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PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE FISSURAS
Perguntas respondidas pelo Dr. Diógenes L. Rocha, cirurgião
plástico, professor da Universidade de São Paulo e voluntário da
Operação Sorriso.
1-O que é lábio leporino?
Lábio leporino é uma fenda, abertura, no lábio superior. Há vários graus de
comprometimento do lábio desde uma espécie de cicatriz nos casos mais simples,
uma abertura parcial, ou total de toda espessura do lábio. Pode ser ainda de um
lado só ou dos dois lados. Sempre acompanha uma deformidade da asa nasal de
maior ou menor intensidade.
2-O que é fenda palatina?
Fissura palatina é uma fenda, abertura, no palato (céu da boca). Pode ser somente
uma separação da úvula (campainha), uma fenda que separe o palato mole ou que
atinja também o palato duro. Esta abertura comunica a boca com o nariz (o andar
de baixo com o andar de cima normalmente separados pelo “teto”, isto é palato e
possibilita a passagem de saliva, leite e alimentos da boca para o nariz. Portanto é
normal nas fissuras palatinas a passagem (refluxo, retorno) do leite para o nariz
sem que isto cause maiores problemas para a criança pois para ela isto é o normal,
é assim que ela foi gerada e está acostumada.
3-Que dificuldades têm uma pessoa que nasce com fissura no lábio e no
palato ?
As pessoas que nascem com fissura lábio palatina são seres normais, como todos
nós, com uma pequena diferença que é a fenda (abertura) no lábio e no palato.
Uma vez corrigidas as fendas do lábio e palato a vida é normal. Há uma pequena
dificuldade inicial para o aleitamento, para a fala, para o posicionamento dos
dentes, mas tudo isto tem tratamento no seu devido tempo permitindo perfeita
integração na sociedade.
4-Com quanto tempo depois de nascido posso operar meu filho?
Não há nenhuma urgência ou justificativa científica para a cirurgia ser realizada nas
primeiras horas de vida, na Maternidade. A cirurgia somente deve ser realizada
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com boas condições clínicas da criança, com exames e peso adequados e de acordo
com a avaliação do Cirurgião Plástico.
Os protocolos cirúrgicos dos melhores centros mundiais aconselham que a cirurgia
do lábio seja feita entre os 3 a 6 meses, preferencialmente com intervenção na
deformidade do nariz, e a cirurgia do palato antes dos 2 anos de idade (+- com 1
ano e meio).
5-Ele vai conseguir mamar no peito? Como faço para amamentar se o céu
da boca é aberto?
Se a fissura é só do lábio ele DEVE mamar no peito normalmente. Pode haver
alguma pequena dificuldade inicial mas é perfeitamente possível e recomendável.
Se a fissura compromete o palato é um pouco mais difícil porém não impossível. A
criança deve ser colocada no peito numa posição mais vertical (semi-sentada) e
ajudada pela mãe fazendo manobras para ordenha para facilitar a saída do leite e
tentando tampar a fenda labial com o peito para que a criança consiga alguma
pressão.
O leite materno é o alimento mais importante para a criança, portanto o
aleitamento materno deve sempre ser tentado. Sabe-se que a produção do leite
depende muito do estímulo de sucção da criança no peito da mãe. Desta forma
após o nascimento e assim que possível, a criança deve sempre ser levada ao peito
mãe para estimular a produção do leite.
Caso não consiga mamar, ou não esteja mamando o suficiente (por cansaço) o leite
deve ser retirado com bomba e administrado por mamadeira, seringa ou contagotas. Atenção: depois de algum tempo a criança passa a preferir a mamadeira ao
peito materno porque é mais fácil: deve-se insistir no peito materno.
6-Que tipo de bico deve ser usado?
No caso de necessidade de usar mamadeira o melhor bico é aquele que a criança
melhor mame. Geralmente no início o bico da famosa chuquinha é muito bem
aceito pelos bebes. Pode-se usar inicialmente (quando o bebe é muito pequeno e
com pouco peso) um conta-gotas que logo que possível deve ser substituído pelo
peito materno ou outro bico. Outros bicos especiais (chamados ortodônticos) para
fenda labial ou fenda palatina podem também ser usados.
7-Deve-se usar sondas para alimentar?
Como regra geral NÃO. A sonda passada pelo nariz ou pela boca indo ao estomago
para administrar a alimentação só deve ser utilizada em alguns casos nas primeiras
horas após o nascimento, ou em bebes prematuros que não tem o desenvolvimento
adequado para se alimentar sozinho.
