Projeto de lei de mobilidade urbana propõe soluções para o caos no trânsito. Por Maiara Andrade * O trânsito é um dos principais problemas na organização das cidades. O fluxo diário de carros é enorme se comparado ao número de pessoas espalhadas pelas ruas. É comum vermos apenas uma pessoa em um automóvel, enquanto 10 se engalfinham por um metro quadrado em um ônibus ou metrô. Percebe-se assim, que não há uma distribuição adequada do espaço, entre o veículo público e privado. Para amenizar esse problema, em 2007 foi proposta pela Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana(Semob) e pelo Ministério das Cidades(Mc), a criação do projeto de lei de mobilidade urbana -PL nº 1687/2007. A base da lei está focada em três eixos: O primeiro é priorizar o transporte público em detrimento do privado e o não motorizado em vez do motorizado. O segundo eixo é o planejamento urbano das cidades com o sistema de transporte, de modo que o trânsito possa evoluir ordenadamente e de acordo com a cidade. O terceiro eixo e principal, tem como objetivo incentivar o uso racional do automóvel. A lei ainda não foi aprovada, mas já se mostra como uma possibilidade de reorganização do trânsito das capitais brasileiras. A população está cansada de se espremer no ônibus e perder horas para se deslocar na cidade. Porto Alegre e o trânsito A capital gaúcha ainda não chegou ao caos. O trânsito flui razoavelmente bem se comparada a São Paulo, por exemplo, com exceção dos horários de pico e algumas avenidas. O último levantamento sobre o número da frota de veículos em circulação na cidade de Porto Alegre, feito pelo DETRAN-RS em dezembro de 2007, aponta um crescimento de 15% no número de veículos da capital em relação a 2003. Antes eram 514 mil veículos registrados, em 2007 passou para 591 mil. O engenheiro Paulo Resende, pesquisador da fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, faz uma avaliação do trânsito de quatro capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo horizonte e Porto Alegre. Em entrevista ao Fantástico(programa exibido aos domingos pela rede Globo de televisão) ele fez previsões para essas cidades. “Em cinco anos, São Paulo paralisa, trava. O Rio de Janeiro, se continuar desse jeito, terá pontos completamente trancados em dez anos. Belo Horizonte e Porto Alegre podem demorar de 10 a 15 anos, mas também insisto que caminham na direção do travamento", afirmou Paulo Resende. Porto Alegre, em relação a outras capitais brasileiras, tem a vantagem de ser uma cidade espalhada, o que facilita a execução de projetos de reorganização urbana. Existem algumas alternativas para evitar que essas previsões se tornem realidade: • Obras de ampliação de capacidade • Transporte público/ metrô • Ciclovias • Sinaleiras Inteligentes Em Porto Alegre, três projetos estão em andamento: a expansão do metrô, realizado pelo governo federal, os corredores metropolitanos, do governo estadual, e os Portais da cidade, da prefeitura. A expansão do metrô, a princípio, vai priorizar uma linha de 3,2km, unindo o centro da cidade às avenidas Ipiranga-Bento Gonçalves, passando pelos bairros Praia de Belas e Azenha. O projeto dos corredores metropolitanos pretende ampliar e fazer melhorias em 200km de vias exclusivas do transporte coletivo em Porto Alegre. Já os Portais da Cidade é um novo sistema de circulação e transportes para o centro. Serão implantados três grandes portais de integração que receberão os ônibus procedentes dos bairros, fazendo o transbordo para uma linha exclusiva que circulará entre os portais e 18 terminais. Porto Alegre também faz parte da Cities or Mobility, uma rede mundial para mobilidade urbana, que abrange cidades do mundo todo. Ao todo são 411 membros de 60 países do mundo. Essa rede desenvolve diversos projetos de mobilidade urbana de acordo com a necessidade de cada cidade. A prefeitura de Porto Alegre, junto com a EPTC, são os responsáveis pela Coordenação Regional- Países Lusófonos. * estagiária de Jornalismo.