadeira e
aprendizagem assegura uma educação que apresenta uma perspectiva
criadora, respeitando a aprendizagem na relação com o outro, pois com sua
experiência e conhecimentos sobre como as crianças brincam e por que
brincam possibilita-lhes apropriar-se do melhor modo de aprendizagem.
O método utilizado neste trabalho é a pesquisa bibliográfica de
informações publicadas a esse respeito, procurando explicações e argumentos
pertinentes ao desenvolvimento infantil, contribuindo assim para o tema
estudado.
Os jogos e brincadeiras funcionam intensificando a aprendizagem e o
desenvolvimento da criança por elas envolverem-se de forma ativa, ampliando
seus conhecimentos e vivências, sendo relevante seu papel na rotina diária da
mesma por garantir crescimento harmonioso e desenvolver importantes
9
habilidades que serão transmitidas de brincadeira para brincadeira, e de
criança para criança.
Nossa linha de pesquisa teve como base abordar a intervenção
Psicopedagógica como facilitadora no processo de aquisição do conhecimento
na realidade educacional infantil brasileira, desenvolvendo hábitos que se
encontram engajados com as práticas lúdicas sendo formulado de forma
consciente e agradável, visando assim o desenvolvimento, aprimoramento
saudável, e crescimento intelectual individual e coletivo harmonioso dos
envolvidos no processo.
10
CAPÍTULO I
DEFININDO O QUE É ATIVIDADE LÚDICA
Jogos e brincadeiras são atividades antigas que estão no cotidiano
humano, podendo ser encontradas tanto na natureza das pessoas como na
natureza dos animais, sendo importantes para o desenvolvimento e
conhecimento entre os membros dos grupos. Fica evidente que o lúdico
contribuiu com grande significância para a formação da história e da sociedade,
como encontramos em Haydt & Rizzzi (1987, p.8).
Observando o desenvolvimento das crianças desde os primeiros
meses de vida, é visível que grandes desafios caracterizam mudanças
significativas.
Podemos ver que o primeiro brinquedo que elas possuem é o
próprio corpo, tornando-se assim desnecessário oferecer-lhe algum brinquedo
nessa fase, pois as descobertas que ela faz do próprio corpo as levam a
explorar e reconhecer o que está mais próximo delas.
Ao descobrirem pés e mãos, as crianças iniciam processo
exploratório espontâneo que vão além de seu corpo, aprendem a ter contato
com a própria roupa, maior e menor luminosidade, com ruídos, temperaturas, e
até mesmo com o corpo de outras pessoas. Esses atos tornam-se uma forma
de interagir com o meio e com o outro, e com o crescente aumento dos
estímulos, esse processo torna-se cada vez mais enriquecedor e significativo,
dessa forma nota-se que o lúdico está presente mesmo que inconscientemente
nos atos espontâneos das crianças.
Nessa fase as brincadeiras devem ser estimulantes, pois são
imprescindíveis ao desenvolvimento do bebê, e a aprendizagens plenas,
portanto deve ser respeitado suas necessidades e ritmo que são fundamentais
nesse processo.
Atividades lúdicas como diz o próprio nome são atividades capazes
de estimular à imaginação, o raciocínio lógico, a atenção, tanto como a fantasia
11
/ criatividade, interação, socialização, entre outros, de crianças, jovens e
adultos que estejam envolvidos nessas atividades, que utilizem como matéria
prima os jogos, brinquedos, histórias, dramatizações, etc, por acionar
estruturas psicomotoras e cognitivas que visam potencializar a criatividade e a
capacidade de agir de forma autônoma e em grupo.
Essas vivências permitem a troca de sabedorias e informações,
impulsionado assim o desenvolvimento físico e intelectual, possuindo assim em
sua característica particular, privilegiar a ampliação do conhecimento de cada
um dos envolvidos em cada um dos grupos que se encontram, desenvolvendo
assim a aprendizagem tanto quanto a aquisição de comportamentos culturais
como hábito de investigação, observação, leitura, entre outras.
Vygotsky
(apud
Perrone
1992,
p.49)
“A
cada
estágio
do
desenvolvimento a criança adquire a capacidade com a qual ela pode,
competentemente, afetar o seu meio social e a si mesma.”
Observando a evolução humana, vemos que o homem passou por
fases significativas em seu processo evolutivo, recebendo denominações a
cada estágio que era definido.
Homo faber faz referência
à
capacidade
de fabricação
e
manipulação de seus próprios objetos que são utilizados como utensílios.
Homo sapiens é a denominação referente à capacidade de
raciocínio adquirida pelo homem.
Homo ludens refere-se à capacidade de desenvolver, praticar e
dedicar-se as atividades lúdicas.
Destaca-se no processo evolutivo do homem o jogo e o brinquedo
sendo utilizado como ferramenta de aprendizagem, bem como para aproximar
o tempo passado e presente entre as pessoas, enriquecendo o conhecimento
dos envolvidos nesse contexto com situações pertinentes a sua própria história
evolutiva.
12
Brincar é direito de toda criança. Ao desenvolver tais atividades, ela
estabelece vínculo social, afetivo, confiança, segurança e amor.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, Lei Federal
8.069/1990.
Capítulo II – Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade.
ART.16 – O direito a liberdade compreende aos seguintes aspectos:
IV- brincar, praticar esportes e divertir-se;
1.1
Por que brincar na Educação Infantil?
É nos primeiros anos de vida que a criança se descobre e descobre
o mundo que a cerca em uma relação qualitativa de tempo e aprendizagem,
através de experiências significativas que vão lhe propiciar o desenvolvimento
de habilidades múltiplas e a aquisição de conhecimento.
Moço (Nova Escola, abril 2010, p.42) “Em nenhuma outra fase da
vida as crianças se desenvolvem tão rapidamente quanto até os 3 anos de
idade. Daí a importância de entender como cada atividade ou brincadeira
ensina”
Diariamente vivências que podem parecer simples ou repetitivas,
como tocar e pisar na areia, correr, pular, sentar no chão com um brinquedo,
manusear um livro ou revista, são momentos cheios de significados para as
crianças que a todo o momento estão em busca do novo no mundo que a
cerca.
