XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Balanced Scorecard: uma análise crítica acerca dos questionamentos das perspectivas Fabiano Charlier Ahlert (UNISINOS) [email protected] Resumo O Balanced Scorecard é um modelo de gestão em plena ascenção. Devido a este crescimento que tem apresentado, surgem também inúmeros cursos e obras falando a seu respeito. Não obstante, cada autor escreve com suas palavras e segundo sua própria interpretação. Algumas vezes, a intenção das perspectivas do modelo acabam sendo deturpadas, o que pode acabar abalando as estruturas nas quais se baseia esta metodologia, e com esta distorção, acabar também fazendo com que o modelo caia em descrédito junto a gestores das organizações. O objetivo desta pesquisa é apresentar as interpretações de autores distintos, e confrontá-las com a real intenção descrita por eles mesmos, sugerindo alterações que porventura se façam necessárias. Palavras-chave: Balanced Scorecard, BSC, Perspectivas. 1. Introdução O Balanced Scorecard é um modelo de gestão que se encontra em ascensão atualmente, e até mesmo em virtude disto pode-se perceber o número crescente de publicações e cursos que aparecem todos os meses. Esta metodologia se utiliza normalmente de quatro perspectivas, que serão detalhadas em seguida, e cada uma delas transmite sua intenção através de um questionamento. Visto que foram encontradas sentenças bastante distintas, faz-se necessária análise e correta definição das mesmas. Dadas as diferenças nas formas de interpretação ou expressão dos diferentes autores, partiu-se para uma busca de qual seria a direção mais indicada a seguir, qual a pergunta mais apropriada em cada perspectiva, bem como, qual seria a interpretação mais condizente. Logo, o objetivo deste artigo é discutir e refletir acerca destes questionamentos e procurar designar perguntas adequadas à real intenção das perspectivas. Para tanto, optou-se por realizar uma pesquisa visando descobrir como determinados autores tratam do assunto. Após esta fase de investigação, procurou-se comparar os resultados, criticá-los e sugerir melhorias, se for o caso. A seguir, a contextualização trata de uma breve introdução ao Balanced Scorecard, para depois abordar com um pouco mais de profundidade a questão pertinente a esta pesquisa, sobre as perspectivas. Após, é realizada uma análise crítica sobre o embasamento dos diversos autores. 2. Contextualização O Balanced Scorecard, igualmente conhecido e doravante referenciado também como BSC, é um modelo de gestão que se baseia no uso de indicadores de desempenho e mapas estratégicos que visam direcionar os esforços das organizações em prol do atingimento dos objetivos estratégicos (AHLERT, 2004b). Concebido no início da década de 90, seu objetivo inicial era ser uma metodologia mais avançada de avaliação do que os tradicionais indicadores ENEGEP 2006 ABEPRO 1 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 contábeis, mas acabou evoluindo e se transformando no modelo que tem auxiliado os gestores no que diz respeito à consecução dos objetivos das organizações. “O Balanced Scorecard traduz missão e estratégia em objetivos e medidas, organizados segundo quatro perspectivas diferentes: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento” (KAPLAN e NORTON, 1997, p.25). Segundo a definição de Lawton (2002, p.66): “O Balanced Scorecard é uma ferramenta de decisões gerenciais com o objetivo de formar um quadro da situação da organização, ligando a estratégia organizacional com as medidas de desempenho”. O BSC faz uma integração do planejamento de curto, médio e longo prazo, pois os objetivos estratégicos representam tipicamente o médio e o longo prazo, enquanto os processos, projetos e planos de ação representam o curto prazo (AHLERT, 2004a). Kaplan e Norton (1997) elaboraram o BSC unindo diversos conceitos que estavam dispersos nas teorias da administração, traduzindo em quatro perspectivas básicas o mapa estratégico de uma organização: perspectiva financeira (ou dos acionistas), perspectiva de clientes, perspectiva de processos internos e perspectiva de aprendizado e crescimento. Todas estão interligadas em uma relação causa-efeito, que é a base da coerência do modelo de Kaplan e Norton, e que deve fazer a inter-relação entre as diferentes perspectivas e objetivos estratégicos. O