CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
Faculdade de Tecnologia da São Sebastião
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial
JÉSSICA ROCHA AMÉRICO DE GODOY
MARIANE DOS SANTOS OLIVEIRA
USO DE TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO PARA VERIFICAR A
VIABILIDADE ECONÔMICA DE NOVILHOS PARA ABATE.
São Sebastião
2015
JÉSSICA ROCHA AMÉRICO DE GODOY
MARIANE DOS SANTOS OLIVEIRA
USO DE TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO PARA VERIFICAR A
VIABILIDADE ECONÔMICA DE NOVILHOS PARA ABATE.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de Tecnologia
de São Sebastião, como exigência
parcial para obtenção do título de
Tecnólogo em Gestão Empresarial, sob
a orientação do Professor Me. Francisco
Orlando Oliveira Ribeiro.
São Sebastião
2015
JÉSSICA ROCHA AMÉRICO DE GODOY
MARIANE DOS SANTOS OLIVEIRA
USO DE TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO PARA VERIFICAR A
VIABILIDADE ECONÔMICA DE NOVILHOS PARA ABATE.
Apresentação de Trabalho de Graduação à Faculdade de
Tecnologia de São Sebastião, como condição parcial para a
conclusão do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial.
São Sebastião, 17 de Julho de 2015.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
PROFESSOR MESTRE FRANCISCO ORLANDO OLIVEIRA RIBEIRO
_________________________________________________________
PROFESSOR JOSÉ RENATO MARCONDES
_________________________________________________________
PROFESSORA MESTRE MARIA INÊS SOELTL KITAHARA
MÉDIA FINAL: ___________________
Dedico este trabalho aos meus pais Paulo e Ana que com amor e paciência me
ensinaram o verdadeiro significado de família, as minhas irmãs Bruna e Carol por
dividirem comigo suas melhores histórias de infância e aos meus amigos dos quais
não saberia viver sem.
Jéssica R. A. Godoy
Dedico este trabalho aos meus pais que me ensinaram a discernir entre o certo e
errado na vida. Que estão do meu lado tanto nas conquistas como nos insucessos.
Ao meu esposo e minha filha pelo apoio e compreensão, que partilham comigo o
companheirismo, o amor e a cumplicidade.
Mariane S. Oliveira
AGRADECIMENTOS
Jessica R. A. Godoy:
Agradeço primeiramente a Jesus porque diante de tantas opções me
escolheu e me presenteou com o dom da vida. Sou grata ao seu infinito amor. Sem
Ele não estaria onde estou.
Ao meu pai que me amou, educou e me protegeu dos perigos da vida.
A minha mãe, aquela que sempre exerceu com excelência seu papel de mãe,
educando-me, amando-me e cuidando de mim incondicionalmente.
A minha irmã, Bruna, que por muitas vezes foi minha fiel escudeira e
confidente. Obrigada por confiar em mim.
A minha irmã, Carol, que se orgulha de mim. Você é mais forte do que
imagina.
Ao meu irmão “por escolha” Matheus, que me entende como ninguém,
diverte-me como ninguém, irrita-me às vezes, confesso, mas que me faz acreditar
que existem sim amizades verdadeiras.
A minha querida prima, Roberta, de personalidade única, que praticamente
me apresentou ao mundo da administração, confiando em minha capacidade e me
dando uma oportunidade profissional. Obrigado por me contagiar com sua alegria.
A minha amiga Débora, que me motiva e me faz ter fé.
Aos meus queridos amigos, Silvana e Luis, meus confidentes, que me
ensinaram a ter prioridades na vida e a confiar plenamente no senhor Jesus.
Aos meus líderes e pastores da Igreja Fonte da Vida que oram por mim.
A todos meus familiares que acreditam no meu potencial.
A equipe SLB LTDA a qual faço parte atualmente e passo grande parte do
meu tempo.
E a minha companheira de TG, Mariane, por aceitar ser minha parceira de
trabalho, mulher de fé e guerreira. Obrigada por sua paciência e compreensão.
Mariane S. Oliveira:
Como disse Max Lucado: “Deus nunca disse que a jornada seria fácil, mas
Ele disse que a chegada valeria a pena”. Hoje posso afirmar que valeu a pena e que
verdadeiramente não foi fácil. Foi preciso muita força de vontade, foco,
determinação, perseverança e garra para essa conquista, mas eu não conseguiria
sozinha. Sou imensamente grata a todos que colaboraram para que este sonho se
concretizasse.
Agradeço primeiramente ao autor da vida pela minha existência e por ter me
permitido viver essa experiência tão valiosa, meu Deus; meu tudo. A minha mãe,
Maria José (mãiza); mulher de princípios, obrigada pela compreensão, apoio,
paciência e incentivo a nunca desistir dos meus sonhos e ao meu pai, Eber Cristino
(papito), pelos ensinamentos, pelo incentivo em sempre aprender mais e a
preocupação para que estivesse sempre trilhando o caminho certo na vida; vocês
são meus exemplos de vida.
Agradeço ao meu esposo, Alexandre Porfírio, pelo apoio, paciência e
compreensão. Por me incentivar a ver as coisas com uma perspectiva diferente, por
acreditar em mim e me encorajar a enfrentar novos desafios. A minha filhota, Esther
Sant’Oli, pela paciência e compreensão; você é a razão de todo meu esforço e
dedicação.
Não posso deixar de citar a minha amiga e companheira de TG, Jéssica
Godoy, sem você eu não teria conseguido. Obrigada pela paciência, cumplicidade,
pelo esforço e dedicação.
Jessica Godoy e Mariane Oliveira:
Agradecemos ao Professor Me. Francisco Orlando Oliveira Ribeiro, por sua
paciência e dedicação, por seu desempenho como orientador e principalmente pelos
novos conhecimentos e amizade.
A todos os demais professores da FATEC de São Sebastião, pelo
compartilhamento do conhecimento, apoio a aprendizagem, tanto em sala de aula,
quanto para vida toda.
Aos nossos colegas de curso, pela compreensão, auxílio e companheirismo.
Aos nossos familiares e amigos, incentivadores incondicionais nesta jornada.
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste estudo.
Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os
sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos
não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça
prioridades e corra riscos para executar seus sonhos.
Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir.
Augusto Cury
Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo
exatamente igual.
Albert Einstein
RESUMO
Este trabalho aborda o tema sobre a utilização das técnicas de análise de
investimento como fator decisório para avaliar a viabilidade econômica de novilhos
para abate. O estudo tem como objetivo diagnosticar e analisar possíveis riscos e
incertezas advindos da aplicação dos recursos. Como problemática este trabalho
verifica em que medida avaliar os custos e despesas do projeto minimiza o ambiente
de incertezas e gera o retorno esperado. Em hipótese ao problema citado, verificouse o conhecimento dos riscos do investimento e uma melhor tomada de decisão. A
metodologia utilizada possui embasamento teórico, estudo de caso e levantamento
de dados junto à organização em questão. Os dados foram coletados, analisados e
simulados nas técnicas apresentadas visando identificar a viabilidade do
investimento através do resultado, discussão e conclusão do trabalho.
Palavras-chave: Análise de Investimento. Pecuária. Gado de corte. Retorno de
capital.
ABSTRACT
This study addresses the issue on the use of investment analysis techniques as
decisive factor for assessing the economic viability of calves for slaughter. The study
aims to diagnose and analyze potential risks and uncertainties arising from the
application of resources. As a problematic this work assess the extent to evaluate the
costs and project expenditures minimizes environmental uncertainties and generates
the expected return. In case the said problem, it was the knowledge of investment
risk and a better decision making. The methodology has theoretical background,
case study and data collection by the organization concerned. Data were collected,
analyzed and simulated in the presented techniques to identify the feasibility of
investment through results, discussion and conclusion.
Keywords: Investment Analysis. Livestock. Beef cattle. Return of capital.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABAG
Associação Brasileira do Agronegócio
ABIEC
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne
BNDES
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social
CAR
Cadastro Ambiental Rural
CEPEA
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
CNA
Confederação Nacional da Agricultura
CNI
Confederação Nacional da Indústria
COFINS
Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social
EAD
Ensino a Distância
FAMASUL
Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul
IEL
Instituto Euvaldo Lodi
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
IRPJ
Imposto de Renda Pessoa Jurídica
PIB
Produto Interno Bruto
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SIGA/MS
Projeto de Levantamento do Uso e Ocupação do Solo dos
Municípios do Mato Grosso do Sul
PROAPE
Programa de Avanços na Pecuária de Mato Grosso do Sul
OMC
Organização Mundial do Comércio
TMA
Taxa Mínima de Atratividade
PAYBACK
Prazo de Retorno
VPL
Valor Presente Líquido
TIR
Taxa Interna de Retorno
SFA/MS
Superintendência Federal de Agricultura
SIF
Sistema de Inspeção Federal
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PIS
Programa de Integração Social
ICMS
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços
RFB
Receita Federal do Brasil
PJ
Pessoa Jurídica
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Distribuição do rebanho de corte no Mato Grosso do Sul .............. 23
Figura 2 – Países importadores de carne bovina sul-mato-grossense ............ 23
Figura 3 – Diagrama de fluxo de caixa de um projeto ........................................ 31
Figura 4 – Formulário para montar o fluxo de caixa .......................................... 33
Figura 5 – Expressão do VPL ............................................................................... 37
Figura 6 – Representação gráfica do VPL........................................................... 39
Figura 7 – Cálculo dos VPL dos projetos ............................................................ 40
Figura 8 – Cálculo dos VPL pela calculadora financeira ................................... 40
Figura 9 – Fórmula do TIR .................................................................................... 41
Figura 10 – Equação do TIR ................................................................................. 42
Figura 11 – Cálculo do TIR pela calculadora financeira .................................... 43
Figura 12 – Equação para descontar o valor do fluxo de caixa de cada ano .. 45
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fluxos de caixa nominal do projeto J ............................................... 35
Tabela 2 – Equação do Payback .......................................................................... 36
Tabela 3 – Fluxos de caixa projetos A e B .......................................................... 39
Tabela 4 – Fluxos de caixa dos projetos X e Y ................................................... 42
Tabela 5 – Fluxos de caixa acumulados dos projetos M e N ............................ 44
Tabela 6 – Fluxos de caixa descontados do projeto J ....................................... 44
Tabela 7 – Equação do Payback Descontado ..................................................... 44
Tabela 8 – Frigoríficos em Operação com SIF em MS ....................................... 53
Tabela 9 – Participação de Mercado nos Principais Grupos Frigoríficos ........ 54
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
2
REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 19
2.1 HISTÓRIA DA PECUÁRIA NO BRASIL .................................................................. 19
2.1.1 Pecuária no estado do Mato Grosso do Sul ..................................................... 21
2.1.2 Perspectivas para o Brasil ..................................................................................... 24
2.2 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .............................................................................. 26
2.2.1 Fluxo de Caixa .......................................................................................................... 28
2.2.1.1 Fluxo de Caixa Incremental ................................................................................... 29
2.2.1.2 Composição do Fluxo de Caixa ............................................................................ 30
2.2.1.3 Componentes do Fluxo de Caixa .......................................................................... 31
2.2.2 Técnicas de Análise de Investimentos ............................................................... 33
2.2.2.1 Payback Period ........................................................................................................ 34
2.2.2.1.1 Exemplo de Aplicação do Payback Period ...................................................... 35
2.2.2.2 Técnicas que consideram a variação que o capital sofre com o tempo ......... 36
2.2.2.2.1 Valor Presente Líquido (VPL) ............................................................................ 36
2.2.2.2.1.1 Exemplo de aplicação do VPL ........................................................................ 38
2.2.2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) ........................................................................... 40
2.2.2.2.2.1 Exemplo de aplicação da TIR ......................................................................... 42
2.2.2.2.3 Payback Descontado ........................................................................................... 43
2.2.2.2.3.1 Exemplo de aplicação do Payback Descontado.......................................... 44
2.2.2.2.4 Critérios de Decisão ............................................................................................ 46
2.3 FINANCIAMENTOS .................................................................................................... 47
2.3.1 Linha de Financiamento do Banco do Brasil ................................................... 47
2.3.1.1 Favorecidos .............................................................................................................. 48
2.3.1.2 Valor Financiável ..................................................................................................... 48
2.3.1.3 Prazos ....................................................................................................................... 48
2.3.1.4 Encargos Financeiros ............................................................................................. 49
2.3.2 Linha de Financiamento do BNDES .................................................................... 49
2.3.3 Exemplo do cálculo do custo do capital............................................................ 49
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 52
4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS .................................................................................... 52
4.2 MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA .......................................................................... 59
4.3 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE .................................................................................... 62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 70
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 71
ANEXO A – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 1º cenário ................. 75
ANEXO B – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 2º cenário ................. 76
ANEXO C – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 3º cenário ................. 77
ANEXO D - Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 4º cenário .................. 78
15
1 INTRODUÇÃO
Como fonte deste estudo a empresa “X” avaliada neste estudo de caso
encontra-se situada no estado do Mato Grosso do Sul, tendo como atividade
principal a criação de bovinos para corte. Nesta organização constam 5 pessoas em
atividade, sendo 2 sócios atuando um como diretor na área administrativa, o outro
como gerente na área operacional e mais 3 colaboradores exercendo as funções de
trabalhadores pecuários.