Podemos afirmar assim que brincar é descobrir, é viver, e que
vivendo de forma significativa essa primeira fase da vida, o crescimento se
dará de forma harmoniosa e global.
O brincar na primeira infância vem de modo a favorecer experiências
e levar as crianças a evoluções cognitivas e emocionais se apropriando de
regras, estimulando criatividades, confiança, desenvolvendo autonomia, entre
outros aspectos que estão inseridos nas brincadeiras.
Vemos na Multieducação (2006, p.9) que a brincadeira deve ser o
eixo principal da organização pedagógica que é dedicada às crianças na
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Educação Infantil, pois havendo diversas possibilidades de jogos e brincadeiras
a criança socializa-se esquece momentos difíceis, representa fantasiando
experiências reais e troca experiências adquiridas com o meio em que vive e
com o outro.
Desse modo as creches e pré- escolas que se encontram engajadas
nesse processo, tornaram-se espaços saudáveis de referência quanto a
oferecer ambiente de investigação e troca de experiência.
As crianças podem brincar sozinhas, mas também dependem de
outras para brincar e se desenvolver, e a presença do adulto é muito
significativa.
A partir de situações e problematizações ela aprende a criar
atividades interagindo com o grupo, família, e vizinhos.
Funcionários de creches e escolas têm grande responsabilidade na
garantia do direito de brincar, que devem ser oferecidos com atenção e cuidado
pelos mesmos adultos em espaços e horários que ofereçam condições e
garantam a integridade da criança.
1.2
Arrumação do espaço da sala de aula
O espaço da sala de aula deve ser arrumado / organizado de forma
acolhedora e instigante, sugerindo às crianças a investigação e a elaboração
de novas aprendizagens significativas em seu processo de desenvolvimento,
favorecendo a autonomia e a criatividade.
Ao oferecer às crianças um espaço promotor de conhecimento,
estamos possibilitando a brincadeira que é a forma de expressão infantil mais
significativa, pois brincando a criança conhece o seu mundo e toma
consciência do mundo que a cerca.
Ferrari (apud Horn 2004, p.15) “Portanto não basta a criança estar
em um espaço organizado de modo a desafiar suas competências; é preciso
que ela interaja com esse espaço para vivê-lo intencionalmente”...
Ao deparar-se com um espaço estimulador é visível nos olhos das
crianças o encantamento e o desejo que a mesma apresenta em explorá-lo,
descobri-lo.
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Todo ambiente possui diversas possibilidades de aprendizagens,
nota-se pela arrumação e materiais as vivências e experiências que serão
oferecidas e privilegiadas.
A criança desenvolve-se através dos estímulos e relações que
desenvolve com o outro, com o grupo e com o mundo que a cerca. O ambiente
pode promover experiências significativas, nele a criança é induzida a
investigar, fantasiar, imitar, criar e explorar. Assim serão criadas oportunidades
em um processo cotidiano que lhe enriquecerá o desenvolvimento e a
aquisição de conhecimento, regras e habilidades de maneira interativa e
qualitativa.
Partindo do entendimento de que as crianças também
aprendem na interação com seus pares, é fundamental o
planejamento de um espaço que dê conta dessa premissa,
permitindo que, ao conviver com grupos diversos, a criança
assuma diferentes papéis e aprenda a se conhecer melhor.
(HORN, 2004, p. 18).
A potencialidade de enriquecimento que o ambiente de sala de aula
pode proporcionar à criança é infinita. Junto aos alunos pode-se organizar /
construir cantinhos que contribuirão de forma sadia e espontânea para seu
desenvolvimento. Esses cantinhos servirão como mediadores às dinâmicas
diárias das crianças, sendo formados basicamente com materiais simples e
baratos.
Nesses espaços a fantasia fica solta, as crianças representam papai,
mamãe, o médico, a manicure, entre outros, em situações rotineiras em seu
cotidiano, ou presentes em seu imaginário, utilizando todos os materiais que
serão apresentados.
• Cantinho da fantasia – chapéus, sapatos, panos, fantasias,
perucas, gravatas, colares, luvas, bolsas, tiaras, etc.
15
• Cantinho da beleza - pente, secadores de plástico, presilhas,
espelho, potes, pincéis, escova e pente, aventais, vidros de esmalte vazios,
bobs, etc.
• Cantinho dos jogos - jogos diversos, os próprios alunos podem
confeccionar, e esses dever atender à faixa etária da turma.
• Cantinho do teatro e dramatização – máscaras, fantoches,
pinturas de rosto.
• Cantinho da casinha – mobiliário com fogão, mesa, armário,
máquina de lavar, vassoura, ferro de passar, telefone, caminha, bonecas,
televisão e outros materiais domésticos.
• Cantinho da invenção – material de sucata, cola, durex, fita
colorida, barbante, etc.
•
Cantinho da leitura – livros (de papel, pano ou plástico), e
revistas.
• Cantinho da pintura – tinta, cola colorida, papel, pincel, lápis de
cor, canetas hidrocor.
• Cantinho da música – instrumentos musicais variados.
• Cantinho da feira ou supermercado – embalagens vazias, frutas e
legumes de plástico, dinheirinho, carrinho, cestinha, máquina registradora,
sacolas, etc.
Interagindo com esses espaços a criança irá explorar o meio e o que
é oferecido a ela, elaborando e possibilitando novas aprendizagens. O que a
levará a investigar e a adquirir experiências e saberes, experimentando
16
diferentes escolhas que cada situação lhe proporcionará, estabelecendo assim
contato com o mundo que a cerca.
Vygotsky (1984) afirma que apesar da relação brincadeiradesenvolvimento poder ser comparada à relação instuçãodesenvolvimento, o ato de brincar proporciona um suporte
básico para as mudanças das necessidades e da consciência.
