CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE SITUAÇÕES ESTRESSORAS
UTILIZADAS POR JOVENS QUE SE DISTANCIAM FISICAMENTE DE SUAS FAMÍLIAS
NUCLEARES PARA CURSAR O ENSINO SUPERIOR EM OUTRA CIDADE
Ciências Humanas/Psicologia
Camila Felipe (acadêmica, UNISUL); Nádia Kienen (Dra., professora, UNISUL)
Programa Unisul de Iniciação Científica - PUIC
Curso de Psicologia
Campus Pedra Branca
INTRODUÇÃO
GRÁFICO 5
Sentimentos presentes diante da distância do pais, segundo as
indicações dos jovens
PROBLEMA DE PESQUISA
Quais as características das estratégias de manejo de situações estressoras utilizadas por
jovens que se distanciam fisicamente de suas famílias nucleares para cursar o ensino
superior em outra cidade?
RESULTADOS
GRÁFICO 2
Frequência de contato dos jovens com os amigos da cidade
atual e da cidade de origem, segundo as indicações dos jovens
100
100
90
90
80
80
70
60
58.8
60
70
49.6
50
57.1
40
50
20
40
29.4
30
10
19.1
20
10
9.5
18.7
13.3
51.4
35.3 33.3
23.8
18.7
5.9
9.5 12.9
0
17.6
11.8
35.3
33.3
30
41.2
de 4 a 7 x/semana
9.5
de 1 a 3 x/semana
4.8
menos que uma vez por não vejo meus amigos
semana
for da Universidade
0
Todos os dias
De 4 a 6
x/semana
De 1 a 3
x/semana
1° ano
Quinzenalmente
Mensalmente
contato com amigos da cidade de origem - 1° ano
Não realiza
contato
contato com amigos da cidade de origem - 2° ano
contato com amigo fora do contexto da Universidade - 1° ano
2° ano
GRÁFICO 4
Grau de exigência dos pais em relação a administração
financeira, segundo as indicações dos jovens
100
100
90
90
80
80
70
70
60
60
50
42.9
50
40
40
28.6
30
23.5
11.8
11.8
4.8
10
4.8
17.6
regular
1° ano
boa
2° ano
muito boa
14.3
9.5
0
nenhuma exigência
ruim
29.4
5.9
0
muito ruim
29.4
23.5
20
19.1
9.5
33.3
30
17.6
20
10
29.4
33.3
Não respondeu
70
60
50
40
30
20 11.3
8
10
21.324
22
16.3
2.5
1° ano
6.3 8
5.0 6
4
2.5
1.3
0
18
11.3
7.5
4
5.0
6.3
2
3.8 4
baixo nivel de
exigência
médio nível de
exigência
1° ano
2° ano
alto nível de
exigência
27.8
19.3
7.4
25.9
21.1
1.8
7.4 10.5
3.5
1.8
1.9 1.8
5.6
3.5
9.3 7.0
14.817.5
2° ano
1° ano
GRÁFICO 7
Tipos de estratégias de manejo de situações relativas à
distância dos pais, segundo as indicações dos jovens
2° ano
GRÁFICO 8
Tipos de estratégias de manejo de situações relativas às
exigências acadêmicas, segundo as indicações dos jovens
100
100
90
90
80
80
70
70
60
60
50
50
40
12.3
38.1
40
34.9
32.1
30
22.6
21.4
19.0
20
33.0
36.6
34.1
30
26.2
20
8.7
10
5.6
10
43.7
12.2
14.6
17.1
0
0
enfrentamento da
emoção
enfrentamento do
problema
1° ano
evitaçãoda emoção
enfrentamento da
emoção
evitação do problema
58.8
33.3
23.5
17.6
piorou muito
piorou
9.5
permanece
igual
1° ano
melhorou
evitação do problema
2° ano
GRÁFICO 10
Mudanças percebidas relativas à saúde geral, segundo as
indicações dos jovens
%
52.4
4.8
evitação da emoção
1° ano
2° ano
GRÁFICO 9
Mudanças percebidas relativas à habilidade de lidar com
problemas, segundo as indicações dos jovens
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
enfrentamento do
problema
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
58.8
38.1
28.6
17.6
9.5
4.8
piorou muito
melhorou muito
19.0 17.6
piorou
permanece
igual
1° ano
2° ano
melhorou
5.9
melhorou
muito
2° ano
GRÁFICO 11
Frequência com que os jovens pesquisados indicam pensar
em voltar para casa dos pais
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
85.7
82.4
17.6
14.3
menos que uma vez por
semana
não penso em voltar para
casa
2° ano
Ao observar os dados presentes nos gráficos, é possível identificar que os principais
estressores percebidos, especificamente entre os jovens que estão no 1°ano são relativas