BSC tem se mostrado bastante eficiente e suficientemente completo sem se mostrar complexo e não deixando lacunas entre os elementos de cada perspectiva, o que ocorre com outros modelos, como os já referenciados em pesquisas anteriores (AHLERT, 2004a). “Os objetivos das quatro perspectivas interligam-se uns com os outros numa cadeia de relações de causa e efeito. O desenvolvimento e o alinhamento dos ativos intangíveis induzem a melhorias no desempenho dos processos, que, por sua vez, impulsionam o sucesso para os clientes e acionistas” (KAPLAN e NORTON, 2004a, p.8). A representação gráfica da estrutura do Balanced Scorecard segue ilustrada na Figura 1. Figura 1 – Desdobramento das perspectivas do BSC Fonte: elaborado pelo autor com base em Kaplan e Norton (1997). ENEGEP 2006 ABEPRO 2 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 “As quatro perspectivas descritas garantem base suficientemente equilibrada e segura para a apresentação balanceada dos valores e objetivos estratégicos de um grande número de empresas” (CAMPOS, 1998, p.81). 3. As perspectivas do BSC A perspectiva financeira foi também referida nesta pesquisa como perspectiva dos acionistas, por serem estes os principais agentes que fazem exigência aos resultados financeiros da organização, visando obter um retorno sobre o capital investido (KAPLAN e NORTON, 1997). Ainda segundo os mesmos autores, as medidas financeiras indicam o sucesso da estratégia organizacional e são comumente avaliados por indicadores como lucro, valor das ações, fluxo de caixa, aumento de vendas, retorno sobre investimentos, entre outros. Na perspectiva de clientes deve-se fazer a identificação do mercado-alvo e das medidas de desempenho nestes segmentos, observando os clientes e mercados que se deseja competir. A perspectiva de clientes deve traduzir as expectativas do cliente em relação ao atendimento, produtos e/ou serviços e tudo mais que gerar valor para ele e trouxer os resultados esperados na perspectiva financeira. Deve tratar, portanto, da compreensão das necessidades dos clientes, gerando relacionamentos de valor agregado (AHLERT, 2004b; KAPLAN e NORTON, 1997, p.67; RUMMLER e BRACHE, 1994). Conforme Kaplan e Norton (1997), na perspectiva de processos internos devem ser apresentados os processos nos quais a empresa precisa ter um conceito de excelência para suprir as expectativas que os clientes possuem nas perspectivas anteriores. Portanto, desdobrase os processos-chave para o atingimento dos objetivos das duas perspectivas anteriores e coloca-se estes processos vitais para o sucesso da estratégia na perspectiva de processos internos. É através destes processos-chave que geram valor para o cliente, que a organização estará trabalhando em prol da satisfação das expectativas dos clientes e acionistas. Os objetivos da perspectiva de processos devem permitir e suportar a satisfação das propostas de valor feitas ao cliente e as expectativas que os acionistas têm de excelentes retornos financeiros (AHLERT, 2004b; CAMPOS, 1998; KAPLAN e NORTON, 1997). A perspectiva de aprendizagem e crescimento deve mostrar o que deve ser trabalhado, principalmente junto aos recursos humanos da empresa (entre outros ativos intangíveis) para que as demais perspectivas sejam atendidas. É o pilar de sustentação que deve existir para gerar crescimento e melhoria a longo prazo. Muitas vezes, processos inovadores, como são sugeridos na perspectiva de processos, exigem novas capacidades e tecnologias. Esta perspectiva dá suporte principalmente ao processo de inovação, competências e conhecimento das organizações (AHLERT, 2004b; KAPLAN e NORTON, 1997). Uma observação interessante é que autores como Campos (1998), Kaplan e Norton (1997), Olve et al. (1999) assinalam a importância dos objetivos da perspectiva financeira, já que um bom desempenho financeiro determinará o sucesso da organização, mas alertam também para a relevância da perspectiva de clientes, onde se determina os mercados em que a organização irá atuar e o valor que será oferecido aos clientes. Kaplan e Norton (2004a) chegam a se referir a esta perspectiva como o elemento central da estratégia. Todos estes autores, além de Hammer (2001) e Rummler e Brache (1994) enfatizam os processos da organização como sendo essenciais para a sobrevivência das organizações. Campos (1998), Drucker (1999; 2002), Kaplan e Norton (1997; 2004a; 2004b), entre outros autores, enfatizam a importância dos ativos intangíveis (perspectiva de aprendizado e crescimento), alguns bastante focados nas pessoas e seus desempenhos. Disso se pode concluir que não é uma ou outra perspectiva ENEGEP 2006 ABEPRO 3 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 que tem uma posição de destaque, pois de uma forma sistêmica, todas representam um papel importante e essencial no equilíbrio do eixo da estrutura organizacional estratégica proposta no BSC. 4. Apresentação e análise crítica dos questionamentos Figura 2 – Inter-relação entre as perspectivas e seus questionamentos Fonte: Kaplan e Norton (1997, p.10). Ao realizar uma revisão sobre como os diversos autores definem as perspectivas do Balanced Scorecard, é possível encontrar diferenças sutis, mas que podem dar margem a interpretações um tanto quanto distintas e distorcidas, pela forma com que são escritas. É o que alertam Olve et al. (1999, p.196). Os autores citam como exemplos na perspectiva de clientes, as perguntas “Como os clientes nos vêem?” e “Como nós vemos os clientes?”. Ao analisar a forma de ambas perguntas, pode-se ver elas tratam de situações diferentes (como os clientes vêem a organização X como a organização vê os clientes). A título de exemplificação nesta fase mais preliminar da análise, após um estudo aprofundado pode-se concluir que a real intenção na perspectiva de clientes é obter como resposta algo parecido com: “o que nossos clientes esperam de nossa organização?” E por conseguinte, dando seqüência à relação causa-efeito, definir os processos-chave e os ativos intangíveis que levarão à consecução destes objetivos da perspectiva de clientes, que por sua vez, foram derivados da perspectiva dos acionistas. Se a organização em questão possuir um histórico de desleixo no que diz respeito à satisfação de seus clientes, a empresa decidir implementar o BSC, e perguntar “como os clientes nos vêem?”, a resposta poderia não indicar diretamente uma direção a seguir, mas somente apontar um efeito que está ocorrendo nesta situação. Se passarmos à segunda pergunta, “como vemos nossos clientes”, em termos de estratégias para a organização, poderia ser mais desastroso ainda, porque o simples fato de ter a imagem do cliente não se preocupa nem um pouco com as aspirações dos clientes. De fato, ambos os questionamentos tratam do assunto de uma forma muito unilateral. Um vê apenas o lado do cliente, enquanto o outro vê apenas o ENEGEP 2006 ABEPRO 4 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 lado da organização. Com “o que nossos clientes esperam de nossa organização”, estas últimas se vêem obrigadas a buscar em seus clientes o que de fato estes desejam, e partir para a ofensiva no intuito de satisfazer estas necessidades. Seguindo uma linha de raciocínio similar foi feita a comparação e posterior análise de cada uma das perspectivas. A partir dos autores pesquisados, foi possível construir a Tabela 1 que permite a comparação entre as formas utilizadas por cada autor. Observou-se que mesmo entre a versão original de Kaplan e Norton (1996) em inglês e a versão traduzida para o português dos mesmos autores (KAPLAN e NORTON, 1997), a própria tradução dos termos já passa uma idéia que pode não ser tão fiel à intenção original dos autores, dependendo da interpretação do leitor. APRENDIZAGDO E CRESCIMENTO PROCESSOS INTERNOS CLIENTES FINANCEIRA PERSP PERGUNTA To succeed financially, how should we appear to our shareholders? (Para sermos bem-sucedidos financeiramente, como deveríamos parecer aos nossos acionistas?) Para sermos bem sucedidos financeiramente, como deveríamos ser vistos pelos nossos acionistas? To succeed financially, how should we look to our shareholders? (Para sermos bemsucedidos financeiramente, como deveríamos parecer aos nossos acionistas?) Como somos vistos pelos acionistas? Se tivermos sucesso, como nossos acionistas nos considerarão? Para ter sucesso financeiro, como deveríamos nos apresentar para os nossos acionistas? To achieve our vision, how should we appear to our customers? (Para atingir nossa visão, como deveríamos parecer a nossos clientes?) Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos nossos clientes? To succeed with our vision, how should we look to our customers? (Para atingir nossa visão, como deveríamos parecer a nossos clientes?) Como os clientes nos vêem? Para conseguir nosso objetivo, como devemos considerar nossos clientes? Para alcançar a nossa visão, como deveríamos nos apresentar para os nossos clientes? To satisfy our shareholders and customers, what business processes must we excel at? (Para satisfazer nossos acionistas e clients, em quais processos devemos ser excelentes?) Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em que processos de negócios devemos alcançar a excelência? To satisfy our shareholders and customers, at what business processes must we excel? (Para satisfazer nossos acionistas e clients, em quais processos devemos ser excelentes?) Em que devemos ser os melhores? Para encantar nossos clientes, em que processos de gerenciamento deveríamos buscar a excelência? Para satisfazer os nossos acionistas e clientes, quais os processos que devemos nos superar? To achieve our vision, how will we sustains our ability to change and improve? (Para atingir nossa visão, como iremos sustentar nossa habilidade de mudar e melhorar?) Para alcançarmos nossa visão, como sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar? To succeed with our vision, how shall we sustain our capacity to learn and to grow? (Para ter sucesso com nossa visão, como deveremos sustentar nossa capacidade de aprender e crescer?) Como atingir resultados, crescendo e criando valor para o cliente? ENEGEP 2006 ABEPRO AUTOR Kaplan e Norton, 1996 Kaplan e Norton, 1997 Olve et al, 1999 Campos, 1998 Bogan, 1996 Young e O’Byrne, 2003 Kaplan e Norton, 1996 Kaplan e Norton, 1997 Olve et al, 1999 Campos, 1998 Bogan, 1996 Young e O’Byrne, 2003 Kaplan e Norton, 1996 Kaplan e Norton, 1997 Olve et al, 1999 Campos, 1998 Bogan, 1996 Young e O’Byrne, 2003 Kaplan e Norton, 1996 Kaplan e Norton, 1997 Olve et al, 1999 Campos, 1998 5 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Para conseguir nosso objetivo, como deve a organização continuamente aprender a Bogan, 1996 melhorar e criar valor? Para alcançar a nossa visão, como deveremos sustentar a nossa capacidade de mudar Young e e melhorar? O’Byrne, 2003 Fonte: elaborado pelo autor com base em Bogan (1996, p.80), Campos (1998, p.66-72), Kaplan e Norton (1996, p.9), Kaplan e Norton (1997, p.10), Olve et al. (1999, p.17), Young e Byrne (2003, p.254). Tabela 1: Comparação entre os questionamentos das perspectivas. Conforme a leitura dos textos dos autores – os originais em inglês e mesmo os textos em português – baseado nas interpretações e explicações dos mesmos acerca das perspectivas, pode-se reformular (ou completar) algumas das perguntas, para satisfazer suas intenções e dar sentido mais coerente às suas respostas. Como o objetivo principal do Balanced Scorecard é alinhar os objetivos e ações à estratégia da organização para gerar valor para os acionistas a longo prazo (KAPLAN e NORTON, 2004a), estas perguntas devem ter como respostas objetivos que levem ao resultado esperado. Portanto, na perspectiva financeira (ou dos acionistas), por exemplo, seria incoerente perguntar “se tivermos sucesso, como nossos acionistas nos considerarão?” (BOGAN, 1996, p.80). A intenção não é saber como a organização será considerada pelos acionistas caso tenha sucesso, mas sim, o que é preciso fazer para obter sucesso financeiro e assim manter ou atrair mais acionistas. O mesmo ocorre com a perspectiva de clientes: “Como os clientes nos vêem?” (CAMPOS, 1998, p.66). O objetivo da organização não é saber como os clientes a vêem, mas sim, como a organização deve se posicionar (se mostrar) no mercado para manter ou atrair mais clientes. Saber qual a visão que os clientes têm da organização pode ser um indicador de desempenho que auxiliará a medir se o objetivo está sendo alcançado. “O problema, em suma, é que alguns usuários dos scorecards confundem os meios com os fins. Os investimentos em clientes, relações com fornecedores e empregados não é desejável como um fim em si mesmo, mas, ao contrário, como um meio para gerar valor para os acionistas” (YOUNG e O’BYRNE, 2003, p.261). 