A atuação da criança no âmbito da imaginação, em uma dada
situação imaginária, oportuniza a criação das intenções
voluntárias e a formação dos planos da vida real e das
motivações da vontade. Nesse sentido, tudo surge ao brincar, o
que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento
pré-escolar. É através da atividade de brincar que a criança se
desenvolve. Somente nessa dimensão a brincadeira pode ser
considerada uma atividade condutora que determina o
desenvolvimento da criança. (HORN, 2004, p. 19).
17
CAPÍTULO II
IDENTIFICANDO AS BRINCADEIRAS INFANTIS NA
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Jean Piaget (1896 – 1980) biólogo e psicólogo Suíço foi o produtor e
desenvolvedor
desenvolvimento
de
significativas
humano,
que
pesquisas
está
e
teorias
relacionado
a
a
cerca
do
aspectos
do
desenvolvimento mental e do crescimento orgânico.
O desenvolvimento mental acontece de forma contínua e gradativa
das estruturas mentais que ao longo do tempo e das motivações que o
indivíduo recebe vão se aperfeiçoando e solidificando. O crescimento orgânico
refere-se ao desenvolvimento do corpo e suas capacidades motoras.
Jean Piaget estudou e desenvolveu a teoria do desenvolvimento
humano. O mesmo definiu e classificou os jogos de acordo com a evolução das
estruturas mentais dentro do processo do desenvolvimento humano, em
crianças de 0 a 12 anos de idade, tendo como foco de todo seu estudo o
desenvolvimento mental e o pensamento, combinado com o crescimento
orgânico e a conquista de movimentos independentes.
Piaget observou que crianças ao se desenvolver parecem seguir
uma sequência comum ao grupo de idade, regulando assim tais aptidões,
idéias e entendimentos, a certas faixas etárias, cometendo assim o mesmo tipo
de erro e acerto, construindo assim seu próprio entendimento e conhecimento.
As atividades lúdicas são fundamentais nesse processo evolutivo,
pois são os jogos, brinquedos e brincadeiras que irão impulsionar o indivíduo a
novas descobertas, estimulando a imaginação, o raciocínio, o habito da
investigação entre outros, e ao experimentar e vivenciar novas atividades e
desafios, sozinho ou com o outro as crianças tornam-se motivadas e
capacitadas, garantindo dessa forma a continuidade de seu desenvolvimento.
... Por isso, em um ambiente sem estímulos, no qual as
crianças não possam interagir desde tenra idade umas com as
18
outras, com os adultos e com objetos e materiais diversos,
esse processo de desenvolvimento não ocorrerá em sua
plenitude. (HORN, 2004, p. 17).
As faixas etárias referente às etapas evolutivas do desenvolvimento
humano servem como referência aos estágios que cada criança irá adquirir
dentro de sua maturação, não sendo assim uma norma rígida, pois nem todo
indivíduo muda de etapa na mesma idade, alguns se antecipam e outros se
atrasam um pouco, mas todos buscam caminhar na mesma direção.
• Sensório-motor (0 a 2 anos de idade): exercício do pensamento
jogos de exercício.
Esse período é caracterizado pelo prazer que a criança sente ao
satisfazer suas necessidades, a mesma apresenta inteligência prática e
regulada pela percepção, respondendo ao mundo pelos esquemas sensório
motor dos estímulos que recebeu.
O recém nascido ao alimentar-se suga o seio de sua mãe, e esta
situação lhe proporciona prazer e satisfação.
Ao passar dos meses, a criança começa a movimentar-se e a
apropriar-se de esquemas que facilitam seu contato com o meio em que vive
pegando objetos com as mãos e jogando-os no chão, repetidas vezes,
sentando, ficando em pé e dando os primeiros paços.
Esse período é muito significativo, pois no início o mundo é uma
continuação do corpo da criança, e conforme ela vai se apropriando do mesmo
ela passa a situar-se fazendo parte como elemento ativo do próprio meio em
que vive.
O desenvolvimento cognitivo nessa faixa etária fica evidente pela
capacidade de imitação que o bebê apresenta, movimentando as mãos quando
outra pessoa movimenta, batendo palmas quando estimulado por outra pessoa,
balançando um chocalho ou a cabeça ao ver o movimento repetido que uma
pessoa faz, e posteriormente quando a criança com um pouco mais de idade
imitam ações gestuais e até comportamentais que outras pessoas realizaram
repetidamente em sua presença.
19
• Pré - operatório (2 a 7 anos de idade): jogos simbólicos
Esse período é caracterizado pelas representações simbólicas, pelo
aparecimento da linguagem com uso de símbolos, e com essa idade as
crianças começam a brincar de faz-de-conta onde um pedaço de madeira pode
transformar-se em um carro, uma vassoura pode transformar-se em um cavalo,
etc.
Com esses fatores o desenvolvimento do pensamento torna-se
evidente e ativo, pois com o auxílio de formações mentais de imagens a
criança pode representar, utilizando-se de sua imaginação e linguagem na
reprodução de situações do seu cotidiano.
Piaget observou que o desenvolvimento cognitivo nessa faixa etária
é egocêntrico, e que as crianças nessa fase são “seduzidas” pelas aparências.
Outra capacidade evidente neste período é a classificação, crianças nessa fase
mostram grande habilidade em classificar objetos em grupos muito facilmente,
a cada estágio alcançado, podem-se apresentar novas categorias a serem
agrupadas.
• Operações concretas (7 a 12 anos de idade): jogos de regras
Esse período é caracterizado pela descoberta das regras, ou
estratégias, início da construção lógica, ou seja, capacidade de estabelecer
relações.
O termo operações refere-se a esquemas internos como a
subtração, adição, multiplicação, ordenação serial e divisão.
A aprendizagem por meio de manipulação de materiais concretos se
dá com mais facilidade pelas oportunidades de experimentos que os mesmos
oferecem.
