ANÁLISE NUMÉRICA DOS PERFIS DE CHAPA DOBRADA DE SEÇÃO TIPO C MÁRCIA SARMENTO SANTOS Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção de título de Doutor em Ciências de Engenharia. Orientador: Prof. Luiz Felippe Estrella Jr. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ MARÇO – 2000 i ANÁLISE NUMÉRICA DOS PERFIS DE CHAPA DOBRADA DE SEÇÃO TIPO C MÁRCIA SARMENTO SANTOS Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção de título de Doutor em Ciências de Engenharia. Aprovada em 30 de março de 2000 Comissão Examinadora: Prof. Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco, PhD – FEN/UERJ Prof. Sebastião Arthur Lopes de Andrade, PhD – FEN/UERJ Prof. José Guilherme Santos da Silva, DSc – FEN/UERJ Profa Vânia José Karan, DSc – LECIV/UENF Prof. Luiz Felippe Estrella Júnior, PhD – LECIV/UENF Orientador ii AGRADECIMENTOS À minha filha Carolina, meu marido Ubiracy e todos amigos e familiares que compreenderam e ajudaram nas minhas ausências e nos momentos difíceis. Aos funcionários da UENF, que sempre foram dedicados e atenciosos para a melhor realização deste trabalho. A todos os membros desta banca, que se dispuseram a comparecer e tão seriamente fizeram seu trabalho. iii ÍNDICE CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1. GENERALIDADES............................................................................................1 1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................4 1.3. OBJETIVOS DA TESE......................................................................................9 1.4. ESCOPO DA TESE.........................................................................................11 CAPÍTULO 2 - ESTUDO DO COMPORTAMENTO DAS PLACAS 2.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................13 2.2. O MÉTODO DAS LARGURAS EFETIVAS......................................................20 2.2.1. Placas Enrijecidas.................................................................................24 2.2.2. Placas Não-Enrijecidas.........................................................................27 2.2.3. Carregamento de Compressão Uniformemente Variável......................28 2.3. PLACAS NO ESTADO DE SERVIÇO.............................................................34 2.3.1. Aproximação de Thomasson.................................................................35 2.3.2. Aproximação de Mulligan.......................................................................37 2.3.3. Aproximação Utilizada...........................................................................43 2.4. LARGURA EFETIVA SEGUNDO AS NORMAS: AMERICANA E EUROCODE 2.4.1. Introdução..............................................................................................46 2.4.2. Placas Enrijecidas.................................................................................46 2.4.3. Placas Não-Enrijecidas.........................................................................52 2.4.4. Enrijecedor do Perfil C..........................................................................56 2.5. A LARGURA EFETIVA NO PROGRAMA DE ELEMENTOS FINITOS 2.5.1. Eurocode 3............................................................................................58 2.5.2. AISI-90.................................................................................................58 2.5.3. AISI-90*.................................................................................................59 2.5.4. BANDA FINITA.....................................................................................59 iv CAPÍTULO 3 - LARGURA EFETIVA PELO MÉTODO DA BANDA FINITA 3.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................60 3.2. DIFERENÇA ENTRE OS MÉTODOS.................................................................61 3.3. DESENVOLVIMENTO........................................................................................62 3.4. DISCRETIZAÇÃO..............................................................................................74 3.5. ANÁLISE DA INSTABILIDADE LOCAL.............................................................78 3.6. A LARGURA EFETIVA NO PROGRAMA FINLOC...........................................95 CAPÍTULO 4 - A INTERAÇÃO ENTRE AS FLAMBAGENS LOCAL E GLOBAL 4.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................98 4.2. DESCRIÇÃO DA INTERAÇÃO ENTRE OS MODOS DE FLAMBAGEM............98 4.3. O ELEMENTO FINITO......................................................................................102 v CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 5.1 – INTRODUÇÃO...............................................................................................105 5.2 – ANÁLISE DOS RESULTADOS......................................................................110 5.3 – A INFLUÊNCIA DA DEFORMADA INICIAL E DA EXCENTRICIDADE DA CARGA NO PERFIL DE CHAPA DOBRADA...............................................125 CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES...............................................................................135 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................137 vi NOTAÇÕES LETRAS DO ALFABETO ROMANO A – área da seção plena a – comprimento da placa Ae – área da seção efetiva para carga uniforme igual à fy b – largura da placa b1, b2, b3 – larguras de cálculo das paredes do perfil C bc – largura comprimida da placa be – largura efetiva bo - largura tracionada da placa bp – largura plana da placa bp1 – largura plana da placa 1 bp2 – largura plana da placa 2 C – centro de torção CG = G – centro de gravidade do perfil C CGe = Ge – centro de gravidade efetivo do perfil C d – deslocamento transversal D – rigidez da placa à flexão dy – deformada inicial do perfil na direção y dyL, dzL – flechas máximas medidas dz – deformada inicial do perfil na direção z E – módulo de elasticidade ep – excentricidade da carga fy – limite elástico H – função de forma I3 – matriz identidade 3 x 3 k – coeficiente de flambagem Kσ - matriz tensão inicial K0 – matriz dos pequenos deslocamentos k1C – coeficiente de flambagem da placa 1 da seção C k1U – coeficiente de flambagem da placa 1 da seção U vii k2 – coeficiente de flambagem da aba L – comprimento da banda finita m – semi-ondas de flambagem longitudinalmente Mx, My, Mxy - momentos n – semi-ondas de flambagem transversalmente NBP – número de bandas finitas por placa P – ponto de aplicação da carga Pa – caminho de equilíbrio adjacente Pcr – carga crítica de flambagem global da coluna Pcr,s – carga crítica de flambagem local da seção Pexp – carga de ruína experimental Pf – caminho de equilíbrio fundamental Pf,y – carga crítica de flambagem por flexão Pft1 – carga crítica de flambagem por flexo-torção Pr,th – carga teórica de ruína Pruína = PR – carga de ruína numérica Py – carga de ruína plástica R – raio interno entre b1 e b2 RI – raio interno entre b2 e b3 rmin – raio de giração mínimo da seção transversal t – espessura da placa u – campo dos deslocamentos w – deformação transversal da placa W 1, W 2, W 3 – larguras totais das placas wo - imperfeição inicial yp - excentricidade da carga aplicada viii LETRAS DO ALFABETO GREGO ε - deformação longitudinal total εe - deformação longitudinal nos bordos da placa εp – deformação para tensão linear plana εb – deformação para flexão ε Lp - parcela não-linear do Tensor de Green εcr,p – deformação crítica da placa λ - multiplicador crítico (auto-valor) λC – multiplicador da tensão crítica de uma seção C λU – multiplicador da tensão crítica de uma seção U λ p - esbeltez reduzida da placa para o estado de serviço λ py - esbeltez reduzida da placa na ruína ν - coeficiente de Poisson π - energia potencial total θ - rotações nos bordos das placas ρ = be/b – coeficiente de redução da largura efetiva ρy - coeficiente de redução da largura efetiva para uma placa sob fy σ - tensão uniaxial de compressão na direção x σ1 – tensão de compressão de sinal positivo e de maior valor absoluto σ2 – tensão que pode ser de compressão (positiva) ou de tração (negativa) σcr = σcr,p = σcr,local – tensão crítica de flambagem local σm – tensão de compressão uniforme atuante sobre b σemáx – tensão máxima no bordo não carregado da placa σem – tensão média no bordo não carregado da placa σx – tensão não-uniforme atuante sobre b σe – tensão variável no bordo não carregado ∆ - parâmetros nodais Ψ - coeficiente que define o tipo de solicitação ( Ψ=σ2/σ1) ix ABREVIAÇÕES AISI – American Iron and Steel Institute PUC-RIO – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Tecgraf – Grupo de Computação Gráfica SSRC – Strutural Stability Research Council BF-M – carga de ruína numérica com o MBF e as equações de MULLIGAN[43] BF-E - carga de ruína numérica com o MBF e as equações do EUROCODE 3[21] BF-W – carga de ruína numérica com o MBF e as equações de WINTER[74] MBF – Método das Bandas Finitas EURO - carga de ruína numérica com as equações do EUROCODE[21], segundo [20] AISI - carga de ruína numérica com as equações do AISI[1], segundo [20] AISI* - carga de ruína numérica com as equações do AISI[1] levando em conta a eficácia do enrijecedor segundo [20] FINLOC – programa computacional [20] BANFIN – programa com o MBF desenvolvido nesta tese x LISTA DE FIGURAS 1.1 – Eficiência estrutural x seção transversal, WINTER[74].......................................1 1.2 - (a) Produtos tipo seção; (b) Produtos tipo chapa.......................................................................................2 1.3 – Representação do perfil C..................................................................................9 2.1 – Comportamento de uma estrutura perfeita[20]..................................................14 (a) Comportamento não-linear (b) Comportamento linear 2.2 – Placa retangular submetida à uma carga de compressão no seu plano......................................................................................................15 2.3 – Os caminhos de equilíbrio fundamental e adjacente relativos à equação 2.1 do problema de flambagem das placas.....................................16 2.4 – Coeficientes de flambagem para placas enrijecidas e submetida a uma carga uniaxial de compressão uniforme.................................................17 2.5 – Configuração de flambagem para uma placa enrijecida e submetida a uma compressão uniaxial uniforme................................................................18 2.6 – Coeficientes de flambagem mínimo para uma placa enrijecida e submetida a uma compressão variável linearmente[7].....................................19 2.7 – Coeficiente de flambagem de uma placa não enrijecida e submetida a uma compressão variável linearmente[7].....................................19 2.8 – Resposta de uma placa real..............................................................................20 2.9 – O conceito da largura efetiva.............................................................................22 (a) Placa deformada; (b) Placa enrijecida; (c) Placa não-enrijecida 2.10 – Curvas de larguras efetivas.............................................................................26 2.11 – Comparação de curvas de largura efetiva.......................................................28 2.12 – Placa enrijecida submetida a uma compressão excêntrica constante.........................................................................................................29 2.13 – Placa enrijecida submetida a uma carga com excentricidade constante.........................................................................................................30 2.14 – Notação e distribuição das larguras efetivas...................................................31 2.15 – Distribuição das larguras efetivas....................................................................32 xi 2.16 – Largura efetiva da alma da seção submetida à flexão pura, de acordo com DEWOLF e GLADDING[18]....................................................33 2.17 – Proposição de THOMASSON[66], para o comportamento de uma placa no estado de serviço pós-crítico............................................................35 2.18 – Proposição de THOMASSON[66] para o cálculo da largura efetiva...............36 2.19 – Proposição de MULLIGAN e PEKOZ[41] para o comportamento de uma placa no estado de serviço......................................................................38 2.20 – Proposição de MULLIGAN e PEKOZ[41] para o cálculo da largura efetiva..................................................................................................39 2.21 – Largura efetiva da placa não enrijecida com b/t=50........................................41 2.22 – Largura efetiva da placa não enrijecida com b/t=15........................................42 2.23 – Diagrama tensão x deformação da placa não enrijecida com b/t=15.............43 2.24 – Largura efetiva da placa enrijecida com b/t=26...............................................45 2.25 – Largura plana bp consideradas pelas normas.................................................46 2.26 – Notação e representação gráfica da distribuição da largura efetiva...............47 2.27 – Comparação gráfica das fórmulas de cálculo da largura efetiva para uma placa enrijecida, com k=4....................................................49 2.28 – Comparação gráfica das fórmulas de cálculo de largura efetiva para uma placa enrijecida, com k=5....................................................50 2.29 - Comparação gráfica das fórmulas de cálculo de largura efetiva para uma placa enrijecida, com k=6,998.............................................50 2.30 – Distribuição da largura efetiva para o Eurocode[21] e o AISI-90[1].........................................................................................................52 2.31 – Comparação do coeficiente de flambagem k para a placa não-enrijecida, entre o Eurocode 3[21] e o AISI-90[1]....................................53 2.32 – Comparação das aproximações do cálculo de largura efetiva para a placa não-enrijecida, entre o Eurocode 3[21] e o AISI-90[1]................55 2.33 – Comparação entre várias aproximações de cálculo da largura efetiva para a placa não-enrijecida..................................................................56 2.34 – Nomenclatura do perfil tipo C..........................................................................56 3.1 – Perfil C discretizado em bandas finitas.............................................................62 3.2 – a – Banda finita submetida a um gradiente de tensões....................................63 b – Deslocamentos e rotações – elemento finito de viga 3.3 – Placa reduzida a um elemento finito de viga.....................................................64 xii 3.4 – Discretização do perfil tipo C, em bandas finitas...............................................75 3.5 – Perfil CLC/3 – 120x60 – estudo da variação do número...................................76 de bandas finitas por placa 3.6 – Perfil CLC/2.2 – 120x60 – estudo da variação do número................................77 de bandas finitas por placa 3.7 – A geometria e os modos locais de flambagem de uma seção C, BATISTA[3]........................................................................................................79 3.8 – Influência do enrijecedor na flambagem da aba de uma seção C uniformemente comprimida,[43]....................................................................80 3.9 – Influência do enrijecedor na flambagem da aba de uma seção C uniformemente comprimida,[36]....................................................................81 3.10 – Variação da tensão crítica de flambagem da seção e flambagem global de uma coluna de seção C, sob compressão uniforme, com o comprimento de semi-onda correspondente, L, obtida por meio do método das bandas finitas, segundo HANCOCK [27].......................82 3.11 – (a) Nomenclatura utilizada na geometria do perfil C......................................86 (b) Seção submetida à compressão uniforme. (c) Seção submetida a uma gradiente de tensão +y. (d) Seção submetida a uma gradiente de tensão -y. (e) Seção submetida a uma gradiente de tensão +z. 3.12 – Modos de instabilidade do perfil C, sob compressão uniforme, com diferentes tamanhos de enrijecedores.....................................................88 3.13 – Modos de instabilidade do perfil C, sob gradiente de tensão +y, com diferentes tamanhos de enrijecedores.....................................................89 3.14 – Modos de instabilidade do perfil C, sob gradiente de tensão -y, com diferentes tamanhos de enrijecedores.....................................................90 3.15 – Modos de instabilidade do perfil C, sob gradiente de tensão +z, com diferentes tamanhos de enrijecedores.....................................................91 3.16 – (a) Modos de instabilidade da série 75 tipo comercial, de perfil C, de fabricação “Tecnofer”. (b) Características geométricas da seção ......................................................93 3.17 – (a) Modos de instabilidade da série 127 tipo comercial, de perfil C, de fabricação “Tecnofer”. (b) Características geométricas da seção.......................................................94 xiii 3.18 – Cálculo das larguras efetivas, considerando as placas associadas................96 4.1 – Visualização da interação entre a flambagem local e a flambagem global, com auxílio das curvas de flambagem européias [21]...........................99 4.2 – Redução devido a flambagens simultâneas [26].............................................101 4.3 – Característica da seção assimétrica................................................................104 5.1 – As características geométricas do perfil C e do contraventamento................108 (a) Características geométricas; (b) Contraventamento das extremidades abertas da coluna. 5.2 – Sistema de eixos e o sentido das deformadas iniciais....................................113 (a) Eixos; (b) Sentido das deformadas. 5.3 – Curvas de carga x deslocamentos..................................................................120 5.4 – Curvas de carga x deslocamentos..................................................................120 5.5 – Curvas de carga x deslocamentos..................................................................121 5.6 – Curvas de carga x deslocamentos..................................................................121 5.7 – Curvas de carga x deslocamentos..................................................................122 5.8 – Curvas de carga x deslocamentos..................................................................122 5.9 – Curvas de carga x deslocamentos..................................................................123 5.10 – Deformada do perfil CLC/1 – 90 x 90 na ruína para uma deformada inicial de +L/1000, usando BF-M................................................124 5.11 – (a) Deslocamento do centro de gravidade da seção....................................126 efetiva após a flambagem local. (b) Perfil com deformada inicial negativa Flecha máxima no nó 3. 