ADMINISTRAÇÃO OROFARÍNGEA DE COLOSTRO EM PREMATUROS EXTREMOS: UM ENSAIO
RANDOMIZADO CONTROLADO
Oropharyngeal Colostrum Administration in Extremely Premature Infants: An RCT
Juyoung Lee, Han-Suk Kim, Young Hwa Jung et al
Pediatrics 2015;135;2357-e366
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
FACULDADE DE MEDICINA
INTERNATO EM PEDIATRIA
Apresentação: Fernanda Pinho, Paulo Nilo e Yasmine Oliveira
Coordenação: Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 11 de agosto de 2015.
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O que se sabe sobre este tema
Proteínas bioativas imunorelacionadas estão altamente
concentradas no colostro das mães de recém-nascidos
pré-termos.
A administração orofaríngea foi proposta como um
alternativo método seguro e viável de fornecer colostro
para prematuros imunocomprometidos
Introdução


Durante os primeiros dias pós-parto, as estreitas junções do epitélio mamário estão
abertas e permitem o transporte paracelular de muitas substâncias imunes bioativas
da circulação da mãe para o colostro. 1
O colostro contém quantidades aumentadas de imunoglobulina do tipo A secretório
(sIgA), fatores de crescimento, lactoferrina, citocinas anti-inflamatórias, citocinas próinflamatórias e outros componentes de proteção em comparação ao leite maduro. 2
-5


Muitos estudos indicam que fatores imunoprotetores são mais concentrados no
colostro de mães com recém-nascidos (RN) pré-termo comparadas com aquelas a
termo. 6-8
Estudos sugerem que o fechamento das estreitas junções no epitélio mamário pode
atrasar nos RN pré-termos em relação aos RN a termo.9-10
Introdução

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
No entanto, muitos pré-termos não toleram alimentação enteral devido a
instabilidade clínica e assim, não recebem o colostro materno, possivelmente
resultando no aumento de suscetibilidade a várias condições de infecção e
inflamação.
A administração por via orofaríngea de colostro (também chamada terapia
imune oral) tem sido defendida para os prematuros. 11
Durante essa intervenção, uma pequena quantidade de colostro é colocada
diretamente sobre a mucosa orofaríngea na cavidade oral para a absorção e não
envolve deglutição.12
Na teoria, os fatores imunes no colostro interagem com os tecidos linfóides na
orofaringe e estimulam o sistema imune do neonato quando administrados pela via
orofaríngea.11, 13
Embora exista suporte teórico e clínico para esta pratica não há evidências
suficientes de que a administração orofaríngea de colostro seja um dado
benéfico.13-16
Métodos - Desenho do Estudo

Um ensaio randomizado duplo cego controlado conduzido de Janeiro de
2012 a Dezembro de 2013 na Universidade Nacional da Coréia em Seul
no Hospital Universitário Nacional da Criança em Seul, Coréia.
Métodos - Participantes
Os neonatos nascidos antes de 28 semanas de
gestação foram incluídos no estudo. Recém-nascidos
com anomalias gastrointestinais e renais congênitas
ou histórico materno de abuso de substâncias ou
infecção por HIV foram excluídos.
Cada recém-nascido foi distribuído aleatoriamente
de forma independente para o grupo colostro e
para o grupo placebo em uma proporção de 1:1
em web site de randomização do Centro de
Colaborações de Pesquisas Médicas do Hospital
Universitário Nacional de Seul.
A randomização foi conduzida usando uma
sequencia gerada por um computador (blocos do
tamanho de 8).
Métodos - Participantes
A distribuição foi escondida de todos
investigadores, enfermeiros, médicos e pais, com
exceção de 1 membro independente do corpo de
pesquisadores que preparou as seringas com
colostro e as seringas com placebo.
Ambos os grupos de neonatos foram alimentados
com leite materno ou fórmula para prematuros.
O probiótico Duolac Baby foi adicionado quando
a quantidade de cada mamada era superior a 2
mL.
Métodos - Intervenção