Os jogos utilizados nesse período são regrados, e essas regras são
a lei do jogo, pois auxiliam no desenvolvimento dos mesmos e tornam seus
objetivos claros.
Podem apresentar situações problema a ser resolvida,
conduzindo o grupo a cooperação e a competição. A cooperação é uma das
capacidades que se desenvolvem nesse período, sendo grande facilitador do
trabalho em grupo e da socialização.
20
O
desenvolvimento
cognitivo
nessa
idade
depende
de
conhecimentos específicos que as mesmas apropriam no manuseio de
materiais concretos, na interiorização e uso das regras, e na aquisição e pratica
das operações.
• Operações formais (12 anos em diante)
Esse período é caracterizado pela mudança do pensamento, que
passa do concreto para o abstrato, tornando o adolescente mais capaz de
realizar operações mentais, ampliando assim sua capacidade de raciocínio,
sendo possível a realização das operações apenas com o auxílio do
pensamento e não mais com o auxílio de objetos.
Nesse processo é evidente o ingresso do adolescente na vida social
e a interiorização das normas vigentes na sociedade, nesse contexto o primeiro
contato é marcado pela rejeição das normas, para posteriormente acontecer
uma adaptação às mesmas, que leva o adolescente a reflexão e aceitação das
mesmas.
Marcadas por muitas mudanças que desenvolverá o adolescente já
o preparando para a fase adulta, esse período também é marcado pela
afetividade e pelos conflitos.
O desenvolvimento cognitivo nessa idade caracteriza-se pela
capacidade que o adolescente apresenta de manipular idéias e objetos, e a
capacidade do uso da lógica dedutiva.
Brincar favorece a auto-estima, a interação com seus pares e,
sobretudo a linguagem interrogativa, propiciando situações de
aprendizagem que desafiam seus saberes estabelecidos e
destes fazem elementos para novos esquemas de cognição.
Através do jogo simbólico a criança aprende a agir e
desenvolve autonomia que possibilita descobertas e anima a
exploração, a experiência e a criatividade. (ANTUNES, 2009,
p.32).
21
2.1 Com o que podem brincar as crianças
A curiosidade apresentada pelas crianças serve como mola
propulsora, incentivadora de novas aprendizagens e novas descobertas,
possibilitando assim condições para seu desenvolvimento.
Os jogos e brincadeiras criam possibilidades para que a criança vá
se conhecendo e se construindo, descobrindo que é parte integrante do meio
ou grupo social, vivenciando diferentes processos de interações e socialização
que são construídos nesse contexto.
A ludicidade é característica essencial do homem. Os bebês
brincam com o próprio corpo e com os objetos à sua volta sem
que
ninguém
precise
ensiná-los.
Nas
civilizações
da
antiguidade, já existiam piões, bonecas, bolas e outros objetos
– brinquedos, encontrados em escavações arqueológicas no
interior de túmulos, em sepulturas de crianças. Desde as
épocas mais remotas as crianças e os adultos brincam, e é
assim que dão sentido ao mundo e se constituem como
sujeitos. É brincando que aprendem a viver em sociedade, a
hipotetizar
situações
e
a
expressar
desejos,
medos,
sentimentos e fantasias. É brincando que desenvolvem a
criatividade, a capacidade de usar a linguagem, suas estruturas
psicomotoras e cognitivas e seus processos psíquicos mais
complexos. É brincando, enfim, que crescem. Não importa
como ou com o quê brincam, o fato é que as crianças brincam
permanentemente... (NÓS DA ESCOLA, 2006, p. 27).
Desde o nascimento a criança evolui passando por diferentes etapas
no seu desenvolvimento, e os brinquedos auxiliam e despertam as fantasias
infantis.
É por meio do “Faz de conta”, das descobertas e da criatividade que
as crianças expressam seu imaginário, adquirindo dessa forma experiências
que contribuirão para suas descobertas.
É nas situações que as brincadeiras oferecem que as crianças
vivenciam as diferentes possibilidades dos jogos, influenciando com suas
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ações na imitação de gestos, posturas e expressões que elas observam no
ambiente social em que a criança vive.
Ao jogar bola o menino pode imaginar-se como o jogador do seu
time de coração. A menina quando manuseia uma boneca pode imitar gestos
que recebe na rotina com a mãe.
O brinquedo oferecido à criança deve ser adequado à sua idade.
Muitas vezes brinquedos de pano ou madeira podem ter um grande valor, por
levar a criança à investigação de como o mesmo foi feito, enquanto brinquedos
caros, coloridos, que emitem sons, às vezes não despertam esse interesse nos
mesmos.
Encontramos em MALUF (2003 p.51) que a função do brinquedo é:
• Aumentar a integração com outras crianças;
• Exercitar a imaginação e a criatividade;
• Estimulara a sensibilidade visual e auditiva;
• Desenvolver a coordenação motora;
• Aumentar a independência;
• Diminuir a agressividade;
• Ajudar a resgatar a cultura;
De 0 à 8 meses:
Nessa idade a criança está nos estágio de descobertas e exploração
do mundo que a cerca, evidenciando-se o estágio sensório – motor. Os
brinquedos adequados para essa idade são:
• Brinquedos de morder e vinil
• Móbiles
• Chocalhos
De 8 a 12 meses:
Nesse período o desenvolvimento da criança é notório, senta-se,
pode engatinhar e andar. A maturidade para esses movimentos podem variar
de criança para criança sendo o estímulo muito eficaz para as mesmas
sentirem-se seguras e motivadas.
Nessa idade os brinquedos adequados são:
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• Livros de pano;
• Peças de encaixe;
• Bonecos e bonecas de pano;
• Brinquedos de empurrar e puxar;
Dos 18 aos 24 meses:
Esse período é caracterizado pela memorização que a criança
adquire, lembrando-se de pessoas e situações vivenciadas. É notória também
a capacidade de imitação. Por articular bem a coordenação motora ao andar e
desenvolver movimentos com sucesso é crescente sua independência não
aceitando mais com facilidade a intervenção do adulto.