à distância dos pais e do 2° ano à administração do tempo. Administração financeira são
as principais exigências parentais percebidas. Saudade e responsabilidade foram os
sentimentos indicados em relação à distância da família e ansiedade, responsabilidade e
pressão em relação às exigências acadêmicas. As estratégias de manejo utilizadas diante
da distância dos pais foram de enfrentamento do problema, das emoções (entre os jovens
que estão no 1° ano) e de evitação do problema (entre os que estão no 2° ano). Quanto
às exigências acadêmicas, as estratégias de manejo indicadas foram de enfrentamento do
problema e das emoções. Dentre as mudanças, a habilidade de lidar com problemas foi a
que mais foi considerada positiva e a qualidade da saúde geral foi a considerada mais
negativa. Aproximadamente 85% dos jovens indicam que ainda pensam em voltar para a
casa dos pais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível concluir que os jovens que se distanciaram de suas famílias para cursar uma
graduação necessitam lidar com as situações estressoras a partir do repertório
comportamental que desenvolveram até então, por isso o suporte social se configura como
importante apoio aos jovens. Diante de tais situações, sentimentos como tristeza, saudade,
ansiedade e pressão podem indicar possíveis complicações na saúde desses jovens Em
relação às estratégias de manejo utilizadas, é possível verificar que existem estratégias que
aumentam a probabilidade de serem eficazes (como as de enfrentamento) e outras que a
diminuem (como as de evitação). As mudanças percebidas parecem refletir que nem todas
as estratégias de manejo utilizadas são efetivas no controle do estresse. É importante
considerar que os acadêmicos da área da saúde irão se deparar com situações estressoras
ao exercerem suas profissões. Assim, maximizar as aprendizagens dos jovens em relação
a estratégias de manejo de situações estressoras e minimizar os impactos do estresse
poderá propiciar aumento do bem-estar dos jovens e diminui a probabilidade que
abandonem o curso.
REFERÊNCIAS
contato com amigo fora do contexto da Universidade - 2° ano
GRÁFICO 3
Grau de qualidade da organização do tempo para os estudos,
segundo as indicações dos jovens
80
1° ano
Participaram da pesquisa 38 alunos entre 1ª e 4ª fases dos cursos da área da saúde
(Naturologia Aplicada, Medicina, Psicologia, Nutrição, Educação Física, Fisioterapia e
Enfermagem) de uma Universidade da Grande Florianópolis. Inicialmente, realizou-se
contato com os alunos em sala de aula, a fim de identificar quais deles moravam a uma
distância mínima de 300 km da família nuclear. Após a identificação desses alunos, houve
contato por e-mail para marcar data, horário e local da aplicação dos questionários. Os
questionários compreendiam 61 perguntas relativas às características dos jovens que
mudam de cidade para cursar o ensino superior; tipos de situações estressoras percebidas;
tipos de sentimentos relacionados às situações estressoras; tipos de estratégias de manejo
de situações estressoras utilizadas e tipos de mudanças percebidas depois da mudança de
cidade. Os dados coletados foram tabulados de acordo com o número de ocorrências de
respostas e organizados de maneira a comparar os dados referentes às variáveis relativas
aos alunos do primeiro ano (respostas dos jovens que estão na 1ª e 2ª fases) e do segundo
ano (respostas dos jovens de 3ª e 4ª fases). Os valores absolutos referentes a ocorrências
de resposta foram convertidos para valores percentuais e representados por meio de
gráficos.