Os investigadores encontraram as mães de cada neonato incluído no estudo
em 24 horas após o parto e as instruíram a ordenhar as mamas a cada 2 a
3 horas. Foram doadas às mães sacolas estéreis para a coleta do leite. Elas
foram instruídas a coletar o colostro usando um método sanitário e, então,
enviá-lo para refrigeração imediata na UTI neonatal.
Seringas de tuberculina foram usadas para administrar o colostro ou
placebo pela via orofaríngea.
Um pesquisador preparou 48 seringas com 0,1 mL de colostro ou água
destilada usando técnicas assépticas. Essas seringas foram marcadas e
embrulhadas com tampas opacas. As seringas foram colocadas em copos
plásticos e armazenadas a 4º C em um refrigerador específico.
Métodos - Intervenção
Iniciando em 48 a 96
horas após o parto,
cada neonato recebeu
0,2 mL de colostro ou
placebo a cada 3 horas
por 72 horas
consecutivas.
Figura 1
As gotas de colostro ou
placebo foram
administradas na mucosa
da orofaringe por pelo
menos 10 segundos.O
mesmo processo foi
repetido no outro lado
Obs: FOI SUSPENSO SE:
- Necessidade de aumento
da FiO2>10% para manter
SatO2>85%
- Bradicardia (FC<100bpm/min)
- Taquicardia (FC>200bpm/min)
- Taquipnéia (FC >80/min
Frequência cardíaca,
frequência respiratória,
pressão arterial e
saturação foram
aferidas antes e após o
procedimento.
Métodos - Avaliação e Monitoramento



A fim de avaliar a produção salivar de proteínas bioativas após a ativação do
tecido linfóide associado a mucosa orofaríngea (MALT) e a excreção urinária de
proteínas bioativas, mediram-se a concentração de fatores imunológicos na saliva
e na urina.
Também foram observadas a incidência de sepse de início tardio e outras
comorbidades inflamatórias da prematuridade, tais como enterocolite necrosante,
displasia broncopulmonar, pneumonia associada ao ventilador, retinopatia da
prematuridade, hemorragia intraventricular, sepse clínica ou sepse comprovada,
tempo para atingir alimentação plena (100 mL/kg/dia), duração da hospitalização
e mortalidade.
Definiu-se pneumonia associada ao ventilador (PAV) como a presença de sinais
clínicos de pneumonia combinados a infiltração pulmonar em 2 radiografias
consecutivas em pacientes recebendo ventilação mecânica por 48 horas.
Métodos - Avaliação e Monitoramento




Clinicamente a sepse foi definida como sinais clínicos de infecção, resultados
alterados de laboratório (leucopenia, leucocitose, aumento da PCR), alterações
hemodinâmicas e antibioticoterapia concomitante por 3 dias.
A sepse comprovada foi definida como crescimento bacteriano em pelo menos 1
hemocultura acompanhado de sinais clínicos de sepse.
Os sinais vitais foram monitorizados ao longo do estudo e qualquer ocorrência de
eventos adversos era relatada. Os dados clínicos de cada hospitalização dos
pacientes foram coletados na alta da UTI neonatal.
Uma plataforma de dados independente e de monitoramento supervisionou a
investigação e revisou os dados a partir dos 3 primeiros pacientes até a conclusão
do estudo. A plataforma tinha acesso a todos os dados e nenhuma análise resultou
na modificação e encerramento desse estudo.
Métodos – Coleta e Análise da Amostra
Para medir as concentrações de fatores
imunológicos, urina e saliva foram
coletados nas primeiras 24h, com 8 e 15
dias de vida.
• Urina: obtida por meio de saco estéril acoplado
para recém-nascidos.
• Saliva não estimulada: coletada em recipiente
estéril com sucção fraca.
• Os materiais foram centrifugados, divididos e
armazenados a -70°C até a análise bioquímica.
As concentrações de sIgA, lactoferrina,
TGF-β1 e IL-10 foram mensuradas por
meio de kits ELISA (enzyme-linked
immunosorbent assay) de acordo com o
fabricante (sIgA: USCN Life Science,
Wuhan, China; lactoferrina: EMD
Millipore, Billerica, MA; TGF-β1 e IL-10:
R&D Systems, Minneapolis, MN).
EGF, TNF-α, IFN-γ, IL-1β,IL-2,IL-4,IL6 e IL8 foram mensurados por meio de
imunoensaios baseados em esferas de
citocinas
humanas
fluorescentes
(MILLIPLEX MAP, Millipore).
TGF-β1:fator de
crescimento
Transformante
EGF:fator de
crescimento
epidérmico
IL: interleucinas
Métodos – Cálculo da Amostra e
Análise Estatística
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