Nessa idade os brinquedos adequados são:
• Bonecos e bonecas;
• Velocípedes;
• Livros de ilustrações simples;
• Bolas;
• Túneis para atravessar;
Aos 2 anos de idade:
Iniciam-se as disputas por brinquedos, pois nessa fase a criança
inicia o processo de socialização, mas não sabem emprestar os brinquedos
que utiliza.
Aos 3 anos:
É crescente o processo de socialização e aceitação do outro. A
criança nessa fase já expressa desejos e tristezas, imitando os adultos nas
brincadeiras.
Aos 4 anos:
Ao brincar, as crianças nesse estágio utilizam-se de experiências
que observam no cotidiano, podendo imitar pessoas que estão presentes em
sua rotina como a professora e o médico, etc..
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Os desenhos nesse estágio se tornam mais completos já compondo
senas simples. Quanto ao grupo já são mais sociáveis e cooperativos.
Apresentam gosto crescente em manusear livros e revistas lendo as figuras. A
imaginação se faz presente nas brincadeiras na imitação de personagens dos
desenhos animados ou dos personagens de filmes.
Aos 5 anos:
As crianças já aceitam as regras dos jogos, portanto as mesmas não
podem
prejudicá-los
ou
levá-los
a
perder,
tornam-se
freqüentes
as
competições, pois o esquema social já foi apropriado.
Aos 6 anos:
O círculo de amizades das crianças multiplica, já escolhem os
amiguinhos formando grupinhos, gosta de brincar em diversas brincadeiras e
jogos, ainda são resistentes a perda podendo trapacear no jogo.
Os brinquedos mais recomendados dos 2 aos 6 anos de idade são:
• Teatrinhos;
• Bolhas de sabão;
• Posto de gasolina;
• Caixa registradora;
• Bicicleta;
• Cidadezinhas, fortes e fazendas;
• Balde e pazinha;
• Carros, caminhões, trenzinhos;
• Cabanas e casinhas;
• Massa de modelar;
• Quebra cabeça simples;
• Tambor, piano, pandeiro, etc...
• Máscaras, chapéus, fantasias, etc...
• Panelas e utensílios de cozinha;
• Fantoches;
25
• Bonecas;
• Livros de pano;
• Homenzinhos (soldados, heróis, etc...)
• Telefones, entre outros
Ao brincar, desenvolvemos funções cognitivas e físicas como a
motricidade, a linguagem, a percepção, a memória, a
afetividade
e
sobretudo
a
interação
Desenvolvemos
também
a
comunicação,
interpessoal
a
e
capacidade
subjetiva
com
o
a
de
outro.
relação
negociar
constantemente as regras sociais e suas possibilidades de
transformação... (NÓS DA ESCOLA, 2006, p. 27).
26
CAPÍTULO III
NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
A Neurociência investiga, pesquisa, estuda, acompanha e trata o
desenvolvimento estrutural, funcional, químico e patológico do sistema
nervoso.
Podemos observa que essa ciência se divide em cinco estudos que
tem por finalidade a eficiência e o bem estar desse complexo sistema que se
divide em:
• Neurociência Molecular: Estuda as trocas químicas e físicas que
estão envolvidas na função neural.
• Neurociência Celular: Diferencia as células e seu funcionamento
no sistema nervoso.
• Neurociência de Sistemas: Estuda os neurônios e seus grupos na
cadeia dos circuitos e conexões, desenvolvendo assim uma função comum.
• Neurociência
Comportamental:
Estuda
como
pode
ser
o
comportamento e os sistemas que os influenciam.
• Neurociência cognitiva: Acontece na investigação e estudo do
pensamento, da memória, da aprendizagem, entre outros.
O último estudo vem demonstrando e revelando em suas pesquisas
como se dá a aprendizagem nos indivíduos e como esse esquema complexo
trabalha e evolui através dos estímulos de suas estruturas.
Encontramos em Relvas (2009 p.20) que nos primórdios da história
o cérebro humano era tido como parte do corpo sem valor. Já havia o interesse
e a pergunta investigativa de como se dava o processo da aprendizagem e do
pensamento, mas não se tinha o cérebro como o potencializador ou detentor
de tais acontecimentos.
Os Egípcios cultivavam o hábito de guardar em vasos as vísceras
dos mortos e jogavam fora o cérebro por acreditarem que não tinham serventia,
ou seja, não se tinha o cérebro como parte significativa do processo de
aprendizagem, ou do pensamento. Os Assírios de forma igual também
27
achavam que o cérebro não fazia parte do processo cognitivo, achando então
que o pensamento central acontecia no fígado, e para Aristóteles ainda o
cérebro trabalhava como resfriador de sangue.
Foram muitas pesquisas e descobertas acerca do desenvolvimento
neural e suas conexões, sendo cada vez mais notória sua significância no
processo de aquisição da aprendizagem, sendo Hipocrates o precursor e
demonstrador do cérebro em dois hemisférios e das funções biológicas e da
mente que eram processados nessa estrutura.
O cérebro humano constitui-se por dois hemisférios cerebrais
esquerdo e direito. O hemisfério esquerdo controla o lado
direito do corpo e o hemisfério direito controla o lado esquerdo.
Cada hemisfério divide-se em lobo frontal, lobo parietal, lobo
occipital e lobo temporal. (RELVAS, 2005, p.30).
• Lobo Frontal: É o responsável pelo planejamento, emoções,
elaboração do pensamento e percepção de necessidades individuais.
• Lobo Parietal: É o responsável pelo tato, sensação de dor,
gustação, pressão, temperatura e está ligado com a lógica matemática.
• Lobo Occipital: É o responsável pelo processamento da
informação visual. Ocorrendo danos nessa área pode acontecer cegueira total
ou parcial.
• Lobo Temporal: Apresenta relação com o sentido da audição,
permitindo o reconhecimento de tons e intensidades do som. Acidentes ou
tumores que ocorrer nesse local ocasionam deficiência da audição ou surdez.