-Assim que o bebe demonstre, pela avaliação clínica, que tem capacidade e força
para sucção, a sonda deve ser retirada. (nesta fase tem grande importância as
orientações do fonoaudiólogo e da enfermagem do berçário avaliando a capacidade
de amamentação) e estimulando a sucção no peito materno ou mamadeira.
Nos casos em que a sonda é deixada por muito tempo (desde que não haja
indicações clínicas de maior gravidade) o bebe não aprende, não desenvolve, o
mecanismo de sucção ficando difícil depois adaptá-lo para mamar, sem esquecer
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que a permanência por muito tempo de sonda no estomago favorece o refluxo de
conteúdo gástrico, que é prejudicial.
8-Como saber se o bebê está se alimentando bem?
O indicador se o bebê está se alimentando bem é o ganho de peso. Isto deve ser
controlado pelo pediatra com mais frequência que nas crianças sem fissura
palatina.
Normalmente no início todo bebe tem uma perda do peso de nascimento que em
geral é em torno de 10%. Depois ele tem que começar a ganhar peso.
O intervalo entre as mamadas deve ser menor que os não fissurados, pois o bebe
fissurado ingere mais ar durante as mamadas (que ocupa o espaço do leite
distendendo o estomago e enviando o sinal que está satisfeito) e ele vai ter fome e
chorar mais precocemente. O volume de leite ingerido em 24hs. pelo bebe deve ser
igual ao de uma criança sem fenda palatina.
Nos bebês com fenda palatina o controle de peso pelos pais deve ser semanal para
verificar a evolução do ganho de peso e detectar alguma falha no ganho de peso
mais precocemente e comunicado ao pediatra para poder atuar.
9-O lábio dele está ressecando, é normal?
Sim, pelo fato de permanecer aberto, o lábio resseca e pode formar uma espécie de
“pelinha” na parte vermelha do lábio (chamada vermelhão). Deve-se passar um
pedaço de algodão com água e aos poucos ir hidratando e removendo esta
“pelinha”. A hidratação pode ser mantida com alguma pomada ou creme hidratante
ou manteiga de cacau.
10-Quantas cirurgias preciso fazer para resolver o problema?
Depende do tipo de fissura e do protocolo de tratamento do cirurgião ou do Centro
de tratamento. Em linhas gerais:
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-fissura só do lábio unilateral: uma.
-fissura só do lábio bilateral: uma ou duas.
-se tiverem fissura ampla na gengiva: mais uma (enxerto ósseo).
-fissura só do palato: uma (às vezes duas se a fissura for larga).
-fissura unilateral completa: três.
-fissura bilateral completa: cinco.
-fissuras do palato ficando com a voz fanhosa: mais uma.
-Após a adolescência se necessário: cirurgia óssea da face (ortognática) e cirurgia
do nariz.
11-Quanto custa uma cirurgia?
O preço da cirurgia não é tabelado: depende do tipo e dificuldade da cirurgia, da
qualificação do cirurgião, da equipe e dos custos hospitalares. Deve-se salientar
que os trabalhos científicos comprovam que os melhores resultados (principalmente
tardios) são obtidos por cirurgiões experientes e que fazem com frequência
cirurgias de fissurados: isto é o mais importante. As cirurgias podem ser feitas pelo
SUS, em hospitais universitários ou convênio médico que o paciente tiver (neste
caso se o parto foi pelo convênio médico nunca esquecer de incluir a criança no
primeiro mês de vida para se feito tardiamente, não caracterizar caso de doença
pré-existente).
12-Preciso fazer também cirurgia plástica no nariz?
Sim. Normalmente correções do nariz são feitas durante as etapas de tratamento
iniciais porém, o nariz se desenvolve com maior intensidade na adolescência
quando poderão aparecer alterações que necessitem correções.
13-Quais os médicos que preciso visitar e em que essas especialidades
podem me ajudar?
Hoje em dia com a possibilidade de se fazer a maioria dos diagnósticos pelo
ultrassom durante a gestação é possível já estar preparado para o parto da criança
fissurada.