Devido a eficácia relativa assintótica de 80% e nível de significância de 5%
com o teste t independente, o tamanho da amostra requerido para o teste U
de Mann-Whitney foi de 21 bebês para cada grupo. Com isso, assumindo
uma taxa de abandono de 10%, 48 pacientes foram necessários.
A análise dos dados clínicos foi realizada por meio da base “intenção de
tratar” e os dados bioquímicos de indivíduos que completaram o protocolo
foram analisados.
Análises estatísticas foram realizadas usando SPSS versão 21.0.
O teste U de Mann-Whitney ou o teste de Fisher e análises de regressão
foram usadas para comparar os grupos.
Resultados
Resultados








O número mediano de doses recebidas foi 24 em ambos os grupos
(amplitude interquartil [IQR]: 23-24).
15 e 16 bebês receberam todas as 24 doses nos grupos do placebo e do
colostro, respectivamente.
Mediana da idade gestacional: 26s+5d (variação: 23s+1d – 27s+6d).
Mediana do peso ao nascer: 815g (variação: 400 – 1450g).
A Tabela 1 não mostrou diferenças nas características da população
estudada ou no número dos que receberam fórmula antes de iniciar o
protocolo, durante 3 dias de intervenção e 2 semanas após o nascimento.
Aproximadamente metade dos bebês não recebeu alimentação por via oral
(NPO) antes do estudo, e 18 (37,5%) bebês não iniciaram alimentação
enteral na 1ª semana de vida.
Na Figura 3, os níveis urinários de substâncias imunes com base nas
concentrações de creatinina.
Na Figura 4, os níveis de substâncias imunes na saliva.
Resultados
Urina
Saliva
• O nível de sIgA urinário na 1ª semana teve um
aumento significativo no grupo do colostro ( 71,4 vs
26,5 ng/g creatinina, P =0,04).
• O nível de IL-1β urinário reduziu significativamente
com 2 semanas no grupo do colostro (55,3 vs 91,8
μg/g creatinina, P =0,01).
• Na saliva, as concentrações de sIgA (5,4 vs 2,1 μg/mL, P =
0,02) e EGF (464,3 vs 258.4 pg/mL, P = 0,04) aumentaram
significativamente na 1ª semana no grupo do colostro, mas
decresceram para níveis similares ao grupo placebo com 2
semanas.
• O TGF- β1 (39,2 vs 69,7 μg/mL, P = 0,03) e o IL-8 (1,2 vs
4,9
ng/mL,
P
=
0,04)
salivares
diminuíram
significativamente no grupo do colostro com 2 semanas.
Resultados

O grupo do colostro teve menos sepse clínica (50% vs 92%, P= 0,003) e
duração total de antibiótico mais curta (6 [IQR: 3,8–8,5] vs 9,5 [IQR: 7–19]
dias, P = 0,014), mas não houve diferença na sepse comprovada por
cultura (46% vs 58%, P= 0,56) (Tabela 2)
Resultados




O efeito significativo da administração do colostro em sepse clínica
também foi validado na análise de regressão com todos os possíveis
fatores de confusão, incluindo ventilação mecânica, uso de bloqueador H2,
uso de probióticos, uso de esteróides pós-natal, tipo de aleitamento (exp
[B] = 67,3, 95% intervalo de confiança: 3,8-1.186,9, P = 0,004).
Não houve diferença na enterocolite necrosante, displasia broncopulmonar,
pneumonia associada à ventilação, hemorragia intraventricular grau ≥ 3,
retinopatia da prematuridade que requer cirurgia a laser, tempo para
atingir alimentação enteral, tempo de internação ou mortalidade.
Pressão sanguínea, Frequência cardíaca, frequência respiratória, e
SatO2 mantiveram-se estáveis durante cada sessão de administração.
Não foram observados episódios de agitação, aspiração, bradicardia ou
taquicardia, hipotensão ou outro evento agudo adverso em qualquer um
dos prematuros durante as intervenções.
Discussão
Até onde se sabe,
esse é o 1º estudo
duplo-cego,
randomizado,
controlado por
placebo com o
objetivo de fornecer
evidências clínicas e
imunológicas em
relação às vantagens
da administração
orofaríngea de
colostro em
prematuros extremos.
• Um estudo prospectivo com 15 recémnascidos com extremo baixo peso ao
nascimento demonstrou que o tempo para
atingir a alimentação enteral total foi
reduzido. 15
• Um estudo retrospectivo relatou que a
administração orofaríngea de colostro
resultou em iniciar a alimentação e atingir o
peso ao nascer mais cedo. 16
• No entanto, não há dados publicados que
tenham ilustrado as vantagens clínicas da
administração orofaríngea de colostro em
relação ao sistema imune.
Discussão