O referencial teórico deste trabalho descreve o cenário atual da pecuária
brasileira e do Mato Grosso do Sul, mostra quais são as técnicas de análise de
investimento mais indicadas para os interessados a injetar recursos na produção de
novilhos para abate, com intuito de minimizar riscos e incertezas e conquistar o
retorno financeiro esperado. Descreve também algumas linhas de crédito existentes
para este ramo.
Nos resultados e discussão foi realizado um levantamento de dados para
concluir e discutir os resultados obtidos deste estudo de caso. Através dos
resultados obtidos neste trabalho pretende-se mostrar a viabilidade econômica do
investimento a partir das informações geradas através das técnicas utilizadas e
direcionar o investidor a uma decisão mais eficiente que expõe os riscos e retornos
reais do projeto de novilhos para abate.
1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA
Este trabalho se propõe a realizar um levantamento de dados e informações
do setor da pecuária brasileira, mais especificamente do estado do Mato Grosso do
Sul, com intuito de mostrar aos interessados em aplicar capital neste setor, a
viabilidade econômica em adquirir gado com um ano de vida e vendê-lo após um
ano de engorda, utilizando-se das técnicas de análise de investimentos.
16
1.2 PROBLEMA
Problema é alguma dificuldade na área da ciência de determinado evento de
real valor, para qual se necessita achar uma solução (MARCONI; LAKATOS, 2011).
A produção de novilhos precoce para abate envolve custos como a compra do
animal e o custo operacional do confinamento. Segundo Almeida (2012) este custo
operacional ocorre principalmente sobre a alimentação oferecida ao gado e
representa de 15 a 20% do custo total. Nos últimos tempos, aumentos significativos
advindos da energia elétrica, combustíveis, maquinários, impostos entre outros, têm
elevado os custos de produção, exigindo dos confinadores uma maior eficiência
administrativa.
Portanto, este é o cenário que os pecuaristas têm vivido: preços da arroba se
desvalorizando com o alto custo de produção e fatores externos climáticos
interferindo nos ciclos de reproduções. (PIMENTEL, 2013)
Percebe-se então a relevância em avaliar todos os custos e despesas
envolvidos no processo, desde a compra do animal até o abate, para que os
possíveis riscos e incertezas do investimento possam ser minimizados e o retorno
esperado seja de conhecimento dos investidores.
Questiona-se então como problematização: em que medida analisar o
investimento em gado através das técnicas existentes proporciona uma tomada de
decisão mais segura, minimiza o ambiente de incertezas e gera ao investidor o
retorno esperado do capital?
1.2.1 Hipótese
A hipótese proporciona, de maneira preditiva ou explicativa, uma solução
temporária para o problema apontado. É uma suposição que se realiza na tentativa
de conferir a legalidade de resposta existente para um problema (MARCONI;
LAKATOS, 2011).
1ª hipótese – O investidor controla seus custos e despesas, utiliza das técnicas de
análise de investimento e com isso toma uma decisão segura, projeta fluxos de
caixa de maior solidez, reconhece os riscos possíveis do negócio, alcançando como
resultado o retorno esperado e planejado pelas projeções.
17
2ª hipótese – O investidor por falta de conhecimento e informações aplica seu capital
sem o devido planejamento, expondo-se em elevado grau a perda do dinheiro. Fica
sujeito às incertezas do ambiente e trabalha sem previsões e projeções da sua
produção.
1.3 OBJETIVOS
Com os resultados obtidos através deste trabalho, espera-se que os
interessados a injetar recursos na produção de novilhos para abate possam utilizar
as técnicas de análise de investimento para minimizar riscos e incertezas advindos
da aplicação do capital e alcançar o retorno financeiro esperado.
1.3.1 Objetivo geral
Como objetivo geral, este trabalho pretende mostrar a viabilidade econômica
do investimento a partir das informações geradas com a utilização das técnicas
apresentadas e direcionar o investidor a uma decisão mais eficiente que expõe os
riscos e retornos reais do projeto de novilhos para abate.
1.3.2 Objetivos específicos
 Descrever o cenário do agronegócio hoje no Brasil e no estado do Mato
Grosso do Sul e as oportunidades de investimento nesse setor.
 Identificar metodologias de análise de investimento.
 Verificar linhas de crédito e financiamento disponíveis no mercado.
 Avaliar as informações projetadas de um fluxo de caixa de um determinado
empreendimento utilizando as ferramentas apresentadas.
 Apresentar os resultados obtidos para auxiliar os investidores na tomada de
decisão quanto à aplicação do capital.
18
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O presente trabalho se inicia com a apresentação dos pontos relevantes do
estudo através de um resumo. Logo em seguida apresenta uma breve introdução
com o tema, justificativa, problemática, hipóteses, objetivo geral e específico. Após
esta introdução, consta o referencial teórico que permite ao estudo discutir e analisar
os dados coletados através de um embasamento teórico. Posteriormente, foi
apresentado o detalhamento da metodologia utilizada no tópico de procedimentos
metodológicos, vindo em seguida o resultado e discussão e por fim as
considerações finais, onde a hipótese do estudo fica comprovada.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta etapa apresenta como base desta pesquisa de graduação alguns
conceitos utilizados de análise de investimento, a descrição do cenário atual da
pecuária brasileira e as linhas de crédito existentes para este ramo, no intuito de
avaliar a viabilidade econômica do projeto de investimento do estudo de caso
apresentado.
2.1 HISTÓRIA DA PECUÁRIA NO BRASIL
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne
(ABIEC, 2011) o Brasil tem cerca de 8,5 milhões m² de extensão onde
aproximadamente 20% desta área são pastagens. Ocupando assim, o quinto lugar
como maior do mundo em território. A maior parte dos rebanhos é criada em
pastagens (cerca de 200 milhões de cabeças).
A ABIEC afirma ainda que o Brasil se firmou como potência produtiva e
exportadora de carne de boi no ano de 2000 e em 2004 conquistou o primeiro lugar
como país exportador. O Brasil tem a capacidade de atender qualquer país hoje,
independente do tamanho da demanda e do tipo de carne, carne com teor de
gordura elevado ou carne magra, carnes nobres ou carnes com menor valor de
mercado.
Segundo dados contidos no artigo de Fábio Peixoto Mezzadri publicado em
2007, o maior rebanho mercantil do mundo encontra-se no Brasil, com quase 200
milhões de cabeças de gado. Em 2006 o Brasil já era considerado o maior
exportador de carne bovina do mundo, onde neste mesmo ano chegou a abater 44
milhões de bois (cerca de nove milhões de tonelada de carne bovina produzida).
Sendo que deste montante 72% foram comercializados aqui no Brasil e 28% foram
vendidos para o mercado externo.
Fábio Peixoto Mezzadri (2007) afirma ainda que em 2006 o Brasil ultrapassou
a Austrália em rendimentos de exportação de carne bovina. Mesmo enfrentando
uma fase de dificuldades por causa do surto de febre aftosa, o país conseguiu se
manter como maior exportador. Tudo isso foi resultado das melhorias realizadas
20
tanto na qualidade da carne e venda dos cortes embalados, acrescentando valor ao
produto brasileiro.
Oliveira (2010), afirma em seu artigo publicado no site da Sociedade
Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos que em meados de 1955 surgiu nos
Estados Unidos através dos pesquisadores John Davis e Ray Goldberg da
Universidade de Harvard o termo “agribusiness”, que significa:
A soma total de todas as operações envolvendo a produção e distribuição
de suprimentos agrícolas; as operações de produção dentro da fazenda; o
armazenamento, processamento e distribuição de produtos agrícolas e dos
itens produzidos a partir deles.
Oliveira (2010), afirma ainda que no Brasil, o conceito hoje conhecido como
Agronegócio, surge nos anos 80, através da expressão “Complexo Agroindustrial”.
Heredia, Palmeira e Leite (2010) concordam que através das exportações de
produtos agrícolas e agroindustriais, além da expressão “agronegócio” ou
agribusiness, adotou-se o conceito das associações de produtores e com essa nova
visão, o lado “industrial” que trata do conjunto das atividades do grupo e seus meios
de administração passou a ser mais valorizado que somente o lado “agrícola”.
