ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIFERENCIAÇÃO DO CONCEITO À PRÁTICA “Os alunos sobredotados e o novo paradigma da educação especial” Resumo da conferência Marcelino Pereira∗ Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação - Universidade de Coimbra Nesta conferência, assumimos, sem reservas, que os sobredotados são alunos com NEE (pelo menos face à escola que temos) mas que podem ou não necessitar de educação especial. Entendemos ainda, que esta posição só poderá ser defendida se a sustentarmos em dois vectores: i) por um lado, percebendo que as NEE não vinculam um carácter de permanência, ou seja poderão ser temporárias; ii) por outro lado, rebatendo o paradigma reinante da educação especial que tem sido exclusivamente remediativo e não preventivo. No caso dos sobredotados ela deve ter uma componente fortemente profiláctica. Acresce ainda, que a educação especial (e mesmo a educação em geral) não poderá continuar a ser estruturada numa lógica exclusivamente centrada nos ambientes de aprendizagem, negligenciando as modificações que é imperioso operar ao nível do indíviduo. Ou seja, a inclusão não pode ser concebida como um mero processo de adaptação do meio à pessoa mas sim como um processo dialéctico que também exige mudanças a essa pessoa. Quer isto dizer que, se o professor e a escola têm de se transformar, não é menos verdade que o aluno sobredotado também o deve fazer. Porto, Março de 2005 ∗ Professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. A sua actividade docente e de investigação têm-se desenvolvido nos domínios da Educação Especial e da Avaliação Psicológica, nomeadamente em dois grupos: crianças com dificuldades específicas de aprendizagem e crianças sobredotadas. Também desenvolve actividade de consulta psicológica com crianças e adolescentes, nas áreas supra-referidas. Tem diversas publicações e nelas se inclui um livro publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Integrado em equipas de investigação, colaborou em cinco projectos de investigação nos âmbitos da psicologia e das ciências da educação, subsidiados pela FCT e pelo IIE. É Director da Revista Sobredotação, editada pela ANEIS (Associação nacional Para o Estudo e Intervenção na Sobredotação). É coordenador da delegação da ANEIS em Coimbra. É consultor científico do Gabinete de Coordenação que na Região Autónoma da Madeira coordena os apoios aos alunos com características de sobredotação.