5.12 – Posição de Ge para uma tensão constante igual a fy para o perfil CLC/3-120x60...............................................................................................128 5.13 – Posição de Ge para uma tensão constante igual a fy para o perfil CLC/2-180x60...............................................................................................130 5.14 – Gráfico da carga de ruína x ponto de aplicação da carga, para o perfil CLC/3-120x60...........................................................................133 5.15 – Influência da deformada inicial no comportamento do perfil.........................134 (a) Gráfico carga x deformação (b) Características geométricas do perfil xiv LISTA DE TABELAS 2.1 – Cálculo e distribuição das larguras efetivas para a placa enrijecida e submetida a uma carga excêntrica.....................................................................................32 2.2 – Cálculo e distribuição das larguras efetivas de placas enrijecidas...................48 2.3 – Cálculo das larguras efetivas para a placa não-enrijecida...............................54 5.1 – Características geométricas e mecânicas das colunas..................................109 5.2 – Resultado das colunas com deformações iniciais medidas............................114 5.3 – Resultado comparativo entre os métodos utilizados......................................115 5.4 – Resultado das colunas longas........................................................................116 5.5 – Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da orientação do EUROCODE [21]............................................................................................128 5.6 - Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da orientação da posição de Ge na ruína....................................................................................129 5.7 - Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da orientação do EUROCODE [21]............................................................................................131 5.8 - Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da orientação da posição de Ge na ruína...................................................................................132 xv RESUMO As pesquisas realizadas nos últimos anos, na Europa e nos EUA, tem permitido um maior emprego do uso de chapas dobradas na construção civil. A expansão de seu uso se deve também as suas vantagens econômicas, em relação aos perfis compactos. Porém, as formas complexas das seções e a esbeltez de suas paredes exigem um conhecimento mais profundo de seu comportamento estrutural. A esbeltez das placas que constituem as suas paredes pode provocar a sua flambagem local e uma interação entre este modo de instabilidade e o modo de instabilidade do tipo coluna (flambagem global). Essa interação exerce um efeito redutor sobre a carga de ruína do perfil, tornando-se necessário um maior conhecimento da resposta de carga versus deformação de uma estrutura formada por tais perfis. Utilizam-se métodos não-lineares a fim de simular a interação entre o modo local e global de flambagem que, inclui fatores de não linearidade geométrica. Sendo o objetivo desta tese o desenvolvimento de uma ferramenta numérica capaz de levar em conta a interação entre os modos de flambagem local e global, sugere-se que a resposta carga versus deformação possa ser obtida por intermédio do elemento finito não-linear de viga espacial de paredes finas. Considerando que o perfil seja uma associação de placas, a flambagem local pode ser modelada pelo método das larguras efetivas. Assim sendo, temos um elemento finito cuja seção transversal é variável ao longo do carregamento da peça a fim de simular a interação entre os fenômenos de instabilidade local e global. A contribuição desta tese consiste no aprimoramento do cálculo das larguras efetivas, para isso, levam-se em conta a influência que cada placa exerce sobre a outra, ou seja, o engastamento parcial nos cantos do perfil, através do método das bandas finitas. Desenvolveu-se um programa computacional na linguagem Fortran, para a introdução da formulação do Método das Bandas Finitas. Esse estudo, também, permite a verificação da influência da deformada inicial dos perfis, devido aos processos de fabricação, e o seu comportamento de acordo com a excentricidade do carregamento aplicado. xvi ABSTRACT The latest researches carried out in Europe and in The United States have allowed a wider use of cold-formed steel sections in civil edification. This increasing use is also due to the economical advantages in relation to hot rolled shapes. However, the complex shapes of the cross sections and the slender of their walls demand a deeper knowledge of their structural behaviour. The slender of the plates that constitute the walls may result in a local buckling and an interaction between this way of instability and the overall buckling way. This interaction produces a reducing effect over the column collapse load, making necessary a greater knowledge of the load response versus the strain of a structure constituted by such profiles. Non-linear methods are used in order to simulate the interactio between the local and the overall buckling, that include non-linear geometrical factors. Being the aim of this thesis the development of a numerical tool able to take into consideration the interaction between the local and the overall buckling it is suggested that the load response versus strain may be resulted through the nonlinear finite element of this walled spatial beam. Considering that the profile is an association of plates, the local bucckling can be shaped by the effective width method. So we have a finite element, the transversal section of which varies along with the load of the structure in order to simulate the interaction between the local and overall instability phenomena. The contribuition of this thesis consists of the improvement of the effective width calculus, therefore, it is taken into consideration the influence that each plate produces over the other, that is the partially fixed joints. A Fortran language computer program was developed to introduce the finite strip method. This study also permits the verification of the influence of the initial imperfection of the profiles, due to the fabrication processes and their behaviour according to the eccentricity of the applied load. xvii 1 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1. GENERALIDADES Os perfis de chapas dobradas são resultantes da conformação a frio de chapas finas de aço, de espessura entre 0,4 a 6,4 mm. Esses perfis podem ser produzidos por dois métodos de fabricação: a perfilagem - conformação a frio em mesa de roletes - e a dobragem - processo não contínuo realizado por máquinas dobradeiras. Como resultado desses processos podem-se produzir economicamente uma grande variedade de formas de seções transversais, com alta relação resistência x peso, visto que a eficiência estrutural de uma seção depende da maneira com que é distribuído o material disponível, ver figura 1.1. Figura 1.1 - Eficiência estrutural x seção transversal, WINTER[74]. Quanto ao domínio de aplicação dos perfis dobrados a frio, podem-se distinguir de uma maneira geral, duas categorias: os produtos do tipo seção, como mostrados na fig. 1.2 a, e os produtos do tipo painel, mostrados na fig. 1.2 b. Os produtos do tipo seção têm hoje sua utilização como elementos principais ou secundários de estruturas – vigas, colunas e barras de treliças, terças, bem como, cantoneiras para prateleiras de estocagem industrial, torres de transmissão de energia elétrica, construção de chassis e estruturas de veículos. Quanto aos perfis do tipo painel, tem-se sua utilização como fechamento lateral e cobertura para edificações industriais e habitações, como forma colaborante de vigas mistas em 2 aço-concreto de edificações e tabuleiros de pontes, e como elemento de acabamento em painéis horizontais e verticais. (a) (b) Figura 1.2 - (a) Produtos tipo seção; (b) Produtos tipo painel. O crescente emprego deste tipo de perfil, comparado aos perfis laminados a quente, se deve a sua grande versatilidade como a variedade de formas, o que permite a maior adequação da forma à sua função, e a leveza que leva a outras vantagem como redução nas fundações, a facilidade de manutenção, de transporte e de montagem. Muitos procedimentos de análise e cálculo que se aplicam às estruturas de aço laminado são igualmente aplicáveis às estruturas de aço leve. Entretanto, diferenças no comportamento das estruturas sob carregamento são de tal importância que se fazem necessários diferentes métodos de cálculo. As principais razões são descritas a seguir, segundo WINTER e PEKÖZ [48]: 1. A variedade de formas dos perfis leves, que já são fabricadas e as que serão, leva à necessidade de procedimentos de análise tão gerais que 3 possam ser aplicados a praticamente qualquer tipo de seção transversal. Ao passo que os perfis laminados a quente têm relativamente pouca variedade de forma e, de certa maneira, já preestabelecidas. 2. A relação largura x espessura das placas componentes dos perfis leves é freqüentemente muito maior que a mesma relação para as placas dos perfis laminados. A esbeltez das paredes exige do calculista um conhecimento mais aprofundado de seu comportamento estrutural , a esbeltez das paredes pode provocar uma flambagem das placas e uma interação entre esse modo de instabilidade e os modos de instabilidade do tipo coluna, por flexão ou flexo-torção. Acrescenta-se a isso o fato de que os perfis abertos de paredes finas tem baixa rigidez à torção. 3. Os processos de produção e fabricação relativos aos dois tipos de estruturas de aço afetam de modo diferente as propriedades mecânicas dos materiais, levando a modificação da curva tensão-deformação do aço em relação ao material virgem. A perfilagem proporciona o aumento da tensão de escoamento e, algumas vezes, o aumento da tensão última, e é relevante nos cantos dobrados e ainda apreciável nas partes planas do perfil, enquanto que, após a dobragem, as modificações citadas acima são praticamente desprezíveis nas partes planas do perfil. 4 1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O comportamento estrutural deste tipo de perfil tem sido o objetivo do estudo de vários pesquisadores, não somente no Brasil mas também na Europa e nos Estados Unidos. A seguir uma breve revisão dos trabalhos nesta área [44], [57]: ANO PESQUISADOR ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES Primeiro a estudar a Teoria da Membrana 1766 EULER para Placas. 1789 BERNOULLI Teoria da Flexão. Mostrou que o comportamento das colunas reais é afetado pelas imperfeições 1807 YOUNG geométricas e pela imprecisão do ponto de aplicação da carga. Mostrou que a fórmula clássica de Euler, para colunas perfeitas, fornecia um limite superior 1826 NAVIER 1877 KIRCHHOFF Teoria combinada dos efeitos da membrana e 1883 SAINT VENANT da flexão. para as cargas de colapso de colunas reais. Teoria na qual as placas enrijecidas em graus 1860 GEHRING diferentes nas direções ortogonais 1879 BOUSSINESQ comportam-se como placas ortotrópicas. Com intenção de correlacionar a teoria da 1889 1894 ENGESSER, barra perfeita aos resultados obtidos com CONSIDER e colunas reais, trabalharam com o módulo de JASINSKI elasticidade tangente ou intermediário. Primeiro a resolver o problema de uma placa retangular simplesmente apoiada com dois lados opostos carregados por compressão 1891 BRYAN uniforme. Primeiro a resolver o problema de flambagem de placas usando os princípios energéticos. 5 1907 1910 Analisou placas com diferentes condições de TIMOSHENKO 1913 contorno pelo método energético e por integração. Deduziu as equações que governam as 1910 VON KARMAN 1914 HUBER placas perfeitas. Equação de Huber - responsável pelo carregamento transversal. Primeiro trabalho sobre flambagem por flexo- 1929 WAGNER torção em perfis com seções transversais abertas de paredes finas. Estudos mais exatos e aprofundados do problema de flexão, torção e flambagem de 1936 F. BLEICH H. BLEICH barras com seções transversais abertas de paredes finas. Derivaram as equações diferenciais fundamentais do problema a partir do teorema da energia potencial estacionária. 1938 MARGUERRE 1940 WINTER Equações para placas imperfeitas. Estudos semi-empíricos que constituíram a base da primeira edição do AISI (1946) . A equação de Von Karman para placas isotrópicas foi modificada para placas 1940 ROSTOVTSEV anisotrópicas e introduziu os efeitos das imperfeições iniciais. Estudou o comportamento pós-crítico das 1951 COAN placas usando as equações de Marguerre. Estudos de colunas curtas em U e C, com a 1953 CHILVER consideração da interação entre as placas. Teoria para o estudo de colunas fechadas 1966 GRAVES SMITH com seções transversais retangulares e paredes finas. 6 Estudos analíticos do problema da interação 1968 VAN DER NEUT 1959 YAMAKI 1969 WALKER 1971 RHODES e HARVEY entre os modos local e global nos perfis leves comprimidos. Estudaram o comportamento pós-crítico das placas usando técnicas diferentes. Um dos primeiros a compreender que o 1961 VLASSOV princípio de Bernoulli não se aplica as seções de paredes finas. Comportamento de estruturas tubulares, 1971 KLOPER e SHUBERT adotando a ruína no instante em que as tensões nas fibras mais comprimidas atingem o limite de escoamento. Prosseguiram com os estudos de Van Der 1971 KOITER e KUIKEN Neut e os últimos autores incluíram nos 1975 SVENSSON e CROLL estudos o efeito da plasticidade. 1972 WALKER DAWSON Discutiram a aplicação da fórmula de Winter para o comportamento pós-crítico antes de se atingir o colapso. Estudou seções de dupla simetria com 1973 DEWOLF elementos comprimidos, enrijecidos e não enrijecidos, com flambagem local. Empregou as equações de Marguerre 1974 BILSTEIN aplicadas às placas isoladas com imperfeição inicial. Utilizando os computadores com as técnicas 1960 KLÖPPEL e SCHEER da relaxação, diferenças finitas e elementos 1968 KLOPPEL e MOLLER finitos desenvolveram várias soluções para a 1970 BULSON equação de Marguerre com uma grande 1971 C. R. C. do Japão variedade de formas de placas e distribuição 1979 WILLIAMS e AALAMI de tensões. 7 Programa de cálculo utilizando a fórmula de 1977 SKALOUD e Winter, levando em conta a variação das NAPRSTEK larguras efetivas ao longo da altura da coluna. Pesquisas sobre o fenômeno da interação entre os modos de flambagem global e local 1977 REIS das estruturas elásticas de perfis de paredes finas. 1978 KALYANARAMAN Estudo mais aprofundado de perfis comprimidos de dupla simetria. Utilizou diferentes formulações para a largura 1978 THOMASSON efetiva a fim de estudar o comportamento de colunas no estado de serviço e também no estado limite último. Comportamento de colunas de perfis U 1979 LOUGHLAN e submetidas à compressão e flexão, levando RHODES em conta os efeitos da flambagem local nas paredes. 1984 MULLIGAN e PEKOZ Propuseram uma formulação para larguras efetivas calculadas no estado pós-crítico e antes da ruína da placa. Estudo da redução de carga de colapso de 1985 PIGNATARO colunas devido à interação entre os modos de instabilidade. Método baseado na formulação de Mulligan e 1988 BATISTA Pekoz, utilizando um algorítmo de resolução numérico do tipo “Newton-Raphson” e “passosimples”. 8 Desenvolvimento de um elemento finito de viga espacial sem os fenômenos de “membrane” e “bending-locking”, que permite 1989 DE VILLE considerar o modo torcional não uniforme, os fenômenos de instabilidade, a plasticidade e as tensões residuais. Estudo de perfis C com carga centrada, 1993 RODRIGUES considerando as imperfeições iniciais e a interação entre as placas. Sem consideração do modo torcional. Estudo de perfis L, U e C, com cargas centradas e excêntricas. Desenvolveu um 1993 ESTRELLA software numérico de fácil utilização onde também levou em conta a interação entre as flambagens local e global. Neste trabalho atem-se aos métodos semi-analíticos, a modelagem para a flambagem local e seus efeitos é feita usando o conceito da largura efetiva de placa, com auxílio do elemento finito de viga espacial. Com a introdução da banda finita para o cálculo da tensão crítica de flambagem, não como placas isoladas mas, como uma seção completa. O comportamento não-linear da coluna é levado em conta pelo elemento finito não-linear de viga espacial e a interação entre a flambagem local e flambagem global é tratada com ajuda de um algoritmo numérico de resolução passo a passo do problema não-linear. 9 1.3. OBJETIVOS DA TESE Nesta tese é realizado um estudo dos modos de instabilidade de perfis de aço compostos por paredes finas, onde leva-se em conta a interação entre os modos de flambagem local e global. O que torna imprescindível o emprego de métodos nãolineares a fim de simular a interação que inclui fortemente fatores de não linearidade geométrica. A sugestão deste trabalho é que a resposta carga versus deformação possa ser obtida por intermédio do elemento finito não-linear de viga espacial de paredes finas. Considerando a flambagem local e utilizando o método das larguras efetivas, tem-se um elemento finito cuja seção transversal é variável ao longo do carregamento da peça, a fim de simular a interação entre os fenômenos de instabilidade local e global. A contribuição desta tese consiste no aprimoramento do cálculo das larguras efetivas. No trabalho de ESTRELLA[20] foi feita uma simplificação para o cálculo das larguras efetivas, assim como nas normas existentes [1, 21], onde o perfil de chapas dobradas é calculado como uma associação de placas isoladas. Nesta tese leva-se em conta a influência que cada placa exerce sobre a outra, ou seja, o engastamento parcial nos cantos do perfil. Para isso, utiliza-se o Método das Bandas Finitas. As seções transversais dos perfis aqui analisados são do tipo C. Aba Alma Enrijecedor de bordo Figura 1.3 – Representação do perfil tipo C. 10 O programa, desenvolvido nesta tese, BANFIN é um programa de instabilidade de elementos de banda finita para obtenção do multiplicador crítico da seção, λ. A partir do multiplicador crítico obtém-se a seção efetiva com auxílio das formulações de larguras efetivas. O programa desenvolvido permite a análise de carregamentos centrados, bem como carregamentos excêntricos. A introdução das imperfeições iniciais foi feita de duas maneiras: a primeira, conforme a flecha máxima obtida do perfil em laboratório [43], ou seja, sua imperfeição global máxima, a segunda, como para alguns perfis não houve medida de imperfeição, adotou-se como flecha máxima o valor L/1000, onde L é o comprimento do perfil estudado. Em ambos os casos, adotou-se uma distribuição senoidal ao longo do comprimento dos perfis, a fim de representar essas imperfeições quanto à retidão. O BANFIN permite além do estudo das deformadas iniciais, também o estudo das excentricidades da carga de compressão aplicada. O modo de flambagem por torção foi introduzido segundo os critérios teóricos de VLASSOV[70] e as modificações introduzidas por De VILLE[15]. Para calibragem do programa computacional desenvolvido foram comparados os resultados teóricos com resultados experimentais de MULLIGAN[43]. Para melhor compreensão das conclusões, além das tabelas comparativas, foram empreendidas saídas gráficas com auxílio do programa Pos-3D para melhor visualização dos deslocamentos e tensões. O programa Pos-3D foi desenvolvido pelo grupo de computação gráfica Tecgraf da Pontifícia Universidade Católica, PUCRio. 11 1.4. ESCOPO DA TESE No capítulo 2 fez-se um estudo do comportamento das placas isoladas, começando com o método das larguras efetivas e a introdução ao caso de carregamentos de compressão uniformemente variável. Também, apresentou-se algumas aproximações para as placas no estado de serviço e as larguras efetivas segundo a norma americana, AISI-90[1], e a norma européia, o EUROCODE[21]. Em seguida, é apresentado um resumo da introdução das larguras efetivas no programa preexistente [20], devido a introdução da subrotina aqui desenvolvida, BANFIN. O capítulo 3 é consagrado ao método das bandas finitas, nele encontra-se todo o desenvolvimento do método, análises da instabilidade local e sua introdução no programa de cálculo. No capítulo 4 encontra-se o estudo da interação entre a flambagem local e a flambagem global das colunas comprimidas, as pesquisas realizadas, comparações e análises de resultados encontrados com o método das bandas finitas e uma breve descrição do elemento finito de DE VILLE[15]. Do capítulo 5, dedicado a apresentação dos resultados, apresenta-se estudos comparativos dos resultados experimentais realizados por MULLIGAN[43] de vigascolunas de paredes finas submetidas à compressão centrada e excêntrica, seção transversal do tipo C, com os resultados numéricos achados com o método das bandas finitas para o cálculo da tensão crítica da seção, considerando a interação entre as paredes. Neste trabalho foram utilizadas três possibilidades de curvas de flambagem, a do EUROCODE, de MULLIGAN e de WINTER, conforme item d do ítem 3.6. Também fez-se comparações com os resultados obtidos por ESTRELLA[20], onde foi utilizado o programa FINLOC sem a introdução do método das bandas finitas. Em seu trabalho foram usadas as curvas de flambagem do EUROCODE [21] e do AISI-90 [1], sendo também apresentado um estudo do AISI90 com a introdução da eficácia do enrijecedor de bordo, conforme parágrafo 2.4.4, intitulado AISI-90*. 12 Apresentou-se a influência do sentido da deformada inicial no valor da carga de ruína, e também no comportamento carga x deformação lateral, conforme a figura 5.15. Na figura 5.10 a visualização em 3-D leva a uma melhor compreensão das larguras efetivas no instante da ruína da peça, bem como suas deformadas. Foram apresentadas tabelas comparativas entre os métodos e as curvas carga x deformação para diversos perfis. 13 CAPÍTULO 2 ESTUDO DO COMPORTAMENTO DAS PLACAS 2.1. INTRODUÇÃO Sendo este trabalho um estudo de colunas constituídas por perfis de aço dobrados a frio, torna-se necessário o estudo das placas esbeltas que compõem os mesmos. Uma das principais características geométricas das placas que compõem os perfis dobrados a frio é a sua relação largura/espessura, b/t. Quanto maior a relação b/t, menor será sua tensão crítica de flambagem local, σcr. Vê-se, a seguir, que a flambagem local das paredes, agindo simultaneamente com a flambagem global do tipo coluna, conduz a uma redução da resistência do perfil. Desta forma, a ruína poderá ocorrer através de um colapso súbito, o que caracteriza um comportamento de equilíbrio pós-crítico instável. A sensibilidade para este comportamento dependerá da relação σcr,global/σcr,local e das imperfeições iniciais. Neste capítulo, limita-se ao estudo da flambagem local das placas e deixa-se o estudo da interação entre os modos de instabilidade para o capítulo 4. As estruturas perfeitas podem desenvolver dois tipos de comportamento: linear e não-linear, conforme ilustrados na figura 2.1. 14 λ λ Ponto limite Ponto de bifurcação Caminho de equilíbrio adjacente Caminho de equilíbrio fundamental d (a) d (b) Figura 2.1- Comportamento de uma estrutura perfeita [20]. (a) Comportamento não-linear; (b) Comportamento linear. Nas placas de paredes finas, é de se esperar dois tipos de não-linearidade: - a não-linearidade geométrica, devido à esbeltez da estrutura, conduzindo a uma estrutura sujeita a grandes deslocamentos, e; - uma não-linearidade devido ao fenômeno da flambagem local. Neste capítulo, estuda-se a estabilidade de placas retangulares com dois bordos, paralelos à direção da carga de compressão aplicada, simplesmente apoiados (placas enrijecidas) ou com um lado simplesmente apoiado e o outro livre (placas não-enrijecidas). Começa-se pelo estudo das placas perfeitas, a fim de conhecer seu comportamento teórico. Em seguida, passa-se ao estudo não-linear das placas imperfeitas. Partindo da teoria da conservação da energia potencial total (π), SAINT VENANT[20] deduziu a equação diferencial de equilíbrio : ∂4w ∂4w ∂4w σ .t ∂ 2 w + 2 + = − D ∂x 2 ∂x 4 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 4 onde: (2.1) 15 t – espessura da placa σ - tensão uniaxial de compressão na direção x D – rigidez da placa à flexão D = Et3/12(1-ν2) (2.2) E – módulo de elasticidade ν - coeficiente de Poisson w(x,y) – deformada transversal da placa. x,u σ a y,v z,w Espessura t σ b Figura 2.2 – Placa retangular submetida a uma carga de compressão uniaxial no seu plano. Para uma placa enrijecida, figura 2.2, submetida a uma tensão uniformemente distribuída σ, a equação 2.1 tem duas possíveis soluções: a) A solução trivial w(x,y)=0. b) Substituindo-se, na equação 2.1, o deslocamento transversal w(x,y) por uma função que satisfaça as condições de apoio geométricas e naturais nos quatros bordos simplesmente apoiados da placa, conforme segue: mπx nπy w(x,y) = W mn sen sen a b (2.3) obtém-se: 1 − σ σ cr, p sendo: W mn sen mπx sen nπy = 0 a b (2.4) 16 a – comprimento da placa b – largura da placa m – semi-ondas de flambagem no sentido longitudinal da placa n - semi-ondas de flambagem no sentido transversal da placa π 2E t σcr,p = k 12(1 − ν 2 ) b 2 (2.5) onde: k – coeficiente de flambagem que depende do tipo de carregamento, condições de contorno e da geometria da placa. σcr,p – tensão crítica de flambagem da placa. com: 2 mb 2 2 4 a k = + 2n + n mb a (2.6) A análise da equação 2.4 mostra que só há um meio de achar uma solução para w(x,y) não nula, e isto pode ser feito anulando o termo entre parênteses, fazendo: σ = σcr,p (2.7) Na condição da equação 2.7, a deformada transversal w(x,y) pode tomar um valor importante, chamado bifurcação de equilíbrio, ilustrado na figura 2.3. σ σ Estável cr,p)min Instável 1 P Indiferente a P f w Figura 2.3 – Os caminhos de equilíbrio fundamental e adjacente relativos à equação 2.1 do problema de flambagem das placas. 