Portanto, segundo a Associação Brasileira do Agronegócio da Região de
Ribeirão agronegócio define-se como:
Agronegócio é a soma das operações de produção e distribuição de
suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas,
do armazenamento, processamento e comercialização dos produtos
agrícolas e itens produzidos a partir deles. E envolve desde a pesquisa
científica até a comercialização de alimentos, fibras e energia.
Segundo matéria publicada no site do Ministério da Agricultura cujo tema é
Bovinos e bubalinos, o Brasil tem aproximadamente 200 milhões de cabeças de
gado, conquistando assim o segundo lugar no mundo. E em 2004 se tornou líder nas
exportações comercializando para mais de 180 países.
Ainda referenciando o mesmo artigo do site do Ministério da Agricultura,
existem dois segmentos que proporcionam lucro através dos rebanhos bovinos, a
produção de carne e a de leite. No Brasil esses dois segmentos atingiram o valor
bruto de produção de R$ 67 bilhões, contando com as atividades realizadas em
todos os estados do país. Vale lembrar sobre dois fatores que contribuem para este
resultado, o clima tropical e o território extenso que o Brasil tem, sendo a criação de
21
gado em pastagens. O Brasil tem realizado grandes investimentos em tecnologias e
capacitação profissional, permitindo assim um maior controle sobre o animal desde o
nascimento até o abate. Com os investimentos em tecnologias o país consegue
atender as exigências de outros países que atuam com maior rigor.
Em um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)
revela que o Brasil ao longo desses anos conseguiu se desenvolver neste setor
através do aumento da demanda doméstica, aumento das rendas e queda nos
preços reais da carne. Com isso, destacou-se entre os países sul-americanos,
através da dinâmica de sua produção pecuária que apresentou melhorias nas
pastagens, alimentações e investimentos na genética do rebanho.
Segundo o artigo publicado pela revista eletrônica Globo Rural em janeiro de
2015, mercados como Taiwan, Indonésia, Japão, Tailândia, Mianmar, Coréia do Sul,
Coréia do Norte e Marrocos dão espaço à comercialização do Brasil. Em 2014, a
carne bovina brasileira foi mais importada pelos países de Hong Kong, Rússia,
União Europeia, Venezuela e Egito.
E afirma ainda que a pecuária no Brasil está em constante crescimento e tem
conquistado grandes avanços nesta área.
2.1.1 Pecuária no estado do Mato Grosso do Sul
De acordo com as informações no portal do Ministério de Trabalho e do
Emprego (MTE) o estado do Mato Grosso do Sul se localiza na região Centro-Oeste
do Brasil, em uma área de 357.471 km². No ano de 1977, o general Ernesto Geisel
(presidente da república) realizou o desmembramento do estado do Mato grosso e a
região sul, com intuito de alcançar o desenvolvimento e melhores condições
econômicas, geográficas e políticas, reivindicadas no passado. De um lado o Norte
apresentava dificuldades com suas características pré-amazônicas. Já o lado Sul
demonstrava excepcionais condições de crescimento.
Em 1º de janeiro de 1979, tornou-se oficialmente Estado e atualmente é
considerado como a fronteira agropecuária mais próspera do país. A partir daí, o
estado alcançou nos últimos dez anos um crescimento econômico de 4,5% se
diferenciando das demais áreas do país que ficaram em torno dos 2,6% ao ano.
22
Com isso, a economia agropecuária da região conta com 22 milhões de
cabeças de gado e lidera a primeira posição no Brasil nas atividades de criar e
abater bovinos.
Silva Júnior (2011), vice-presidente de Finanças da CNA (Confederação
Nacional da Agricultura), afirma que:
A pecuária sul-mato-grossense é considerada uma das mais adiantadas no
Brasil. Tem a base genética do Nelore somada à base genética europeia
vinda dos Estados do Sul. E, na última década, a chegada de pecuaristas
de São Paulo, Minas Gerais e Goiás contribuiu para que o MS fosse
reconhecido como detentor de um rebanho que se destaca não só pela
quantidade como pela qualidade, o que atraiu indústrias frigoríficas.
O autor afirma ainda que o Mato Grosso do Sul conta com os maiores e
melhores frigoríficos do país e essa grande concentração de indústrias exigiu
mudanças na pecuária de corte brasileira. E ele salienta:
Mas, de um modo geral, a pecuária sul-mato-grossense está preparada
para atender às exigências do consumidor, tanto brasileiro, que teve
aumentado o poder de consumo, como o do mercado externo.
Na concepção de Silva Júnior os gargalos da pecuária de Mato Grosso do Sul
são iguais aos dos outros setores do agronegócio, que por sua vez são tratados com
políticas distorcidas, já que o governo não disponibiliza nenhum tipo de proteção e
não conta com subsídios. E explica:
E ainda há alta concentração de plantas frigoríficas, o que leva o monopólio
na compra de matéria-prima e pode gerar desequilíbrio entre os dois elos:
indústria e produtor. Essas condições, que no primeiro momento dão a
impressão de gargalo, devem ser entendidas, processadas e relativizadas
pelo pecuarista. Temos a obrigação e a responsabilidade de transformar
ameaças em oportunidades.
Segundo a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul
(Famasul, 2014), através de dados cedidos pelo SIGA/MS (Projeto de Levantamento
do Uso e Ocupação do Solo dos Municípios do Mato Grosso do Sul), as pastagens
sul-mato-grossenses ocupam cerca de 20,733 milhões de hectares, alcançando
58,1% das áreas do estado do Mato Grosso do Sul.
23
Figura 1 – Distribuição do rebanho de corte em Mato Grosso do Sul
Fonte: Contribuições da agropecuária para o desenvolvimento socioeconômico do MS
(Famasul, 2014)
De acordo com a Famasul no ano de 2013 o principal país a importar carne
bovina do Mato Grosso do Sul foi a Rússia com 34,48%, Hong Kong ficou em
segundo lugar com 16,42 e assim por diante (Figura nº 2).
Figura 2 – Países importadores de carne bovina sul-mato-grossense
Fonte: Contribuições da agropecuária para o desenvolvimento socioeconômico do MS
(Famasul, 2014)
24
A Famasul ainda apresenta estimativa de dados sobre o Produto Interno do
Bruto (PIB) da Agropecuária do Mato Grosso do Sul que deve atingir os R$14,9
bilhões em 2015, valor superior ao de 2014 de R$13,9 bilhões.
Mascarenhas (2014) associa esta previsão de crescimento significativo do
PIB ao aumento do preço da arroba do boi gordo, uma vez que a oferta encontra-se
restrita podendo ocorrer uma maior disponibilidade da carne bovina no mercado em
2016.
A Federação de Agricultura e Pecuária Mato-grossense revela que o
Programa Novilho Precoce é de suma importância para a pecuária sul-matogrossense. Criado através do Decreto nº 6.344, no ano de 1992 mais precisamente
no dia 30 de janeiro; mas o Programa em si só foi implantado com a criação do
Programa de Avanços na Pecuária de Mato Grosso do Sul – PROAPE onze anos
depois, em 2003. Hoje o Programa de Novilho Precoce segue as normas das
Resoluções conjuntas SERC/SEPROTUR nº033/2003 e SEFAZ/SEPROTUR
nº61/2010. Todas as pessoas que trabalham com a pecuária no Mato Grosso do Sul
podem aderir ao programa, um dos benefícios do Programa é a redução de ICMS;
vale lembrar que existem também regras a ser seguidas por aqueles que aderem ao
Programa (Famasul, 2014).
2.1.2 Perspectivas para o Brasil
Conforme o informativo pecuário divulgado semanalmente pela empresa Scot
Consultoria, Lopes (2015) relata sobre informações divulgadas pelo Banco Central
do Brasil onde o teto da meta da inflação continuará, taxa Selic será no mínimo de
12,25% e o PIB deverá crescer em uma estimativa de 0,7%. Para o autor, caso não
ocorra uma alteração no cenário macroeconômico, a capacidade de consumo se
comprometerá em um ambiente de alta de preços, com ofertas restritas de boiadas e
margens reduzidas para atacadistas e varejistas.
Em contrapartida com isso, Módolo (2015, p.13) estima boas perspectivas
para o mercado, apesar de possíveis quedas na produção mundial:
O dólar está subindo. De dezembro de 2013 a dezembro de 2014 a moeda
norte-americana passou de R$2,32 para R$2,72, alta de 17,2% e a projeção
do Banco Central para 2015 é de que a taxa de câmbio permaneça neste
patamar. O USDA estima queda na produção mundial de carne bovina em
1,4% (58,74 milhões de tec).
25
Porém, a autora defende que mesmo o país tendo sua fatia de mercado
definida, alguns lugares de oferta ainda são disputados em comum como Hong
Kong, China e Oriente Médio. E prevê que, entre exportadores como Austrália e
Estados Unidos, sendo a produção reduzida e a manutenção dos mercados do
Japão e Coréia do Sul disputadas pela melhor remuneração da carne, haverá
possibilidade de um espaço maior para carne brasileira nos clientes em comum, já
que o mercado internacional pode se valorizar mesmo com a oferta sendo restrita,
instigando as exportações ainda mais.
Segundo Carvalho (2014) em sua publicação na ABAG (Associação Brasileira
do
Agronegócio)
algumas
mudanças
são
necessárias
para
uma
melhor
compreensão do agronegócio dos últimos tempos. Estar perceptível ao mercado
torna-se essencial para o crescimento econômico e social do país. O IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) mostra que a expansão das fronteiras agropecuárias
integra o país e leva riquezas para o interior. Suas projeções para o futuro são de
fortes incrementos na produção e na exportação dos produtos do agronegócio
brasileiro a níveis nacionais e internacionais, demandas por investimentos em
infraestrutura e logística, ordenamento e planejamento básico. Assim naturalmente
será possível o alcance dos resultados esperados.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC)
apresenta algumas afirmações dos analistas da CEPEA (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada) quanto às projeções para o agronegócio:
Em 2015 o agronegócio pode ser o grande condicionante do desempenho
da economia nacional. Representando 23% do PIB brasileiro, ele pode ser o
único setor com crescimento mais expressivo, dado que muitos segmentos
da indústria não conseguem avançar e os serviços estão em processo de
exaustão.
Ainda em estudos divulgados pela CEPEA (2014, p.2) o Brasil conta
temporariamente como base com a eficiência e competitividade da agropecuária e
agroindústria, indústrias de minério, petróleo e outros segmentos, na intenção de
que as mudanças estruturais necessárias aconteçam para que os resultados
esperados para o crescimento econômico do país sejam alcançados.