O colostro contém concentrações aumentadas
imunoprotetores comparado ao leite humano maduro.5
de
agentes
Acredita-se que esses agentes compensam o atraso do
desenvolvimento do sistema imune nos recém-nascidos prematuros por
condução de reações imunomoduladoras na mucosa e locais
sistêmicos.12
Desafio: Durante o período pós-natal precoce, a alimentação enteral
é frequentemente perturbada por função gastrointestinal imatura e
comorbidades que comprometem a perfusão esplâncnica, como
persistência do canal arterial, cateterismo umbilical, ou hipotensão.19
Discussão



A via da mucosa orofaríngea foi recentemente proposta como uma solução
para proporcionar o colostro materno para as crianças mais doentes
durante o período pós-natal precoce. 11-14, 16
Rodriguez et al12 descreveram os mecanismos esperados através dos quais
citocinas e outros fatores imunológicos no colostro estimulam o sistema
imunitário neonatal imaturo através de tecidos linfóides na orofaringe e
intestino, resultando no desenvolvimento de uma barreira protetora imune
na mucosa.
Observou-se que a excreção urinária de sIgA e lactoferrina foi
significativamente aumentada pela administração orofaríngea de colostro
em prematuros extremos (Figura 3).
Discussão



Este resultado pode ser interpretado principalmente como a excreção após
a sua passagem através da circulação sistêmica depois de ser absorvida
pela mucosa oral ou gastrintestinal.
As meias-vidas de sIgA e lactoferrina são de 3 a 6 dias, e sua captação no
leite materno via mucosa intestinal neonatal com excreção subsequente de
suas formas maternas intactas na urina foram bem demonstrados em estudos
prévios. 7, 20-22
Espera-se que essa absorção excepcional da mucosa ocorra somente em
recém-nascidos pré-termo, especialmente antes do "fechamento do
intestino“ (“gut closure”), e os resultados do estudo confirmam esta hipótese.
23,24
Discussão


Por outro lado, além da absorção pelas mucosas, o resultado do
aumento contínuo de sIgA urinária na 2ª semana de idade pode
indicar que a estimulação da orofaringe pelo colostro aumenta a
produção endógena e/ou excreção de sIgA.
Curiosamente, a excreção urinária de IL-1β foi significativamente
reduzida com a administração orofaríngea de colostro (Fig 3).
Discussão
As citocinas tem meiasvidas curtas de
algumas horas e são
conhecidas por
estarem envolvidas na
imunidade da mucosa,
principalmente por
ligação a receptores
celulares. 2
Uma vez que a
absorção passiva de
citocinas pelas
barreiras mucosas
durante o período
neonatal não tem sido
elucidado, os níveis
urinários de citocinas
podem refletir a
produção endógena
pelos sistemas imunes.
Contrariamente à evidência
que sugere que a produção
de várias citocinas pelas
células T neonatais são
ligeiramente (fator de
necrose tumoral-a)25 ou
marcadamente reduzidas (IL4, IL-6, IL-8, IL-10 e
interferon-ɣ)26-29 , a IL-1b é
conhecida por ser
superproduzida em recémnascidos prematuros e por
estar envolvida na
inflamação sistêmica
intestinal excessiva. 30
Discussão



Tem-se observado que a IL-1β inicia cascatas inflamatórias e
aumenta a expressão de uma poderosa quimiocina, IL-8, em células
intestinais imaturas.30-32
A este respeito, os dados do presente estudo sugerem a hipótese de
que a administração orofaríngea de colostro regula negativamente
a produção e/ou excreção de IL-1β, que por sua vez diminui a
produção de IL-8.
A diminuição significativa dos níveis salivares de TGF- β1 e IL-8 no
grupo colostro poderia ser interpretado de um modo semelhante (Fig
4).
Discussão
TGF-β1 é a isoforma
predominante de TGF-β
produzidos por células do
sistema imunológico dentro
da lâmina própria da
mucosa, e a secreção salivar
de TGF-β1 é conhecida por
desempenhar um papel
chave na ativação
desordenada da inflamação
da mucosa.33-35
As evidências sugerem
que os fatores do leite
humano suprimem a
indução da expressão
de IL-8, em células
epiteliais da mucosa
cultivadas; esta
supressão é mais
pronunciada em células
imaturas.37
IL-8, um importante fator
quimiotáctico de
neutrófilos, é um
conhecido iniciador de
respostas inflamatórias
intestinais excessivas em
pré-termos com
enterocolite necrosante.
2, 30, 31, 36
Aumentos abruptos em
sIgA salivares e
concentrações de EGF no
grupo colostro na
semana 1 foram
potencialmente
influenciados pelo
colostro administrado via
oral (Fig 4).
Discussão