No nascimento é muito importante o pediatra neonatologista receber o bebê para
os primeiros e fundamentais cuidados iniciais. O fonoaudiólogo ou enfermagem
treinada são importantes para adequar os cuidados iniciais da amamentação. O
cirurgião plástico irá avaliar o caso dar as orientações necessárias à equipe do
berçário e conversar com os pais ansiosos para saber o que deve ser feito e como
deve ser tratado. Neste momento, o principal objetivo do tratamento é a
alimentação do bebê.
Saindo da maternidade, além do pediatra, os principais profissionais que deverão
acompanhar o bebê são o cirurgião plástico, o fonoaudiólogo e o ortodontista. O
ideal é que o cirurgião plástico trabalhe em equipe com estes profissionais, pois
cirurgião plástico e ortodontista irão acompanhar o tratamento e desenvolvimento
deste bebê até a idade adulta e o fonoaudiólogo até a idade em que esteja falando
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normalmente. Os outros profissionais serão convocados na medida das
necessidades.
14-Que tipo de preconceito uma pessoa fissurada costuma enfrentar?
Geralmente quando bem operada e bem amparada pela família quase nenhum.
Quando o resultado não é o satisfatório (mas possível de correção) geralmente
chama atenção a cicatriz ou defeito no lábio, o defeito no nariz e a voz fanhosa ou
fala alterada.
15-Temos muitos centros de fissurados no Brasil?
Sim, mas não o necessário em virtude do número de fissurados, da extensão do
país e consequentes dificuldades de locomoção e de acesso aos locais para
tratamento e das condições sócio econômicas da maioria população. Infelizmente.
16-Onde posso procurar ajuda para o meu filho?
Como o tratamento não se restringe ao fechamento cirúrgico da fenda,
demandando acompanhamento longo e constante de cirurgião plástico,
fonoaudiólogo, ortodontista e demais profissionais aconselha-se que o tratamento
seja feito na cidade ou na região em que o paciente more. Caso haja a possibilidade
de deslocamentos constantes deve-se procurar profissionais experientes ou Centros
de tratamento.
Você pode consultar a listagem dos Centros aqui. (inserir link)
17-Quais as causas das fissuras?
As fissuras ocorrem durante o período de formação da face do feto, mais ou menos
entre a 4ª. e a 10ª. semanas de gestação (feto com 3 a 30 milímetros) quando os
elementos formadores do lábio e palato se unem formando a face. Alterações neste
processo de formação determina a não união adequada e o aparecimento das
fissuras. Como causas destas alterações admite-se que vários fatores podem
contribuir para o aparecimento das fissuras daí considerar-se que seja de causas
multifatoriais em que há o componente genético e os componentes ambientais com
maior importância.
18-Eu nasci com fissura. Meus filhos vão nascer com fissura também?
Não necessariamente. A causa do nascimento de fissurados não está totalmente
estabelecida (e talvez seja muito difícil chegar a esta conclusão). O aparecimento
das fissuras é considerado decorrente de múltiplos fatores: ambientais e genéticos.
Sob o ponto de vista genético está demonstrada uma alteração de um gene, dentre
os milhares que nós temos, que pode se manifestar ocasionalmente e sem
previsibilidade. Não é da forma que a população em geral entende como
transmissão genética, isto é, pais de cabelos pretos geram filhos de cabelos pretos,
pais de cabelo loiro geram filhos de cabelos loiros, pais de pele branca e pele negra
geram filhos de pele morena, e assim por diante. A transmissibilidade genética das
fissuras não se faz desta forma e é muito pouco provável que um dos pais com
fissura possa gerar um filho também com fissura ou que pais que geraram um filho
com fissura irão gerar o outro também com fissura.
19-Existem doenças que podem fazer com que os filhos nasçam com
fissuras?
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Não se sabe ainda, apesar do desenvolvimento da Medicina, quais são as causas
que efetivamente provocam as fissuras. Observações clínicas e estudos, atualmente
admitem a hipótese que vários fatores podem provocar o nascimento de bebes com
fissuras (causas multifatoriais). Os mais comuns são os chamados fatores
ambientais que envolvem a relação entre mãe e feto durante as primeiras4 a 10ª.
semanas de gestação. Assim pode-se citar: algumas doenças maternas (diabetes,
hipotireoidismo), grandes estresses (terremotos), viroses (gripe, rubéola,
toxoplasmose), deficiências nutricionais (desnutrição, deficiência de ácido fólico),
uso de medicamentos (anticonvulsivantes, altas doses de aspirina, corticosteróides,
vitamina A, imunossupressores), fumo, radiação.
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