17 Para se assegurar da estabilidade, é necessário que a segunda variação da energia potencial total seja positiva, cuja demonstração é facilmente encontrada na literatura [20]. Com essa demonstração, tem-se: σ < σcr,p (2.8) Para que a desigualdade acima seja satisfeita é necessário tomar o menor valor de k e, desta forma, faz-se n=1, resultando em: b 1 a k = m + a m b 2 (2.9) Para o valor de m é feito um estudo de curvas dos diferentes modos de instabilidade, ver figura 2.4, do qual conclui-se que todas as curvas passam por um valor mínimo de k igual a 4, para uma placa enrijecida e submetida a uma tensão uniforme, e que a influência de m sobre o valor do coeficiente de instabilidade é menor quanto maior a relação entre as dimensões da placa. 16 m=1 m=2 12 m=3 m=4 k 8 4 0 0 1 2 3 4 a/b Figura 2.4 – Coeficientes de flambagem para placas enrijecidas e submetida a uma carga uniaxial de compressão uniforme. Mostra-se, na figura 2.5, a configuração do modo de flambagem da placa em estudo. 18 σ σ a =2 b b a Figura 2.5 – Configuração de flambagem para uma placa enrijecida e submetida a uma compressão uniaxial uniforme. O estudo do valor de k para uma placa enrijecida, porém sujeita a um carregamento variável linearmente, é feito utilizando a relação que define o tipo de solicitação: ψ = σ2/σ1 (2.10) sendo: σ1 – tensão de compressão de sinal positivo e de maior valor absoluto. σ2 – tensão que pode ser de compressão (positiva) ou de tração (negativa). A solução da equação 2.1, para diferentes valores de ψ, é dada na figura 2.6, segundo BULSON[7], para uma placa enrijecida. Nota-se também que o valor da tensão crítica no caso da flexão pura (ψ = -1) é cerca de 6 vezes o valor da tensão crítica da compressão pura (ψ = 1). Na figura 2.7 obtida de BULSON[7] é mostrado o gráfico do coeficiente de flambagem k em relação a a/b para uma placa não-enrijecida e vê-se que todas as curvas tendem assintoticamente a um certo valor (para cada valor de ψ) quando a relação entre as dimensões das placas a/b cresce. Desta forma, chega-se ao valor do coeficiente de flambagem (k) para a compressão pura (ψ = 1), k = 0,425. 19 24 σ σ 1 1 20 16 σ k min σ 2 2 12 8 4 0 -1,0 -0,5 0 0,5 1,0 ψ = σ 2 / σ1 Figura 2.6 – Coeficiente de flambagem mínimo para uma placa enrijecida e submetida a uma compressão variável linearmente [7]. Borda livre 10 a k b σ 1 σ 5 σ σ 2 1 σ σ 1 1 2 0 0 1 a/b 2 Figura 2.7 – Coeficiente de flambagem de uma placa não enrijecida e submetida a uma compressão variável linearmente [7]. 20 2.2. O MÉTODO DAS LARGURAS EFETIVAS Contrariamente ao comportamento de colunas, as placas apresentam resistência significativa após a ocorrência da flambagem. Quando essa resistência pós-crítica é totalmente utilizada, um projeto estrutural eficiente e econômico pode ser obtido [43]. A figura 2.8 mostra o comportamento pós-crítico estável de uma placa sujeita a compressão uniaxial, o que faz com que ela possa resistir a cargas superiores à carga crítica. Entretanto, esta reserva pós-crítica não é ilimitada, segundo VON KARMAN, SECHLER e DONNELL[71], de acordo com resultados experimentais, a placa atinge a ruína quando a tensão de compressão máxima nos bordos não carregados atinge o limite elástico fy. σ Pa P'i Reserva pós-crítica Início de plastificação σ cr,p Pf wo Imperfeição inicial w Figura 2.8 – Resposta de uma placa real. A placa fina enrijecida da figura 2.9 mostra a resposta enquanto é aplicada uma tensão de compressão uniforme σm. Enquanto essa tensão permanece menor que o valor crítico σcr, a tensão longitudinal interna é uniforme através da placa. Quando a tensão aplicada alcança σcr, uma pequena onda de flambagem desenvolve-se na placa. Quando o carregamento cresce mais, cresce a deformação fora do plano da placa, porém é impedida por tensões atuantes transversais. 21 Ao mesmo tempo, uma redistribuição da tensão longitudinal interna ocorre, e passa de uniforme a não-uniforme, onde a maior parte do carregamento é suportado pelas porções menos flambadas da placa. Este processo continua até que o nível de tensão σemax, para o bordo da placa, alcança o escoamento; após o qual geralmente a placa atinge a ruína. Após a flambagem da placa, o estudo com a distribuição de tensões nãouniforme iria complicar demasiadamente os cálculos práticos. Porém, o conceito de uma “largura efetiva” foi introduzido por VON KARMAN [71] e outros em 1932. VON KARMAN [71] argumentou que na placa carregada acima da tensão crítica, a parte central flambada não tem qualquer resistência apreciável e que a maior parte do carregamento deverá ser suportado pelas duas faixas adjacentes as bordas da placa. 22 σm w u a b ε =u / a Espessura t σm (a) x x σ σm m σ σ e emax a σ m σ σ em m y y b b σ σ m σ σ cr,p m m σ σx x σ σ m e σm σm > σ be / 2 be / 2 (b) σe cr,p be (c) Figura 2.9 – O conceito da largura efetiva (a) Placa deformada; (b) Placa enrijecida; (c) Placa não-enrijecida. 23 Nesta aproximação, a tensão não-uniforme σx, agindo sobre a largura da placa b, é substituída por uma tensão máxima, agindo sobre uma largura efetiva be. O equilíbrio é mantido pela definição de largura efetiva: x σemáx.be.t = ∫ σ x .t.dx = σm.b.t (2.11) 0 onde: σm – tensão atuante sobre b. σemáx – tensão máxima no bordo não carregado. σx - tensão não-uniforme. be – largura efetiva. Da equação 2.11, tem-se: be/b = σm/σemáx ⇒ ρ = σ be = m (σm>σcr,p) b σ emáx (2.12) sendo: ρ - coeficiente de redução da largura efetiva. A equação acima é utilizada para o cálculo da largura efetiva na ruína da peça, também chamada de “largura efetiva de tensões”. Vê-se que a tensão a qual a largura efetiva be está submetida é a tensão máxima do bordo não carregado, isto é, a pior posição flambada da peça – a central. Porém, quando σemáx < fy, a formulação acima subestima a rigidez da placa no estado pós-crítico. Num estado intermediário, anterior à ruína da peça, no estado de serviço, a fim de se achar a rigidez pós-crítica da placa, define-se a “largura efetiva de deformações”. Aqui, a tensão não-uniforme σx, agindo sobre a largura da placa b, é substituída pela tensão média equivalente do bordo não carregado, agindo sobre uma largura efetiva be. Calculando a tensão média no bordo não carregado: a σem = 1 σ e dx a ∫0 σe – tensão variável no bordo não carregado. (2.13) 24 Assim, temos: be/b = σm/σem ⇒ ρ = be σ m = (σm > σcr,p ) b σ em (2.14) Define-se a esbeltez reduzida da placa para o estado de serviço e na ruína, respectivamente: λp = λ py = σe σ cr , p (2.15) fy (2.16) σ cr , p 2.2.1. PLACAS ENRIJECIDAS A aproximação da largura efetiva, desenvolvida inicialmente por VON KARMAN [71], é baseada em resultados experimentais de ensaios de placas isoladas, carregadas até a ruína, o que permite tirar as seguintes conclusões de seus ensaios: a) A carga de ruína independe da largura da placa; b) A carga de ruína é proporcional ao quadrado da espessura t da placa. A partir dessas conclusões, VON KARMAN [71] formulou a hipótese de que a tensão de flambagem na largura efetiva no estado de ruína deve se igualar ao limite elástico fy. Substituindo-se fy na equação 2.5, temos: π 2E t fy = k 12(1 −ν 2 ) be 2 (2.17) Combinando-se as equações 2.5, 2.16 e 2.17 chega-se a: ρ= be 1 = ≤1 b λ py (2.18) Generalizando a equação 2.18 para o estado de serviço, tem-se ρ= be 1 = ≤1 b λp (2.19) 25 A equação de VON KARMAN 2.18 dá a largura efetiva na ruína. A equação 2.19 está ligada ao conceito de largura efetiva de deformações, onde o valor de σe varia entre 0 e fy. Os trabalhos de pesquisa que sucederam VON KARMAN [71] constataram duas falhas na sua formulação: a) Ela superestima a resistência de placas pouco esbeltas, quando a esbeltez reduzida λpy varia em torno de 1; b) Ela superestima a rigidez da placa para valores de tensões menores que fy. Nos anos 40, WINTER[74] empreendeu uma série de ensaios de compressão em placas, para achar uma fórmula mais realista para a largura efetiva. Em seus ensaios, WINTER [74] baseou-se em placas integrantes de perfis dobrados a frio e que, consequentemente, estavam submetidos a todas as imperfeições inerentes ao processo de fabricação. A fórmula a seguir foi obtida estatisticamente a partir de tais ensaios: ρ= 1 0,25 be = 1− ≤1 b λ p λ p (2.20) Apesar das imperfeições, constata-se que se alcança a ruína quando a tensão σe, nos bordos não carregados, atinge o limite elástico fy e, neste caso, substitui-se λ p por λ py na equação 2.20. Nota-se que a expressão entre parênteses do termo a direita da equação 2.20 tende a valores próximos a 0,75 para valores de λ p em torno de 1, e tende a 1 para grandes valores de λ p . Essa redução de 25% da largura efetiva de WINTER [74] em relação a VON KARMAN [71] na região λ p =1 é devido aos efeitos negativos das não-linearidades acarretadas pelas imperfeições, e são mais importantes próximas à carga crítica (ver figura 2.10). 26 ρ 1 Von Karman, eq. (2.19) 0.9 Gérard [65] 0.8 0.7 Faulkner [66] 0.6 Chilver [64] 0.5 0.4 Winter, eq. (2.21) 0.3 0.2 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 λp Figura 2.10 – Curvas de larguras efetivas. Em 1968, WINTER [74] empreendeu novos estudos experimentais e propôs uma fórmula menos conservativa para a equação 2.20, substituindo o coeficiente 0,25 por 0,22: ρ= 1 0,22 be = 1 − ≤1 b λ p λ p (2.21) As equações 2.19 e 2.21 estão graficamente representadas graficamente na figura 2.10. Pode-se constatar um afastamento muito importante entre as duas curvas na região de λ p =1 e, em seguida, a curva de WINTER [74] tende assintóticamente à curva de VON KARMAN [71] para as placas mais esbeltas. O patamar inicial das curvas caracteriza a região de esbeltezes para as quais a placa não flamba e é totalmente efetiva. A título de ilustração, representam-se, na mesma figura, curvas de larguras efetivas desenvolvidas por outros pesquisadores. Embora a equação de WINTER [74] seja a mais utilizada e adotada nas normas de diversos países. 27 2.2.2. PLACAS NÃO-ENRIJECIDAS O estudo das placas não-enrijecidas foi iniciado por WINTER [74]. Seu trabalho baseou-se nas abas comprimidas que compõem as seções de perfis dobrados a frio, nos quais, a maior relação para largura x espessura (b/t) é igual a 109. Ele sugere que o dimensionamento das abas seja limitado à consideração da tensão de flambagem, a fim de evitar qualquer distorção da extremidade livre visto que o efeito visual não é aceito para o estado de serviço. Esta concepção de dimensionamento é adotada em todas as normas americanas desde a norma AISI86. Apesar da flambagem das abas, WINTER [74] pôde constatar que elas podem resistir além da carga crítica, até que a tensão σemáx, no bordo apoiado, atinja o limite elástico fy. A partir desta hipótese para a ruína, ele deduziu a seguinte fórmula para a largura efetiva: be = 0,8t E t E 1 − 0 , 202 b σ e σ e (2.22) A fórmula acima dá uma boa aproximação para os pequenos valores de largura efetiva achados experimentalmente. O coeficiente de flambagem k de uma placa com um bordo livre pode variar de 0,425, quando o outro bordo é simplesmente apoiado, até 1,277, se o outro bordo é engastado. KALYANARAMAN[31] adotou um valor de k igual a 0,5 e, com esse valor, ele rescreveu a equação 2.22: ρ= be 1,19 0,3 = 1− ≤1 b λ p λ p (2.23) Posteriormente, baseando-se em resultados experimentais e num estudo analítico do comportamento pós-crítico, KALYANARAMAN [31] propôs a seguinte fórmula de largura efetiva: ρ= be 1,19 0,298 = 1− ≤1 b λ p λ p (2.24) Esta nova equação, mais conservativa, difere da equação 2.23 apenas quanto a troca do coeficiente 0,3 por 0,298. Uma representação gráfica da equação 2.24 e da equação de WINTER, 2.21, é dada na figura 2.11 . 28 ρ 1 Von Karman eq.(2.19) 0,9 0,8 Kalyanaraman eq.(2.24) 0,7 0,6 0,5 Wi nter eq.(2.21) 0,4 0,3 0,2 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 λp Figura 2.11 – Comparação de curvas de largura efetiva. Em seus ensaios experimentais, KALYANARAMAN [31] constatou que o deslocamento transversal (fora do plano da placa) da extremidade livre das abas mais esbeltas (b/t ≅ 58) não excede 2,5 vezes a sua espessura na ruína. Em vista desta moderada distorção, ele admite o dimensionamento à ruína por meio da equação 2.24, sem levar em conta a recomendação, quanto a distorção, para o estado de serviço. 2.2.3. CARREGAMENTO DE COMPRESSÃO UNIFORMEMENTE VARIÁVEL Até aqui, tratou-se do caso de placas submetidas a um diagrama de tensões uniforme e constante. Entretanto, para uma abordagem mais realista, será necessário um estudo de placas submetidas a cargas variáveis linearmente ao longo dos bordos carregados. RHODES, HARVEY e FOK [56] fizeram o estudo analítico de placas inicialmente imperfeitas e submetidas a uma carga excêntrica. Para uma placa enrijecida com a carga excêntrica apoiada por meio de barras rígidas, como mostra 29 a figura 2.12, eles obtiveram a seguinte fórmula para o cálculo da carga teórica de ruína Pr,th: Pr ,th f y bt = k y + 11, 4 (2.25) ep k y 6 + 3,85 b onde: ky = fy b2 t/ π2 D D = E t2/ 12(1- ν2) - rigidez da placa na flexão. ep – excentricidade da carga – ver figura 2.12. A equação 2.25 é válida se: ep 1 ky > 8 3 + b 2 (2.26) P P ep b indeslocável Figura 2.12 – Placa enrijecida submetida a uma compressão excêntrica constante. Se a condição 2.26 não for satisfeita, a placa não flamba e atinge a ruína por escoamento plástico. A equação 2.25 é estabelecida considerando-se que a ruína se produz quando a tensão máxima no bordo não carregado (σemax) atinge o limite elástico fy. Foi comprovado que esta fórmula está em excelente acordo com os resultados experimentais. Porém, esses autores não desenvolveram uma aproximação de largura efetiva de modo a representar seus resultados analíticos. RHODES e HARVEY [56] também fizeram um estudo sobre os efeitos do modo de aplicação da excentricidade da carga. Na figura 2.12 foi representada uma placa 30 submetida a uma carga de compressão excêntrica constante. Os mesmos autores estudaram os efeitos sobre uma placa submetida a carga com excentricidade constante, como na figura 2.13, e chegaram às seguintes conclusões: na prática, espera-se que a condição de carregamento seja algo entre as duas condições teóricas apresentadas e, além disso, o comportamento das placas submetidas à carga excêntrica é extremamente sensível ao método de aplicação. P P ep b livre para deslocar Figura 2.13 – Placa enrijecida submetida a uma carga com excentricidade constante. THOMASSON[66] fez uma proposição semi-empírica para o cálculo das larguras efetivas, para uma placa enrijecida e submetida a uma carga excêntrica. A notação utilizada e a distribuição das larguras efetivas são ilustradas na figura 2.14, onde σ1 é sempre uma tensão de compressão. Sua formulação é baseada nas seguintes hipóteses: a) A teoria clássica da resistência dos materiais é suposta válida; b) As larguras efetivas são determinadas unicamente a partir das tensões nos bordos, σ1 e σ2, e; c) A ruína ocorre quando a tensão no bordo mais solicitado à compressão atinge fy. As fórmulas propostas por THOMASSON [66] para o cálculo e distribuição das larguras efetivas são dadas na tabela 2.1. Nota-se que a fórmula para o cálculo de be/b tem a mesma forma da expressão de VON KARMAN [71] dada a seguir, partindo da equação 2.19: be t E = 1,9 b b σ1 (2.27) 31 com k=4 e ν=0,3. A única diferença está no coeficiente de 1,52 (THOMASSON) e 1,9 (VON KARMAN). σ1 > 0 σ2 > 0 σ σ1 > 0 ψ = σ2 / σ 1 1 σ σ2 < 0 σ1 2 be1 b e2 b bo b e1 b e2 σ2 b sendo: b0 - largura tracionada da placa. Figura 2.14 – Notação e distribuição das larguras efetivas. THOMASSON [66] comparou os resultados da carga de ruína obtidos com a sua proposição de larguras efetivas com os resultados obtidos pela equação 2.25. Ele constatou que seus resultados eram sempre conservativos. E mais, ele também notou que as cargas de ruína obtidas com a sua proposição são mais conservativas quanto maior a excentricidade da carga e maior a esbeltez da placa (>b/t). Com essas constatações, THOMASSON [66] decidiu modificar sua proposição original e substituiu por 1,52 o coeficiente de 1,9 na fórmula de be/b (ver tabela 2.1), isto é, utilizou a expressão 2.27 de VON KARMAN [71]. Esta nova proposição está em melhor acordo com a equação 2.25. Com o mesmo objetivo, USAMI[68] utilizou uma aproximação analítica da resolução do problema das equações não-lineares de VON KARMAN [71], com objetivo de deduzir as fórmulas de cálculo e de distribuição das larguras efetivas para a placa enrijecida e submetida a uma carga excêntrica. Sua proposição é dada na tabela 2.1 com as notações da figura 2.14. Uma comparação gráfica das distribuições da largura efetiva de acordo com THOMASSON [66] e USAMI [68] está ilustrada na figura 2.15. 32 0.8 bei / be Thomasson 0.75 0.7 be2 / be Usami 0.65 0.6 0.55 Thomasson e Usami be1/be 0.5 0.45 0.4 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 ψ 1 Figura 2.15 – Distribuição das larguras efetivas Thomasson [42] Cálculo e distribuição das larguras efetivas be = 1,52 b t b ψ = σ2/σ1 0<ψ<1 ψ≤0 E σ1 Usami [43] be 1 0,22 = 1− , k=4 b λ p λ p be1 be 1 2 1 2 be 2 be 1 (1,5 – 0,5ψ) 2 1 (1,44-0,44ψ) 2 be1 be 1 2 1 2 be 2 be 1 1,5 2 1 1,44 2 Tabela 2.1 – Cálculo e distribuição das larguras efetivas para a placa enrijecida e submetida a uma carga excêntrica. 33 DEWOLF e GLADDING[18] realizaram uma pesquisa experimental para achar uma fórmula de largura efetiva das almas dos perfis dobrados a frio submetidos a uma solicitação de flexão pura. Obtiveram a distribuição de tensões mostrada na figura 2.16, onde se vê que a hipótese clássica de BERNOULLI, das seções planas após a deformação, não é mais válida. A largura efetiva be da parte comprimida da alma na ruína é dada pela seguinte fórmula: be 0,7 = bc λ py (2.28) onde bc é a parte comprimida da alma calculada segundo o eixo neutro da seção total e λ py é calculada com um coeficiente de flambagem que leva em conta o gradiente de tensões. fy bc be linha neutra da seção total σ Figura 2.16 – Largura efetiva da alma da seção submetida à flexão pura, de acordo com DEWOLF e GLADDING[18]. Apesar das limitações do trabalho de DEWOLF e GLADDING [18] no contexto desta tese, eles contribuíram para a evolução do cálculo da largura efetiva de placas submetidas a uma carga excêntrica. A largura efetiva be é calculada em relação à largura comprimida bc da placa quando ψ<0 e, além disso, a tensão crítica de flambagem é calculada com um coeficiente k que leva em conta o gradiente de tensões. Contrariamente, THOMASSON [66] e USAMI [68] utilizaram sempre um coeficiente de flambagem k igual a 4 e a largura efetiva foi calculada em relação à largura total b da placa (ver tabela 2.1 e equação 2.27). 34 Por último, no caso das placas não enrijecidas, a análise do problema é mais complexa, e existem poucos resultados na literatura. É necessário nos atermos as proposições semi-empíricas dadas nas normas atuais que serão apresentadas. 2.3. PLACAS NO ESTADO DE SERVIÇO A fórmula de WINTER 2.21 dá geralmente boas previsões teóricas da carga de ruína de colunas curtas e de colunas de perfis dobrados a frio, quando σemax = fy. Entretanto, apesar de WINTER [74] ter utilizado os dados de larguras efetivas medidas no estado de serviço, por ocasião de seus ensaios, para deduzir sua fórmula semi-empírica, os pesquisadores mais recentes mostraram que sua fórmula subestima muito a rigidez da placa no estado de serviço (σemax < fy). Pesquisadores como DEWOLF, PEKOZ e WINTER[17], THOMASSON[66], MULLIGAN[43] e, MULLIGAN e PEKOZ[41,42], simularam a interação entre a flambagem local e a flambagem global com a ajuda do método das larguras efetivas e seus resultados confirmaram a inadequação da fórmula de WINTER na previsão teórica do comportamento de colunas curtas e de colunas no estado de serviço. DAWSON e WALKER[14] abordaram este problema em detalhes e a discussão a seguir é tirada de seu artigo. A fórmula de WINTER não deve ser utilizada para níveis de tensão σe menores que fy. Na realidade, a tensão σe varia ao longo dos bordos não carregados (ver figura 2.9) e, assim, a rigidez longitudinal da placa, que é função do encurtamento da placa na direção da carga, é obtida pela integral ao longo do comprimento da placa e deve, portanto, depender da tensão média σem dos bordos não carregados (ver equação 2.14). Por outro lado, a ruína é atingida quando a tensão máxima σemax nos bordos não carregados (ver figura 2.9) atinge o limite elástico fy (ver equação 2.12), que é um fenômeno local. Parece que toda diferença entre o conceito de largura efetiva de deformações (equação 2.14) e o conceito de largura efetiva de tensões (equação 2.12) foi ignorada nos trabalhos de WINTER[74]. 35 2.3.1. APROXIMAÇÃO DE THOMASSON Para resolver o problema anteriormente exposto, THOMASSON[66] fez uma nova proposição de curvas de largura efetiva, conforme a figura 2.17, com um 2 gráfico do tipo S em relação a λ p , onde: S = σm/σcr (2.29) 2 λ p = εe/εcr (2.30) Nesta figura, a curva ‘a’ é a solução teórica de uma placa perfeita e constitui um limite superior da resposta da placa; a curva pontilhada é a solução exata de YAMAKI[76] para uma placa com uma imperfeição inicial wo igual a 0,1t; a curva ‘b’ é uma aproximação da curva pontilhada de YAMAKI [76], e a curva ‘c’ é uma aproximação da fórmula de WINTER [74]. A idéia é tomar a solução de YAMAKI [76] para o comportamento pós-crítico inicial da placa e, ao mesmo tempo, definir a ruína da placa pela fórmula de WINTER [74], unindo-se esses dois pontos por uma curva de transição ‘d’. S = σm/σcr 6 Solução teórica de Yamaki [76] 5 a para uma placa imperfeita com b Wo / t =0,1. 