Uma vez que o protocolo foi realizado durante 3 dias, a partir do segundo
ao quarto dia de vida, uma grande quantidade de sIgA e EGF incluídos no
colostro poderia permanecer na cavidade oral e pode ser
subsequentemente colhido com a saliva em 1 semana.
Os resultados do estudo demonstram uma redução significativa na
incidência de sepse clínica, mas não comprovada no grupo colostro (Tabela
2).
Uma vez que nós limitamos a sepse comprovada ao crescimento bacteriano
em qualquer cultura de sangue, infecções virais ou outras respostas
inflamatórias sistêmicas impediram um diagnóstico de sepse comprovada.
Discussão

No entanto, os resultados de vários estudos dizem que as moléculas
imunomoduladoras abundantes no colostro parecem ter a
capacidade de diminuir a infecção causada por bactérias, vírus, e
possivelmente fungos, sem a utilização de mecanismos inflamatórios.
32, 36, 38, 39

Se o principal efeito imunológico do colostro é suprimir a resposta
inflamatória sistêmica e da mucosa, a redução significativa de
sepse clínica por colostro pode refletir a sua capacidade de
regular negativamente respostas inflamatórias imaturas,
excessivamente exageradas para uma variedade de estímulos em
recém-nascidos.
Discussão


Neste sentido, a administração orofaríngea de colostro pode ser
benéfica na prevenção de enterocolite necrosante ou pneumonia
associada à ventilação.
No entanto, o número de prematuros no estudo foi pequeno para
tirar qualquer conclusão sobre diminuição do risco de enterocolite
necrosante ou pneumonia associada à ventilação.
Discussão
O estudo teve várias outras limitações.
Houve uma alta
incidência de
sepse clínica e
comprovada.
A incidência de
enterocolite
necrosante
também foi
relativamente
elevada,
apesar do uso
de probiótico.
Além disso, as
taxas de
aleitamento
pós-natal
durante duas
semanas foram
tão baixas
quanto ~ 35%.
No entanto, não
houve diferença no
padrão de
alimentação ou de
outros fatores que
poderiam afetar a
resposta imunitária,
incluindo
corioamnionite,
transfusão, e a
utilização de
esteróides pósnatais,
bloqueadores H2, e
probióticos, entre os
dois grupos.
Discussão - Conclusão



Embora este pequeno estudo não possa realizar uma declaração conclusiva
sobre o benefício clínico do colostro, ele fornece evidências sugerindo que a
administração orofaríngea de colostro durante os primeiros dias de vida
pode, potencialmente, melhorar a função imunológica nos recém-nascidos
prematuros mais doentes.
Além disso, os resultados sugerem a possível utilidade do colostro como um
agente orofaríngeo de impulso para evitar sepse e inflamação excessiva da
mucosa na população de prematuros.
Estudos em maior escala são necessários para comprovar estes efeitos.


O que este estudo adiciona
A administração orofaríngea de colostro durante os primeiros
dias de vida aumentou a secreção urinária de imunoglobulina
A e de lactoferrina, diminuiu a
interleucina-1β urinária, reduziu o fator de crescimento β1
transformante salivar e interleucina-8
reduziu a ocorrência de sepse clínica em prematuros extremos.
Portanto...

