CASO CLÍNICO Maria Raquel Soares Pneumologista IAMSPE – HSPE - SP Pós-graduanda em Doenças Pulmonares Intersticiais – UNIFESP - SP Masculino, 35 anos, não fumante o Estudante de odontologia o 1997 → pneumonia →internação→ radiografia de tórax → doença pulmonar difusa. o 1999 → biópsia pulmonar cirúrgica + retirada de gânglios mediastinais Iniciado tratamento com prednisona (40→ 10 mg/dia) o o Fevereiro de 2005 → dispneia há 2 anos com piora nos últimos meses Masculino, 35 anos, não fumante o Exame físico: SpO2 = 91% (aa) Sem hipocratismo digital Ausculta pulmonar normal Restante: ndn Exame oftalmológico: sem anormalidades. Exames complementares: Dosagem de ECA = 15 U/L; Ca sérico = 9,6 mg/Dl; Ca U 24 horas = 48 mg, TGO, TGP, e fosfatase alcalina normais. Ecocardiograma: hipertensão pulmonar discreta (PSAP~46 mmHg). o o o o o o o o Masculino, 35 anos, não fumante Função pulmonar: Fevereiro de 2005 CVF 2,97 L (59%) VEF1 2,38 L (56%) VEF1/CVF 0,80 DCO 10,7 ml/min/mmHg (28%) SpO2 91% repouso Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Dezembro 2004 Biópsia Pulmonar Cirúrgica Linfonodos Mediastinais e parênquima pulmonar Revisão externa Biópsia Pulmonar cirúrgica: Pneumonia intersticial granulomatosa caracterizada por: Granulomas epitelióides, isolados e coalescentes e mal formados; circundados por infiltrado linfomonuclear moderado Ausência de necrose Distribuição centro-acinar e intersticial Inflamação moderada peribronquiolar com extensão para septos alveolares, sem evidências de fibrose Focos de metaplasia bronquiolar e bronquíoloectasias Linfonodos mediastinais: Linfadenite granulomatosa caracterizada por granulomas: Epitelióides e coaslecentes Não necróticos Focos de esclerose Masculino, 35 anos, não fumante História: Trabalhava como protético há 8 anos Junho de 2005 → piora súbita da dispneia Surgiram estertores em velcro nas bases pulmonares Metilprednisolona 1g/dia por 3 dias, com melhora da dispneia. PSAP estimada se elevou para 77 mmHg. ( Jan 2005 = 46 mmHg) Mantido pulsoterapia com metilprednisolona semanal Oxigenoterapia domiciliar. Masculino, 35 anos, não fumante Fevereiro 2005 Junho 2005 Outubro 2005 CVF 2,97(59%) 2,16(43%) 2,42 (48%) VEF1 2,38(56%) 2,02 (48%) 1,97(48%) VEF1/CVF 0,80 0,94 0,81 DCO 10,7(28%) SpO2 91% repouso 72 → 88% (3 dias pulso) Masculino, 35 anos, não fumante Recomendado afastamento definitivo da atividade de protético Janeiro de 2006 →iniciado metotrexate→ 25 mg/semana Junho de 2006→ formatura em odontologia Final de 2006 → sem melhora funcional e com persistência da dispnéia → iniciado infliximabe →3 mg/kg . Janeiro de 2007 Janeiro de 2007 Janeiro de 2007 Janeiro de 2007 Janeiro de 2007 DEZEMBRO 2004 JANEIRO 2007 Evolução Funcional : Fevereiro 2005 Junho 2005 Outubro 2005 Fevereiro 2006 Dezembro 2006 CVF 2,97(59%) 2,16(43%) 2,42 (48%) 2,67(53%) 2,50 (49%) VEF1 2,38(56%) 2,02 (48%) 1,97(48%) 2,15 (51) 2,03 (48%) VEF1/CVF 0,80 0,94 0,81 0,81 0,82 DCO 10,7(28%) SpO2 91% repouso 9,1 (24%) 72 →88% 85% Evolução Clínica: Apesar de repetidos aconselhamentos, o paciente ainda mantinha trabalho ocasional como protético, dizendo usar máscara protetora. Encaminhado para transplante pulmonar Óbito em julho de 2007 → em fila de espera, por insuficiência respiratória decorrente de pneumotórax complicado. BERILIOSE Berílio Hardy H. Lancet. 