4 c d 3 2 λ2po 1 λ2py = 10,24 λ2p1 0 0 2 4 6 λ2p = 8 10 12 εe εcr ,p Figura 2.17 – Proposição de THOMASSON [66] para o comportamento de uma placa no estado de serviço pós-crítico. 36 As larguras efetivas associadas são dadas pela figura 2.18 e suas fórmulas são as seguintes: Curva b: ρ = ( −0 , 662 ) be = 0,827λ p ≤1 b Curva c: ρ = ( −0 ,864 ) be = 0,78λ p ≤1 b Curva d: ρ = λ p > 0,75 (2.31) λ p > 0,75 (2.32) ρ y − ρ1 be = ρ1 + λ p − λ p1 ≤ 1 b λ py − λ p1 ( ) λ p1 < λ p < λ py (2.33) onde o par ( λ p1 ,ρ1) é o ponto de interseção entre a curva ‘b’ e a curva de transição ‘d’. A abcissa λ p1 é dada por: λ p1 = 0,3 + 0,6λ py (2.34) THOMASSON [66] fez uma comparação da sua proposição para o cálculo de largura efetiva com os resultados experimentais de KÖNIG[34] e pode-se constatar uma boa relação entre eles. ρ 1,1 1 0,9 0,8 λpy = 3,2 0,7 0,6 λpo = 0,75 0,5 a b 0,4 λ p1 0,3 0,2 0 0,5 1 1,5 2 2,5 d c λ py 3 3,5 λ p Figura 2.18 – Proposição de THOMASSON [66] para o cálculo da largura efetiva. 37 Apesar das boas previsões teóricas dadas por essa proposição, há duas notas a serem feitas: 2 a) A curva Sx λ p (figura 2.17) apresenta dois pontos de descontinuidade da 2 2 2 2 derivada de S em relação a λ p ( ∂S/∂( λ p )), localizados nas abcissas λ p = λ po e 2 2 λ p = λ p1 que são os pontos de passagem do estado de pré-flambagem ao estado pós-flambagem e a transição da curva ‘b’ para a curva ‘d’. b) A curva ‘d’, que faz a transição da curva ‘b’ para a ruína da placa, apresenta seu vértice antes da interseção com a curva ‘c’ e este fato é tão mais marcante quanto mais esbelta é a placa (maior λ py ). Nota-se, também, que a proposição de THOMASSON [66] prescreve que a ruína da placa se produz em regime elástico (σe<fy), porém sabe-se que a ruína das placas é atingida quando σe = fy. 2.3.2. APROXIMAÇÃO DE MULLIGAN [43] Numa pesquisa mais recente, MULLIGAN[43] e MULLIGAN e PEKOZ[41] fizeram uma revisão da proposição de THOMASSON [66] e deduziram uma nova proposição para o cálculo da largura efetiva da placa no estado de serviço no regime pós-crítico, para eliminar as falhas apresentadas na proposição de THOMASSON [66], citadas no subitem anterior. A proposição se encontra ilustrada na figura 2.19 no gráfico do tipo S x λ p . Fazemse necessários alguns esclarecimentos quanto ao gráfico citado. O trecho da curva entre λ p = 0 e λ po = 0,673 está relacionado às esbeltezes de placas pré-flambadas (ρ = ρ= be = 1) e, com a ajuda da equação 2.12, tem-se: b be σ σ cr , p = m b σ cr , p σ e max Utilizando as equações 2.15 e 2.29: 2 S = ρ λp (2.35) Assim, para placas pré-flambadas, tem-se: 2 S = λp (2.36) 38 S= σm / σcr,p 3.5 Mulligan fy (N/mm²) 3 S fy = 300 b / t = 150 2.5 fy = 400 MW k=4 fy = 200 2 S= λp 2 λ py 1.5 λ λ py py Winter 1 S 0.5 W= λp - 0,22 0 0 0.5 λ po 1 1.5 λ 2 2.5 p = ( ε e / ε cr,p )½ 3 3.5 4 Figura 2.19 – Proposição MULLIGAN e PEKOZ [41] para o comportamento de uma placa no estado de serviço. A equação de WINTER 2.21 sob a forma da equação 2.35 toma a seguinte forma: SW = λ p - 0,22 (2.37) Essa aproximação caracteriza-se por fazer passar uma curva que vai da passagem do estado de pré-flambagem ao estado de flambagem da placa ( λ po > 0,673), com o vértice da ruína dado pela fórmula de WINTER [74]. Essa curva será um polinômio cúbico da seguinte forma: 2 3 SMW =AW 1+AW 2 λ p +AW 3 λ p +AW 4 λ p 0,673< λ p < λ py (2.38) e impondo-se as seguintes condições aos limites em λ po e λ py : 2 SMW ( λ po ) = λ po (2.39a) S’MW ( λ po ) = 2 λ po (2.39b) SMW ( λ py ) = SW ( λ py ) (2.39c) S’MW ( λ py ) = 0 (2.39d) 39 Com os quais acham-se os coeficientes da equação 2.38: AW4 = AW3 = [( ) 2 1 − λ po λ py − 0,22 (λ po − λ py ) ] (2.40a) 3 ( λ po − 1,5 AW 4 λ py + λ po λ po − λ py ( AW2 = − λ py 2 AW 3 + 3 AW 4 λ py ) (2.40b) ) (2.40c) 2 A AW1 = λ po 1 − W 2 − AW 3 − λ po AW 4 λ po (2.40d) Finalmente, combinando-se as equações 2.35 e 2.38, tem-se a seguinte expressão para o cálculo da largura efetiva: ρ MW = be AW 1 AW 2 = 2 + + AW 3 + AW 4 λ p ≤ 1 b λp λp 0,673< λ p < λ py (2.41) Por simplificação da linguagem, chama-se daqui por diante a equação 2.41 de combinação Mulligan+Winter. Apresenta-se, a seguir, na figura 2.20 uma representação gráfica e uma comparação com a fórmula de WINTER [74]. 1.1 ρ fy (N/mm²) 1 0.9 b / t = 150 k=4 0.8 Mulligan 0.7 fy = 200 0.6 Winter fy = 300 0.5 fy = 400 0.4 0.3 0.2 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 lp Figura 2.20 – Proposição de MULLIGAN e PEKOZ[41] para o cálculo da largura efetiva. 40 Do mesmo modo, aplicou-se esta nova aproximação para a fórmula 2.24 de KALYANARAMAN [31] para as placas não enrijecidas. Neste caso, da equação 2.24 combinada com 2.35, tem-se: SK = 1,19 ( λ p - 0,298) (2.42) Similarmente ao caso precedente, SMK toma a seguinte fórmula: 2 3 SMK = AK1 + AK2 λ p + AK3 λ p + AK4 λ p 0,673< λ p < λ py (2.43) com as condições nos limites: 2 SMK( λ po ) = λ po (2.44a) S’MK( λ po ) = 2 λ po (2.44b) SMK( λ py ) = SK( λ py ) (2.44c) S’MK( λ py ) = 0 (2.44d) Assim, tem-se, para os coeficientes da equação 2.43: AK4 = AK3 = [( ) 2 1,19 − λ po λ py − 0,3546 (λ po − λ py ) ] ( λ po − 1,5 AK 4 λ py + λ po λ po − λ py ( (2.45a) 3 AK2 = − λ py 2 AK 3 + 3 AK 4 λ py ) (2.45b) ) (2.45c) 2 A AK1 = λ po 1 − K 2 − AK 3 − λ po AK 4 λ po (2.45d) e a largura efetiva é dada pela seguinte expressão: ρ MK = be AK 1 AK 2 = 2 + + AK 3 + AK 4 λ p ≤ 1 b λp λp 0,673< λ p < λ py (2.46) Por simplificação da linguagem, chama-se, daqui por diante, a equação 2.46 de combinação Mulligan+Kalyanaraman. 41 1.1 ρ Placa não enrijecida 1 0.9 fy = 355 N/mm² b / t = 50 k = 0,43 0.8 0.7 Parábola 0.6 Kalyanaraman 0.5 Mulligan + Kalyanaraman 0.4 0.3 0.2 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 σ e /sfy Figura 2.21 – Largura efetiva da placa não enrijecida com b/t = 50. Na figura 2.21, acha-se uma comparação entre as curvas de Kalyanaraman, equação 2.24, e a combinação Mulligan + Kalyanaraman, equação 2.46. A existência de uma terceira curva na figura, chamada ‘parábola’, explica-se no próximo subitem. Infelizmente, a combinação Mulligan+Kalyanaraman apresenta um comportamento indesejável quando a placa é pouco esbelta, como mostra a figura 2.22, com uma relação b/t igual a 15. Utilizar esta aproximação adaptada, para a modelagem do comportamento das placas não-enrijecidas, leva, na verdade, a um patamar ρ = 1, de placa não flambada, muito maior do que o previsto pela esbeltez limite λ po . 42 ρ 1.05 Mulligan + Kalyanaraman 1 0.95 Placa não enrijecida Parábola 0.9 Kalyanaraman 0.85 fy = 355 N/mm² b / t = 15 k = 0,43 0.8 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 σ e s/ fy Figura 2.22 – Largura efetiva da placa não enrijecida com b/t = 15. Este fato é mais marcante quando a esbeltez reduzida da placa na ruína λ py se aproxima de λ po e provém da escolha de uma interpolação cúbica para representar S em função de λ p impondo uma derivada nula na ruína, como mostra a figura 2.23. 43 S = σm / σcr,p 1.2 S =λ Placa não enrijecida 1 fy = 355 N/mm² b / t = 15 k = 0,43 2 p Parábola 0.8 Mulligan + Kalyanaraman 0.6 0.4 Kalyanaraman 0.2 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 ½ λp = ( ε e / ε cr,p) Figura 2.23 – Diagrama tensão x deformação da placa não enrijecida com b/t=15. 2.3.3. APROXIMAÇÃO UTILIZADA Para contornar o problema relativo a aproximação de Mulligan+Kalyanaraman (equação 2.41), para o cálculo e distribuição da largura efetiva de placas nãoenrijecidas, propõe-se fazer passar uma curva do segundo grau (uma parábola) para representar ρ = be/b em função de λ p , quando a placa é pouco esbelta. Vê-se a seguir que esta parábola deve passar pelo ponto ( λ po , ρ = 1 ), final do patamar de pré-flambagem, e pelo ponto ( λ py , ρ yk ), ruína; onde ρ yk é o valor obtido a partir da equação 2.24 de Kalyanaraman, substituindo-se λ p por λ py . A parábola é construída de maneira que seu lado convexo esteja voltado para cima e portanto o vértice seja o ponto ( λ po , ρ = 1 ), impondo que ela tenha a seguinte forma: 44 (ρ p ( − 1) = C λ p − λ po ) 2 (2.47) Com a condição de passagem pelo segundo ponto ( λ py , ρ yk ), acha-se o valor da constante C da equação 2.47, que toma finalmente a forma: ρp = (λ ρ yk − 1 py − λ po ) 2 (λ p − λ po ) 2 +1 (2.48) e sua representação gráfica está ilustrada nas figuras 2.21, 2.22 e 2.23. Como não há qualquer semelhança matemática entre a combinação de Mulligan+Kalyanaraman, equação 2.46, e a parábola, equação 2.48, será impossível determinar o valor da esbeltez reduzida na ruína λ py onde as duas curvas coincidem, para saber se deve-se utilizar uma ou outra formulação. De qualquer modo, vê-se, nas figuras 2.21 e 2.22, que, calculando-se a largura efetiva pelas duas formulações e tomando-se o menor valor, utiliza-se sempre a melhor curva. No caso em que as curvas das duas formulações são suficientemente próximas para se cruzarem, como mostra a figura 2.24 para uma placa com b/t=26, o fato de tomar o menor valor, faz passar de uma curva para outra, o que parece não prejudicar a qualidade dos resultados. No caso de uma placa enrijecida, a combinação Mulligan+Winter, (equação 2.41) produz o mesmo problema quando a placa é pouco esbelta e, neste caso, a metodologia aplicada fica similar a acima apresentada. 45 1.05 ρ Mulligan + Kalyanaraman 1 Placa não enrijecida 0.95 0.9 0.85 Parábola 0.8 0.75 Kalyanaraman 0.7 0.65 fy = 355 N/mm² b / t = 26 k = 0,43 0.6 0.55 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 σe / fy Figura 2.24 – Largura efetiva da placa enrijecida com b/t = 26. 0.9 1 46 2.4. LARGURA EFETIVA SEGUNDO AS NORMAS: AMERICANA E EUROCODE 2.4.1. INTRODUÇÃO Apresenta-se aqui um resumo do cálculo da largura efetiva e sua distribuição segundo as normas: a americana, AISI-90[1], e a européia, EUROCODE[21]. Um estudo elaborado dessas normas pode ser visto na tese de ESTRELLA[20]. No entanto, no presente trabalho, utilizam-se os resultados das normas, bem como alguns resultados experimentais, somente para a aferição do procedimento de cálculo da largura efetiva da seção pelo método da banda finita desenvolvido, o qual, leva em conta a total interação entre as placas. O cálculo dos perfis de paredes finas, com o AISI-90[1] é de difícil aplicação em elementos finitos, devido a algumas descontinuidades e outros impedimentos que apresenta-se a seguir. 2.4.2. PLACAS ENRIJECIDAS Para o cálculo das larguras efetivas das placas biapoiadas no sentido transversal à carga, há uma pequena diferença quanto à largura plana da placa bp a considerar, nos cálculos utilizando o Eurocode ou o AISI-90. Essa diferença está relacionada aos arredondamentos dos cantos dos perfis, conforme figura 2.25. bp bp r r Eurocode 3 t AISI - 90 'Adotado' Figura 2.25 – Largura plana bp consideradas pelas normas. 47 A fim de uniformizar e de simplificar a programação, escolheu-se calcular bp conforme o AISI-90 [1]. Quanto ao cálculo da largura efetiva, as duas normas desprezam o efeito da interação da flambagem entre as placas da seção, as quais são consideradas como placas isoladas com os bordos simplesmente apoiados. Felizmente, o efeito do gradiente de tensões, da carga agindo sobre a placa, é levado em conta. A figura 2.26 mostra a notação utilizada na tabela 2.2 para o cálculo da largura efetiva. σ1 σ2 + be1 ψ = +1 be2 bp=bc ψ =σ2 /σ1 σ1 σ2 + 0 ψ<1 be2 be1 bp=bc bc bt σ1 ψ<0 + be1 be2 bp σ2 bc = bp 1−ψ Figura 2.26 – Notação e representação gráfica da distribuição da largura efetiva 48 EUROCODE 3 AISI-90 Coeficiente de Flambagem 8, 2 0 < ψ ≤ 1 → k = 1,05 + ψ 2 − 1 < ψ ≤ 0 → k = 7,81 − 6, 29ψ + 9,78ψ 2 ψ ≤ −1 → k = 5,98(1 − ψ ) 3 ∀ψ → k = 4 + 2(1 − ψ ) + 2 (1 − ψ ) Cálculo da Largura Efetiva λ p = 1, 052 λ py = 1,052 bp 1 t k bp 1 t k σ1 E fy λ e = 0,256 + 0,328 E bp fy t E Um dos bordos apoiados sobre enrijecedor λ p ≤ 0,673 → ρ = 1 0,22 1 λ py − λ p + 0,18 ≤1 λ p > 0,673 → ρ = 1 − λ py − 0,6 λp λp be = ρ bc ρ ≤ 1 λ p ≤ 0,673 → ρ = 1 0,22 1 λ p > 0,673 → ρ = 1 − λp λ p Os dois bordos apoiados nas abas λ p ≤ 0,673 → ρ = 1 0, 461 1 0,673 < λ p < λ e → ρ = 1,358 − λ p λ p f y 0,22 1 ≥ → = 0 , 41 + 0 , 59 − λ λ ρ e p σ λ p λ p 1 be = ρ bp, be ≤ bc Distribuição da Largura Efetiva be1 = be / (3 − ψ ) ψ ≤ −0, 236 → be 2 = be / 2 ψ > −0, 236 → be 2 = be − be1 2be , be 2 = be − be1 0 < ψ ≤ 1 → be1 = 5 −ψ ψ ≤ 0 → b = 0, 4b , b = 0,6b e1 e e2 e be1 + be 2 ≤ bc Tabela 2.2 – Cálculo e distribuição das larguras efetivas de placas enrijecidas. 49 Como apresentado na tabela 2.2, o gradiente de tensões é considerado somente no EUROCODE [21], fazendo o coeficiente de flambagem k variar segundo a relação ψ = σ2/σ1. Baseadas em pesquisa anterior [20], as figuras 2.27, 2.28 e 2.29 mostram uma comparação gráfica entre as duas normas para três valores diferentes de k, 4, 5 e 6,998, respectivamente. A figura 2.27 mostra que a curva do AISI-90 apresenta um ponto anguloso em λ p = λe (ver tabela 2.2). A figura 2.28 ilustra a descontinuidade da curva do AISI-90 [1] para um valor de k diferente de 4, k=5. A figura 2.29 mostra que a curva do AISI-90 [1] é inadequada quando λ py = λ e . 1.1 ρ Placa Enrijecida 1 0.9 Winter 0.8 Mulligan + Winter fy = 355 N/mm² AISI-90 0.7 bp / t = 90 k=4 Eurocode 3 0.6 0.5 0.4 0 0.5 1 1.5 2 2.5 λp Figura 2.27 – Comparação gráfica das fórmulas de cálculo da largura efetiva para uma placa enrijecida, com k=4. 50 ρ Placa Enrijecida 1 0.9 Mulligan + Winter fy = 355 N/mm² Winter 0.8 bp / t = 90 k=5 AISI-90 0.7 Eurocode 3 0.6 0.5 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 λp Figura 2.28 – Comparação gráfica das fórmulas de cálculo de largura efetiva para uma placa enrijecida, com k = 5. 1.05 ρ 1 0.95 Placa Enrijecida 0.9 0.85 fy = 355 N/mm² 0.8 bp / t = 90 0.75 AISI-90 Winter k = 6,998 Eurocode 3 0.7 0.65 Mulligan + Winter 0.6 0.55 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 λp Figura 2.29 – Comparação gráfica das fórmulas de cálculo de largura efetiva para a placa enrijecida, com k = 6,998. 51 Nos gráficos, acham-se, também, as curvas de WINTER [74], equação 2.21, e a combinação Mulligan+Winter, equação 2.41. Comparando-se as curvas do Eurocode com a de Mulligan+Winter e a do AISI-90, nota-se que o patamar de pré-flambagem do Eurocode é sensivelmente maior que λ po = 0,673. Quanto ao cálculo da largura efetiva be, pode-se ver na tabela 2.2 que, para o Eurocode, ela é calculada em relação à bc (be = ρ bc), enquanto que, para o AISI-90, ela é calculada em relação à bp (be = ρ bp). Na realidade, as duas aproximações só diferem se ψ < 0, (bc ≠ bp). A comparação gráfica entre as duas normas para as distribuições da largura efetiva em relação a be, be1/be e be2/be, fazendo be = ρ bc para ambas as normas, é dada na figura 2.30. Novamente, constata-se que há uma descontinuidade na curva be2/be do AISI-90 [1] na abcissa ψ = -0,236. Para contornar esse problema, ESTRELLA [20] propôs ajustar um polinômio cúbico entre os pontos de abcissa ψ = 0,5 e ψ = 0, de maneira a respeitar os valores de be2/be e de suas derivadas em relação a ψ, tal como apresentada pela curva pontilhada da figura 2.30. 52 1 bei/be Placa Enrijecida (be = ρ.bc) 0.9 0.8 0.7 AISI - 90 be2/be 0.6 Eurocode 3 0.5 be1/be 0.4 0.3 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 ψ = σ2 / σ1 Figura 2.30 – Distribuição da largura efetiva para o Eurocode 3 e o AISI-90. A utilização do AISI-90 [1] para o cálculo da largura efetiva com o elemento finito apresentou dificuldades intransponíveis para a convergência da solução nãolinear devido à descontinuidade apresentada na curva de ρ x λ p e na curva be2/be x ψ. Foi proposta a utilização de um AISI modificado que consiste na utilização da combinação de Mulligan+Winter (equação 2.41) e a parábola no cálculo da largura efetiva de placas enrijecidas e a utilização da curva cúbica da figura 2.30 para a distribuição da largura efetiva. Por simplificação de linguagem, toda referência à norma Americana será chamada AISI-90, com as modificações supracitadas. 2.4.3. PLACAS NÃO-ENRIJECIDAS A tabela 2.3 mostra uma comparação numérica das fórmulas de cálculo de largura efetiva para a placa com um bordo livre, entre o Eurocode 3 [21] e o AISI-90 [1]. Constata-se que o AISI-90 [1] não faz nenhuma distinção quanto ao gradiente de tensões para o cálculo do coeficiente de flambagem k, que é sempre igual a 0,43. A figura 2.31 mostra, graficamente, uma comparação do cálculo de k em função de ψ, para as duas normas. 53 k 1,8 Placa Não-enrijecida 1,6 1,4 1,2 Eurocode 3 1 0,8 0,6 0,4 AISI - 90 0,2 0 ψ=0 ψ=1 Figura 2.31 – Comparação do coeficiente de ψ=0 flambagem k para a placa não-enrijecida, entre o Eurocode 3[21] e o AISI-90[1]. Quanto ao cálculo da largura efetiva, nota-se que o AISI-90[1] utiliza a fórmula de WINTER [74], enquanto que o Eurocode 3 [21] parece ser mais realista em relação ao comportamento de serviço das placas. Na figura 2.32, acha-se uma comparação gráfica das duas normas para formas diferentes de gradientes de tensão. 54 EUROCODE 3 AISI-90 Coeficiente de Flambagem – Compressão Positiva ψ = σ2 /σ1 0 < ψ ≤ 1 2 k = 0,57 − 0,21ψ + 0,07ψ σ σ1 + 2 k=0,43 be bp = b c bt bc be − 1 ≤ ψ ≤ 0 2 k = 0,57 − 0,21ψ + 0,07ψ σ1 + σ k=0,43 bp 2 σ1 0 ≤ ψ ≤ 1 0,578 k = ψ + 0,34 σ + 2 k=0,43 be bp = b c b bc − 1 ≤ ψ < 0 2 k = 1,7 − 5ψ + 17,1ψ t σ1 k=0,43 + σ be 2 bp Cálculo da Largura Efetiva λ py = 1,052 1 bp k t fy E λ p = 1,052 1 bp k t λ p ≤ 0,673 → ρ = 1 0,22 1 λ py − λ p + 0,18 λ p > 0,673 → ρ = 1 − λp λp λ py − 0,6 be = ρ bc ρ≤ 1 σ1 E λ p ≤ 0,673 → ρ = 1 0,22 1 λ p > 0,673 → ρ = 1 − λ p λ p be = ρ bc Tabela 2.3 – Cálculo das larguras efetivas para a placa não-enrijecida. 55 ρ 1,1 1 Placa Não-enrijecida 0,9 fy = 355 N/mm² 0,8 bp/ t = 50 Eurocode 3 0,7 ψ=1 0,6 ψ=0 AISI - 90 (Winter) 0,5 0,4 0,3 0,2 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 σ1/fy Figura 2.32 – Comparação das aproximações do cálculo de largura efetiva para a placa não-enrijecida, entre o Eurocode 3 [21] e o AISI-90 [1]. Finalmente, a título de comparação, a figura 2.33 ilustra graficamente as aproximações do cálculo de largura efetiva para a placa não-enrijecida pelo AISI-90 [1], o Eurocode 3 [1], KALYANARAMAN Mulligan+Kalyanaraman (equação 2.46). [31] e a combinação 56 ρ 1.1 1 Placa Não-enrijecida 0.9 λpy = 3,3 Eurocode 3 0.8 Mulligan + Kalyanaraman 0.7 0.6 AISI - 90 0.5 (Winter) 0.4 Kalyanaraman 0.3 0.2 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 λp Figura 2.33 – Comparação entre várias aproximações de cálculo da largura efetiva para a placa não-enrijecida. 2.4.4. ENRIJECEDOR DO PERFIL C Na figura a seguir, apresenta-se a nomenclatura utilizada para a seção tipo C. z t RI b1 C.G. y b3 b2 Figura 2.34 – Nomenclatura do perfil tipo C. 57 Conforme será apresentado detalhadamente no item 3.5, o tamanho do enrijecedor de bordo do perfil C ( placa b3) afeta o comportamento da flambagem local. O estudo teórico da instabilidade do perfil C mostra que a eficácia do enrijecedor é penalizada quando b3/b1< 0,1 ou b3/b1>0,3, BATISTA[3]. Porém, outro fator a ser levado em conta é a relação b1/t que, para valores relativamente pequenos, permite que o perfil comprimido possa ser considerado totalmente efetivo sem enrijecedores. As normas AISI-90 [1] e Eurocode 3 [21] estabelecem os cálculos da largura efetiva do conjunto aba-enrijecedor, de maneiras diferentes. Do estudo feito por ESTRELLA[20], podemos tirar as seguintes conclusões relativas ao método utilizado pelo AISI-90 [1]: - despreza o efeito da interação da flambagem; - introduz uma inércia adequada para o enrijecedor, Ia. O não cumprimento das desigualdades estabelecidas leva a valores de k menores que 4; - não leva em conta o gradiente de tensões nas abas e; - apresenta descontinuidades em coeficientes que comprometem a utilização do elemento finito (figuras 2.28 e 2.30). Apresenta-se, no capítulo 5 desta tese, resultados obtidos por ESTRELLA[20] com a utilização deste procedimento de penalização da eficácia do enrijecedor, com o nome de AISI-90*, embora tal procedimento não esteja desenvolvido para o caso da banda finita. Quanto ao Eurocode 3 [21], conclui-se que: - é um método muito mais trabalhoso que o apresentado pelo AISI-90 [1]; - nota-se maior coerência, e de certa forma, leva em conta o efeito de interação entre as paredes; - limita o ângulo entre a aba e o enrijecedor, e o comprimento do enrijecedor. Se as condições não forem satisfeitas a aba será considerada como uma placa com um bordo livre; 58 - sua proposição baseia-se na hipótese de que o conjunto aba-enrijecedor forma uma viga-coluna sobre base elástica e; - utiliza uma espessura efetiva, para poder trabalhar com o limite elástico fy. 2.5. A LARGURA EFETIVA NO PROGRAMA DE ELEMENTOS FINITOS Nos parágrafos seguintes, apresenta-se um resumo das proposições do Eurocode 3 [21] e do AISI-90 [1], para o cálculo das larguras efetivas. 2.5.1. EUROCODE 3 [21] As larguras efetivas são calculadas segundo as tabelas 2.2 e 2.3 para placas enrijecidas e não-enrijecidas, respectivamente. Para melhor esclarecimento, tem-se as notas a seguir: a) Os coeficientes de flambagem das placas do perfil são recalculados a cada iteração do passo não-linear para levar em conta a mudança no gradiente de tensões da seção, devido a não-linearidade geométrica; b) As placas são consideradas isoladas e, portanto, nenhum efeito de interação da flambagem entre as placas do perfil é levado em conta; c) Esta proposição serviu de comparação nas análises de perfis C. Os resultados numéricos, obtidos por ESTRELLA[20], são apresentados no capítulo 5. 2.5.2. AISI-90 [1] As larguras efetivas são calculadas segundo as tabelas 2.2 e 2.3 para as placas enrijecidas e não-enrijecidas, respectivamente. Para melhor esclarecimento, tem-se as notas a seguir: 59 a) Devido ao fato desta proposição desprezar o gradiente de tensões no caso de placas não-enrijecidas (ver tabela 2.3), ela só deve ser aplicada para perfil C, onde a variação da largura efetiva do enrijecedor não tem um papel muito importante na convergência do elemento finito; b) A eficácia do enrijecedor não é levada em conta; c) As notas a e b do parágrafo do Eurocode 3 [21] são também válidas aqui; d) Para a alma do perfil C utiliza-se a curva de flambagem da combinação Mulligan+Winter (equação 2.41) com a parábola, como exposto no sub-item 2.4.2, enquanto que para a aba utiliza-se a curva de WINTER[9] como especificado na tabela 2.2; e) Quanto à distribuição da largura efetiva da placas enrijecidas, o cálculo da largura be2 é feito segundo a adaptação apresentada na figura 2.30 pela curva pontilhada, a fim de eliminar a descontinuidade da curva original de be2. 