Esta área é significativa, pois exerce função no processamento da memória e
emoção.
Segundo Lent (2002), o hemisfério esquerdo controla a fala em
mais de 95% dos seres humanos, mas isso não quer dizer que
o direito não trabalhe, ao contrário, é a prosódia do hemisfério
direito que confere à fala nuances afetivas essenciais para a
comunicação interpessoal. O hemisfério esquerdo é também
responsável pela realização mental de cálculos matemáticos,
pelo comando da escrita e pela compreensão dela através da
28
leitura. Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons
musicais e no reconhecimento de faces, especialmente quando
se trata de aspectos gerais. O hemisfério esquerdo participa
também do reconhecimento de faces, mas sua especialidade é
descobrir precisamente quem é o dono de cada face. Da
mesma forma, o hemisfério direito é especialmente capaz de
identificar categorias gerais de objetos e seres vivos, mas é o
esquerdo que detecta as categorias específicas. O hemisfério
direito é melhor na detecção espacial, particularmente as
relações métricas quantificáveis, aquelas que são úteis para o
nosso deslocamento no mundo. O hemisfério esquerdo não
deixa
de
participar
dessa
função,
mas
é
melhor
no
reconhecimento de relações espaciais categoriais qualitativas.
Finalmente, o hemisfério esquerdo produz movimentos mais
precisos de mão e da perna direitas do que o hemisfério direito
é capaz de fazer com a mão e a perna esquerda ( na maioria
das pessoas). (RELVAS, 2005, p. 17).
A estrutura cerebral começa a ser formada alguns dias depois da
fecundação do óvulo, ou seja, sem mesmo a mulher saber que está grávida,
nesse período inicia-se a formação de uma “galáxia” que não para e só cresce
entre a quinta e a vigésima semana de vida uterina. Estima-se que nesse
período são geradas cerca de 50 mil a 100 mil células glias por segundo, que
formam conjunções ou sinapses que acontecem até os 17 ou 18 anos de vida.
Células glia. Além dos neurônios, o sistema nervoso apresentase constituído pelas células glias, ou células gliais, cuja função
é
dar
sustentação
aos
neurônios
e
auxiliar
o
seu
funcionamento. As células glias constituem cerca de metade do
volume do nosso encéfalo. Há diversos tipos de células gliais.
Os astrócitos, por exemplo, dispõem-se ao longo dos capilares
sanguíneos
do
encéfalo,
controlando
a
passagem
de
substâncias do sangue para as células do sistema nervoso. Os
oligodendrócitos e as células de Schwann enrolam-se sobre os
29
axônios de certos neurônios, formando envoltórios isolantes.
(RELVAS, 2005, p.23).
O sistema cerebral então tornou-se a ser visto como uma estrutura
que
constitui
o
homem
possibilitando-lhe
aprendizagens,
raciocínio,
construções de pensamento, interação e relação. Constituindo assim o sistema
funcional humano.
O cérebro e sua potencialidade é o centro do sistema nervoso sendo
o responsável pelo desenvolvimento das capacidades e habilidades que
implicam para uma organização e funcionamento de qualidade em resposta às
experiências significativas e estímulos repetidos. A plasticidade cerebral é
desenvolvida ao longo da vida pelos estímulos positivos que recebe e é desse
processo que o ser humano depende para que sejam desenvolvidas as
aprendizagens e reabilitação das funções motoras e sensoriais.
O cérebro muda durante a vida do homem e conforme as
maturidades adquiridas.
Durante muito tempo acreditava-se que o cérebro se desenvolvia até
certa idade e que daí o mesmo não teria mais capacidade de formar novas
sinapses, e que conexões entre os neurônios paravam de existir.
Até a década de 1960, entendia-se o cérebro de uma criança
como uma composição orgânica estática e imutável sobre a
qual nada poderia ser feito no sentido de acelerar seu
amadurecimento. Atualmente, os cientistas da cognição o
percebem como órgão dinâmico que, devidamente alimentado
por estímulos e experiências, responde e se transforma de
maneira como jamais seria possível prever sem esses
estímulos e sem essas experiências. (ANTUNES, 2009,
p.22).
Hoje estudos nos mostram que o cérebro é dinâmico e ativo, e
quanto maior forem os estímulos, maior a capacidade de adaptar-se, pois
essas mudanças são significativas sendo de grande valia nesse processo.
30
Experiências cotidianas, desafiadoras e agradáveis possibilitam o
cérebro adequar-se e reorganizar-se definindo e estabelecendo suas
mudanças e aprendizagens.
As atividades físicas também são grandes potencializadoras do
desenvolvimento cerebral, pois provocam maior desempenho cardiovascular e
conseqüentemente a oxigenação de áreas menos irrigadas do cérebro
modificando e estimulando o funcionamento das células cerebrais e as
comunicações das células nervosas melhorando assim a memória e a
capacidade do raciocínio.
Encontramos em Antunes (2009, p.24) que estudos recentes nos
mostram que a camada exterior do cérebro pode desenvolver a medida que um
ser humano ou um animal estiver inserido em um ambiente estimulador, e que
o cérebro pode sofrer irreversíveis atrofias se esse mesmo ser for mantido em
ambiente monótono e pouco estimulante.
O cérebro apresenta capacidade altamente significativa de expansão
tendo as experiências e estímulos como fornecedoras de aprendizagens,
sobretudo na infância.
31
CAPÍTULO IV
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E
APRENDIZAGEM INFANTIL
A Psicopedagogia é uma área de estudo recente que apresenta
como objetivo fundamental estudar, compreender, e intervir de forma qualitativa
no processo da aprendizagem humana.
Esta área de estudo não se restringe apenas ao estudo das
dificuldades e seus distúrbios, mas sim na aprendizagem de modo geral, que é
adquirida seja no estado normal ou patológico do ser humano, considerando a
influência do meio: família, escola e sociedade para seu desenvolvimento
saudável.
