Revista dos Transportes Públicos - ANTP - Ano 31 - 2009 - 2º quadrimestre
EDITORIAL
O que podemos esperar do
17º Congresso Brasileiro de
Transporte e Trânsito – 2009
AN P
O 17º Congresso será uma boa hora para se afirmar a importância do
setor para a redução do impacto da crise na economia brasileira, trazendo a público as suas realizações e reivindicações. Em primeiro
lugar, a retomada do investimento na expansão das redes de transporte público nas cidades brasileiras é condição básica para mudar a
matriz da mobilidade, visando à redução da dependência do petróleo
e dos seus efeitos perversos, em poluição e consumo de energia, provocados pelo uso intensivo do automóvel e da motocicleta.
Valeska Peres Pinto
Coordenadora técnica da ANTP
A comunidade do transporte público e do trânsito tem um encontro
marcado a cada dois anos no congresso brasileiro organizado pela
ANTP. Nos próximos dias 28 de setembro a 2 de outubro de 2009, este
encontro será renovado. Balanços serão feitos, projeções serão apontadas e, ao final do evento, sairemos com novas tarefas para o futuro.
Quais são as expectativas em relação ao 17° Congresso que se aproxima? Considerando que cada congresso começa a ser organizado
no final do anterior, tínhamos, ao final de 2007, um cenário otimista
expresso no lema adotado nas primeiras convocações – “Mobilidade
urbana em momento de crescimento econômico”.
Porém, no final de 2008 o mundo foi impactado pela “crise econômica e financeira mundial”. Manifestações de apreensão e preocupação
com relação aos seus desdobramentos a partir do mês de outubro
contaminaram os debates. A crise econômica atingiu o Brasil num
momento de retomada do crescimento econômico, em particular
após 2004, e diversos segmentos da economia puxaram o freio.
Nos meses seguintes, verificou-se que o Brasil, diferentemente das
crises internacionais anteriores, revelou melhores condições para
enfrentá-la. Mas, à semelhança de outras crises internacionais, o Brasil também descobriu um campo de oportunidades de desenvolvimento que poderá ser aproveitado, de modo a sair-se melhor da crise.
Em maio, a coordenação do congresso ajustou sua avaliação da conjuntura e reorientou o conteúdo da sua convocação, chamando a
todos para se manifestarem em torno do enfrentamento da crise,
apontando o potencial de setor para “oferecer respostas para a crise
econômica atual”.
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A ampliação do investimento em infraestrutura das redes de transporte público - viário segregado, equipamentos, sinalização - assim como
em tecnologia para sua gestão inteligente – integração entre a operação das redes de transporte público e a gestão do trânsito, instalação
de centrais inteligentes de controle e monitoramento dos espaços de
circulação de pedestres e veículos – são ações geradoras de empregos, além de propiciar as condições para o deslocamento diário dos
trabalhadores dos demais setores da economia.
Estas ações implicarão a manutenção e mesmo a ampliação dos
níveis de demanda de produção da indústria de insumos e equipamentos, com respectiva preservação do nível de emprego no setor.
Ademais, a desoneração tributária na cadeia de produção dos serviços de transporte poderá contribuir para a redução dos níveis atuais
das tarifas cobradas, mantendo o poder de compra da grande maioria da população brasileira.
Além disso, o Brasil precisa se preparar para sediar a Copa do Mundo
de 2014 e isto não apenas no tocante à implantação de instalações
esportivas. A realização deste evento desafia nossa capacidade de
receber bem os turistas e torcedores em 2014 e, passado o evento,
deixar uma herança permanente de melhoria das condições de mobilidade urbana nas cidades-sede dos jogos.
É com uma pauta que envolve a discussão da mobilidade urbana considerando a sustentabilidade econômica, social e ambiental das cidades brasileiras que o 17º Congresso espera a presença de todos em
Curitiba. Prefeitos, governadores, parlamentares, secretários de transporte e de trânsito, operadores públicos e privados, industriais, consultores, dirigentes sindicais patronais e de trabalhadores, acadêmicos, lideranças comunitárias estão sendo aguardados para, juntos,
apontar novos rumos para a mobilidade urbana para as cidades brasileiras. Enfim, vamos tratar a crise como uma oportunidade para a
melhoria da mobilidade urbana em nosso país.
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