2.5.3. AISI-90* As notas feitas no parágrafo 2.5.2, para o AISI-90 [1], são válidas aqui, com exceção da nota b. Para a hipótese do AISI-90*, as larguras efetivas da aba e do enrijecedor do perfil C são calculadas segundo as adaptações feitas em ESTRELLA [6], para levar em conta a eficácia do enrijecedor. 2.5.4. BANDA FINITA A descrição do cálculo da largura efetiva no programa FINLOC se encontra detalhada no item 3.6 desta tese. 60 CAPÍTULO 3 LARGURA EFETIVA PELO MÉTODO DA BANDA FINITA 3.1- INTRODUÇÃO: Neste capítulo faz-se a introdução do método utilizado para o cálculo da instabilidade da seção do perfil de paredes finas. Sabe-se que o comportamento de colunas e vigas de chapas dobradas pode ser estudado por métodos analíticos que, para problemas de complexidade moderada, apresentam grande dificuldade de resolução. Como exemplos de métodos analíticos, podem ser citados os métodos que permitem resolver equações diferenciais de forma exata. Por simplificação, devem ser usados métodos numéricos, ou aproximados. Desses, os métodos energéticos foram amplamente usados (Timoshenko e Gere [1961]). Os métodos numéricos também são convenientes em situações práticas, onde, por exemplo, existe necessidade de introduzir enrijecedores intermediários. Mais recentemente, o Método dos Elementos Finitos tem se mostrado uma poderosa ferramenta tanto na análise da instabilidade como, também, em outras áreas da mecânica estrutural (Gallagher[1975]). Porém, em alguns casos, essa solução requer muito gasto em tempo profissional para a realização de grandes programas, preparação de dados e grande esforço computacional. Portanto, é vantajosa a busca de métodos que reduzam esse esforço e, ao mesmo tempo, conserve as vantagens básicas do Método dos Elementos Finitos. Um método que satisfaz essas necessidades, tratado aqui, é o Método da Banda Finita. Neste método, os elementos são faixas longitudinais que são unidas umas às outras ao longo de uma linha nodal, que corresponde ao comprimento da peça estudada (ver figuras 3.2 e 3.3). A análise desenvolvida aqui tem como objetivo a avaliação dos níveis de tensão em qualquer ponto da estrutura de paredes finas e a checagem das mesmas de acordo com as exigências das normas práticas. Entretanto, o Método da Banda Finita também é usado na avaliação das tensões de 61 flambagem. Visto que a versatilidade do método permite prever o comportamento das estruturas sob flambagens simultâneas - local e global - será possível, também, o estudo da perda acentuada da tensão crítica quando este fenômeno ocorre. 3.2 – DIFERENÇAS ENTRE OS MÉTODOS Com relação ao Método dos Elementos Finitos, sabe-se que o Método da Banda Finita é um caso especial do primeiro. Faz-se aqui uma pequena comparação quanto à discretização bidimensional de ambos. No Método dos Elementos Finitos, o campo dos deslocamentos u é discretizado como o produto de funções conhecidas H e parâmetros nodais selecionados ∆ , que são, em geral, desconhecidos, u = H .∆ (3.1) As funções de forma H são dependentes de ambas as variáveis independentes, x e y. A discretização do campo dos deslocamentos u utilizando o Método da Banda Finita também é feita como um produto de funções de forma e parâmetros nodais, u = ∑m y m .H .∆ m (3.2) Da equação anterior, tem-se que as funções de forma são, agora, derivadas de um polinômio na direção x e uma série continuamente diferenciável em y. Procedendo assim, o problema originalmente 2D passa a ser constituído de m problemas 1D, separadamente. Desta discretização, tem-se a explicação da vantagem exposta anteriormente, isto é, a formulação resulta num pequeno número de equações com uma largura de banda pequena, o que é importante principalmente na análise de instabilidade que requer um grande esforço computacional. Soma-se a isto a considerável redução de entradas e saídas na programação. Porém, pode-se citar como desvantagem do Método da Banda Finita a sua limitação às estruturas com propriedades do material e geométrica constantes numa direção. 62 Sabe-se também que, ao diminuir uma dimensão do problema, é necessário satisfazer as condições de contorno. Entretanto, em estruturas, como os perfis de paredes finas satisfazem todas essas condições, o Método da Banda Finita é uma poderosa ferramenta analítica. 3.3 – DESENVOLVIMENTO A figura 3.1 representa um perfil discretizado em bandas finitas e submetido a um gradiente de tensões. Figura 3.1 - Perfil C discretizado em bandas finitas. Transversalmente, a placa se comporta como um elemento finito de viga. No sentido longitudinal, os nós se relacionam aos bordos 1 e 2 (ver figura 3.2) e o cálculo dos deslocamentos e rotações é feito segundo uma função analítica adequada. 63 Tem-se: u, v - deslocamentos membranares no plano da banda, w1, w2 - deslocamentos fora do plano da placa, θy1, θy2 - rotações. Figura 3.2 - a - Banda finita submetida a um gradiente de tensões. b - Deslocamentos e rotações- elemento finito de viga. Uma formulação de deslocamentos é adotada, na qual, o campo variável u está relacionado ao grau de liberdade local (deslocamentos nodais) ∆ , na forma: u u = v = H .∆ w (3.3) Quatro graus de liberdade são empregados ao longo de cada lado da banda, como se mostra na figura 3.3: 64 Figura 3.3 - Placa reduzida a um elemento finito de viga. No sentido transversal da placa, as funções interpoladoras Hm (m=1,6) são calculadas pelo Polinômio de Lagrange para o caso das deformações axiais e pelo Polinômio de Hermite para as deformações fora do plano e rotações. Para a variação longitudinal, as funções interpoladoras são funções analíticas (h7 e h8). Tem-se as seguintes expressões: h1 = 1 - ξ (3.4) h2 = ξ (3.5) h3 = 1 - 3 ξ2 + 2 ξ3 (3.6) h4 = -bξ (1 -2ξ + ξ2) (3.7) h5 = 3 ξ2 - 2 ξ3 (3.8) h6 = -b ξ (ξ2 - ξ) (3.9) h7= sen (αm)y (3.10) h8 = cos (αm) y (3.11) sendo: ξ = x/b (3.12) αm = mπ/L (3.13) onde m é o no de semi-ondas longitudinais, conforme capítulo 2. Deste modo, obtêm-se as expressões relativas aos deslocamentos: u(x,y) = h1 h7 u1 + h2 h7 u2 (3.14) 65 v(x,y) = h1 h8 v1 + h2 h8 v2 (3.15) w(x,y) = h3 h7 w1 + h4 h7 θ1 + h5 h7 w2 + h6 h7 θ2 (3.16) Matricialmente, tem-se: u h1h7 v = 0 w 0 0 h2 h7 0 0 0 0 h1h8 0 h2 h8 0 0 0 0 0 0 h3 h7 h4 h7 h5 h7 u1 v 1 u 2 v2 w1 θ 1 w 2 θ 2 0 0 h6 h7 (3.17) Separando-se as matrizes referentes aos deslocamentos planares (p) dos deslocamentos referentes à flexão da placa (b): u p H v = w 0 0 ∆ p b H b ∆ (3.18) As relações infinitesimais deformação-deslocamento são introduzidas como: ∂u ∂x ε xx ∂v (h1 h7 ), x ε 0p = ε yy = ∂y = 0 2ε (h h ) xy 1 7 ,y ∂ ∂ u v + ∂y ∂x B0p 0 (h2 h7 ), x 0 (h1 h8 ), y (h2 h8 ), y 0 (h1 h8 ), x (h2 h7 ), y (h2 h8 ), x B0 u1 v 1 u2 0 0 0 0 v2 0 0 0 0 w 0 0 0 0 1 θ 1 w2 θ 2 ∆ para a tensão linear plana e (3.19) 66 − ∂ 2w 2 ∂x − ∂ 2 w 0 0 0 0 (h3 h7 ) , xx ε 0b = ∂y 2 = 0 0 0 0 (h3 h7 ) , yy 0 0 0 0 (h h ) 3 7 , xy 2 w ∂ ∂x∂y B0b (h4 h7 ) , xx (h5 h7 ) , xx (h4 h7 ) , yy (h5 h7 ) , yy (h4 h7 ) , xy (h5 h7 ) , yx B0 u1 v 1 u 2 (h6 h7 ) , xx v2 (h6 h7 ) , yy w1 (h6 h7 ) , xy θ 1 w2 θ 2 ∆ (3.20) para a flexão onde as deformações são definidas como curvaturas de placa. Combinando as relações deformação-deslocamento com as contribuições nãolineares, tem-se o vetor deformação total ε : ε p ε 0p ε Lp ε = = + ε b ε b 0 0 (3.21) Um termo típico da deformação não-linear ε Lp leva em conta a associação das ações no plano e fora dele e é dado pela parcela não-linear do Tensor de Green: ε Lp = 1 ∂u 1 ∂u k ∂u k = 2 ∂x i ∂x j 2 ∂x i ∂v ∂x i ∂u ∂x j ∂w ∂v ∂xi ∂x j ∂w ∂x j (3.22) Vê-se que todos os termos da deformação de Green são conservados, onde os termos em w modelam os modos de flambagem local e os termos em u e v modelam os modos globais ( Graves Smith e Sridharan [1978]). De acordo com a Teoria NãoLinear, temos a discretização da parcela não-linear do Tensor de Green: 67 1 ∂u ∂u ε Lp = ε ijp = k . k (3.23) 2 ∂X i ∂X j onde: i,j,k = x,y,z ε p L xx 2 2 2 1 ∂u ∂v ∂w = + + 2 ∂x ∂x ∂x ε L xy = p 1 ∂u ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w . . + . + 2 ∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y ∂v ∂w 1 ∂u = + + 2 ∂y ∂y ∂y 2 ε p L yy ε Lp (3.24) ∂u ∂x 1 = 0 2 ∂u ∂y 2 ∂v ∂x ∂w ∂x 0 0 ∂v ∂y ∂w ∂y 0 0 ∂u ∂y ∂x ∂x ∂v ∂y ∂v ∂x A 2 (3.25) (3.26) ∂u ∂x ∂v ∂x 0 ∂w ∂w ∂x ∂u ∂y ∂w ∂y ∂x ∂v ∂y ∂w ∂y (3.27) θ θ x θ= θ y ε p = ε 0p + (3.28) 1 A.θ 2 (3.29) 68 ∂u ∂x ∂v ∂x (h1h7 ), x ∂w 0 ∂x 0 = (h h ) ∂u 1 7 , y ∂y 0 0 ∂v ∂y ∂w ∂y 0 (h1h8 ), x 0 0 (h1h8 ), y 0 (h2 h7 ), x 0 0 (h2 h7 ), y 0 0 0 (h2 h8 ), x 0 0 (h2 h8 ), y 0 0 0 (h3 h7 ),x 0 0 (h3 h7 ), y 0 0 (h4 h7 ), x 0 0 (h4 h7 ), y G 0 0 (h5 h7 ), x 0 0 (h5 h7 ), y u1 0 v1 0 u 2 (h6 h7 ), x v2 0 w1 0 θ 1 (h6 h7 ), y w2 θ 2 ∆ θ (3.30) onde G é a matriz derivada das funções de interpolação. Da expressão acima, tem-se que: θ = G. ∆ (3.31) Assim, aplicando a equação (3.31) em (3.29): ε p = ε 0p + 1 A.G.∆ 2 ε op = Bo .∆ (3.32) (3.33) Substituindo-se a equação (3.33) em (3.32): 1 2 ε p = B0 + . A.G .∆ (3.34) Fazendo BL = A.G e dividindo essa matriz em duas sub-matrizes BLP (planar) e BLb (flexão), tem-se: 69 ε p = B0 .∆ + [ 1 p BL 2 ∆ p B Lb b ∆ ] (3.35) ε xxp ε yyp 2ε xyp ε p 2 B0p 0 ∆ p 1 BLp BLb ∆ p ε = b = − ∂ w = + b b 0 ∆b ε ∂x 2 0 B0 ∆ 2 0 − ∂ 2w Parcela Parcela não ∂y 2 linear linear 2 2∂ w ∂x∂y (3.36) A seguir, as tensões σ, definidas abaixo, σ = [σ x σ y σ xy Mx My M xy ] T = σ p σ b T (3.37) são associadas às deformações pela seguinte lei constitutiva elástica isotrópica: C p D σ = 0 0 ε p C b D ε b (3.38) ) (3.39) onde: Cp = E 1 −ν 2 ( E.t 3 C = 12. 1 − ν 2 b ( 1 ν D = ν 1 0 0 ) 0 (1 − ν ) 2 (3.40) 0 (3.41) 70 sendo: E – módulo de elasticidade ν - coeficiente de Poisson t – espessura da banda finita Da expressão 3.39, tira-se: σ p = C p .D.ε p (3.42) σ b = C b .D.ε b (3.43) σ x 0 σ xy I 3 0 = σ y I 3 σ xy 0 0 σ x I 3 Z = σ xy I 3 0 0 σ xy 0 σx 0 0 σ xy 0 σx 0 0 0 0 σy 0 σ xy 0 0 σy 0 σ xy 0 0 0 0 σ xy 0 0 σ y (3.44) I 3 - matriz identidade 3x3 Sendo, para a banda finita, σx = σxy = 0 (ver figura 3.3), e σ y = σ y1 .h1 (x ) + σ y 2 .h2 ( x ) h1 ( x ) = 1 − h2 ( x ) = (3.45) x b (3.46) x b (3.47) Com as equações acima, é, agora, possível discretizar a energia potencial π : 1 2 V π = ∫ σ p .ε p .dV + ∫ σ b .ε b .dA + ∆.P T T A Energia de deformação Energia das cargas externas (3.48) 71 Fazendo as variações em relação aos parâmetros nodais, tem-se a condição de equilíbrio indiferente (análise linear): ( ) ( ) ( δ 2π = ∫ δε p .C p .D.δε p .dV + ∫ δε b .C b .D.δε b .dA + ∫ σ T V T A pT ) .δ 2 ε p .dV = 0 (3.49) V A estacionaridade da energia potencial total, definida por δπ = 0 , onde δ é o símbolo de variação, poderá conduzir ao equilíbrio necessário ao problema. Esse critério não é, entretanto, suficiente para definir instabilidade, apenas serve para definir um ponto estacionário de π, o qual pode representar equilíbrio estável, neutro ou instável (Gallagher [1975]). A fim de estabelecer o tipo de equilíbrio, a segunda variação da função deve ser empregada. Entretanto, a instabilidade é definida pelo carregamento para o qual δ 2π se anula para que seja positiva-definida (Dym [1974]), ou para o equilíbrio neutro. Substituindo em (3.49) os valores das variáveis, anteriormente deduzidos, aplicandose as variações em relação aos parâmetros nodais e eliminando os termos de ordem superior, temos: δ 2π = δ∆T .K 0 .δ∆ + δ∆T .K σ .δ∆ = 0 (3.50) Chega-se à seguinte condição de instabilidade linearizada: δ∆T [K 0 + K σ ]..δ∆ = 0 (3.51) onde: K 0 é a matriz dos pequenos deslocamentos, geralmente simétrica. K σ é a matriz tensão inicial, simétrica, que expõe os efeitos de forças membranares. K 0 = ∫ B0T .D.B0 .dV (3.52) V K σ = ∫ G T .Z .G.dV V (3.53) 72 Neste desenvolvimento, considera-se que K σ tem distribuição espacial constante durante a flambagem e é gerada por uma distribuição genérica de tensões para a qual se deseja conhecer o seu λ (multiplicador crítico), que leva a flambagem da seção. Rescreve-se a equação (3.51) como: [K 0 + λ.K σ ].δ∆ = 0 (3.54) Desta forma, a equação (3.54) é apresentada como um típico problema de autovalor onde o autovalor se relaciona a carga de flambagem e o autovetor, ao modo de flambagem. onde: λ é o autovalor, δ∆ é o autovetor, que dá a forma da flambagem da seção. Na equação 3.13, sabe-se que m é o número de semi-ondas longitudinais de flambagem. Para a obtenção do menor multiplicador crítico, basta analisar o primeiro modo de flambagem. Por isto, nas equações que seguem, utilizou-se m=1. 73 a) MATRIZ DE RIGIDEZ DE TENSÃO PLANA LINEAR DA BANDA FINITA k (1,1) k (1, 2) k (1,3) k (2,2 ) k (2,3) ELt p K0 = 2 k (3,3) 2(1 − ν ) simétrica k (1, 4) k (2,4 ) k (3, 4) k (4,4 ) (3.55) k(1,1) = (1/b + (1-ν) bπ2 / 6L2) k(1,2) = - k(3,4) = (3ν -1) π / 4L k(1,3) = ( -1/b + (1-ν) bπ2 / 12L2) k(1,4) = - k(2,3) = (ν + 1) π / 4L k(2,2) = k(4,4) = (b π2 / 3L2 + (1-ν) / 2b) k(2,4) = (bπ2 / 6L2 + (1-ν) / 2b) onde: E – módulo de elasticidade L – comprimento da banda finita t – espessura da placa ν - coeficiente de Poisson b – largura da banda finita b) MATRIZ DE RIGIDEZ DE FLEXÃO DA PLACA 3 K 0b = ELt 12 1 − ν 2 ( ) k (1,1) k (1,2 ) k (1,3) k (2,2) k (2,3) k (3,3) simétrica k (1,4 ) k (2,4) k (3,4 ) k (4,4) k(1,1) = k(3,3) = (6 / b3 + 6π2 / 5bL2 + 13 bπ4 / 70L4) k(1,2) = -k(3,4) = - (3 / b2 + (ν / 2 + 1/10) π2 / L2 + 11 b2π4 / 420 L4) k(1,3) = (-6 / b3 - 6π2 / 5bL2 + 9bπ4 / 140 L4) k(1,4) = -k(2,3) = -(3 / b2 + π2 / 10L2 – 13 b2π4 / 840 L4) k(2,2) = k(4,4) = (2 / b + 2bπ2 / 15L2 + b3π4 / 210 L4) k(2,4) = (1 / b - bπ2 / 30L2 - b3π4 / 280 L4) (3.56) 74 c) MATRIZ DE RIGIDEZ TENSÕES INICIAIS DA BANDA FINITA PARA CARREGAMENTO MEMBRANAR LONGITUDINAL (ver figura 3.3) k (1,3) 0 0 0 0 0 k (1,1) k (2,2 ) k (2,4) 0 0 0 0 k (3,3) 0 0 0 0 k (4,4) 0 0 0 b.tπ 2 Kσ = k (5,5) k (5,6 ) k (5,7 ) 1680 L k (6,6) k (6,7 ) simétrica k (7,7 ) 0 0 0 0 k (5,8) k (6,8) k (7,8) k (8,8) k(1,1) = k(2,2) = 70( 3σy1 + σy2) k(6,6) = b2( 5σy1 + 3σy2) k(1,3) = k(2,4) = 70(σy1 + σy2) k(6,7) = -2b (6σy1 + 7σy2) k(3,3) = k(4,4) = 70(σy1 + 3σy2) k(6,8) = -3b2 (σy1 + σy2) k(5,5) = 8 (30 σy1 + 9σy2) k(7,7) = 24 (3σy1 + 10σy2) k(5,6) = -2b( 15σy1 + 7σy2) k(7,8) = 2b (7σy1 + 15σy2) k(5,7) = 54 (σy1 + σy2) k(8,8) = b2 (3σy1 + 5σy2) (3.57) k(5,8) = 2b (7σy1 + 6σy2) As equações que regem a instabilidade de uma estrutura inteira são obtidas pelo somatório das contribuições de rigidez das várias bandas finitas. Abaixo, escreve-se, simbolicamente: K = ∑ Kn (3.58) n sendo n o número de bandas finitas. 3.4 – DISCRETIZAÇÃO A discretização do perfil tipo C foi feita conforme a figura 3.4, onde cada placa do perfil foi dividida em duas bandas finitas e os cantos são discretizados, cada um, por uma banda finita. 75 z u 10 10 9 11 11 12 12 13 9 13 14 14 15 8 8 7 1 1 2 7 5 6 6 4 5 2 3 3 y u 4 Figura 3.4 – Discretização do perfil tipo C, em bandas finitas. A eficácia desta discretização foi comprovada com a convergência dos resultados obtidos frente aos resultados teóricos obtidos por outros autores [6,7,8]. A seguir apresenta-se, para dois perfis C representados nas figuras 3.5a e 3.6a, a variação do multiplicador crítico para uma compressão uniforme de tensão unitária na seção em relação ao número de bandas finitas utilizado por placa da seção (NBP). O multiplicador crítico, λcr, apresentado nos gráficos, figuras 3.5b e 3.6b, equivale ao menor entre os mínimos primário e secundário conforme explicado no parágrafo 3.5. Após várias verificações conforme nos gráficos λcr x NBP (figuras 3.5 e 3.6), observa-se que, a partir de NBP=2, o valor do multiplicador crítico praticamente não se altera. Concluindo, foram adotadas duas bandas finitas por placa no restante do trabalho. 76 81,08 z Espessura (t) = 1,156 r 156,97 17,04 r = 2,76 Comprimento (L) = 2999,74 G y fy = 220,3 Mpa (a) Variação de λ cr segundo o NBP 40 38 36 λ cr 34 32 30 1 2 3 4 5 Número de bandas/placa (b) Figura 3.5 – Perfil CLC/3 – 120 x 60 – estudo da variação do número de bandas finitas por placa. 77 80,82 z r Espessura (t) = 1,229 18,49 r = 2,99 Comprimento (L) =1847,09 156,36 G y fy = 219,4 Mpa (a) Variação da λcr segundo NBP 41 40 λ cr 39 38 37 1 2 3 4 5 No de bandas / placa (b) Figura 3.6 – Perfil CLC/2.2 – 120 x 60 – estudo da variação do número de bandas finitas por placa. 78 3.5 – ANÁLISE DA INSTABILIDADE LOCAL Uma seção em ‘C’ é obtida a partir de uma seção em ‘U’ adicionando-se, nas extremidades das abas, uma placa suplementar de largura b3, ver figura 3.7a. O objetivo desta terceira placa é de aumentar a rigidez da aba. Este aumento de rigidez na placa 2 é tão mais eficaz quanto a placa 3, enrijecedor, é suficiente para manter seus bordos comuns retos durante a flambagem da seção. As figuras 3.7b, 3.7c e 3.7d mostram os diferentes modos de flambagem de uma seção C segundo a relação da largura da placa 3 e a largura da placa 1, b3/b1. Vê-se, intuitivamente, que se a placa 3 não é suficientemente rígida para impedir todo deslocamento no bordo comum às placas 2 e 3, o conjunto torce ao redor do bordo comum às placas 1 e 2, o que é uma característica do modo local distorcional mostrado na figura 3.7b. Se, ao contrário, a placa 3 é suficientemente rígida, o bordo comum às placas 2 e 3 não se desloca, caracterizando o modo local, ilustrado na figura 3.7c. Quando a placa 3 é muito grande, a flambagem da seção é atribuída à flambagem prematura da placa 3, figura 3.7d. A fim de poder estudar o modo local distorcional por meio do método das bandas finitas, é necessário desprezar a hipótese de PRZEMIENIECKI, onde os bordos comuns permanecem retos durante a flambagem e, por conseqüência, as deformações no plano devem ser inclusas na formulação da banda finita. 79 b2 b3 b1 Geometria (a) b 3 / b 1 < 0,1 R a z ã o b3 / b1 c r e s c e Modo local distorcional (b) 0,1 < b 3 / b 1 < 0,3 Modo local (c) b 3/ b 1 > 0,3 Modo local Flambagem prematura da placa 3 (d) Figura 3.7 – A geometria e os modos locais de flambagem de uma seção C, BATISTA[3]. A figura 3.8 mostra a influência da relação b3/b1 sobre o coeficiente da aba k2, com o comprimento L de semi-onda de flambagem. Nota-se que as curvas possuem dois mínimos locais identificados pelos pontos A e B, chamados de mínimo primário e mínimo secundário, respectivamente. Os modos de flambagem correspondentes ao mínimo são o modo local, para o ponto A, e o modo local distorcional, para o ponto B. O modo de instabilidade que governa a flambagem da seção é sempre 80 aquele que corresponde ao menor dos dois mínimos e, no caso desta figura, a seção sofre instabilidade pelo modo local de flambagem. Para as relações geométricas utilizadas, nota-se que o fato de dobrar a largura, b3, do enrijecedor, não muda em nada quanto ao mínimo primário. Modo Local Modo Local-Distorcional b / b = 0,213 3 1 10 8 k 2 6 B Mínimo Secundário b2 4 b3 b / b = 0,1065 B 3 1 b / t = 60 b 2 1 b /b =2 1 2 2 A Mínimo Primário 0 0 4 8 12 16 20 L / b2 Figura 3.8– Influência do enrijecedor na flambagem da aba de uma seção C uniformemente comprimida, [43]. Na figura 3.9 mostra-se a influência da relação b2/b1 em relação a k1c / k1u com uma variação de b3/b1, onde k1c e k1u são os coeficientes de flambagem da placa 1 da seção C e da seção U correspondente (sem o enrijecedor da aba), respectivamente. Observa-se que o papel do enrijecedor é tão mais importante quanto maior a relação b2/b1. Para melhor compreender a contribuição desta figura, apresentam-se os seguintes comentários, tirados da referência [16]. Para as relações b3/b1 que vão até 0,1, aproximadamente, o enrijecedor não tem rigidez à flexão suficiente para apoiar a extremidade da aba e o modo de flambagem local distorcional é o que governa. Para as relações b3/b1 que vão de 0,1 a 0,3, 81 aproximadamente, o enrijecedor possui uma rigidez à flexão suficiente para impedir todo deslocamento lateral da extremidade da aba e o modo de flambagem local é o que governa. Para relações b3/b1 maiores que 0,3, a instabilidade da seção é atribuída à flambagem prematura do enrijecedor c u k /k 1 1 b / t =100 1 5 b / b = 1,0 2 1 4 b / b = 0,8 2 1 3 b / b = 0,6 2 1 b / b = 0,5 2 1 2 b / b = 0,3 2 1 1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 b /b 3 1 Figura 3.9 – Influência do enrijecedor na flambagem da alma para seções C uniformemente comprimidas, [36]. O comprimento de flambagem, L, tem grande influência sobre o valor da tensão crítica, σcr. Para cada valor de L, a tensão crítica, σcr, é calculada pela resolução do problema de autovalor (3.54). A seguir apresenta-se esta variação para um perfil submetido a carga centrada de seção transversal C. 82 30 10 10 σcr 80 Espessura = 1,5 mm (MPa) 600 500 400 C B A 300 I II 200 I - Flambagem local II - Flambagem local distorcional III - Flambagem por flexo-torcao IV - Flambagem por flexão 100 IV III D 0 0 50 100 500 1000 5000 Comprimento da semi-onda, L(mm) Figura 3.10 – Variação da tensão crítica de flambagem da seção e flambagem global de uma coluna de seção C, sob compressão uniforme, com o comprimento de semi-onda correspondente, L, obtida por meio do método das bandas finitas, segundo HANCOCK [27]. As dimensões da seção são dadas no mesmo gráfico. Os resultados são obtidos segundo um cálculo de instabilidade linear com o método numérico das bandas finitas, em que os bordos comuns das placas que constituem o perfil são livres para se deslocarem transversalmente ao eixo da coluna. Tem-se, neste caso, uma representação de quatro modos diferentes de instabilidade identificados pelas regiões numeradas de I a IV. Os pontos A e B correspondem aos mínimos primário e secundário dos modos de flambagem de uma coluna curta, ou seja, o modo local (região I) e o modo local-distorcional (região II), respectivamente. 