O centro de estudos ainda mostra que a tendência é do preço da carne não
diminuir, sendo levados em consideração alguns pontos importantes como a alta
volatilidade, advinda do clima, e os fatores macroeconômicos.
26
De um lado, mudanças possíveis, mas incertas, na liquidez e na taxa de
juros internacionais têm sido importantes determinantes do comportamento
dos preços das commodities, cada vez mais vistas como ativos objetos de
aplicações financeiras. Perspectivas de menor liquidez e maiores juros
internacionais acenam para dólar mais valorizado.
Para eles o que poderá beneficiar a comercialização da carne bovina
brasileira, mesmo sob as incertezas do desempenho do câmbio no mercado interno,
será a permanência do embargo da parte da comunidade internacional à Rússia.
Em consonância com isso Paludo citado por Oliveira (2010) também acredita
em uma grande oportunidade que surge ao Brasil com o embargo aos países dos
Estados Unidos e Europa de não terem permissão para exportarem seus produtos
agropecuários para a Rússia. Para ele através dessa medida, as exportações de
carne, milho e soja poderão sofrer inovações como ocorreu com a entrada da China
na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, causando um embate no
mercado de commodities (produtos primários com cotação internacional).
2.2 ANÁLISE DE INVESTIMENTO
Investimento é conceituado por Assaf Neto e Lima (2009, p. 352) da seguinte
forma:
Investimento é a aplicação da poupança em alguma alternativa econômica
que promete pagamentos de juros no futuro, geralmente de longo prazo. No
ambiente das empresas, investimento equivale às aquisições de bens
produtivos, como máquinas, equipamentos, sistemas, tecnologia etc.
Em outras palavras investimento é um sacrifício que o investidor realiza hoje
com intuito de obter benefícios no futuro.
Segundo Megliorini e Vallim (2009, p. 125), a forma de antecipar os
resultados que um projeto oferece através de estimativas é conhecida como análise
de investimento. Por meio da utilização de técnicas é possível realizar uma
comparação dos resultados obtidos em alternativas variadas auxiliando aquele que é
responsável por tomar decisões a realizar essa análise.
A análise de investimento consiste na aplicação de técnicas específicas
provenientes dos princípios financeiros com intuito de revelar a opção mais sensata
27
entre as possíveis alternativas para o investimento. De modo técnico a análise se
apoia em equações que tenham como propósito avaliar se é viável ou não, certo
investimento, em outras palavras, se é rentável ou não (KUHNEN; BAUER, 2001).
Segundo Kuhnen e Bauer (2001, p. 389):
O conceito de análise de investimento pode hoje ser um conjunto de
técnicas que permitem a comparação entre resultados de tomada de
decisões referentes a alternativas diferentes de uma maneira científica.
De acordo com Gitman (2004, p. 184) “fundamentalmente, risco é a
possibilidade de perda financeira. Os ativos considerados mais arriscados são os
que oferecem maiores possibilidades de perda financeira”.
Ativo circulante é classificado segundo Limeira et al (2010, p.34) como todos
os bens e direitos que aconteça “no curso do exercício social seguinte ao
encerramento do exercício atual”. Já no ativo realizável ao longo prazo é incluído por
ele:
[...] os bens e direitos e direitos cuja realização é certa ou provável após o
término do exercício social subsequente, ou seja, a realização ocorrerá num
prazo superior a um ano, a contar da data de apresentação do balanço
patrimonial do exercício atual.
Gitman (2010) afirma que para um tomador de decisão, analisar o
investimento é algo indispensável, pois através desta análise, os riscos de uma
operação são minimizados. E toda análise de investimento deve se considerar o
risco.
Para Assaf Neto e Lima (2009, p. 378) dentro da análise econômica
realizada em investimentos, os métodos quantitativos estão divididos em dois
grupos:
[...] os que não levam em conta o valor do dinheiro no tempo e os que
consideram essa variação por meio do critério do fluxo de caixa descontado.
Em razão do maior rigor conceitual e da importância para as decisões de
longo prazo, dá-se atenção preferencial para os métodos que compõem o
segundo grupo: taxa interna de retorno (IRR) e valor presente líquido (NPV).
28
2.2.1 Fluxo de Caixa
Considerada como a etapa mais difícil, porém importante da elaboração do
orçamento de capital estão as estimativas do fluxo de caixa, que avalia o dispêndio
do investimento e as entradas líquidas anuais do caixa, após início do projeto. Sua
complexidade se dá pelo envolvimento de variáveis vindas de diversos
departamentos existentes em uma organização como a equipe de marketing, de
engenharia e desenvolvimento de produtos, contadores de custos, peritos em
produção, gestão de pessoas, compradores entre outros. Todos participantes e
influenciadores do processo de alguma maneira. (RIBEIRO, 2002, p. 46)
O fluxo de caixa serve para os gestores tanto planejar e tomar decisões como
para gerir as finanças diárias da organização, no intuito de agregar ainda mais
valores aos acionistas. Seu principal objetivo é demonstrar as entradas e as saídas
de caixa de um determinado período estabelecido. (GITMAN, 2010, p.95-99).
A demonstração do fluxo de caixa tem por objetivo segundo Limeira et al
(2010, p.22) indicar informações referente as movimentações, saldo de caixa e seus
equivalentes. Já o balanço patrimonial consiste em apresentar economicamente sua
situação financeira em certo período, sendo decorrente das suas transações que
envolvem bens, direitos e obrigações.
Com isso Gitman (2010, p. 95-99) associa a demonstração do fluxo de caixa
com os balanços patrimoniais do começo ao fim de um período e os definem de três
maneiras:
1. Fluxos operacionais quando envolvem as vendas e produções de bens e
serviços a partir das entradas e saídas de caixa.
2. Fluxos de investimento quando há participações societárias envolvidas e
aquisição e venda de ativos imobilizados.
3. Fluxos de financiamento quando as movimentações financeiras são
decorrentes do capital próprio ou de terceiros, gerando comprometimento da
empresa em quitar essas dívidas de curto a longo prazo.
Portanto, para Gitman (2010, p.102), a melhor compreensão financeira do
caixa surge com essas demonstrações dos fluxos, tornando mais perceptíveis os
eventos que ocorrem em desacordo com a política financeira da empresa. Com isso
29
é possível avaliar o cumprimento daquilo que foi planejado, permitindo uma ação de
aos pontos ineficientes.
Esses três fluxos operacional, de investimento e de financiamento quando
ajustados a um dado período farão com que o saldo de caixa e títulos negociáveis
da empresa aumente, diminua ou permaneça inalterado. (RIBEIRO, 2002, p. 48)
Apropriadamente Megliorini e Vallim (2009, p.57-58) também argumentam e
explicam sobre essa divisão dos fluxos em operações, investimentos e
financiamentos. Para os autores, o fluxo de caixa apresenta a origem e o destino do
capital em certo período, proporcionando ao gestor uma avaliação das necessidades
quanto ao seu capital de giro como mostra em uma situação de análise a seguir:
O fluxo de caixa das operações, no exemplo, é obtido pela soma do lucro ou
prejuízo do exercício com a depreciação e amortização (que não representa
uma saída de caixa), ajustada pelas variações dos ativos e passivos
circulantes operacionais, que, por sua vez, são obtidas pela diferença entre
os valores das respectivas contas do balanço atual e do anterior.
Através dessa análise, ambos concluem que é possível avaliar os recursos da
empresa. Se houve injeção de capital no caixa para financiamentos dos ativos
operacionais, o montante resultará positivamente. Porém, caso ocorra no capital de
giro diminuição dos recursos alocados, o montante ficará negativo.
2.2.1.1 Fluxo de caixa incremental
Levar em consideração na tomada de decisão o conjunto específico de fluxos
de caixas, ou seja, os fluxos de caixa relevantes fazem parte do início do processo
para as estimativas. Duas regras básicas ajudam os analistas a evitar enganos, uma
vez que o erro ocorre frequentemente: “As decisões de elaboração do orçamento de
capital devem estar baseadas em fluxos de caixa e não em lucros contábeis e
somente os fluxos de caixa incrementais são relevantes para a decisão de aceitar ou
rejeitar o projeto”. (RIBEIRO, 2002, p. 49, grifos do autor).
Quando o assunto for investimentos, o foco no momento da avaliação do
projeto de capital deverá ser nos fluxos de caixa que proporcionam diretamente uma
decisão de aceitação do projeto. Os fluxos de caixas incrementais possuem essa
30
função e representam as alterações do fluxo de caixa da empresa como um todo,
advindos direto da aceitação do projeto. (RIBEIRO, 2002, p. 50)
2.2.1.2 Composição do fluxo de caixa
Com relação a projetos de investimentos, Megliorini e Vallim (2009, p. 123)
consideram para o fluxo de caixa, as variáveis do investimento inicial, as entradas de
caixa e o fluxo de caixa residual e os autores as definem:
1. Investimento inicial: quantidade de capital disponível para implantar o projeto,
sendo considerados os custos com a instalação e a compra de um novo ativo,
recebimento das vendas dos antigos ativos e alteração no capital de giro,
caso ocorra.
2. Entradas de caixa: valores que incrementaram o caixa, após os impostos,
resultantes do projeto ao longo de sua vida útil. Ou seja, diferença entre as
receitas operacionais (venda dos produtos e serviços do projeto) e os custos
e despesas operacionais (advindos do funcionamento normal do projeto).
3. Fluxo de caixa residual: receita líquida gerada da venda do ativo, com o
término da vida útil do projeto, independente do seu estado atual.
Sejam os projetos para expandir, substituir, modernizar ou qualquer outro
motivo, ambos não precisam necessariamente possuir os três componentes. Em
alguns casos, a fluxo residual não é apresentado, sendo considerados somente os
itens do investimento inicial e as entradas de caixa operacionais. (RIBEIRO, 2002, p.
53).
Ribeiro (2002) ainda explica que o diagrama do fluxo de caixa é composto
pelo tempo, representado na escala horizontal (sendo em meses, semestres e
anos), as receitas ou entradas de caixas são as flechas para cima e as despesas e
saídas são representadas pelas flechas para baixo, sendo relevante considerar o
investimento realizado no instante zero e simular no fim dos períodos considerados
as despesas e receitas. Vale ressaltar também a possibilidade de escolha da
unidade de tempo mais adequada ao problema.