GRÁFICO 1
Frequência de contato dos jovens com os pais, segundo as
indicações dos jovens
90
pelo menos uma vez por
semana
MÉTODO
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
100
%
O que são estratégias de manejo de situações estressoras? Quais são as situações
estressoras que os jovens que se distanciaram de suas famílias nucleares se deparam? Os
indivíduos utilizam estratégias de manejo de situações estressoras com objetivo de reduzir,
minimizar, controlar ou tolerar situações avaliadas como estressoras, (que envolvem dano,
ameaça ou desafio) e assim adaptarem-se a elas (FORLKMAN et al. , 1986). O objetivo da
pesquisa foi investigar os tipos de situações estressoras percebidas pelos jovens
universitários que se distanciaram de suas famílias nucleares para cursar o ensino superior,
as estratégias utilizadas para manejar tais situações estressoras e os tipos de mudanças
percebidas após a entrada no ensino superior.
O ingresso na universidade é um período crítico na vida dos jovens, em decorrência
especialmente das exigências acadêmicas (TEIXEIRA et al., 2003, LEAL e COSTA, 2006).
Além disso, a saída da casa dos pais parece também configurar situação potencialmente
estressora com a qual os que se distanciam de suas famílias nucleares se deparam, pois
eles necessitam aprender a fazer coisas que não precisavam fazer enquanto estavam perto
da família (LEAL e COSTA, 2006; TEIXEIRA et al., 2008). Nesse sentido, utilizar estratégias
para manejar situações estressoras parece ser um tipo de relação que o indivíduo
estabelece com o meio. Ou seja, uma relação comportamental, que compreende a relação
entre situação antecedente, ação e situação consequênte (BOTOMÉ, 2001). Isso porque,
frente a situações estressoras (situação antecedente) o indivíduo utiliza estratégias de
manejo de situações estressoras (ação) e objetiva produzir (situação conseqüente) a
redução, minimização, controle ou tolerância dos efeitos da situação estressora.
O fenômeno de manejar situações estressoras relacionadas à saúde física é amplamente
estudado por pesquisadores brasileiros (MIYAZAKI et al. 2005). Já a adaptação de jovens ao
ambiente acadêmico é principalmente estudado por pesquisadores portugueses (LEITÃO e
PAIXÃO, 1999, LEAL e COSTA, 2006). Nesse sentido, parece importante realizar pesquisas
que relacionem situações estressoras com a adaptação ao ambiente acadêmico, ao
distanciamento das famílias nucleares, à adolescência, por exemplo. Além disso, aumentar a
visibilidade em relação aos tipos de situações percebidas como estressoras, os tipos de
estratégias de manejo utilizadas e as mudanças percebidas podem auxiliar no
desenvolvimento de intervenções que facilitem na adaptação dos jovens à nova rotina.
GRÁFICO 6
Sentimentos presentes diante das exigências acadêmicas,
segundo as indicações dos jovens
extrema exigência
BOTOMÉ, S. P. A noção de comportamento. In:. FELTES, H.P.M. e ZULLES, U. (org). Filosofia: diálogo
de horizontes. Caxias do Sul: EDUCS, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
FOLKMAN, S., et al. A. Appraisal, Coping, Health Status, and Psychological Symptoms. Journal of
Personality and Social Psychology. Vol. 50, n° 3, 1986.
LEAL, I. P.; COSTA, E. S. Estratégias de coping em estudantes do Ensino Superior. Revista Análise
Psicológica, Portugal,n. 2, 2006.
LEITÃO, L. M.; PEIXÃO, M. L. Contribuições para um modelo integrado de orientação escolar e
profissional no Ensino Superior. Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, v.4 n°1, Portugal, 1999.
MIYAZAKI, M. O. S., et.al. Tratamento da hepatite C: sintomas psicológicos e estratégias de
enfrentamento. Revista Brasileira de Terapia Cognitiva v.1 n.1 Rio de Janeiro jun. 2005
TEIXEIRA, et. al. 2003; Estratégias de enfrentamento a mudanças de vida em alunos de Psicologia.
Revista de Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, n.11, 2003.
TEIXEIRA, M.; et.al. Adaptação à universidade em jovens calouros. Psicologia Escolar e da Educação,
Campinas, v.12, n.1, jun. 2008.
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