83 O comportamento de instabilidade por flambagem de coluna se produz a partir dos grandes comprimentos correspondentes ao ramo descendente da curva à direita. Sobre este ramo, podem-se distinguir dois tipos de modos de flambagem: de flexotorção (região III) para os comprimentos de até 1800 mm, aproximadamente, ponto D da curva, e o de flexão (região IV) para comprimentos maiores que 1800 mm. Os valores obtidos para a tensão crítica de flambagem global são muito próximos dos fornecidos por TIMOSHENKO [67]. Embora esta figura represente as tensões críticas da estrutura perfeita, ela pode servir para uma introdução do conceito da interação entre a flambagem local da seção e a flambagem global da coluna. Se o mínimo primário, ponto A, é o menor, será o modo de instabilidade por flambagem local que governará a flambagem da seção no caso particular desta figura. O ponto C, situado sobre o ramo descendente da curva, representa o comprimento para o qual a tensão crítica de flambagem por flexo-torção da coluna é igual à tensão crítica de flambagem local da seção. Portanto, o comprimento correspondente ao ponto C deve caracterizar, de uma certa forma, o centro de uma região onde existe uma forte interação entre a flambagem local da seção e a flambagem global da coluna. Esta interação leva a uma diminuição da resistência da coluna com relação à sua flambagem na ausência da flambagem local da seção. Para os comprimentos de colunas muito menores que aqueles correspondentes ao ponto C, a tensão crítica de flambagem local é muito menor que a tensão de flambagem global da coluna, a flambagem local precederá ao fenômeno da instabilidade global, enquanto que, para os comprimentos de coluna maiores que aquele correspondente ao ponto C, a flambagem local da seção ocorreria posteriormente à flambagem global. Ainda assim, neste último caso, a flambagem local pode preceder à flambagem global para comprimentos L um pouco maiores que o correspondente ao ponto C, conforme explicado a seguir. 84 As imperfeições geométricas (globais e locais) e estruturais (tensões residuais e dispersão do limite elástico) levam ao começo prematuro da flambagem local em relação ao valor teórico, ponto A. De uma parte, a imperfeição geométrica do eixo da coluna conduz a uma amplificação considerável da tensão de compressão das placas do perfil situadas no lado côncavo da deformada da coluna; de outra parte, as imperfeições geométricas locais e as tensões residuais são responsáveis pela flambagem local prematura da seção em relação à tensão crítica ideal de flambagem. A possibilidade de ocorrer flambagem local, com ou sem distorção, dependerá das características geométricas da seção do perfil e suas relações, bem como do gradiente de tensões aplicado ao perfil. Na figura 3.9, apresentou-se um gráfico k1C / k1U x b3/b1 [61], para diversos valores de b2/b1 (relação alma x aba), no caso particular de compressão uniforme. Complementando o estudo desenvolvido por esses pesquisadores[61], apresentamos, nas figuras 3.12 a 3.15, gráficos λC/λU x b3/b1, para diversos valores de b2/b1, em diferentes situações de carregamento. Onde λC é o multiplicador da tensão crítica σcr equivalente ao menor entre os mínimos primário e secundário, ponto A ou ponto B de um gráfico conforme a figura 3.10, para uma seção tipo C. Sendo λU o valor correspondente à mesma seção transversal, analisada anteriormente, sem os enrijecedores de bordo, seção tipo U. Os gráficos acima mencionados, figuras 3.12 a 3.15, são obtidos com auxílio do programa BANFIN, desenvolvido nesta tese. O programa BANFIN é um programa de instabilidade de elementos de banda finita para obtenção do multiplicador crítico de flambagem da seção, λ. A partir do multiplicador crítico, obtém-se a seção efetiva com auxílio das formulações de larguras efetivas, ver item 3.6. 85 Nos gráficos a seguir encontra-se traçada uma linha divisória para as relações geométricas, para o perfil dado, que levam a flambagem local ou local com distorção. Nos gráficos λc x log(L), mostrados nas figuras 3.12 a 3.15, escolheu-se uma relação b2/b1=0,3 e duas relações b3/b1 (0,05 e 0,2) que levem, se possível, a diferentes modos de flambagem. Plotado sobre cada mínimo das curvas, λc x log(L), encontra-se o perfil C e seu estado deformado, quando pode-se verificar ou não a distorção sofrida. Ressalta-se, novamente, que, para curvas com dois mínimos, o menor deles governará o modo de flambagem. Na figura 3.11, além da nomenclatura utilizada na geometria do perfil C, representam-se os esquemas dos gradientes de tensões aplicados à seção, tem-se que a matriz tensão inicial, K σ , é formada pelas tensões apresentadas aqui. 86 z t RI C.G. b1 (a) y b3 b2 z -1 MPa - z -1 MPa + -1 MPa C.G. y -1 MPa (b) C.G. y (c) y (e) -1 MPa -1 MPa z -1 MPa + z -1 MPa - C.G. y C.G. (d) + Figura 3.11 – (a) Nomenclatura utilizada na geometria do perfil C. (b) Seção submetida à compressão uniforme. (c) Seção submetida a uma gradiente de tensão +y. (d) Seção submetida a uma gradiente de tensão -y. (e) Seção submetida a uma gradiente de tensão +z. 87 Na análise das figuras 3.12 a 3.15, podem-se tirar algumas conclusões importantes. Com relação à figura 3.12, perfil submetido à compressão uniforme, observa-se que o ganho de eficiência da seção C em relação à seção U, λC/λU, aumenta consideravelmente com o aumento da relação b2/b1. Porém, para relações b2/b1 maiores que 0,8, o limite mínimo recomendado de b3/b1 > 0,1, BATISTA[3], já não seria suficiente para garantir deformação livre de distorção. Quando aplicado um gradiente de tensão +y ao perfil, encontra-se um gráfico λC/λU x b3/b1 com uma aparência bem diversa do anterior. Ainda temos um ganho de eficiência da seção C em relação à seção U, conforme o aumento da relação b2/b1, porém, o patamar entre 0,1 < b3/b1 < 0,3, existente no gráfico de tensão uniforme, não é mais observado para o gradiente +y, e o intervalo 0,1 < b3/b1 < 0,3 já não garante uma flambagem local sem distorção. No caso do perfil submetido a uma compressão com gradiente de tensão -y, ao contrário dos gráficos anteriores, o ganho de eficiência da seção C em relação à seção U, λC/λU, diminui com o aumento da relação b2/b1. Observa-se uma perda acentuada de eficiência de b2/b1=0,3 para b2/b1=0,5. Tem-se também, como característica peculiar deste tipo de gradiente de tensão, flambagem local sem distorção, o que se comprova nos gráficos λc x log(L) correspondentes. Novamente, para o gradiente de tensão +z, tem-se um ganho de eficiência da seção C em relação à seção U, λC/λU, com o aumento da relação b2/b1. E, neste caso, observa-se um ganho acentuado de eficiência de b2/b1=0,5 para b2/b1=0,3. Pode-se verificar ser necessária a observação do gráfico específico do gradiente de tensão +z, para uma orientação correta quanto à melhor relação b3/b1. O limite mínimo para b3/b1 seria cerca de 0,15 e o limite máximo, de 0,30, para b2/b1< 0,5, não leva a um ganho prático de eficiência. 88 λ c 5.0 λu Tensão Uniforme b1/t = 100 b2/b1 = 1.0 4.5 4.0 b3/b1 > 0.02 b2/b1 = 0.8 3.5 3.0 Distorcional Local 2.5 b2/b1 = 0.6 2.0 b2/b1 = 0.5 1.5 b2/b1 = 0.3 1.0 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 b3 / b1 2.5 λc b1/t=100 b2 / b1 = 0,3 b3 / b1 = 0,05 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 log(L) 2.5 b1/t=100 λc b2 / b1 = 0,3 b3 / b1 = 0,2 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 log(L) Figura 3.12 – Modos de instabilidade do perfil C, sob compressão uniforme, com diferentes tamanhos de enrijecedores. 89 λc λu 9.0 8.0 Gradiente de tensão +y b1/t = 100 b3/b1 > 0.02 7.0 b2/b1 = 1,0 6.0 Distorcional 5.0 Local 4.0 b2/b1 = 0,8 b2/b1 = 0,6 3.0 b2/b1 = 0,5 2.0 1.0 b2/b1 = 0,3 0.0 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 b3 / b1 7 λc b1/t=100 b2 / b1 = 0,3 6 b3 / b1 = 0,05 5 4 3 2 1 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 log(L) 3 λc b1/t=100 b2 / b1 = 0,3 2.5 b3 / b1 = 0,2 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 log(L) Figura 3.13 – Modos de instabilidade do perfil C, sob gradiente de tensão +y, com diferentes tamanhos de enrijecedores. 90 λ c 1.04 λu Gradiente de tensão -y b2/b1 = 0,3 b1/t = 100 b3/b1 > 0.02 1.03 1.02 1.01 Todos com flambagem local 1.00 b2/b1 = 0,5 b2/b1 = 0,6 0.99 b2/b1 = 0,8 b2/b1 = 1,0 0.98 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 b3 / b1 2.5 λc b1/t=100 b2 / b1 = 0,3 b3 / b1 = 0,05 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 log(L) 2.5 b1/t=100 λc b2 / b1 = 0,3 b3 / b1 = 0,2 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 log(L) Figura 3.14 – Modos de instabilidade do perfil C, sob gradiente de tensão y-, com diferentes tamanhos de enrijecedores. 91 λc λu 6.0 Gradiente de tensão +z 5.0 b2/b1 = 0,8 b2/b1 = 1,0 b2/b1 = 0,6 4.0 Distorcional Local b2/b1 = 0,5 3.0 b2/b1 = 0,3 b1/t = 100 2.0 b3/b1 > 0.02 1.0 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 b3 / b1 3.5 b1/t=100 λc b2 / b1 = 0,3 3 b3 / b1 = 0,05 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 log(L) 3.5 λc b1/t=100 b2 / b1 = 0,3 b3 / b1 = 0,2 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 log(L) Figura 3.15 - Modos de instabilidade do perfil C, sob gradiente de tensão z+, com diferentes tamanhos de enrijecedores. 92 Aplicando o estudo dos modos de instabilidade a duas séries de perfil C comerciais, utilizando o Método das Bandas Finitas para compressão uniforme, temse os gráficos σcr x log(L) apresentados nas figuras 3.15 e 3.16. Abaixo dos gráficos se encontra a geometria do perfil correspondente, variando somente a espessura das placas. Deste modo, tem-se no gráfico a curva de flambagem para cada espessura existente na série do perfil. Para a série C 75, mostrada na figura 3.15, tem-se, a partir da 3a alma, flambagem com distorção, representadas nas curvas em vermelho. Na análise da série C 127, mostrada na figura 3.16, tem-se somente a última alma, a mais espessa, governada pela flambagem local distorcional. 93 3000 2500 5 2000 TENSÃO 4 3 1500 2 1 1000 500 0 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 LOG(L) (a) z RI = t t CURVA t b1/t 1 1,52 49,34 2 1,90 39,47 3 2,28 32,89 4 2,66 28,20 5 3,04 24,67 RI 75 C.G. y 15 40 (b) Figura 3.16 – (a) Modos de instabilidade da série 75 tipo comercial, de perfil C, de fabricação “Tecnofer”. (b) Características geométricas da seção. 94 1400 1200 1000 5 4 TENSÃO 3 800 2 1 600 400 200 0 1 1.5 2 2.5 3 LOG(L) (a) z RI = t CURVA t b1/t 1 1,52 83,55 2 1,90 66,84 3 2,28 55,70 4 2,66 47,74 5 3,04 41,78 6 3,42 37,13 t RI 127 C.G. y 17 50 (b) Figura 3.17 – (a) Modos de instabilidade da série 127 tipo comercial, de perfil C, de fabricação “Tecnofer”. (b) Características geométricas da seção. 95 3.6 – A LARGURA EFETIVA NO PROGRAMA FINLOC O cálculo das larguras efetivas considerando-se o perfil formado por placas isoladas leva a diferentes valores de tensão crítica para cada placa, como se as placas não interagissem entre si na resistência ao carregamento aplicado, conforme pôde ser observado no item 2.4 no caso das larguras efetivas calculadas segundo a norma americana, AISI-90 [1], e a norma européia, EUROCODE [21]. Buscando o aprimoramento do cálculo das larguras efetivas, este trabalho apresenta o cálculo das mesmas levando-se em conta a influência que cada placa do perfil exerce sobre a outra (engastamento parcial). Utiliza-se, para isso, o Método das Bandas Finitas, que fornece o multiplicador de carga λ (equação (3.54)) para a distribuição de tensões na seção transversal dada pelo elemento finito não-linear de viga espacial a cada iteração do passo não-linear. O multiplicador de carga usado, λ, corresponde ao menor dos dois mínimos, primário e secundário, conforme item 3.5. Utiliza-se do programa FINLOC, desenvolvido originalmente por ESTRELLA[20]. A técnica numérica disponível no FINLOC permite seguir a evolução não-linear da estrutura sob aumento de carga externa até o colapso ou instabilidade. No presente trabalho, o programa FINLOC foi acrescentado de uma subrotina, o programa BANFIN (ver item 3.5), que, com auxílio do Método das Bandas Finitas, leva em conta a influência que cada parede da seção do perfil exerce sobre a vizinha. A seguir, mostra-se, esquematicamente, o processo para a obtenção das larguras efetivas considerando-se as placas associadas do perfil. 96 σ1 σ2 λ cr λp = único σ1 = σ placa λplaca = py σcr = λ σ cr placa σ placa λ cr σ placa = 1 λ cr fy λ cr σ placa Figura 3.18 – Cálculo das larguras efetivas, considerando as placas associadas. Seqüência de cálculo das larguras efetivas, considerando a interação entre as placas que compõe o perfil: a) Com auxílio do Método das Bandas Finitas, descrito no início deste capítulo, obtém-se o valor do multiplicador crítico λcr da distribuição de tensões no elemento finito. Cada placa da seção tem, para tensão crítica, σcr = λcr. σ1, onde σ1 é a maior tensão de compressão da placa em questão. b) A seguir tira-se o valor da esbeltez reduzida da placa em serviço, λ p , σ1 = σ cr sendo λ p = 1 λ cr . (3.59) Conclui-se, portanto, que todas as placas possuem o mesmo λ p . c) Cada placa tem o seu λ py (esbeltez reduzida da placa na ruína). λ py = fy σ cr = fy λ cr .σ 1 (3.60) 97 d) Sabendo-se que ρ = be (equação 2.11), calcula-se ρ (coeficiente de redução da b largura efetiva) conforme a curva de flambagem escolhida. No algoritmo desenvolvido neste trabalho, pode-se optar por um dos três caso a seguir: 1) BF-E – obtenção de ρ utilizando-se as curvas do EUROCODE [21]. Ver tabela 2.2 para placas enrijecidas e tabela 2.3 para as placas não-enrijecidas. 2) BF-M – cálculo de ρ com auxílio da equação 2.41, chamada de curva de MULLIGAN + WINTER, para placas enrijecidas, ou a curva MULLIGAN + KALYANARAMAN, equação 2.46 (curva PARÁBOLA + KALYANARAMAN, equação 2.48) para placas não-enrijecidas. 3) BF-W – cálculo de ρ pela equação 2.21 de WINTER [9], para placas enrijecidas e placas não –enrijecidas. e) Com o valor de ρ, tem-se a largura efetiva be. A distribuição das larguras efetivas be1 e be2, para placas enrijecidas, é feita segundo o EUROCODE [21] (tabela 2.2). 98 CAPÍTULO 4 A INTERAÇÃO ENTRE AS FLAMBAGENS LOCAL E GLOBAL 4.1 – INTRODUÇÃO: Apresenta-se neste capítulo uma descrição do fenômeno da interação entre os modos de flambagem local e global de um perfil de paredes finas, visto que um perfil longo de paredes finas pode sofrer flambagem local de suas paredes e os modos globais de flambagem, flexão, torção e flexo-torção, dependendo da geometria e do gradiente de tensão suportado. Caso as cargas críticas dos diferentes modos de flambagem sejam próximas, tem-se o que se chama de interação não-linear dos modos de instabilidade. Pretende-se mostrar que, devido a flambagem local das placas que compõem o perfil, a resistência do perfil à flambagem global será menor que a mesma resistência sem a presença dos efeitos locais. 4.2 – DESCRIÇÃO DA INTERAÇÃO ENTRE OS MODOS DE FLAMBAGEM Neste trabalho, apresenta-se o estudo da interação entre os modos de flambagem local e global para perfis C submetidos à compressão uniforme ou compressão excêntrica. A reserva pós-crítica é também considerada, bem como a deformada inicial. Para ilustrar melhor os efeitos da interação dos modos de flambagem, apresenta-se a figura 4.1 das curvas de flambagens européias, em particular, a curva b. 99 Peça curta P χ = ruína Py Ae = A Peça longa 1 0.9 1 Euler λ2 c a 0.8 bred red 0.7 Curva b - sem flambagem local 0.6 Curva b - com flambagem local 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 λc = 0 0 0,2 0.5 1 1.5 2 2.5 Py Pcr Figura 4.1 – Visualização da interação entre a flambagem local e a flambagem global com auxílio das curvas de flambagem européias [21]. Com relação à figura 4.1, tem-se a seguinte notação: A – área da seção plena. Ae – àrea da seção efetiva para uma compressão uniforme igual a fy. Pruína – carga de ruína da coluna. Py – carga de ruína plástica (=A.fy). Pcr – carga crítica de flambagem global da coluna. χ= λc = Pruína Py Py Pcr - coeficiente de redução à flambagem. - esbeltez reduzida da coluna. ared – redução da carga de ruína da coluna imperfeita desprezando-se a flambagem local em relação a uma coluna perfeita. bred - redução da carga de ruína da coluna imperfeita levando em conta a flambagem local em relação ao caso da coluna imperfeita desprezando a flambagem local. 100 O gráfico da figura 4.1 apresenta as curvas b, com e sem flambagem local. Para o caso da curva b com flambagem local escolhe-se, arbitrariamente, a relação de área efetiva com área plena igual a 0,7. No mesmo gráfico, encontra-se a curva de Euler, que representa o caso de colunas perfeitas. Na análise deste gráfico nota-se que, quando se consideram as imperfeições iniciais da coluna real, a curva “sem flambagem local” apresenta uma diminuição ared maior em λ c = 1 . Conforme o aumento da esbeltez ( maior λ c ) menor a diminuição ared. Por outro lado, considerando-se a flambagem local da seção do perfil, nota-se que o patamar das colunas curtas é redefinido para levar em conta a flambagem local das paredes. A diminuição da carga de ruína devido à interação entre a flambagem local e a flambagem global é representada por bred que, novamente, é menor quanto maior é λ c . Este fato pode ser explicado pelo fato da tensão crítica de flambagem global ser menor conforme o aumento do comprimento da coluna e, desse modo, a flambagem global da coluna é atingida antes da flambagem local. Quando há uma coincidência de pelo menos dois modos críticos de instabilidade, seja em decorrência de variação do comprimento da coluna, de suas relações geométricas ou da excentricidade da carga, a estrutura chega à ruína por instabilidade simultânea de seus modos de instabilidade devido às imperfeições inerentes às estruturas reais. Utiliza-se aqui o conceito geral de “redução”, que é a perda de resistência da estrutura imperfeita em relação à estrutura perfeita devido às suas imperfeições. Na referência [26], GIONCU faz tem-se uma completa descrição do fenômeno e classifica as instabilidades simultâneas segundo a linearidade ou a não-linearidade da coincidência dos modos de instabilidade, como a seguir: a) Simultaneidade linear: esse tipo de simultaneidade se produz quando dois modos estão juntos desde a origem, independentemente da presença das imperfeições. Como exemplo, tem-se o caso da interação da flambagem por flexão em torno do eixo forte com a flambagem por torção ao redor do centro de torção (flambagem por flexo-torção). b) Simultaneidade não-linear: esse tipo de simultaneidade só se produz para determinadas proporções geométricas da estrutura e a presença das imperfeições é indispensável para a simultaneidade. Para estruturas perfeitas, 101 esse tipo de simultaneidade não existe. Tem-se como exemplo deste tipo de simultaneidade a flambagem por flexão coincidente com a flambagem local das paredes da seção. A seguir, apresenta-se a figura 4.2, que traz dois exemplos da redução sofrida por uma coluna quando esta sofre flambagens simultâneas. Peça curta Peça longa P Redução P Redução Pf,y Pft1 Pcr Pruína Pruína parâmetros geométricos Pcr,s parâmetros geométricos (a) (b) Pft1 – carga crítica de flambagem por flexo-torção. Pf,y – carga crítica de flambagem por flexão. Pcr – carga crítica de flambagem global da coluna. Pcr,s - carga crítica de flambagem local da seção. Figura 4.2 – Redução da capacidade de resistência do perfil C, devido a flambagens Simultâneas [26]. Analisando-se a figura 4.2a, verifica-se a redução sofrida pela coluna imperfeita no ponto que caracteriza a passagem da flambagem por flexo-torção para a flambagem por flexão, devido à variação dos parâmetros geométricos da coluna. Observa-se que esta redução é maior na vizinhança do ponto de coincidência entre os dois modos de flambagem. 102 A figura 4.2b mostra a redução da resistência da coluna quando o modo de flambagem local da seção coincide com o modo de flambagem global de coluna, o que é o objetivo deste capítulo. Novamente, a maior redução se encontra no ponto coincidente entre as flambagens, e é importante ressaltar que a região onde Pcr,s é menor que Pruína se deve à resistência pós-crítica de flambagem local da seção. De fato, a interseção da curva Pcr,s com a curva Pruína marca a mudança de comportamento de uma coluna curta para uma coluna longa. Segundo o “princípio do dimensionamento à flambagem simultânea” defendido por BLEICH-SHANLEY [12], o dimensionamento ótimo de uma estrutura é atingido quando sua geometria é tal que leva à simultaneidade de, pelo menos, dois modos de instabilidade. Porém, atualmente, com a teoria geral da instabilidade simultânea, sabe-se que a coincidência entre dois modos de instabilidade leva a uma sensibilidade muito grande das imperfeições iniciais da estrutura. 4.3 – O ELEMENTO FINITO O elemento finito utilizado foi tema do trabalho de DE VILLE [15] (1988), um estudo muito abrangente que aborda diversos tipos de elementos finitos, até a adoção do elemento finito de viga espacial tipo MARGUERRE com as principais características descritas adiante. Em 1993, ESTRELLA [20], fez uso deste elemento finito criando o programa FINLOC de análise de diversos perfis dobrados de paredes finas. Neste estudo [20] foi introduzido no elemento finito de DE VILLE[15] a seção transversal variável, que se faz necessária para levar em conta a flambagem local das paredes do perfil por meio do método das larguras efetivas, isto é, a variação da largura efetiva, que é a atualização da mesma para cada passo do cálculo nãolinear. 103 No presente trabalho, o elemento finito de DE VILLE[15], adaptado por ESTRELLA[20], é somente uma ferramenta utilizada. Para maiores detalhes do desenvolvimento do elemento mencionado, as referências [15] e [20] podem esclarecer quaisquer dúvidas. A seguir, outras características deste elemento finito de viga espacial do tipo deslocamento são descritas: a) A seção transversal do elemento finito é constituída por paredes finas; b) A seção pode ser assimétrica de maneira que, o centro de gravidade e o centro de torção podem ser dois pontos distintos; c) O empenamento da seção é levado em conta por um sétimo grau de liberdade, que permite simular corretamente a flambagem por flexo-torção de perfis de seções abertas; d) Este elemento finito tem a característica de eliminar os fenômenos de “membrane locking” e de “bending locking”, que são próprios dos elementos finitos de casca e viga. Segundo DE VILLE [15], são seis as hipóteses básicas para o desenvolvimento de seu elemento finito de viga espacial: 1) Na flexão pura, a seção transversal permanece plana e perpendicular ao eixo deformado da viga. Esta hipótese de BERNOULLI despreza a energia de deformação por cisalhamento. 