Para ele, as movimentações de dinheiro, ou seja, entradas e saídas de caixa
são as vertentes que principalmente devem ser destacadas na análise do projeto de
31
investimento. Atentar para a utilização de alguns termos como receitas e despesas,
por exemplo, é importante, uma vez que na análise de projetos deverão ser
entendidos não na classificação contábil, mas sim pelos efeitos no caixa. Igualmente
o valor residual não atribui um valor contábil, mas sim a possibilidade de conseguir
um caixa pela venda de um bem no mercado. “Os fluxos de caixa constituem, de
certa forma, a matéria-prima, com base na qual será avaliada a rentabilidade
esperada de um investimento, elemento essencial do processo de decisão”.
(RIBEIRO, 2015, p. 20).
Figura 3 – Diagrama de fluxo de caixa de um projeto.
Fonte: Curso de Análise de Investimentos – Prof. Francisco O. O. Ribeiro (2015, p. 19)
2.2.1.3 Componentes do fluxo de caixa
As principais variáveis que compõem os fluxos de caixa segundo Ribeiro
(2002) são:
 Receita Líquida: são os caixas incrementais que entram durante a vida
útil dos projetos, com impostos como ICMS, PIS/COFINS etc, sendo
descontados.
 Custos
e
despesas:
são
os
caixas
incrementais
que
saem
posteriormente do projeto em funcionamento, sendo classificados em
fixos ou variáveis.
32
 Depreciação: valor contábil utilizado unicamente para pagar o imposto
de renda, concedido pela divisão do investimento pela vida útil do
ativo.
 Investimento: montante líquido de recursos a ser aplicado na inserção
do projeto, podendo ser obtido por: custos ampliados da instalação
vindos do valor de aquisição de um novo ativo e caso ocorra
substituição dos ativos, pelo recebimento da venda dos mesmos.
 Valor Residual: receita líquida desconsiderando os impostos, gerada
pela venda do ativo ao final de sua vida útil para empresa,
independente do valor contábil e do estado que se encontra o bem.

TMA (Taxa Mínima de Atratividade): “Rentabilidade mínima exigida dos
investimentos pelos dirigentes da empresa como parte de sua política
de aquisições”. (RIBEIRO, 2002, p.18). A partir da estimativa de um
fluxo de caixa, a aceitação ou rejeição de um projeto será determinada
pela TMA, pois o projeto atrativo será aquele que adicionará valor a
empresa custando menos, e rendendo mais. Para o autor:
A escolha da TMA “adequada” é crucial porque uma TMA superior ao custo
de capital pode eliminar projetos que adicionariam valor ao negócio,
enquanto que uma TMA inferior ao custo de capital elegeria projetos que
subtraem valor ao negócio. Todos os projetos que apresentarem um retorno
mínimo igual ao custo de capital teriam condições de ser implementados, é
claro tem de ser observado o racionamento de capital, pois remunerariam
os capitais neles investidos ao seu custo de oportunidade. A escolha da
TMA deve, portanto, guardar estreita relação com o custo de capital para os
diferentes níveis de risco dos investimentos. O estabelecimento sistemático
de uma TMA superior ao custo de capital poderia redundar em perda de
competitividade pela rejeição de projetos rentáveis quando descontados ao
custo de capital.

Capital de Giro: é utilizado principalmente para os momentos de
defesagem dos processos de produção e de vendas. Ele consegue dar
suporte para que a operação seja financiada até o momento em que os
ingressos gerados pela atividade produtiva sejam embolsados. De
acordo com a definição do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas), o capital de giro representa:
33
[...] capital de trabalho, ou seja, o capital necessário para financiar a
continuidade das operações da empresa, como recursos para financiamento
aos clientes (nas vendas a prazo), recursos para manter estoques e
recursos para pagamento aos fornecedores (compras de matéria-prima ou
mercadorias de revenda), pagamento de impostos, salários e demais custos
e despesas operacionais.
Em consonância com isso Ribeiro (2002, p. 48) afirma que, dentro do
processo de elaboração de previsões, vale destacar entre as funções da equipe de
finanças o cuidado para que nenhuma tendenciosidade se infiltre nas previsões, pois
em algumas ocasiões os objetivos dos gestores podem não convergir com os dos
proprietários o que gera dificuldades no gerenciamento.
Ainda referenciando o mesmo autor durante o período em que os clientes
custam para pagar suas compras, a empresa, que vende sua produção a crédito,
deverá contar com fundos que mantenham as operações nesses tempos de
inadimplências. Com isso as operações também são expostas as sofrer
sazonalidades, necessitando manter reservas (estoques) no intuito de não haver
severas modificações no processo produtivo e no programa de produção.
Figura 4 – Formulário para montar o fluxo de caixa
Fonte: Apostila Curso de Análise de Investimentos (2015, p. 19).
2.2.2 Técnicas de Análise de Investimentos
Destinar recursos financeiros em longo prazo compromete a empresa e
necessita de decisões seguras e bem planejadas. Existem diversos motivos para
34
uma empresa comprometer seu capital. São situações como adquirir novas
máquinas ou modernizar as existentes, ampliar ou reformar estruturas físicas, gastar
com pesquisas ou propagandas, desenvolver novos produtos, aumentar sua
participação no mercado por meio da oferta, exportar ao mercado externo e assim
entre outras infinitas justificativas. (MEGLIORINI; VALLIM, 2009, p. 122).
Para Megliorini e Vallim (2009, p.122) todo aquele que deseja investir,
necessita recorrer a algumas iniciativas como “novos empréstimos, emissões de
debêntures e de novas ações ordinárias e preferências e, até mesmo, aos lucros
retidos”.
2.2.2.1 Payback Period
Payback é definido por Gitman (2010), como sendo o espaço de tempo
necessário para adquirir novamente o investimento inicial realizado em um
determinado projeto e/ou negócio e que o mesmo seja recuperado através das
entradas de caixa.
Os períodos de payback são normalmente usados para avaliar propostas de
investimento de capital. O período de payback é o tempo necessário para
que a empresa recupere o investimento inicial em um projeto, calculado a
partir das entradas de caixa. No caso de uma anuidade, o período de
payback pode ser encontrado dividindo-se o investimento inicial pela
entrada de caixa anual. No caso de uma série mista de entradas de caixa,
as entradas de caixa anuais precisam ser acumuladas até a recuperação do
investimento inicial. (GITMAN, 2010, p. 366, grifo do autor).
Os autores Assaf Neto e Fabiano Lima (2009, p. 378) conceituam que “o
período de payback, de aplicação bastante generalizada na prática, consiste na
determinação do tempo necessário para que o investimento inicial seja recuperado
pelas entradas de caixa promovidas pelo investimento”.
Em outras palavras “o payback – ou prazo de retorno – representa o tempo
necessário (anos, meses e dias) para a recuperação do investimento inicial”
(MEGLIORINI; VALLIM, 2009, p. 127), pois, esta técnica foca no “tempo” gasto para
recuperar o capital investido.
Gitman (2010, p. 366) afirma que a forma de calcular o método de payback é
bastante simples e de fácil compreensão, que este método não considera o lucro
35
contábil e sim o fluxo de caixa; com este método o investimento inicial é rapidamente
recuperado e o mesmo mostra o grau de risco de um determinado projeto; que o
período de payback é indicado na tomada de decisão à avaliação de planos em
composição de risco elevado e o mais adequado para a avaliação de projetos de
curto prazo, pois quanto mais curto o período de payback, menor é o tempo de
exposição ao risco.
No período de payback “seu ponto fraco reside na falta de ligação com o
objetivo de maximização da riqueza, por não considerar explicitamente o valor do
dinheiro no tempo e ignorar os fluxos de caixa ocorridos após o período de payback”
(GITMAN, 2010, p. 380).
2.2.2.1.1 Exemplo de aplicação do Payback Period
Em um exemplo de aplicação do Payback demonstrado por Megliorini e
Vallim (2009, p.128-129) através de um fluxo de caixa nominal, podemos perceber o
resultado sem descontar o fluxo de caixa. Segundo os autores “A empresa Rio
Grande S.A. deseja determinar o payback simples do projeto J, sendo sua TMA de
15% ao ano. Seu fluxo de caixa nominal é apresentado na tabela 1”:
Tabela 1 – Fluxos de caixa nominal do projeto J
ANO
FLUXO DE CAIXA NOMINAL
DO ANO
ACUMULADO
R$
R$
0
(72.700)
(72.700)
1
14.375
(58.325)
2
23.805
(34.520)
3
30.600
(3.920)
4
38.618
34.698
5
48.272
82.970
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128)
A partir das informações do fluxo nominal, aplica-se a seguinte fórmula:
36
Tabela 2 – Equação do Payback
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128)
Com o emprego do payback period, ou seja, sem efetuar o desconto do fluxo
de caixa, a empresa Rio Grande S.A. recupera o capital investido em três anos, um
mês e sete dias.
2.2.2.2 Técnicas que consideram a variação que o capital sofre com o tempo
Para Gitman (2010, p.364) as análises financeiras sobre os investimentos
podem ser feitas por inúmeras técnicas, como por exemplo, o Payback que
considera o tempo necessário para recuperação do capital, o VPL (Valor Presente
Líquido) que considera o valor do dinheiro no tempo, a TIR (Taxa Interna de
Retorno) que apresenta a taxa de retorno anual que a organização terá com o
investimento no projeto e o recebimento das entradas de caixa previstas entre outras
existentes.
2.2.2.2.1 Valor Presente Líquido (VPL)
Orçamento de capital é o processo de decidir por procurar e adquirir em longo
prazo, ativos para empresa. Para isso, várias técnicas, métodos e critérios são
utilizados no processo de decisão. Gerar fluxo de caixa futuro e renda econômica
deve ser os resultados de grande valor de um projeto. (SAMANEZ, 2007, p. 179).
37
Entre as técnicas de orçamento de capital, encontram-se a VPL (Valor
Presente Líquido) que segundo Gitman (2010, p. 369) representa o valor do dinheiro
no tempo. Para ele, essa taxa conhecida como taxa de desconto, retorno requerido,
custo de capital ou custo de oportunidade, difere das demais porque se baseia no
mínimo de retorno que um projeto precisa proporcionar para o valor de mercado da
empresa não sofrer alterações. Já a maioria das técnicas em si determina uma taxa
e descontam seus fluxos de caixa.
Para definir o VPL, o autor determina “subtrair o investimento inicial de um
projeto (FCo) do valor presente de suas entradas de caixa (FCt) descontadas à taxa
de custo do capital da empresa (r)”.
“O valor descontado líquido de todos os fluxos de caixa prospectivos é uma
medida direta da atratividade econômica relativa do investimento proposto”.
(RIBEIRO, 2002, p.34).
Samanez (2007, p. 179-180) expressa que o VPL calcula “em termos de valor
presente, o impacto dos eventos futuros associados a uma alternativa de
investimento” e argumenta ser o melhor critério de decisão para maximizar o valor
da empresa.