As intervenções Psicopedagógicas podem ser utilizadas em diversas
faixas etária da vida, pois o ato de aprender está presente na vida do homem
desde o momento do seu nascimento até os últimos dias de sua vida. Essas
intervenções se apresentarão como auxílio para o homem em suas diversas
idades na identificação da forma mais eficaz de aprendizagem, pois o levará a
compreender seu próprio processo de aquisição do conhecimento.
A aprendizagem é, afinal, um processo fundamental da vida.
Todo indivíduo aprende e, por meio da aprendizagem,
desenvolve os comportamentos que o possibilitem viver. Todas
as atividades e realizações humanas exibem os resultados da
aprendizagem. CAMPOS (apud Porto 2009, p.40).
Nesse processo dificuldades podem aparecer em momentos
específicos, diminuindo a qualidade de aprendizado da criança, que em suas
estruturas cognitivas podem apresentar uma diminuição da qualidade na
assimilação de determinado assunto ou matéria, rejeitando – a por falta de
afetividade com o assunto.
Nesse contexto a Psicopedagogia aparece como alternativa de
intervenção por ser promotora de possibilidades a esses alunos, identificando e
trabalhando nas dificuldades particulares que podem prejudicar o processo
32
ensino aprendizagem desse sujeito, apresentando assim resultados positivos e
eficientes.
A Psicopedagogia Institucional Escolar surge para que nesse espaço
seja encontrado um profissional que possa colaborar na sondagem e solução
de problemas de aprendizagem, fracasso escolar, na capacitação e oferta de
materiais e estratégias que facilitarão o processo de ensino e informação do
corpo docente. A aplicabilidade das intervenções é de natureza interdisciplinar,
pois se utiliza de recursos das várias áreas do conhecimento humano, na
busca da compreensão do ato de aprender que são próprios a cada pessoa.
O entendimento de que o conhecimento é, simultaneamente,
processo e produto de uma construção cognitiva, social e
emocional nos possibilita entender a importância do ambiente
escolar,
já
que
desencorajado,
o
mesmo
pode
dependendo
ser
dos
favorecido
ou
pressupostos
sociopedagógicos adotados no próprio projeto pedagógico da
instituição escolar e a forma como são postos em prática pelos
profissionais competentes. (PORTO, 2009, p.21).
O trabalho ao ser realizado com os alunos de uma mesma escola
apresenta bons resultados podendo acontecer individualmente, ou podendo
acontecer em grupos com crianças de séries diferentes, pois a troca de
experiências e habilidades contribuirá para o desenvolvimento e aquisição das
aprendizagens, tendo esse trabalho o objetivo da socialização e da troca, a
aquisição de conteúdos é uma conseqüência desses encontros.
Neste contexto intervenções lúdicas vem apresentando-se como
facilitadora na investigação, compreensão, e auxílio do processo cognitivo de
desenvolvimento
da
aprendizagem,
sendo
fundamental
no
trabalho
Psicopedagógico por demonstrar resultados positivos e de excelência. No início
das intervenções com os alunos, o profissional pode realizar encontros
inteiramente lúdicos, para que os mesmos sintam-se mais a vontade, pois
nesses encontros o mediador perceberá de forma espontânea as facilidades e
dificuldades de aprendizagem encontradas pela criança, assim como seu
comportamento diante das propostas e das regras que os jogos lhe oferecem.
33
Por ser o jogo inerente ao homem, e por revelar sua
personalidade integral de forma espontânea, é que se pode
obter dados específicos e diferenciados em relação ao Modelo
de
Aprendizagem
do
paciente.
Assim,
aspectos
do
conhecimento que já possui, do funcionamento cognitivo e das
relações vinculares e significações existentes no aprender, o
caminho usado para aprender ou não – aprender, o que pode
revelar, o que precisa esconder e como o faz podem ser
claramente observados através do jogo. (WEISS, 2008 p.79).
Os materiais e jogos a serem utilizados nessas atividades devem ser
selecionados a fim de alcançar os objetivos desejados pelo profissional, o
mesmo deve avaliar o tempo disponível e a idade para adequação e
manipulação dos materiais.
Nesse contexto investigativo o modo de brincar leva o profissional a
algumas observações importantes que lhe dará “pistas” do comportamento que
a criança apresenta, de inquietude ou de estrema atenção na realização das
tarefas como:
• A criança utiliza-se dos materiais mais próximos, ou examina
todos para escolher o que lhe chama mais atenção.
• Os materiais que escolhe são para uma brincadeira planejada que
apresenta inicio, meio e fim.
• Apresenta imaginação para nomear diferentemente o mesmo
objeto.
• Utiliza regras de classificação.
• Desenvolve brincadeiras criativas ou sempre costuma brincar da
mesma forma e com os mesmos objetos.
• Tenta realizar tarefas diferentes no mesmo espaço de tempo não
apresentando término ente uma e outra. Etc...
Com a proposta lúdica é evidente que muitos comportamentos
podem ser observados, levando o profissional a positivos resultados
investigativos das dificuldades que estão envolvidas no processo da
aprendizagem e os múltiplos processos cognitivos que se desenvolvem.
34
O Psicopedagogo que se encontra engajado em desenvolver
trabalho de excelência deve manter-se atualizado em seus estudos contínuos
de forma a realizar intervenções significativas e prazerosas que contribuirão de
forma qualitativa na promoção da aprendizagem, transformando o sujeito e
suas perspectivas sociais.
Quando um educador respeita a dignidade do aluno e trata-o
com compreensão e ajuda construtiva, ele desenvolve na
criança a capacidade de procurar dentro de si mesma as
respostas para seus problemas, tornando-o responsável e,
conseqüentemente, agente de sua própria aprendizagem.
DROUET (apud Porto, 2009, p.70).
35
CONCLUSÃO
Definindo atividades lúdicas, vemos que ao passar do tempo a
mesma vem contribuindo e deixando marcas significativas, mostrando-se com
grandes possibilidades unindo gerações, desenvolvendo habilidades e
possibilitando crescimentos e aprendizagem.