2) Na torção simples, a seção transversal é submetida a um empenamento proporcional ao aumento do ângulo de torção. Esta hipótese de VLASSOV [70] despreza a energia de deformação induzida pelo cisalhamento de empenamento da seção. 104 3) As deformações são pequenas e as rotações são moderadas. O tensor das deformações de VON KARMAN [71] é adotado. 4) A seção é transversalmente indeformada. 5) A viga é prismática. Os tipos de seções utilizadas são as seções abertas ou fechadas de paredes finas. 6) As seções podem ser assimétricas, de maneira que o centro de gravidade e o centro de torção podem ser dois pontos distintos (ver figura 4.3). w(x) z C G v(x) ψ(x) y G - centro de gravidade C - centro de torção x, u(x) Figura 4.3 – Característica da seção assimétrica. 105 CAPÍTULO 5 RESULTADOS 5.1 – INTRODUÇÃO Neste capítulo, é feita uma comparação dos resultados experimentais realizados por MULLIGAN[43] de vigas-colunas de paredes finas submetidas à compressão centrada e excêntrica, seção transversal do tipo C, com os resultados numéricos achados com o elemento de viga espacial de seção variável levando em conta as flambagem de suas paredes por meio do método das larguras efetivas, programa FINLOC, com a introdução do método das bandas finitas para o cálculo da tensão crítica da seção, isto é, de maneira a considerar a interação entre as paredes do perfil. Apresenta-se, também, uma ilustração da visualização em 3-D das deformadas de um perfil estudado, com auxílio do pós-processador gráfico POS-3D, desenvolvido na PUC-Rio. Por fim, empreendeu-se um estudo sobre a influência da deformada inicial na carga de ruína. Considera-se como critério para a carga de ruína os seguintes casos: ruína no regime elástico, isto é, instabilidade sem que ocorra a plastificação ou quando a ruína é atingida pelo início da plastificação da parte mais comprimida da seção. Adota-se, portanto, para o aço, uma lei elasto-plástica perfeita. Nos ensaios numéricos, foram consideradas as seguintes condições de apoio nas extremidades dos perfis: na flexão, as extremidades são consideradas rotuladas e na torção, as extremidades são consideradas engastadas, isto é, empenamento impedido nas extremidades. Nas tabelas e gráficos apresentados neste capítulo, as dimensões são dadas em milímetros (mm) e as cargas críticas e de ruína em quiloNewtons (kN). 106 MULLIGAN[43] estudou a estabilidade de diversas colunas de seção C e outras seções transversais e, com essa finalidade, foram medidas as características geométricas como as dimensões das seções, o comprimento das peças e as deformadas iniciais globais, desvios na retidão da coluna, e as deformadas iniciais locais, desvios no plano de placas que compõem o perfil, isto é, irregularidades da geometria da seção transversal. A figura 5.1a mostra as notações das características geométricas da seção transversal e seus respectivos valores são dados na tabela 5.1. Nas tabelas, a notação para identificação das colunas é a seguinte: Colunas Longas – CLC/2-120x60 = Column Lipped Channel (coluna em perfil C) – bp1/t x bp2/t CLC/2 – 120x60 = carga centrada CLC/2.1 – 120x60 = carga excêntrica MULLIGAN[43] utilizou as recomendações da Structural Stability Research Council (SSRC) para caracterizar as colunas como curtas ou longas. O comprimento, L, de uma coluna para que seja longa é L > 20 rmin, onde rmin é o raio de giração mínimo da seção transversal. Os valores das tensões de escoamento dadas na tabela 5.1 são a média dos ensaios de tração realizados em amostras retiradas da chapa antes da dobragem do perfil. Portanto, a tensão de escoamento utilizada nos cálculos numéricos é a tensão de escoamento do material de base. A figura 5.1a representa as características geométricas dos perfis do tipo C mencionados neste capítulo, onde tem-se também: G – centro de gravidade da seção plena (antes do início da flambagem local); P – ponto de aplicação da carga; yp – excentricidade da carga aplicada. Os perfis submetidos à carga excêntrica têm seu ponto de aplicação da carga situado sobre o eixo de simetria y com zp=0 e yp≠0, ver figura 5.1a. 107 MULLIGAN[43] dimensionou os enrijecedores de bordo da aba da seção C para satisfazerem as condições de DESMOND[16] , que se baseia na adoção de uma “inércia adequada” para o enrijecedor. Porém, de acordo com o apresentado no parágrafo 3.5, a eficácia do enrijecedor é máxima quando a razão b3/b1 se situa entre 0,1 e 0,3, aproximadamente. A tabela 5.1 mostra que esta relação é menor que 0,1 para muitos perfis. Para evitar a flambagem local-distorcional e verificar sua influência na carga de ruína, algumas colunas receberam contraventamento como se mostra na figura 5.1b. A peça de contraventamento consiste de uma cantoneira ½” x ½” x t, perpendicular ao eixo longitudinal e soldada nas duas extremidades de borda. Os perfis contraventados estão em negrito nas tabelas. Na figura 5.2a é apresentada a discretização do perfil em quatro elementos finitos. De acordo com ESTRELLA[20], cada elemento finito possui 3 pontos de integração no sentido longitudinal e as larguras efetivas são calculadas com as tensões da seção de integração situada no meio do elemento finito. A figura 5.2b mostra o sistema de eixos com as direções das deformadas iniciais. Na análise não-linear é importante a deformada inicial para a obtenção da curva carga x deslocamentos. Sendo y o eixo de simetria da seção, as deformadas dz, positivas e negativas, são indiferentes ao cálculo do perfil. Porém, para a deformada dy , a direção positiva ou negativa, requer um estudo da carga de ruína do perfil para se conhecer a direção desfavorável de dy, o que se pretende mostrar adiante. 108 z L - Comprimento t W1 b1 P bp1 G (a) yp bp3 r b3 W3 bp2 b2 W2 L 1/2" x 1/2" x t Espaçados de bp1 mm (b) Solda Figura 5.1 – As características geométricas do perfil C e do contraventamento [43]. Características geométricas; Contraventamento das extremidades abertas da coluna. 109 PERFIL bp1/t x bp2/t W1 W2 W3 t r b3/b1 L yp fy CLC/1.1-120X30 154,79 41,66 9,19 1,224 2,10 0,06 456,18 5,16 226,1 CLC/1-120X60 CLC/2-120X60 CLC/2.1-120X60 CLC/2.2-120X60 CLC/2.3-120X60 CLC/2.4-120X60 CLC/3-120X60 CLC/4-120X60 CLC/5-120X60 156,57 155,98 156,77 156,36 156,16 155,96 156,97 155,37 156,57 81,10 81,08 80,54 80,82 80,85 81,05 81,08 81,20 80,49 18,11 17,04 18,03 18,49 18,08 18,14 17,04 17,63 18,29 1,135 1,143 1,204 1,229 1,209 1,209 1,156 1,153 1,219 2,78 2,72 3,06 2,99 3,01 2,96 2,76 2,81 2,95 0,11 0,11 0,11 0,12 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 1524,0 0,00 1829,3 0,00 1828,8 13,61 1847,1 13,56 1845,6 -24,94 1828,8 5,39 2999,7 0,00 2997,2 0,00 1828,8 0,00 223,4 220,3 219,4 219,4 219,4 223,9 220,3 220,3 223,9 CLC/1-180X60 CLC/2-180X60 CLC/2.1-180X60 CLC/2.2-180X60 CLC/3-180X60 CLC/4-180X60 231,57 231,98 232,77 231,19 232,18 230,58 81,25 81,13 80,70 80,95 81,13 81,25 17,27 17,48 17,96 18,82 17,37 18,44 1,143 1,138 1,214 1,222 1,123 1,229 2,72 2,82 2,75 2,74 2,69 2,94 0,07 0,07 0,07 0,08 0,07 0,08 1752,9 2339,9 2338,1 2339,1 2921,0 2337,6 0,00 0,00 10,77 10,08 0,00 0,00 224,7 223,4 241,2 236,8 223,4 227,9 CLC/1-90X90 114,71 113,79 19,76 1,229 2,99 0,17 2442,5 0,00 236,8 CLC/1-180X90 CLC/2-180X90 CLC/2.1-180X90 CLC/2.2-180X90 CLC/3-180X90 222,05 222,83 221,46 222,25 222,66 19,94 19,46 19,46 19,63 19,13 1,214 1,212 1,207 1,224 1,222 2,90 3,00 2,65 2,94 2,99 0,09 0,09 0,09 0,09 0,08 1830,6 2440,2 2439,2 2443,2 2442,5 0,00 0,00 13,23 13,08 0,00 219,4 244,2 227,9 236,8 233,4 114,20 113,69 113,89 114,10 114,00 Notas: - Em negrito – extremidade contraventada (figura 5.1b). - CLC/2 – Carga concentrada. - CLC/2.1 – Carga excêntrica. - Unidades em mm. - L – comprimento da coluna. - yp – excentricidade do ponto de aplicação da carga. - fy – tensão de escoamento em MPa (N/mm2). Tabela 5.1 – Características geométricas e mecânicas das colunas. 110 5.2 – ANÁLISE DOS RESULTADOS Conforme apresentado na introdução deste capítulo, faz-se aqui uma comparação dos resultados numéricos encontrados com a utilização do método das bandas finitas para perfis tipo C, com resultados numéricos obtidos por ESTRELLA[20] e os resultados experimentais de MULLIGAN[43]. MULLIGAN[43] ensaiou 24 perfis do tipo C, conforme listados nas tabelas 5.3 e 5.4, porém somente 12 perfis tiveram suas flechas máximas medidas, ver tabela 5.2. A partir das flechas máximas obtidas na referência [8], calculam-se, numericamente, as deformadas iniciais de cada perfil utilizando uma função tipo senóide. Na tabela 5.2, além dos valores das flechas máximas obtidos por MULLIGAN[43], nos eixos y e z, estão representados os resultados de carga de ruína experimental dos ensaios de MULLIGAN[43] para esta série de perfis com imperfeições iniciais medidas. A importância das deformadas iniciais na carga de ruína dos perfis de chapa dobrada será abordada no item 5.3. Além disso, na tabela 5.2 encontra-se a carga de ruína numérica, P R, utilizando BF-M, resultado do estudo do presente trabalho, pelo programa FINLOC com o auxílio do método das bandas finitas e da equação de MULLIGAN + WINTER ou MULLIGAN + KALYANARAMAN para o cálculo do coeficiente de redução da largura efetiva ρ ( ver item 3.6). Nesta tabela (5.2), encontram-se dois valores de carga de ruína numérica desprezados nas estatísticas, valores com o símbolo #, pela razão exposta a seguir. Verificando-se as propriedades geométricas dos perfis CLC/2.1-120x60 e CLC/2.2-120x60, tabela 5.1, pode-se considerá-los praticamente idênticos, porém 111 CLC/2.1-120x60 é um perfil contraventado. A análise dos valores de carga de ruína experimental (Pexp) e numérica (PR) para esses dois perfis leva às seguintes conclusões: - o perfil sofreu distorção, uma vez que o valor de Pexp é bem menor para o perfil sem contraventamento. - é necessário desprezar o valor de PR para o perfil não contraventado, isto porque o programa FINLOC com o método das bandas finitas não leva em conta a distorção do conjunto aba/enrijecedor de bordo, ver item 2.4.4, obtendo um valor de PR maior que o Pexp para o perfil não contraventado, embora ele tenha sofrido distorção, como provam os resultados experimentais. O mesmo raciocínio acima exposto pode ser feito para o caso dos perfis CLC/2.1180x90 e CLC/2.2-180x90, quando desprezou-se o valor de carga de ruína numérico do perfil CLC/2.2-180x90. Analisando-se os resultados comparativos desta tabela Pexp/PR chega-se a valores levemente conservativos, mostrando uma boa relação entre eles. Na tabela 5.3 tem-se a relação dos 24 perfis de seção tipo C ensaiados por MULLIGAN[8]. Como nessa tabela incluíram-se os perfis que não tiveram suas flechas máximas medidas, optou-se por adotar uma flecha máxima padrão para todos os perfis, L/1000, onde L é o comprimento do perfil, sendo aqui adotado um sinal (+ ou -) da flecha inicial mais desfavorável à frente do resultado numérico. Conforme a tabela anterior, apresentam-se os resultados experimentais dos ensaios de MULLIGAN[8] e a carga de ruína numérica (BF-M), e também incluem-se os resultados numéricos BF-E e BF-W (ver item 3.6). Os perfis com valores de PR desprezados nas estatísticas, com o símbolo # à frente do número, são os mesmos apresentados na tabela anterior e, pelas mesmas razões, CLC/2.2-120x60 e CLC/2.2-180x90. Porém, encontra-se, nessa tabela, um outro perfil (CLC/1-90x90) que teve seu resultado descartado, o símbolo * está à frente do número. Todos os perfis foram considerados com empenamento impedido, mas o perfil CLC/1-90x90 é um perfil quadrado e suas 112 características geométricas favorecem uma flambagem por flexo-torção. Como a condição de apoio em torção é importante, isto é, empenamento impedido ou empenamento livre nas extremidades, apesar do platô da máquina de ensaio ser rígido, a flambagem local nas extremidades do perfil pode deteriorar a condição de apoio de empenamento impedido e a real condição de apoio pode ser intermediária entre empenamento livre e impedido. Na comparação dos resultados obtidos, tem-se valores conservativos, porém, de bom acordo com os resultados experimentais, e observa-se também que os resultados com o método das bandas finitas com MULLIGAN (BF-M) dão os melhores resultados, menos conservativo que os outros, mas ainda conservativo. Na tabela 5.4, faz-se uma comparação dos resultados experimentais de MULLIGAN[43], os resultados com o método das bandas finitas (BF-M) e os resultados obtidos por ESTRELLA[20], Eurocode, AISI-90 e AISI 90*. Os resultados de ESTRELLA[20] foram obtidos com o programa FINLOC sem o emprego do método das bandas finitas e aqui encontram-se seus resultados baseados no EUROCODE (EURO) e no AISI-90, ambos sem levar em conta a eficácia do enrijecedor. ESTRELLA[20] introduziu a eficácia do enrijecedor preconizada pelo AISI-90, com seus resultados aqui denominados AISI-90*. Nessa tabela, adotaram-se as flechas máximas iguais a L/1000 e o sinal à frente dos resultados significa o sentido desfavorável das mesmas. Os valores desprezados nesta tabela são para os mesmos perfis da tabela 5.3 e pelos mesmos motivos. Nesta tabela, pode-se notar, novamente, resultados conservadores e bem próximos entre si. O AISI-90* leva a melhores resultados quando há distorção, mas, na média, não apresenta diferença apreciável. 114 PERFIL bp1/t x bp2/t CLC/2.1-120X60 CLC/2.2-120X60 CLC/2.3-120X60 CLC/2.4-120X60 CLC/4-120X60 CLC/5-120X60 CLC/2-180X60 CLC/2.1-180X60 CLC/2.2-180X60 CLC/4-180X60 CLC/2.1-180X90 CLC/2.2-180X90 Flechas Máximas (mm) dyL 1,0662 0,3048 0,9652 1,1430 1,6005 1,1430 0,9664 1,7278 0,8631 1,9051 1,8050 0,3567 Pexp BF-M (kN) 45,8 38,9 30,0 55,2 37,4 52,5 38,9 46,3 44,5 48,0 55,6 38,9 PR (kN) 40,5 40,9 25,9 46,7 34,9 44,6 33,9 40,2 40,8 38,3 47,0 49,4 dzL 0,5084 0,4322 0,5850 0,5340 0,2787 0,1518 0,4071 0,5331 0,1778 0,5844 0,7366 0,4325 Média Desvio Padrão Coef. de Variação (%) Pexp/PR 1,13 0,95# 1,16 1,18 1,07 1,18 1,15 1,15 1,09 1,25 1,18 0,79# 1,15 0,05 4,38 Notas: - Em negrito – extremidade contraventada. - CLC/2 – Carga concentrada. - CLC/2.1 – Carga excêntrica. - Ruína limitada pelo começo da plastificação ou em regime elástico. - # - Resultado desprezado – o MBF não leva em conta a distorção do conjunto aba/enrijecedor Tabela 5.2 – Resultado das colunas com deformações iniciais medidas. 115 35,6 Pr (kN) BF-E BF-M BF-W 30,2+ 30,8- 28,9+ CLC/1-120X60 CLC/2-120X60 CLC/2.1-120X60 CLC/2.2-120X60 CLC/2.3-120X60 CLC/2.4-120X60 CLC/3-120X60 CLC/4-120X60 CLC/5-120X60 43,6 46,3 45,8 38,9 30,0 55,2 36,5 37,4 52,5 38,9+ 38,1+ 36,137,625,4+ 43,632,9+ 33,2+ 43,7+ 39,1+ 38,4+ 37,238,825,7+ 45,533,3+ 33,3+ 43,5+ CLC/1-180X60 CLC/2-180X60 CLC/2.1-180X60 CLC/2.2-180X60 CLC/3-180X60 CLC/4-180X60 42,7 38,9 46,3 44,5 33,8 48,0 34,3+ 32,1+ 37,938,128,3+ 37,7+ CLC/1-90X90 48,9 54,7- CLC/1-180X90 CLC/2-180X90 CLC/2.1-180X90 CLC/2.2-180X90 CLC/3-180X90 54,7 53,8 55,6 38,9 52,5 PERFIL bp1/t x bp2/t CLC/1.1-120X30 Pexp (kN) BF-E 1,18 Pexp/Pr BF-M 1,16 BF-W 1,24 39,2+ 38,3+ 35,636,425,7+ 41,332,5+ 32,9+ 43,5+ 1,12 1,22 1,24 1,03# 1,18 1,27 1,11 1,13 1,20 1,12 1,21 1,23 1,00# 1,17 1,22 1,10 1,12 1,21 1,08 1,16 1,20 1,07# 1,16 1,29 1,05 1,12 1,17 34,5+ 32,2+ 39,540,328,8+ 37,9+ 34,7+ 31,9+ 35,236,528,3+ 37,6+ 1,24 1,21 1,22 1,17 1,19 1,27 1,24 1,21 1,17 1,10 1,17 1,27 1,18 1,15 1,30 1,20 1,15 1,25 56,7+ 53,5- 0,89* 0,86* 0,91* 45,2+ 45,3+ 45,2+ 46,7+ 46,7+ 46,8+ 44,746,342,946,748,844,245,9+ 46,0+ 45,9+ Média Desvio Padrão Coef. de Variação (%) 1.21 1,15 1,24 0,83# 1,14 1,20 0,05 4,11 1,21 1,15 1,20 0,80# 1,14 1,18 0,05 4,07 1,18 1,12 1,31 0,88# 1,14 1,21 0,07 5.43 Notas: - Em negrito – extremidade contraventada. - CLC/2 – Carga concentrada. - CLC/2.1 – Carga excêntrica. - Ruína limitada pelo começo da plastificação ou em regime elástico. - (xx,x+) – Deformada inicial desfavorável no sentido positivo de y (coord. local). - (xx,x -) – Deformada inicial desfavorável no sentido negativo de y (coord. local). - Deformada inicial igual a L/1000 no sentido desfavorável de y e z. - # - Resultado desprezado – o MBF não leva em conta a distorção do conjunto aba/enrijecedor - * - Perfil quadrado – condição de apoio quanto à torção é duvidosa. Tabela 5.3 – Resultado comparativo entre os métodos utilizados. 116 PERFIL bp1/t x bp2/t Pexp (kN) Pr (kN) Pexp / Pr EURO AISI-90 AISI-90* BF-M EURO AISI-90 AISI-90* BF-M CLC/1.1-120X30 35,6 39,2- 37,8- 29,4- 30,8- #0,91 #0,94 1,21 1,16 CLC/1-120X60 43,6 39,8+ 39,0+ 38,9+ 39,5+ 1,10 1,12 1,12 1,12 CLC/2-120X60 46,3 37,9+ 37,4+ 37,4+ 38,4+ 1,22 1,24 1,24 1,21 CLC/2.1-120X60 45,8 40,6- 39,2- 31,4- 37,2- 1,13 1,17 $1,46 1,23 CLC/2.2-120X60 38,9 41,8- 41,9- 34,0- 38,8- #0,93 #0,93 1,15 1,00# CLC/2.3-120X60 30,0 26,9+ 26,7+ 26,7+ 25,7+ 1,12 1,12 1,12 1,17 CLC/2.4-120X60 55,2 48,7+ 47,8+ 42,4- 45,5+ 1,13 1,15 $1,30 1,21 CLC/3-120X60 36,5 32,1+ 31,6+ 31,6+ 33,3+ 1,14 1,15 1,15 1,10 CLC/4-120X60 37,4 32,1+ 31,4+ 31,4+ 33,3+ 1,16 1,19 1,19 1,12 CLC/5-120X60 52,5 43,8+ 42,6+ 42,6+ 43,5+ 1,20 1,23 1,23 1,21 CLC/1-180X60 42,7 36,2+ 35,5+ 35,5+ 34,5+ 1,18 1,20 1,20 1,24 CLC/2-180X60 38,9 33,5+ 32,7+ 32,7+ 32,2+ 1,16 1,19 1,19 1,21 CLC/2.1-180X60 46,3 51,3+ 48,3- 37,2- 39,5- 0,90 0,84 $1,24 1,17 CLC/2.2-180X60 44,5 50,4+ 48,2+ 44,7- 40,3- #0,80 #0,80 0,99 1,10 CLC/3-180X60 33,8 28,9+ 28,7+ 28,7+ 28,8+ 1,17 1,18 1,18 1,17 CLC/4-180X60 48,0 38,8+ 38,5+ 38,5+ 37,9+ 1,24 1,25 1,25 1,27 CLC/1-90X90 48,9 46,8+ 47,4+ 44,3- 56,7+ 1,03 1,03 1,10 0,86* CLC/1-180X90 54,7 46,8+ 44,7+ 44,7+ 45,3+ 1,17 1,22 1,22 1,21 CLC/2-180X90 53,8 46,7+ 44,8+ 44,7+ 46,7+ 1,15 1,20 1,20 1,15 CLC/2.1-180X90 55,6 55,6- 51,8- 38,9- 46,3- 1,00 1,07 $1,43 1,20 CLC/2.2-180X90 38,9 60,1- 55,1- 39,2- 48,8- #0,65 #0,71 0,99 0,80# CLC/3-180X90 52,5 46,4+ 44,2 44,2+ 46,0+ 1,13 1,19 1,19 1,14 Média 1,13 1,15 1,16 1,18 Desvio Padrão 0,08 0,10 0,07 0,05 Coef. de Variação (%) 7,14 8,32 6,36 4,06 Notas: - Em negrito – extremidade contraventada. - CLC/2 – Carga concentrada. - CLC/2.1 – Carga excêntrica. - Ruína limitada pelo começo da plastificação ou em regime elástico. - (xx,x+) – Deformada inicial desfavorável no sentido positivo de y (coord. local). - (xx,x -) – Deformada inicial desfavorável no sentido negativo de y (coord. local). - Deformada inicial igual a L/1000 no sentido desfavorável de y e z. - # - Resultado desprezado – o MBF não leva em conta a distorção do conjunto aba/enrijecedor - * - Perfil quadrado – condição de apoio quanto à torção é duvidosa. Tabela 5.4 – Resultados das colunas longas. 117 A seguir, apresentam-se alguns gráficos do tipo carga x deslocamento lateral do nó 3 no sentido do eixo y, figuras 5.3 a 5.9. Na figura 5.3 tem-se o gráfico do perfil CLC/1 – 120x60, que é um perfil submetido a um carregamento centrado, sem contraventamento. Nesse gráfico representou-se o resultado experimental obtido por MULLIGAN[43], os resultados referentes a esta tese com auxílio do método das bandas finitas com as equações do EUROCODE[21] (BF-E), MULLIGAN[43] (BF-M) e WINTER[74]. Os resultados referentes a BF-E e BF-M apresentam um perfil mais rígido no início do carregamento, em relação a BFW. Porém, a carga de ruína do perfil pelos três métodos são muito próximas. Embora o comportamento no gráfico carga x deslocamento apresente diferenças, esse perfil tem uma boa concordância quanto às cargas de ruína teórica e experimental, sua relação Pexp/Pr não ultrapassa 1,12, conforme tabela 5.3. A figura 5.4 é uma representação do perfil CLC-2.1-120x60, com carga excêntrica e contraventado. Nesse gráfico, encontra-se, além da representação do resultado experimental[43] e dos resultados desta tese pelo método da banda finita, alguns resultados obtidos por ESTRELLA[20], que utilizou o programa FINLOC sem o método das bandas finitas, isto é, considerando o perfil como um conjunto de placas isoladas. Tem-se a representação dos resultados de ESTRELLA[20] considerando as formulações de largura efetiva do EUROCODE[21] e do AISI-90[1]. Observam-se, nesse gráfico, que a partir de um certo nível de carregamento, os resultados desta tese, BF-E, BF-M, BF-W, estão entre os resultados obtidos por ESTRELLA[20], EUROCODE[21] e AISI-90*[1]. Tem-se, para esse perfil um comportamento, até um certo nível de carregamento, muito próximo entre o resultado experimental e os resultados com o método das bandas finitas. Embora o resultado da carga de ruína numérico seja mais conservador que o exemplo anterior, Pexp/Pr = 1,24 (para BF-E). O perfil CLC/2.2-120x60 tem seu comportamento representado na figura 5.5, é um perfil com carregamento excêntrico, com características geométricas semelhantes ao perfil CLC/2.1-120x60, entretanto, sem contraventamento. Ambos os perfis CLC/2.1–120x60 e CLC/2.2 –120 x 60 têm excentricidades positivas, yp=13,61 e yp=13,56, respectivamente (ver tabela 5.1). Nesse gráfico encontra-se representado o resultado experimental[43], os resultados com o método das bandas 118 finitas e os resultados de ESTRELLA[20]. Tem-se, para esse perfil, um bom acordo entre os resultados numéricos e experimentais no início do carregamento, porém, para cargas maiores, eles começam a divergir, obtendo-se resultados não conservativos. Os resultados com o método das bandas finitas foram desprezados nas estatísticas, tabela 5.3, visto que a comparação entre os resultados experimentais dos perfis CLC/2.1-120x60 e CLC/2.2-120x60 comprova uma distorção no caso sem contraventamento e as análises numéricas representadas na figura 5.5 não levaram em conta a distorção aba/enrijecedor, isto é, não foi penalizado o enrijecedor de bordo do perfil C, com exceção do resultado numérico com o AISI-90*, ESTRELLA[20], representado na figura 5.5 por uma linha tracejada. O perfil CLC/2.3 –120 x 60, que tem a representação do seu comportamento carga x deslocamento na figura 5.6, é um perfil contraventado e carregado excentricamente. Esse perfil tem características geométricas similares aos perfis CLC/2.1 –120 x 60 e CLC/2.2 –120 x 60, entretanto, sua excentricidade é negativa, yp=-24,94mm, conforme tabela 5.1. Nesse gráfico pode-se observar o resultado experimental[43], os resultados com o método da banda finita e os resultados de ESTRELLA[20] com o EUROCODE[21] e o AISI-90[1]. Os comportamentos das diversas curvas de análise numérica têm um bom acordo com a curva da análise experimental, afastando-se desta somente a um nível de carregamento bem próximo à ruína. Apesar disto, a carga de ruína numérica fica em torno de 15% (BF-E) menor que seu valor experimental. Na figura 5.7, tem-se o gráfico carga x deslocamento transversal relativo ao perfil CLC/4-120 x60, que é um perfil sem contraventamento e com carga centrada. A carga aplicada, inicialmente, no seu centro de gravidade, é a principal diferença entre esse perfil e os perfis (120x60) apresentados anteriormente. Apresenta-se aqui o comportamento experimental[73], os resultados numéricos com o método das bandas finitas e os resultados de ESTRELLA[20]. Observa-se que os resultados devidos a ESTRELLA[20] são mais conservativos e os resultados de carga de ruína com bandas finitas ficam em torno de 12% menores que a carga de ruína experimental. 