Segundo ele, o VPL é definido pela seguinte expressão:
Figura 5 - Expressão do VPL
Fonte: Matemática Financeira – Carlos Patricio Samanez (2007, p.180)
Nesta perspectiva Samanez (2007, p.180) explica a fórmula da seguinte
maneira:
FCt representa o fluxo de caixa no t-ésimo período, I é o investimento inicial,
K é o custo do capital e o símbolo ∑, somatório, indica que deve ser
realizada a soma da data 1 até a data n dos fluxos descontados no período
inicial. A regra decisória a ser seguida ao se aplicar o VPL é: empreenda o
projeto se o VPL for positivo.
O autor revela que essa técnica tem por objetivo apresentar para os
patrocinadores, um VPL com resultado positivo, que custe menos e valha mais.
38
Esses cálculos projetam as “preferências entre consumo presente e consumo futuro
e a incerteza associada aos fluxos de caixa futuros”. (SAMANEZ, 2007, p.180).
O processo por meio do qual os fluxos de caixa são ajustados a esses
fatores chama-se desconto e a magnitude desses fatores é refletida na taxa
de desconto usada (custo do capital). O processo de desconto converte os
fluxos de caixa futuros em valores presentes, pois fluxos de épocas
diferentes não podem ser comparados nem agregados enquanto não forem
convertidos para valores de uma mesma época. (SAMANEZ, 2007, p.180)
Portanto, a viabilidade econômica da alternativa é avaliada pelo VPL
resultando positivamente.
Como dizem Ross; Westerfield; Jaffe (2010, p.127) a ascendência do VPL
prevalece nos seguintes atributos:
1. Funções como quitação de dividendos ou juros e priorização de outros
projetos de investimentos podem ser escopos de um fluxo de caixa.
Embora vantajoso para os contadores, os lucros contábeis são formas
disfarçadas no VPL e não devem ser considerados na análise de
investimento, pois não simulam fluxos de caixa.
2. Diferente de alguns aspectos que desconhecem fluxos de caixa além
de certa data, o VPL utiliza todos os fluxos do projeto.
3. Enquanto alguns “ignoram o valor do dinheiro no tempo”, o VPL
desconta os fluxos de caixa corretamente.
2.2.2.2.1.1 Exemplo de aplicação do VPL
Exemplo de aplicação do VPL demonstrado por Megliorini e Vallim (2009,
p.129-130): “A empresa Rio Grande S.A. decidirá, com base no VPL, entre dois
projetos mutuamente excludentes, A e B, cujos fluxos de caixa são apresentados na
figura 6. O custo de capital para esses projetos é de 18% ao ano”.
39
Figura 6 – Representação gráfica do VPL
Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 129).
Tabela 3 – Fluxos de caixa projetos A e B
ANO
PROJETO A
PROJETO B
FLUXO DE CAIXA
FLUXO DE CAIXA
R$
R$
0
(140.000)
(180.000)
1
40.000
50.000
2
40.000
55.000
3
45.000
60.000
4
45.000
65.000
5
50.000
70.000
6
60.000
70.000
Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 130)
Calculando o VPL de cada projeto:
40
Figura 7 – Cálculo dos VPL dos projetos
Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 130)
Utilizando a calculadora financeira HP 12 C para calcular o VPL, temos:
Figura 8 – Cálculo dos VPL pela calculadora financeira
Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 130)
Embora os projetos A e B tenham VPLs positivos, por se tratar de projetos
mutuamente excludentes, a Rio Grande S.A. deve optar pelo projeto B, pois
apresenta VPL maior.
2.2.2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)
Para Ribeiro (2002, p. 34) quando a ideia for investir, a taxa interna de retorno
(TIR) será a taxa de juros (por período de juros) para o montante presente que
resultou do projeto e que será similar ao valor presente dos desembolsos.
41
Exemplificando, ele a define como “taxa de juros em que o valor presente líquido de
todos os recebimentos e pagamentos é igual a zero e os recebimentos e
pagamentos
são
tratados
como
fluxos
de
caixa
positivos
e
negativos,
respectivamente”, como mostra a fórmula a seguir:
Figura 9 - Fórmula do TIR
Fonte: Matemática Financeira – Carlos Patricio Samanez (2007, p.181)
O autor ainda argumenta que quando calculada a partir desta fórmula, a TIR
passará a considerar o dinheiro e também a data dos gastos e retornos esperados.
De tal forma ela acabará apresentando ao projeto sua proporção de lucro. A
aceitação para esse investimento se dá pela comparação da TIR com a TMA, que
poderá ser conquistada com a rejeição do projeto indicado e com o investimento do
capital sendo destinado a outras possibilidades. A respeito desse assunto ele
comenta:
Esses dois passos efetuados em conjunto – determinação da taxa de
retorno do projeto e comparação com a taxa mínima atrativa – são as
características essenciais do método da taxa de retorno. (RIBEIRO, 2002, p.
34).
E finaliza que por se tratar de uma “função polinomial de grandeza maior que
dois”, uma grande dificuldade existe ao realizar o cálculo manual por fórmulas
matemáticas. Como resultado desse cálculo, o que pode ocorrer será uma técnica
de “tentativa e erro”. Por isso, as planilhas eletrônicas e as calculadoras financeiras
facilitaram a realização dessas equações.
Considerada como a alternativa mais importante ao enfoque do VPL na
concepção de Ross, Westerfield, Jaffe (2010, p.131) encontramos a TIR, que
segundo os autores:
42
O raciocínio básico por trás da TIR é o de que se procura obter uma única
cifra para sintetizar os méritos de um projeto. Essa cifra não depende do
que ocorre no mercado de capitais. É por esse motivo que é chamada de
taxa interna de retorno; a cifra é interna ou intrínseca ao projeto e não
depende de mais nada, a não ser dos fluxos de caixa do projeto.
Ou seja, para eles o VPL de um projeto torna-se nulo a partir então da TIR.
Uma empresa deve propor a aceitar o projeto caso a taxa de desconto seja inferior
ao TIR e rejeitar o projeto quando a taxa de desconto seja superior a TIR.
Megliorini e Vallim (2009, p.131) apresentam a TIR da seguinte maneira:
Figura 10 - Equação do TIR
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.131).
2.2.2.2.2.1 Exemplo de aplicação da TIR
Exemplo de aplicação da TIR demonstrado por Megliorini e Vallim (2009,
p.131): “A empresa Rio Grande S.A., decidirá, com base na TIR, entre dois projetos
mutuamente excludentes, X e Y, cujos fluxos de caixa são apresentados na tabela 4.
A TMA para esses projetos é de 22% ao ano”.
Tabela 4 – Fluxos de caixa dos projetos X e Y
ANO
PROJETO X
PROJETO Y
FLUXO DE CAIXA FLUXO DE CAIXA
R$
R$
0
(180.000)
(150.000)
1
50.000
30.000
2
60.000
50.000
3
70.000
70.000
4
80.000
90.000
5
90.000
110.000
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.131).
Utilizando a calculadora financeira HP 12 C para calcular a TIR temos:
43
Figura 11 – Cálculo do TIR pela calculadora financeira
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.131).
Embora os Projetos X e Y tenham TIR superiores ao custo de capital, por se
tratar de projetos mutuamente excludentes, a Rio Grande S.A. deve optar pelo
Projeto Y, que apresenta TIR maior.
2.2.2.2.3 Payback Descontado
Os autores Assaf Neto e Lima (2009, p. 379) afirmam que: “O período de
payback descontado traz todos os fluxos de caixa ao mesmo momento de tempo (a
valor presente), incorporando o conceito do valor do dinheiro no tempo”.
Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 129) afirmam: superficialmente, o payback
descontado se mostra como sendo uma opção atraente, mas quando examinado
com mais atenção revela que possui deficiências iguais as do payback simples. Da
mesma forma que o payback, o payback descontado exige antes de tudo que
“façamos uma escolha mágica de um período de corte arbitrário”, em seguida
desconsidera os fluxos de caixa que sucedem a partir deste momento.
2.2.2.2.3.1
Exemplo de aplicação do Payback Descontado
Exemplo de aplicação do Payback Descontado demonstrado por Megliorini e
Vallim (2009, p.128-129): “A empresa Rio Grande S.A. deseja determinar o payback
44
descontado do projeto J e que sua TMA seja de 15% ao ano”. O fluxo de caixa
nominal (tabela 5) e o fluxo de caixa descontado (tabela 6) são apresentados abaixo:
Tabela 5 – Fluxos de caixa acumulados dos projetos M e N
ANO
PROJETO M
PROJETO N
DO ANO
ACUMULADO
DO ANO
ACUMULADO
R$
R$
R$
R$
0
(120.000)
(120.000)
(140.000)
(140.000)
1
40.000
(80.000)
20.000
(120.000)
2
40.000
(40.000)
30.000
(90.000)
3
40.000
0
40.000
(50.000)
4
40.000
40.000
50.000
0
5
40.000
80.000
60.000
60.000
6
40.000
120.000
80.000
140.000
7
40.000
160.000
100.000
240.000
8
40.000
200.000
120.000
360.000
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128)
Tabela 6 – Fluxos de caixa descontado do projeto J
ANO
FLUXO DE CAIXA NOMINAL
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO
DO ANO
ACUMULADO
DO ANO
ACUMULADO
R$
R$
R$
R$
0
(72.700)
(72.700)
(72.700)
(72.700)
1
14.375
(58.325)
12.500
(60.200)
2
23.805
(34.520)
18.000
(42.200)
3
30.600
(3.920)
20.120
(22.080)
4
38.618
34.698
22.080
(0)
5
48.272
82.970
24.000
24.000
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128)
Tabela 7 – Equação do Payback Descontado
Fonte: Próprios autores.
45
Para descontar o valor do fluxo de caixa de cada ano, emprega-se a equação:
Figura 12 – Equação para descontar o valor do fluxo de caixa de cada ano
Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.129)
E as define como:
VP = valor presente, que corresponde ao valor do fluxo de caixa de cada
período descontado para a data do investimento inicial,
VF = valor futuro, que corresponde ao valor do fluxo de caixa de cada
período,
k = taxa de desconto, que corresponde à taxa mínima de atratividade,
n = número de períodos que serão descontados.
Com o emprego do payback descontado, a empresa Rio Grande S.A.
recupera o capital investido em quatro anos.
2.2.2.2.4 Critérios de Decisão
Gitman (2010, p. 366) afirma que por mais que as técnicas de análise de
payback simples e descontado apresentem resultados diferentes, ambos utilizam
critérios iguais tanto para aprovação quanto para rejeição de um determinado
projeto. O mesmo afirma que deve se seguir os seguintes critérios: “Se o período de
payback for menor do que o período máximo aceitável de payback aceitar o projeto”,
46
mas “se o período de payback for maior do que o período máximo aceitável de
payback rejeitar o projeto”.