O colostro contém quantidades aumentadas de imunoglobulina do tipo A secretória (sIgA), fatores de
crescimento, lactoferrina, citocinas anti-inflamatórias, citocinas pró-inflamatórias e outros componentes de
proteção em comparação ao leite maduro e são mais concentrados no colostro de mães de recémnascidos pré-termo. A administração por via orofaríngea de colostro (também chamada terapia imune
oral) tem sido defendida para os prematuros. Até onde se sabe, esse é o 1º estudo duplo-cego,
randomizado, controlado por placebo com o objetivo de fornecer evidências clínicas e imunológicas em
relação às vantagens da administração orofaríngea de colostro em prematuros extremos. Os autores
relataram 1)aumento significativo da excreção urinária de sIgA e lactoferrina (este resultado pode ser
interpretado principalmente como a excreção após a sua passagem através da circulação sistêmica
depois de ser absorvida pela mucosa oral ou gastrintestinal) 2) redução significativa da excreção
urinária de interleucina i-β (esta interleucina inicia cascatas inflamatórias e aumenta a expressão de
uma poderosa quimiocina, IL-8, em células intestinais imaturas) 3) diminuição significativa da TGF- β1
(desempenha papel chave na ativação desordenada da inflamação da mucosa). Houve diminuição
significativa da sepse clínica e há um potencial para diminuição da enterocolite necrosante (não
evidenciado no estudo devido ao pequeno número de pacientes). Este estudo sugere a utilidade do
colostro como um agente orofaríngeo de impulso para evitar sepse e inflamação excessiva da mucosa na
população de prematuros.
Paulo R. Margotto
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto.
Consultem também Aqui e Agora!
Estudo piloto para determinar a segurança e viabilidade da administração na
orofaringe de colostro da própria mãe a recém-nascidos de extremo baixo peso
Autor(es): Nancy A. Rodriguez, Paula P. Meier, Maureen W. Groeret et al. Apresentação:
Bárbara Lalinka de Bilbao Basilio
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
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Este estudo é o primeiro a investigar a segurança e a
viabilidade da administração de colostro da própria mãe
no orofaringe de recém-nascidos de extremo baixo peso
na UTI.
A utilização do colostro da mãe desta maneira exige uma
mudança de pensamento, possibilitando ver o colostro
como uma potencial imunoterapia e não simplesmente
como uma alimentação.
Os resultados deste estudo piloto mostrou que a administração de
colostro da própria mãe no orofaringe orofaríngea é fácil, barato e
bem tolerado pelos recém-nascidos doentes de extremo baixo peso.
Colostro como terapia imune oral para promoção da saúde
neonatal
Autor(es): Sheila M. Gephart ; Michelle Weller. Apresentação: Juliana
Ferreira Gonçalves, Fabiana Márcia de Alcântara Altivo
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Se houver absorção dos fatores imunológicos pela cavidade oral há a
diferenciação da mucosa do intestino levando a formação de uma barreira
imunológica na mucosa intestinal;
Quando dado na orofaringe, as citocinas do colostro da própria mãe, interagem com as
células linfóides em tecido linfóide na boca
A lactoferrina é uma proteína importante presente em altas concentrações
no colostro; esses níveis são ainda maiores em mães de prematuros;
A lactoferrina trata-se de prebiótico com funções antimicrobianas, antiinflamatórias, imunomoduladoras que se liga ao ferro impedindo seu
consumo por organismos patógenos.
A administração de colostro por via orofaríngea, não é dada como
alimentação enteral e sim em pequenos volumes os quais a criança não
precisa engolir
Colostroterapia-Protocolo
Autor(es): Fabiana Márcia de Alcântara Altivo, Ludmila Beleza, Paulo R.
Margotto e Equipe Neonatal do HRAS/HMIB/SES/DF
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MATERIAL/EQUIPAMENTO NECESSÁRIO- 01 seringa de
1ml- 01 par de luvas de procedimento- Copo de 50 ml
contendo leite retirado pela mãe imediatamente antes do
procedimento
QUANDO REALIZAR- A partir de 48hs de vida até 07
dias de nascimento.- Realizar o procedimento de 03 em 03
horas, conforme rotina de administração das dietas (9h,
12h, 15h, 18h, 21h, 24h, 03h, 06h).- A colostroterapia deve
ser realizada mesmo se o paciente estiver em dieta zero.
Aspirar 0,2ml de leite do copinho entregue pela mãe.
Administrar 0,1ml (02 gotas) de leite na face interna de
cada bochecha do RN.
MENSAGEM
LEITE DA PRÓPRIA MÃE CRU
PARA O SEU PRÉ-TERMO NA
UTI NEONATAL
(um trabalho diuturno
de toda a Equipe!Começa ao nascer!)
OBRIGADO!
Ddos Paulo Pinto, Yasmine, Nathalia, Luciana,(Dr. Paulo R. Margotto), Alice e Fernanda
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administração orofaríngea de colostro em