5. Considerações finais Após análise aprofundada das intenções de cada uma das perspectivas, segundo os próprios autores que fizeram as perguntas referidas anteriormente, pode-se dizer que: a) A perspectiva financeira (ou dos acionistas) leva em consideração quais os objetivos financeiros da organização são importantes para que a empresa seja considerada bem sucedida, e para satisfazer as expectativas dos acionistas; b) A perspectiva de clientes deve levar a uma reflexão do que o cliente espera, o que significa valor para este cliente. Deve-se buscar saber quais as atitudes ou atributos que ele valoriza, Assim como é interessante tomar conhecimento se a organização está suprindo estas expectativas e como está seu desempenho neste quesito. Tudo sempre tendo em mente que esta busca pela satisfação do cliente visa sustentar os requisitos para o atingimento dos objetivos da perspectiva financeira. O foco seria: “o que o cliente quer?”; c) A perspectiva de processos internos deve ter como base uma análise dos objetivos das perspectivas financeira e de clientes. Nesta análise devem ser estudados os pontos – na verdade os processos críticos da organização – que dão ou dariam suporte à consecução dos objetivos das perspectivas anteriores. Deve-se questionar o que está bom, o que deve mudar ou melhorar, o que é feito que não deveria estar sendo feito e o que não é feito e que deveria estar sendo feito para atingir aqueles objetivos. ENEGEP 2006 ABEPRO 6 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 d) A perspectiva de aprendizado e crescimento trata de toda a infra-estrutura necessária para que os objetivos das perspectivas anteriores sejam atingidos, muitos deles conhecidos como ativos intangíveis, justamente por se tratar de investimentos que a empresa faz que são difíceis de serem mensurados. Entre os elementos que costumam fazer parte desta perspectiva estão: novas tecnologias, competências, capacidade de inovação, programas de treinamento, contratação de profissionais estratégicos, auto-estima e satisfação dos funcionários, o conhecimento sobre as atividades da organização e das necessidades dos clientes, entre outros. Pode-se perceber inclusive, nesta síntese, a existência de uma palavra-chave que começa a se destacar nas perspectivas financeira e de clientes: “expectativa”. A perspectiva financeira visa suprir as expectativas dos acionistas, enquanto a perspectiva de clientes busca responder às expectativas dos clientes. Portanto, levando-se em consideração as reais intenções das perspectivas segundo os autores pesquisados (BOGAN, 1996; CAMPOS, 1998; KAPLAN e NORTON, 1996, 1997; OLVE et al., 1999), o autor desta pesquisa sugere a reformulação dos questionamentos ora analisado, conforme o que segue: − Perspectiva Financeira ou dos Acionistas: para sermos bem sucedidos financeiramente e satisfazermos nossos acionistas, que resultados devemos buscar? − Perspectiva de Clientes: para alcançarmos nossa visão e objetivos estratégicos, atraindo e mantendo clientes e atingindo os objetivos da perspectiva financeira, como devemos nos posicionar no mercado frente a nossos clientes? − Perspectiva de Processos Internos: para gerar valor para os nossos clientes e acionistas, em que processos devemos ter um conceito de excelência? − Perspectiva de Aprendizado e Crescimento: para alcançarmos nossa visão, e impulsionar os resultados das perspectivas anteriores no curto, médio e longo prazos, como sustentaremos nossa capacidade de inovar, mudar e melhorar? Finalizando assim o caráter exploratório e crítico desta pesquisa, fica a sugestão de adoção dos questionamentos supra mencionados e o registro da importância de manter a coerência entre a intenção das perspectivas e os respectivos questionamentos que as representam. Referências AHLERT, Fabiano Charlier; KRONMEYER Filho, Oscar Rudy. Relações de Causa e Efeito no Diagrama da Estratégia do Balanced Scorecard. XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Porto Alegre: Abepro, 2004. AHLERT, Fabiano Charlier. Balanced Scorecard em uma Empresa Gaúcha de Prestação de Serviços – um estudo de caso. Trabalho de Conclusão de Curso da Faculdade de Administração – Centro de Ciências Econômicas. São Leopoldo: UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2004. BOGAN, Christopher E. Benchmarking: Aplicações e práticas da melhoria contínua. São Paulo: Makron Books, 1996. CAMPOS, José Antônio. Cenário Balanceado: painel de indicadores para a gestão estratégica dos negócios. 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