Ross; Westerfield; Jaffe (2010, p. 127) também classificam como simples a
técnicas de análise de payback na tomada de decisão em um investimento. Como
eles exemplificam a seguir:
Seleciona-se certo período de corte, digamos, de dois
projetos que tiverem períodos de payback de dois anos
aceitos e todos os que proporcionarem recuperação do
mais de dois anos – se é que isso chega a acontecer –
(ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2010, p. 127).
anos. Todos os
ou menos serão
investimento em
serão rejeitados.
Ribeiro (2002) afirma que na avaliação de dispêndios de capital é difícil dizer
qual a melhor forma de análise, pois, tanto na prática quanto na teoria, os pontos
fortes são diferentes.
O autor afirma que a melhor técnica para analisar um orçamento de capital é
o VPL. É importante ressaltar que a utilização do VPL supõe que as entradas
adquiridas através de um investimento sejam investidas novamente em custo de
capital do empreendimento.
Segundo Ribeiro (2002) a utilização da TIR torna possível realizar um
reinvestimento com uma taxa assiduamente alta, oferecida pela TIR. O custo de
capital é uma estimativa usada pela empresa como base para a realização de um
novo investimento nas entradas de caixa intermediárias, teoricamente é preferível
utilizar a taxa do VPL de reinvestimento, pois é também mais realista e
conservadora.
A preferência dos administradores financeiros é pela TIR, isso se dá pela
aceitação pela taxa de retorno, ao contrário de valores monetários. Uma vez que
medidas de lucratividade, taxas de juros e outras são dadas como taxas anuais de
retorno, a utilização da TIR pelas pessoas que tomam as decisões nas empresas,
faz sentido. Pelo fato do VPL não medir os benefícios sobre o montante investido, os
responsáveis em tomar as decisões acham essa maneira mais difícil. Para evitar as
armadilhas da Taxa Interna de Retorno - TIR existem hoje várias técnicas e
métodos.
47
2.3 FINANCIAMENTOS
Na concepção de Bruni (2008, p.157) podem-se financiar novos planos de
investimento utilizando apenas os recursos da companhia. “Neste caso, o custo do
financiamento é o próprio custo médio ponderado de capital da empresa”.
Entretanto, quando ao projeto formas distintas de financiamento estão associadas, é
necessário analisar em cada financiamento o seu custo específico, examinando-os
por causa dos volumes financiados. Passar a existir o conceito da TMA (Taxa
Mínima de Atratividade), que precisa representar as diversas fontes de captação de
subsídios do projeto uma média ponderada.
2.3.1 Linha de financiamento do Banco do Brasil
De acordo com o Banco do Brasil existem linhas que são destinadas
à cobertura dos custos habituais das atividades pecuárias e agrícolas; são custos
que derivam do dia a dia da produção, onde o pagamento deve acontecer dentro do
período produtivo. Essas linhas são chamadas de custeio pecuário e custeio
agrícola.
O custeio pecuário é um tipo de financiamento destinado aos custos
relacionados à atividade pecuária, tais como: bovinocultura, avicultura, suinocultura,
bubalinocultura, apicultura e outras – e também à atividade pesqueira e aquícola
(artesanal ou industrial), relacionada à conservação, cultivo, captura, beneficiamento
e até a criação organismos cuja água é seu habitat, como por exemplo, os anfíbios,
moluscos, crustáceos, peixes e algas.
Esta linha do Banco do Brasil chega a financiar até 100% dos custos do
orçamento da exploração dentro do período produtivo dos animais, limitado a 70%
do rendimento previsto para a empresa.
48
2.3.1.1 Favorecidos
• Pessoas físicas e/ou jurídicas, produtores rurais, de forma direta ou através de
repasse realizado por cooperativas de crédito rural;
• Empreendimentos agroindustriais que realizam atividades voltadas à avicultura e
suinocultura de corte através de sociedade;
• Em casos de exploração própria os beneficiários são as cooperativas de
produtores rurais e suas centrais;
• Aos que realizam atividades voltadas à exploração da pesca, tanto captura quanto
ao cultivo com a finalidade de comercializar. Isso inclui pessoa física, jurídica e
armadores de pesca.
2.3.1.2 Valor Financiável
• Recursos Controlados: R$ 1,1 milhão.
• O limite pode ser elevado em até 15% ou 30%, quando atendidos dois ou mais dos
seguintes critérios: comprovação da existência das reservas legais de preservação
permanente ou plano de manejo de recuperação; conjugação do financiamento de
custeio com mecanismo de proteção de preços; condução da atividade com base no
sistema orgânico de produção; inscrição no Cadastro Ambiental Rural - CAR, entre
outros.
2.3.1.3 Prazos
• Recursos Controlados
• Obtenção de materiais utilizados para captura e alevinos de enguia para engorda,
tendo como prazo máximo de 2 anos para atividades de pesca;
• Outras atividades em no máximo 1 ano.
• Recursos Livres no máximo 1 ano.
49
2.3.1.4 Encargos Financeiros
• Para os recursos controlados a taxa é de 6,50% a.a. (ao ano);
• Para recursos livres é necessário procurar uma agência do Banco do Brasil para
obter informações referente as condições de crédito.
2.3.2 Linha de financiamento do BNDES
Ribeiro (2002) afirma que os pedidos de financiamento feitos ao Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico Social - BNDES precisam inicialmente de
uma consulta prévia, na qual são apontadas as particularidades básicas do
empreendimento e da empresa indispensáveis à análise do enquadramento da
operação nas políticas operacionais. Na consulta prévia, precisam constar
informações econômico-financeiras, informações da empresa, estatística do projeto
e da produção, setor. É importante destacar neste projeto, na análise de viabilidade
econômica, os parâmetros básicos examinados pelo BNDES que são:
 Os indicadores da taxa interna de retorno (TIR)
 O valor presente líquido (VPL).
2.3.3 Exemplo do cálculo do custo do capital
Exemplo de cálculo do custo do capital apresentado por Ribeiro (2013, p.14)
no material de apoio da EAD Fatec, matéria gestão financeira.
Supondo-se que uma empresa pretenda financiar seus investimentos futuros
com 40% de empréstimo e 60% de patrimônio líquido, além de estimar o custo de
oportunidade dos empréstimos fornecidos por credores (isto é, a taxa de juros
corrente) sendo de 10%, o custo do capital de terceiros será:
CCT = Ce x (1-IR)
=
CCT = 10% x (1-0,25) = 7,5%
50
Supondo também, que o custo de oportunidade do capital para os
proprietários (capital próprio) seja considerado como 18%, conforme a fórmula do
CMPC ou WACC expressa a seguir, o resultado consistirá em:
CMPC 
CP
CT
 RCP 
R
CP  CT 
CP  CT  CT
CP = Capital Próprio
CT = Capital de Terceiros
Rcp = Custo de financiamento através do capital próprio
Rct = Custo de financiamento através do capital de terceiros
CMPC 
60
40
18% 
 7,5%  13,8%
60  40
60  40
Portanto, a taxa 13,8% torna-se a taxa de desconto para análise de valor
presente, supondo que futuros investimentos serão financiados em média com 40%
de empréstimos e 60% de patrimônio líquido e que o nível de risco dos futuros
investimentos será semelhante ao nível de risco a que estão expostos os atuais
ativos da empresa.
51
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa é um método ordenado, reflexivo, controlado e decisivo que
permite conhecer dados ou fatos novos, regras ou recursos em qualquer campo do
conhecimento. Dessa maneira, a pesquisa se torna um procedimento que tem como
objetivo solucionar um determinado problema utilizando-se de instrumentos
científicos. A pesquisa detém três características, que são elas: o levantamento de
alguma dificuldade, a solução que se pretende achar e as condições nomeadas para
atingir a essa solução. Vale lembrar que para realizar uma pesquisa é de suma
importância
considerar
os
procedimentos
adequados
e
meios
científicos.
(RAMPAZZO, 2005).
Este trabalho utiliza como método de pesquisa o estudo de caso e a pesquisa
bibliográfica. O estudo de caso segundo Gil (2010) é uma forma de pesquisa muito
usada tanto nas ciências sociais quanto nas biomédicas. É um estudo árduo e
profundo, realizado em um ou poucos objetos.
Em consonância com isso, Severino (2007) considera o estudo de caso como
sendo um tipo de pesquisa que foca em um caso distinto, julgado como sendo
representativo dentro de um grupo de casos. Ele complementa dizendo que “a coleta
dos dados e sua análise se dão da mesma forma que nas pesquisas de campo, em
geral”. Para o autor:
O caso escolhido para a pesquisa deve ser significativo e bem
representativo, de modo a ser apto a fundamentar uma generalização para
situações análogas, autorizando inferências. Os dados devem ser coletados
e registrados com o necessário rigor e seguindo todos os procedimentos da
pesquisa de campo. Devem ser trabalhados, mediante análise rigorosa, e
apresentados em relatórios qualificados. (SEVERINO, 2007, p.121)
Já a pesquisa bibliográfica busca esclarecer uma dificuldade a partir de
citações teóricas publicada em livros, teses, monografias, revistas, jornais etc.,
também por meio de comunicações orais como rádio, filmes entre outros, referentes
ao tema a ser estudado, cuja intenção é colocar a pessoa que realiza a pesquisa
em contato direto com tudo que foi documentado, mencionado ou escrito sobre o
tema apontado. (MARCONI; LAKATOS, 2011)
52
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a exposição do embasamento teórico, este trabalho apresenta a seguir, o
levantamento de dados para concluir e discutir os resultados obtidos deste estudo
de caso.
4.1 Levantamento de dados
Como mercado alvo desta organização, identificaram-se os frigoríficos do
próprio estado do MS. Para melhor entendimento desta fatia de mercado, avaliou-se
um levantamento das indústrias frigoríficas da região, realizado em 2012 pelo
FAMASUL (Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul), com
intuito de mostrar a concentração neste setor. Os dados para este levantamento
foram fornecidos pela SFA/MS - Superintendência Federal de Agricultura através do
SIF - Sistema de Inspeção Federal que é um sistema confiável e representativo.
Cerca de 95% do abate total no Estado são realizados por unidades frigoríficas com
o SIF (IBGE, 2011). Nesta pesquisa apenas os frigoríficos com este tipo de inspeção
foram considerados. O cálculo para mostrar a participação dentro do mercado foi
realizado em março de 2012 e se baseou na média de abate/dia de bois realizados
em frigoríficos e nas últimas plantas frigoríficas adquiridas até o período
mencionado.