1951;258(6680):1357 Eisebund M. Environ Res. 1982; 27(1):79-88 Descoberto: 1798 1930: uso comercial 1933: toxicidade pulmonar 1945: dermatite 1946: epidemia de doença “sarcoidose-like” (fábrica de lâmpadas fluorescentes) Metal leve – utilizado em ligas para aumenta a dureza e a resistência à corrosão e ao choque. Exposição ao berílio Freios e motores de aeronaves Motores de foguetes Eletrônica automotiva: contatos elétricos, rolamento de esferas, engrenagens, velas de ignição, pás de turbina, molas, eletrodos de solda Aplicações em cerâmicas/ próteses dentárias Fabricação de computadores Fabricação de tacos de golfe Fabricação de tubos de raio-x Fabricação de armas nucleares Indústria nuclear Culver DA. Clin Pulm Med 2003; 10:72-79 http://www.emedicine.com/med/topic222.htm Extração de berílio Prevalência e fatores de risco: EXPOSIÇÃO (toxicidade aguda: sais solúveis de berílio>100µg/m3) 1971: 2 µg/m3 média 8hs/ sem 2 a 19% dos expostos GENÉTICA: HLA-DPB1[Glu69] 80 a 97% + SENSIBILIZAÇÃO 40 a 50% dos sensibilizados GRANULOMAS PULMONARES (com ou sem manifestações clínicas) Newman LS. Environ Health Perspect 1996, 104 :937 Kreiss K. Occup Environ Med. 1997; 54:605 Exposição Genética Granuloma Sensibilização dos linfócitos T CD4+ (Hipersensibilidade tardia) Fergusson J. et al. A clinical Guide to Occupational and Environmental Lung Disease 2012. Métodos Específicos de diagnóstico TESTE ESPECÍFICO DE PROLIFERAÇÃO DE LINFÓCITOS (BeLPT) Sangue/LBA TESTE CUTÂNEO ESPECÍFICO ANÁLISE ESPECTROFOTOMÉTRICA E POR FISSÃO NUCLEAR Barna BP. Clin Immunol Diagn Lab 2003; 10:990-994 Diagnóstico EXPOSIÇÃO AO BERÍLIO CLÍNICA RADIOLOGIA PATOLOGIA BERILIOSE SARCOIDOSE Exposição ocupacional ao berílio Sim Não Início Aguda ou insidiosa Aguda ou insidiosa Sintomas respiratórios Tosse e dispneia Tosse e dispneia Eritema nodoso Não Sim Dermatite Sim Não Envolvimento cardíaco Raro Não tão raro Adenopatia hilar bilateral Incomum Comum Função Pulmonar Anormalidades de troca gasosa Anormalidades de troca gasosa Início: DVO DVO, DVM, DVR DVO, DVM, DVR DVR DVR Radiologia Infiltrado difuso (vidro fosco) mais frequente (Vidro fosco, pequenos nódulos, linhas septais e adenopatia) Nódulos mais frequentes e infiltrado mais focal (Pequenos nódulos, linhas septais e adenopatia) BERILIOSE SARCOIDOSE Teste da proliferação linfocitária Positivo para berílio Negativo Granulomas Granuloma não caseoso (mal-formado, circundados por infiltrado linfomonuclear) Granuloma não caseoso Berílio em tecidos Sim Não PPD Negativo Negativo Teste de pele para o berílio Positivo Negativo ECA elevada Incomum Comum Resposta ao tratamento com esteróides sim sim Prognóstico Variável; cor pulmonale e fibrose progressiva em alguns pacientes, mais benigna em outros Bom prognóstico em 80% dos pacientes, pode evoluir para a fase final da fibrose e cor pulmonale Dweik RA. Cleve Clin J Med 2010 Caso 1: 59 anos, tosse e dispneia, rx de tórax com infiltrado intersticial pulmonar. Cintilografia com gálio: + . Atividade de lazer : conserto de rádio – solda de ligas especiais utilizadas em eletrônica. BPCA: granulomas com pouca fibrose. Análise espectrofotométrica por fissão nuclear revelou presença de berílio no tecido pulmonar. Rev Paul Med 1982; 100 (3) 30-3 Caso 2: 34 anos, dispneia progressiva, rx de tórax com opacidade reticulonodular difusa. TCAR: vidro fosco e espessamento septal. Atividade ocupacional: fabricação de rebolos. Cintilografia com gálio: + e BPCA: granulomas com pouca fibrose e algumas céls gigantes contendo corpos conchóides. J. Pneumol 1995; 21 (3) 135-42 Participem!!