119 O perfil CLC/5 – 120x60 tem seu gráfico carga x deslocamento representado na figura 5.8, é contraventado e tem carregamento centrado. Esse perfil difere do anterior, CLC/4 – 120x60, por seu comprimento maior, conforme a tabela 5.1. Nesse gráfico, apresenta-se o resultado experimental[43], os resultados desta tese com auxílio do método das bandas finitas e resultados de ESTRELLA[20]. Observa-se que somente o ensaio experimental apresenta uma inversão no sentido do deslocamento transversal. Inicialmente, tem-se deslocamentos negativos no eixo y para, em seguida, apresentarem-se deslocamentos no sentido positivo do eixo y. Os resultados com o método da banda finita com as formulações de largura efetiva do EUROCODE[21] e MULLIGAN[43], BF-E e BF-M, se confundem para o perfil estudado. A figura 5.9 se refere ao último gráfico carga x deslocamento estudado, representa o perfil CLC/2-180x60, perfil com carga centrada e sem contraventamento. Esse perfil tem dimensões bem diferentes dos anteriormente estudados, ver tabela 5.1. Novamente, apresenta-se, aqui, o resultado experimental[8] e os resultados numéricos desta tese e de ESTRELLA[20]. Dois resultados com o método das bandas finitas, BF-E e BF-M, têm resultados muito próximos e se confundem neste gráfico. Uma característica dos resultados desta tese é que, no início do carregamento, o perfil se comportou com maior rigidez, diferente dos resultados de ESTRELLA[20], que considera o perfil composto por placas isoladas. 120 CLC/1 - 120 x 60 45 BF-W 40 BF-M 35 BF-E EXPERIMENTAL 30 P (kN) 25 20 Carga centrada 15 Sem contraventamento 10 5 0 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Desloc. Transv. (mm) Figura 5.3 – Curvas de carga x deslocamento. C L C - 2.1 - 120 x 60 50 EXPERIMENTAL EUROCODE , ESTRELLA[6] BF-E 45 AISI-90,ESTRELLA[6] 40 35 BF-M=BF-W 30 P (kN) AISI-90*,ESTRELLA[6] 25 20 Contraventado Carga excêntrica 15 10 5 0 -6 -5 -4 -3 Desloc. Transv. (mm) -2 Figura 5.4 - Curvas de carga x deslocamento. -1 0 121 C L C / 2.2 - 120 x 60 50 EUROCODE, ESTRELLA[6] BF-M 40 BF-E = BF-W P (kN) AISI-90*, ESTRELLA[6] Carga excêntrica 30 Sem contraventamento 20 EXPERIMENTAL 10 0 -5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 Desloc. Transv. (mm) Figura 5.5 - Curvas de carga x deslocamento. C L C / 2.3 - 120 x 60 30 EXPERIMENTAL AISI-90, ESTRELLA[6] 25 BF-E P (kN) 20 EUROCODE ESTRELLA[6] BF-M 15 Carga excêntrica BF-W Contraventado 10 5 0 0 2 4 6 8 Desloc. Transv. (mm) Figura 5.6 - Curvas de carga x deslocamento. 10 122 C L C / 4 - 120 x 60 40 EXPERIMENTAL BF-M 35 BF-E 30 EUROCODE, ESTRELLA[6] AISI-90, ESTRELLA[6] P (kN) 25 20 BF-W Carga centrada Sem contraventamento 15 10 5 0 0 2 4 6 8 10 12 Desloc. Transv. (mm) Figura 5.7 - Curvas de carga x deslocamento. CLC / 5 - 120 x 60 EXPERIMENTAL 50 BF-E = BF-M 40 BF-W EUROCODE, ESTRELLA[6] P (kN) 30 AISI-90, ESTRELLA[6] 20 Carga centrada Contraventado 10 0 -0.5 0.5 1.5 2.5 3.5 Desloc. Transv. (mm) Figura 5.8 - Curvas de carga x deslocamento. 4.5 123 CLC / 2 - 180 x 60 40 EXPERIMENTAL BF-W 35 BF-E = BF-M 30 AISI-90, ESTRELLA[6] P (kN) 25 EUROCODE, ESTRELLA[6] 20 15 Carga centrada 10 Sem contraventamento 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Desloc. Transv. (mm) Figura 5.9 - Curvas de carga x deslocamento. A seguir, apresenta-se uma visualização do perfil CLC/1 - 90 x 90 na ruína (figura 5.10), com larguras efetivas calculadas usando o método das bandas finitas e deformada inicial de +L/1000. Esta ilustração em 3-D é feita com auxílio do pósprocessador gráfico POS-3D, desenvolvido pelo Grupo de Computação Gráfica Tec Graf, na PUC-Rio e de propriedade da Petrobrás. Observa-se, na figura deformada do perfil, regiões vazias (em branco) que correspondem às partes flambadas das placas do perfil, isto devido ao método de cálculo empregado, o método das larguras efetivas, descrito no capítulo 2 desta tese. Neste método, considera-se que as partes flambadas da placa não contribuem mais para sua rigidez, considerando-se somente as duas faixas extremas não flambadas, be, a largura efetiva. As cores que aparecem no perfil representam o nível de tensão em cada banda finita, variando da mais carregada, na cor azul, à menos carregada, na cor vermelha. Tem-se, para este perfil CLC/1-90x90, devido a sua geometria próxima do quadrado, uma flambagem por flexo-torção, a ser observada na figura. 124 -80.25 -97.64 -115.0 -132.4 -149.8 -167.2 -184.6 -202.0 -219.4 -236.8 Figura 5.10 – Deformada do perfil CLC/1 – 90 x 90 na ruína para uma deformada inicial de +L/1000, usando BF-M. Tensões em MPa. 125 Para uma melhor compressão da figura 5.10 é aconselhável o entendimento da figura 5.2c (perfil C discretizado em 3D). 5.3 – A INFLUÊNCIA DA DEFORMADA INICIAL E DA EXCENTRICIDADE DA CARGA, NO PERFIL DE CHAPA DOBRADA No dimensionamento de seções de paredes finas, quando se utiliza o método das larguras efetivas, o centro de gravidade da seções varia após a ocorrência da flambagem local das paredes. Estuda-se, neste item, a influência da deformada inicial, dy, na carga de ruína dos perfis de chapa dobrada levando-se em conta a posição do ponto de aplicação da carga e o centro de gravidade efetivo da seção. Na figura 5.11a representa-se um perfil C antes da flambagem local de suas placas, seção plena, e após a ocorrência da flambagem, quando o centro de gravidade se desloca porque somente partes desta seção são consideradas resistentes ao carregamento. A figura 5.11b mostra um perfil discretizado em quatro elementos finitos de viga espacial, onde o nó 3 sofre a flecha máxima e apresenta, neste caso, uma deformada inicial no sentido negativo do eixo y. 126 Seção plena Seção efetiva z C z C - centro de torção G - centro de gravidade C G P y G P Ge y Ge - centro de gravidade da seção efetiva P - ponto de aplicação da carga p - carga de compressão (a) p 1 2 d3 3 4 X Y 5 (b) Figura 5.11 – (a) Deslocamento do centro de gravidade da seção efetiva após a flambagem local. (b) Perfil com deformada inicial negativa. Flecha máxima no nó 3. 127 Segundo o EUROCODE[21], deve-se considerar, para efeito de dimensionamento de uma seção, seu centro de gravidade efetivo, para uma compressão uniforme igual a fy. Tem-se também uma orientação prática que considera como a direção desfavorável da flecha inicial aquela que coincide com a direção de ype, sendo ype o vetor PG e , onde Ge é o centro de gravidade efetivo para uma tensão uniforme igual à tensão de escoamento fy e P, o ponto de aplicação da carga. A fim de melhor compreender e ilustrar a orientação do EUROCODE [21] quanto à direção desfavorável da deformada inicial, fez-se um estudo dos perfis CLC/3-120x60 e CLC/2-180x60, variando-se os pontos de aplicação da carga e estudando os resultados obtidos. Inicialmente, com ajuda do programa BANFIN desenvolvido nesta tese, acha-se o centro de gravidade efetivo, Ge, para uma tensão uniforme igual à tensão de escoamento, fy ,e faz-se variar yp, coordenada do ponto de aplicação da carga em relação ao centro de gravidade da seção plena, G. No programa BANFIN, optou-se por utilizar as fórmulas de WINTER (equação 2.22), apropriada à ruína, e o multiplicador crítico λcr da distribuição de tensões está relacionado ao conjunto das placas associadas do perfil, isto é, λcr é calculado com auxílio do método das bandas finitas. Em seguida, calcula-se, com ajuda do programa FINLOC, a tensão de ruína do perfil para deformadas iniciais dy, positivas e negativas, com diferentes pontos de aplicação da carga. A seguir é apresentado, detalhadamente, este estudo e seus resultados. ESTUDO DAS DEFORMADAS INICIAIS PARA O PERFIL CLC/3-120X60 yG = 26,2164 mm (coordenada em y do centro de gravidade da seção plena), yGe = 30,2899 mm (coordenada em y do centro de gravidade da seção efetiva, para uma tensão constante igual a fy), L = 2999,74 mm (comprimento do perfil). 128 z y (-) p yp (+) G Ge y 4,07 Figura 5.12 – Posição de Ge para uma tensão constante igual a fy para o perfil CLC/3-120x60. yp ype( ≡ PG e ) -2 +6,0735 +1 +3,0735 dy (L/1000) Pr (kN) + 30,35 - 38,21 + - +2 +2,0735 + - +3 +1,0735 + - +6 -1,9265 + - 34,08 34,98 36,48 35,00 36,17 34,95 35,11 32,62 Tabela 5.5 – Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da orientação do EUROCODE[21]. Na análise da tabela 5.5, observa-se que os pontos de aplicação da carga yp = +1, +2 e +3 se situam entre o centro de gravidade da seção plena e o centro de gravidade da seção efetiva, para uma tensão uniforme igual a fy. Para estes três casos, somente para yp= +1 e yp= -2 a orientação prática prevalece, isto é, a direção 129 desfavorável da flecha inicial é a que coincide com a direção ype. Para yp = +2 e +3, quando ype e dy têm o mesmo sentido, não se observa a pior tensão de ruína como esperado. Sabe-se, porém, que esta orientação é apenas um parâmetro prático a guiar os cálculos. O EUROCODE[21] considera, com razão, que adotar, para seções de paredes finas, o centro de gravidade efetivo, leva a melhores resultados que a consideração dos cálculos relacionados ao centro de gravidade pleno da seção sem flambagem local. Porém, o programa FINLOC nos dá novos resultados com a seção transversal variável no elemento finito, podendo-se obter o centro de gravidade efetivo da seção no momento da ruína, isto é, não mais sob um carregamento constante igual a fy e sim conforme o critério de ruína adotado, o perfil atinge a ruína quando o ponto mais comprimido da seção está submetido a uma tensão igual a fy. Baseando-se nestes critérios, apresenta-se uma nova tabela para o perfil CLC/3120x60 com o centro de gravidade efetivo variando com a direção da deformada inicial e do ponto de aplicação da carga (excentricidade). yp GG e ype( PG e ) dy(L/1000) PR(kN) BF-M -2 +8,8697 +10,8697 + 30,35 +2,9362 +4,9362 - 38,21 +2,7377 +1,7377 + 34,08 -0,7147 -1,7147 - 34,98 +1,6496 -0,3504 + 36,48 -0,8680 -2,8680 - 35,00 -0,1582 -0,1582 + 36,17 -1,3696 -1,3696 - 34,95 -0,9782 -3,9782 + 35,11 -2,2424 -5,2424 - 32,62 +1 +2 +3 +6 Tabela 5.6 - Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da posição de Ge na ruína. 130 A análise da tabela 5.6 mostra que, quando a deformada inicial tem o mesmo sentido de yp, tem-se as menores cargas de ruína, representadas em negrito. Os estudos obtidos com a utilização do FINLOC leva a bons resultados, embora somente para yp=+1 não seja conclusivo, e vê-se que, quanto maior a excentricidade efetiva ype, em módulo, menor é a carga de ruína. A fim de confirmar estes resultados, empreenderam-se os mesmos estudos para o perfil CLC/2-180x60. ESTUDO DAS DEFORMADAS INICIAIS PARA O PERFIL CLC/2-180X60 yG = 21,75 mm (coordenada em y do centro de gravidade da seção plena), yGe = 27,84 mm (coordenada em y do centro de gravidade da seção efetiva, para uma tensão constante igual a fy), L = 2339,85 mm (comprimento do perfil). z y (-) p yp (+) G Ge 6,09 y Figura 5.13 – Posição de Ge para uma tensão constante igual a fy para o perfil CLC/2-180x60. 131 yp ype( ≡ PG e ) -3 +9,0889 +3 +9 dy (L/1000) Pr (kN) BF-M + 29,42 - 32,97 + 35,83 - 32,55 + 32,47 - 31,29 +3,0889 -2,9111 Tabela 5.7 – Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da orientação do EUROCODE[21]. Novamente, encontrou-se um ponto de aplicação da carga entre os centros de gravidade que não obedece a orientação prática da direção desfavorável da flecha inicial, para ype= +3,0889 a menor carga de ruína deveria ser o caso da deformada inicial também positiva, o que não se verifica na tabela 5.7. Apresenta-se a seguir o estudo do mesmo perfil, CLC/2-180x60, com o centro de gravidade efetivo no momento da ruína obtido pelo programa FINLOC. 132 yp GG e ype( PG e ) dy(L/1000) PR(kN) BF-M -3 +3 +9 -1,6748 +1,3252 + -2,6969 +0,3031 - -3,4942 -6,4942 + -5,5303 -8,5303 - -5,9363 -14,9363 + -6,4030 -15,9363 - 29,42 32,97 35,83 32,55 32,47 31,29 Tabela 5.8 - Pesquisa da deformada inicial desfavorável, com a utilização da posição de Ge na ruína. Na tabela 5.8 comprova-se uma total concordância da orientação prática quando se utiliza o centro de gravidade efetivo na ruína, com o carregamento variável real de cálculo, e com sua posição variando conforme a deformada inicial. Os estudos da influência da deformada inicial na carga de ruína de colunas de paredes finas comprovam que o sentido desfavorável da flecha inicial pode ser tanto o sentido negativo quanto o positivo, dependendo da excentricidade da carga em relação ao centro de gravidade da seção efetiva a fy. Porém, desprezando-se a flambagem local, sabe-se que o sentido desfavorável da flecha inicial de uma coluna de seção aberta é sempre o sentido negativo, isto é, com o lado aberto da seção mais comprimido. Na figura 5.14, apresenta-se um estudo da carga de ruína (Pr) em função do ponto de aplicação da carga (yp) para o perfil CLC/3 – 120x60, com deformadas iniciais nulas. De acordo com as orientações do EUROCODE[21], a maior carga de ruína fica próxima ao centro de gravidade efetivo da seção, submetido a um carregamento uniforme igual a fy e observa-se que o gráfico da figura 5.14 está em bom acordo com esta aproximação. 133 Sabe-se, porém, que a maior carga de ruína será aquela que atuará sobre o seu próprio centro de gravidade efetivo no instante do colapso, o que pode ser pesquisado, por tentativas, com ajuda do programa FINLOC. 40 38 36 34 Pr(KN) 32 30 28 26 24 22 20 -10 -8 -6 -4 -2 0 yp(mm) 2 4 6 CGe = 4,0735 8 10 Figura 5.14 – Gráfico da carga de ruína x ponto de aplicação da carga, para o perfil CLC/3-120x60. Na figura 5.15a apresenta-se um gráfico de carga x deslocamento lateral do nó 3 na direção do eixo y, utilizando-se o BF-M. Para o perfil dado na figura 5.15b, fez-se variar o ponto de aplicação da carga yp e o sentido da deformada inicial (dy = ± L/1000), ambos sobre o eixo y. Observam-se então, os diferentes comportamentos que o perfil pode experimentar com o mesmo yp, mas com deformadas iniciais positivas ou negativas. Por exemplo, na figura 5.15a, para o caso de uma carga aplicada no centro de gravidade da seção plena, linhas vermelhas, quando a deformada inicial é positiva – linha contínua – tem-se um deslocamento do nó 3 na direção positiva do eixo y, 134 porém, quando a deformada inicial é negativa – linha tracejada – o mesmo perfil, deforma-se transversalmente na direção do sentido negativo do eixo y. 35 yp = 0 yp = +1 yp = - 1 yp = +1,5 30 yp = +1 25 yp = +1,5 P (KN) 20 yp = 0 15 yp = - 1 10 deformada inicial negativa 5 deformada inicial positiva 0 -6 -4 -2 0 2 4 desloc. em y (mm) (a) z RI = t = 1 t RI 100 C.G. y 30 45 (b) Figura 5.15 – Influência da deformada inicial no comportamento do perfil. (a) Gráfico carga x deformação. (b) Características geométricas do perfil. 6 135 CAPÍTULO 6 CONCLUSÃO Como o objetivo desta tese é contribuir para o aprimoramento do cálculo das estruturas de paredes finas, acredita-se tê-lo alcançado de maneira satisfatória e original. O desenvolvimento e a introdução do método das bandas finitas, através do programa BANFIN, no programa FINLOC, para uma representação mais próxima do comportamento das placas que compõem a seção do perfil, foi um avanço nas pesquisas que procuram retratar a interação entre os modos de instabilidade dos perfis de chapas dobradas sujeitos à compressão. O programa BANFIN permite uma análise abrangente do perfil de paredes finas, levando em conta, além da interação entre as placas, também, a influência da deformada inicial (devido aos processos de fabricação), bem como a excentricidade do carregamento aplicado. Com essas variáveis, pode-se concluir o quanto o módulo e a direção das deformadas iniciais podem ser importantes para o valor da carga de ruína do perfil. Sabe-se que, considerando apenas a instabilidade global do perfil, a deformada inicial mais desfavorável será a que submete à maior compressão o lado aberto da seção. Porém, fazendo essa análise simultaneamente com as possíveis excentricidades de carga, a direção da deformada inicial mais desfavorável pode ser positiva ou negativa, no eixo y. Verificam-se que, as menores cargas de ruína ocorrem quando o vetor G.Ge tem a mesma direção do vetor P.Ge , conforme as tabelas 5.6 e 5.8. Com o programa desenvolvido, é possível conhecer o centro de gravidade efetivo na ruína e, com isso, refinar as análises de deformada inicial x excentricidade. 136 No estudo da melhor discretização da seção em bandas finitas fez-se uma análise da variação do valor do multiplicador crítico da seção, λcr, em relação ao número de bandas finitas por placa da seção transversal do perfil, com auxílio do programa BANFIN. Utilizando-se os perfis ensaiados por MULLIGAN [43], e a variação citada anteriormente, concluem-se que, a partir de duas bandas finitas por placa, os valores de λcr não tem uma alteração significativa. Foram apresentadas tabelas comparativas entre os métodos e as curvas carga x deformação para diversos perfis. Ao utilizar-se, no programa desenvolvido, as curvas de flambagem do EUROCODE[21], BF-E, a curva de MULLIGAN + WINTER (equação 2.46 ), BF-M, ou a equação de WINTER ( 2.21 ), BF-W, conclui-se que a equação 2.46 leva a melhores resultados, conforme a tabela 5.3. Nas curvas de carga x deslocamento, figuras 5.3 a 5.9, verificam-se uma rigidez maior do início do carregamento, quando se utilizam o método das bandas finitas, concluindo-se que a introdução da eficácia do enrijecedor de bordo no programa desenvolvido poderá levar a melhores resultados. As figuras 5.5 e 5.7 mostram as curvas carga x deslocamento de perfis que não levaram contraventamento por ocasião dos ensaios, o que permite uma comparação entre o Eurocode, segundo ESTRELLA [20], e o BF-M, uma vez que ambos não levam em conta a eficácia do enrijecedor. Desta observação, concluem-se que, não só para BF-M como para BF-E e BF-W, tem-se um melhor comportamento com a utilização da banda finita, do que o caso do Eurocode segundo [20] que não leva em conta a interação entre as paredes da seção, tudo isso em relação a curva de carga x deslocamento experimental [43]. Os gráficos das figuras 3.12 a 3.15 reproduzem o comportamento de um perfil com a variação dos parâmetros geométricos e as variações dos multiplicadores de carga λC, para um perfil C em relação a esse mesmo perfil sem os enrijecedores de bordo, ou seja para um perfil U, λU. Neste estudo, construíram-se gráficos para os possíveis gradientes de tensão. 137 Na figura 3.12, caso do gradiente de tensão uniforme, tem-se que a partir de b3/b1 igual a aproximadamente 0,13 a seção é governada pela flambagem local sem distorção. Além disso, para que não ocorra distorção, conforme a relação b2/b1 aumenta a largura b3 também deve aumentar. Para o caso do gradiente de tensões +y, figura 3.13, não se observa o patamar do gráfico anterior. E concluem-se que, as seções submetidas a esse gradiente de tensões necessitam de uma largura maior da placa b3, para que não haja distorção. Como exemplo, tem-se um perfil com b1=100mm, t=1mm, b2/b1 =1,0. Para que não sofra distorção o perfil sob um gradiente de tensões constante precisa de b3 ≥ 13mm, no entanto quando o perfil está submetido a um gradiente de tensão +y esse mesmo perfil deve ter b3 ≥ 28mm. Porém, como observado na figura 3.12, para que não ocorra distorção no gráfico da figura 3.13, aumentando-se a relação b2/b1 também deve ser aumentada a largura da placa b3. A figura 3.14 mostra uma configuração diferente das anteriores. Neste caso do perfil submetido a um gradiente de tensões –y tem-se que para qualquer relação da geometria da seção, esse gradiente não sofre flambagem com distorção. Da observação da figura 3.15 concluem-se que, essa seção submetida a um gradiente de tensão +z, tem um comportamento diferente quanto a relação b2/b1, isto é, para relações b2/b1 ≥ 0,6, quanto maior essa relação menor será a largura b3 exigida para que não haja distorção. Como exemplo, tem-se um perfil com b1=100mm, t=1mm, b2/b1 =1,0. Para que não sofra distorção o perfil sob um gradiente de tensões +z precisa de b3 ≥ 12mm, porém para b2/b1 =0,3 esse mesmo perfil deverá ter b3 ≥ 15mm. Nas figuras 3.16 e 3.17, fez-se um estudo de duas séries comerciais de perfis dobrados, das quais retirou-se as seguintes conclusões: - quanto maior a relação b1/t, nos dois gráficos, maior a tendência da flambagem local sem distorção; 138 - para a série 75, figura 3.16, para 1a alma (t=1,52mm) e a 2a alma (t=1,90mm) a flambagem local que governa é sem distorção; - para a série 127, figura 3.17, somente na última alma (t=3,42mm) prevalece a flambagem local com distorção. Apresentam-se aqui algumas sugestões para futuros trabalhos de pesquisa nesta área: - a introdução da eficácia do enrijecedor de bordo no programa que leva em conta a interação entre as paredes dos perfis; - estender o trabalho para perfis com enrijecedores intermediários de placa; - novos estudos de perfis com outras seções transversais; - pesquisas experimentais para outros tipos de perfil; - novos estudos no método das larguras efetivas visto que, o programa desenvolvido permite testar outras formulações de larguras efetivas. 139 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AISI-91 – LRFD Cold-Formed Steel Design Manual. American Iron and Steel Institute , 1991. 2. ALMEIDA, S. B. – Instabilidade de Estruturas Metálicas Planas Compostas de Perfis de Chapa Dobrada. Orientador: Ronaldo C. Batista. Rio de Janeiro – UFRJ, 1989. 97 p. Tese (Mestrado em Ciências em Engenharia Civil). 3. BATISTA, E. M. – Etude de la Stabilité des Profils à Parois Minces et Section Ouverte de Types U e C. 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