Brincar é uma das primeiras práticas que envolvem o ser humano,
mesmo ainda quando bebê não mostrando consciência de seus atos, essas
práticas são tão significativas que se desenvolvem inconscientemente de forma
ingênua. Essas atividades por serem tão extraordinárias mereceram atenção
especial dos estudiosos pelos desenvolvimentos significativos e qualitativos
visíveis que eram proporcionados aos indivíduos que praticavam essas tarefas
pelas socializações estabelecidas, desenvolvimento cognitivo, formação da
personalidade, ente outros.
Desenvolvendo essas atividades, brincando pelo prazer que é
desenvolver tal atividade a criança, jovem ou adulto que se utilizam desses
processos absolvem valores que se encontram ocultos em cada prática.
Observamos também que cada brinquedo e jogo ao ser oferecido a essa
clientela deve ser adequado a maturidade, e a capacidade que cada um
apresenta, dentro da respectiva faixa etária, evitando assim frustrações e
trabalhando para que ocorram significativas aprendizagens.
Pela neurociência observamos que o cérebro é uma máquina ativa
que se desenvolve mantendo-se em processo evolutivo, sendo a partir dos
estímulos recebidos que a plasticidade cerebral é desenvolvida. Desde o início
da história humana procurava-se entender o processo de aprendizagem do
cérebro
e
suas
possibilitaram
potencialidades,
entender
que
sendo
pelos
os
posteriores
estímulos
estudos
positivos
que
recebidos
desenvolvemos a aprendizagem, raciocínio, construções de pensamento,
Interações e relações, pois o cérebro muda conforme as maturidades
adquiridas.
36
Nesse contexto percebemos a Psicopedagogia como um elo, unindo
o lúdico e os conhecimentos da neurociência, desenvolvendo assim estruturas
que apresentam por objetivo auxiliar o homem e possibilitar sua compreensão
de forma qualitativa do seu processo particular de aprendizagem.
Esta ciência não é apenas uma área de estudo, mas sim utiliza-se
dos conhecimentos investigativos para intervir no processo de aquisição da
aprendizagem em alunos ou pessoas que necessitam dessas intervenções por
apresentarem dificuldades de aprendizagem, sendo possível com esse trabalho
que cada indivíduo conheça sua própria trajetória na aquisição do
conhecimento.
O Psicopedagogo age como promotor de possibilidades, ao utilizar o
lúdico como desencadeador de comportamento e respostas ele penetra
facilmente em sua investigação, podendo observar diversos comportamentos
que transparecem no ato de jogar criando assim a motivação e estímulos
necessários para o desenvolvimento da aprendizagem, estimulando o
raciocínio lógico e desenvolvendo harmoniosamente as capacidades múltiplas
do indivíduo.
Os
jogos
utilizados
de
forma
investigativa
tornam-se
potencializadores de aprendizagens e a contribuição que os mesmos oferecem,
tendo como mediador o Psicopedagogo viabiliza e desencadeia de maneira
lúdica a aprendizagem, agindo no espaço onde o aluno necessita de auxílio,
em suas dificuldades, onde há necessidade da construção do conhecimento.
Considerando as idéias acima, conclui-se que as atividades lúdicas
são potencializadoras de aprendizagem, contribuem com êxito na investigação,
aquisição
e
conhecimento
individual
das
formas
significativas
do
desenvolvimento da aprendizagem.
É possível o Psicopedagogo utilizar-se do lúdico para investigar e
detectar dificuldades de aprendizagem, utilizando-se do próprio para fazer
intervenções, desenvolvendo de forma harmoniosa atividades que irão de
encontro às necessidades de aprendizagem do sujeito.
37
É possível tornar a educação mais prazerosa e menos massacrante,
basta observar mais o aluno, agindo e motivando onde o mesmo precisa de
ajuda.
Com empenho e força de vontade é possível termos crianças, jovens
e
adultos
desenvolvidos,
equilibrados
emocionalmente
e
com
boas
recordações do tempo em que brincar era mais que um prazer, mas sim
aprendizagem.
38
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, Celso. Educação Infantil: Prioridade Imprescindível. 6ª ed.
Petrópolis – RJ: Vozes, 2009
ARANHA, Fábio. Em cada época, uma nova concepção do que é brincar.
Nós da Escola. Rio de Janeiro – RJ: nº 36, 2006.
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Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Educação. Rio
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Percursos no Diálogo com os Educadores: 2006
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PETROCELLI, Renata. Do cavalinho – de – pau ao universo das
brincadeiras virtuais. Nós da Escola. Rio de Janeiro – RJ: n° 34, 2006.
PORTO,
Olívia.
Psicopedagogia
Institucional:
Teoria,
Prática
e
Assessoramento Psicopedagógico. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.
RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: Despertando
Inteligências e Afetividade no Processo de Aprendizagem. Rio de Janeiro –
RJ: Wak Editora, 2005.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação:Potencialidades dos
Gêneros Humanos na Sala de Aula. Rio de Janeiro – RJ: Wak Editora, 2009.
39
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clinica – uma visão
diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar.
Janeiro: Lamparina, 2008.
13ª ed. Rio de
40
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS
2
DEDICATÓRIA
3
RESUMO
4
METODOLOGIA
5
SUMÁRIO
6
INTRODUÇÃO
7
CAPÍTULO I
DEFININDO O QUE É ATIVIDADE LÚDICA
10
1.1 Por que brincar na Educação Infantil
12
1.2 Arrumação do espaço da sala de aula
13
CAPÍTULO II
IDENTIFICANDO AS BRINCADEIRAS INFANTIS NA CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
17
2.1 Com o que podem brincar as crianças
21
CAPÍTULO III
NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
26
CAPÍTULO IV
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM INFANTIL
31
41
CONCLUSÃO
35
BIBLIOGRAFIA
38
ÍNDICE
40
Download

a importância do lúdico na educação