Os resultados obtidos através do levantamento realizado pela FAMASUL
mostram que no Estado do Mato Grosso do Sul existem 35 frigoríficos (SIF) para
abate de bois espalhados pelos municípios, dentre os quais 25 estão em operação.
Só em Campo Grande (capital do Estado) existem quatro indústrias frigoríficas.
Somando os que estão em operação são capazes de abater até 16,4 mil cabeças de
gado/dia. De acordo com os dados do SIF, em março/2012 a média diária de abate
alcançou a casa de 13,2 mil cabeças de gado, onde a capacidade usada foi de 81%.
53
A tabela abaixo mostra os frigoríficos com o SIF (Sistema Inspeção Federal)
no Estado, a localização dos mesmos e a capacidade de abate (operação e
instalada) das indústrias ativas.
Tabela 8 – Frigoríficos em Operação com SIF em MS e Capacidade de Abate.
Fonte: (Famasul, 2012).
A tabela do FAMASUL ilustrada acima mostra que o Grupo JBS tem destaque
por ter 05 unidades operando no Mato Grosso do Sul, onde 02 localizadas na
Capital do Estado (Campo Grande), que juntas permitem uma capacidade de abate
diário de 4,2 mil cabeças de gado. O Grupo Marfrig aparece em seguida, tendo 02
duas em atividade no Estado, capaz de abater 2,1 mil cabeças por dia. De acordo
com as atuais taxas de uso da capacidade da indústria neste setor no Estado do
Mato Grosso do Sul, os dados indicam que 37% está com o Grupo JBS, em seguida
o Grupo Marfrig com 11% finalizando com os Grupos Navi Carnes com 7% e
Minerva com 5%, os 40% restantes estão espalhados entre 15 frigoríficos distintos.
54
Estão evidenciados na tabela abaixo os dados do SIF de acordo com a
FAMASUL referente à participação dos grupos frigoríficos no estado, usando como
referência as informações de operação e estimativa da concentração baseado na
capacidade instalada dos projetos.
Tabela 9 – Participação de Mercado nos Principais Grupos Frigoríficos em MS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fonte: (Famasul, 2012).
O principal produto oferecido pela empresa “X” para os frigoríficos são os
novilhos para corte. A organização compra novilhos de aproximadamente 12 meses
para inseri-los a um processo de engorda, ou seja, ganho de peso por mais 12
meses. Após esse tempo, avalia os ganhos de peso dos animais e caso atingido os
pesos pretendidos encaminha-os para o abate. Segue o fluxograma de produção:
Início
1 – Compra dos
novilhos 12 meses
(matéria prima).
ATIVIDADE
RESPONSÁVEL
1. Pesquisar novilhos de até 12
Gerente
meses e realizar a compra.
2. Após comprar, iniciar o
2 – ENGORDA
(ganho de peso)
operacional
Gerente
processo de engorda com o
operacional/
animal através das rações,
Trabalhadores
suplementos minerais,
pecuários
pastagens preparadas etc.
3 – Verificar
peso atingido
3. Após o prazo de 12 meses,
verificar o peso atingido dos
4 – Encaminhar ao
abate
operacional/
animais e separar aqueles que
Trabalhadores
alcançaram o peso esperado.
pecuários
4. Encaminhar os novilhos aos
Gerente
frigoríficos selecionados para
Fim
Gerente
abater.
operacional
55
Para montagem do fluxo de caixa, foram considerados:
Investimentos relacionados à construção, modernização de benfeitorias e
instalações na propriedade rural e a aquisição de máquinas, implementos e
equipamentos agrícolas de uso diário, foram estimados em:
ITEM
VALOR (R$)
Construção de um galpão R$185.000,00
Trator
R$302.000,00
Distribuidor de Calcário
R$35.000,00
Plantadeira
R$127.000,00
Caminhonete
R$101.000,00
Tronco + balança
R$30.000,00
Peças e equipamentos
R$50.000,00
Materiais diversos
R$65.000,00
TOTAL R$895.000,00
A demanda de abate atualmente desta empresa gira em torno de 500
cabeça/ano. Para esta análise utilizou-se um aumento anual gradativo, conforme
tabela a seguir:
ANO
QTDE ANIMAL
1º ANO
500
2º ANO
600
3º ANO
650
4º ANO
700
5º ANO
750
Através do fluxo de caixa da empresa em questão, no que se diz respeito aos
custos e despesas anuais, foram observados e definidos os seguintes valores:
56
CUSTOS FIXOS: salários e encargos com aumento de 5% a.a.:
ANO
SALÁRIO COM AUMENTO 5% a.a.
TOTAL
1º ANO 148055,90
R$148.055,90
2º ANO 148055,90 X 1,05
R$155.458,70
3º ANO 155458,70 X 1,05
R$163.231,63
4º ANO 163231,63 X 1,05
R$171.393,21
5º ANO 171393,21 X 1,05
R$179.962,87
CUSTOS FIXOS: administração, serviço de terceiros, energia elétrica,
manutenção em máquinas e equipamentos, combustíveis e lubrificantes, despesas
financeiras, materiais diversos entre outros:
ITENS
TOTAL a.a.
OUTROS R$50.000,00
TOTAL DOS CUSTOS FIXOS ANUAIS: salário com aumento de 5% a.a. +
outros:
ANO
SALÁRIO + OUTROS
TOTAL
1º ANO 148055,90 + 50000,00 R$198.055,90
2º ANO 155458,70 + 50000,00 R$205.458,70
3º ANO 163231,63 + 50000,00 R$213.231,63
4º ANO 171393,21 + 50000,00 R$221.393,21
5º ANO 179962,87 + 50000,00 R$229.962,87
CUSTOS VARIÁVEIS: somatório compra de ração e nutrição mineral, mais os
custos com vacinas, medicamentos e fretes definido como outros, levando em
consideração um aumento de 10%:
57
ANO
CUSTOS DA RAÇÃO
1º ANO 60000,00
OUTROS
TOTAL
12853,00
R$72.853,00
2º ANO 60000,00 X 1,10 = 66000,00 12853,00 x 1,10 = 14138,30 R$80.138,30
3º ANO 66000,00 X 1,10 = 72600,00 14138,30 x 1,10 = 15552,13 R$88.152,13
4º ANO 72600,00 X 1,10 = 79860,00 15552,13 x 1,10 = 17107,34 R$96.967,34
5º ANO 79860,00 X 1,10 = 87846,00 17107,34 x 1,10 = 18818,08 R$106.664,08
CAPITAL DE GIRO: baseado no somatório dos custos variáveis, mais a
compra do bezerro, com aumento de 3% a.a. no preço mais 3% de perda dos
animais no processo de engorda:
ANO
QTDE
PREÇO POR NOVILHOS
TOTAL
GADO
SEM IMPOSTOS
COM A PERDA 3%
1º ANO
500
884,00
884,00 X 500 X 1,03 = R$455.260,00
2º ANO
600
884,00 X 1,03 = 910,52
910,52 X 600 X 1,03 = R$562.701,36
3º ANO
650
910,52 X 1,03 = 937,84
937,84 X 650 X 1,03 = R$627.880,93
4º ANO
700
937,84 X 1,03 = 965,97
965,97 X 700 X 1,03 = R$696.464,85
5º ANO
750
965,97 X 1,03 = 994,95
994,95 X 750 X 1,03 = R$768.598,71
Esses custos e despesas estão relacionados a:
1. Compra do gado: compra dos bezerros de até 12 meses, podendo ser
macho ou fêmea.
2. Salários e encargos: despesas com mão de obra própria e impostos.
3. Rações para bovinos a pasto: compra de rações, sal mineral, nutrição
animal, no intuito de melhorar a qualidade e rapidez no processo de
ganho de peso do gado.
4. Outros: serviços administrativos, combustíveis, manutenções em
máquinas e equipamentos, mão de obra terceirizada, fretes,
medicamentos e vacinas, energia elétrica, telefone, serviços de
terceiros e etc.
58
Com as informações sobre o investimento inicial, calculou-se a depreciação
de cada item:
ITEM
VALOR (R$)
ANOS
TAXA
DEPRECIAÇÃO (R$)
Construção de um galpão R$185.000,00
25
4% a.a.
R$7.400,00/ano
Trator
R$302.000,00
04
25% a.a.
R$75.500,00/ano
Distribuidor de Calcário
R$35.000,00
04
25% a.a.
R$8.750,00/ano
Plantadeira
R$127.000,00
04
25% a.a.
R$31.750,00/ano
Caminhonete
R$101.000,00
04
25% a.a.
R$25.250,00/ano
Tronco + balança
R$30.000,00
04
25% a.a.
R$7.500,00/ano
TOTAL R$895.00,00
R$156.150,00/ano
Segundo a Receita Federal do Brasil (RFB), os regimes tributários para
Pessoa Jurídica (PJ) que exercem atividade econômica em criação de bovinos para
corte são:
 Lei nº 9.249/1995, art.15, a alíquota do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa
Jurídica) é de 15%.
 Lei nº 9.718/1998, art.4º, inciso IV, a alíquota do PIS é de 0,65%.
 Lei nº 9.718/1998, art.4º, inciso IV, a alíquota do COFINS é de 3%.
 Alíquota do ICMS de 17%.
IMPOSTOS
%
PIS
0,65%
COFINS
3,00%
ICMS
17,00%
TOTAL
20,65%
Receita anual (sem os impostos) obtidos com a média da venda de cada
animal, admitindo-se um crescimento no preço de 2% a.a. sobre o valor médio de
mercado do novilho com um ano de engorda, ou seja de R$2.529,13 com impostos:
59
ANO
PREÇO MÉDIO
RECEITA LÍQUIDA
VENDA POR CABEÇA
SEM IMPOSTO
1º ANO 2529,13
500 X 2529,13 X 0,7935 = R$1.003.432,33
2º ANO 2529,13 X 1,02 = 2579,71 600 X 2579,71 X 0,7935 = R$1.204.118,79
3º ANO 2579,71 X 1,02 = 2631,31 650 X 2631,31 X 0,7935 = R$1.304.462,03
4º ANO 2631,31 X 1,02 = 2638,93 700 X 2638,93 X 0,7935 = R$1.404.805,26
5º ANO 2638,93 X 1,02 = 2737,61 750 X 2737,61 X 0,7935 = R$1.505.148,49
O custo de capital próprio ficou definido como 20% a.a. e o de terceiros
(BNDES) em 6,5% a.a., gerando uma TMA de 15,9%.
O valor residual foi considerado de 30% sobre o valor do galpão e 20% do
valor dos outros equipamentos, dando um total de:
ITENS
R$
VALOR RESIDUAL
GALPÃO R$185000,00 X 0,3
R$55.500,00
OUTROS R$595000,00 X 0,2
R$119.000,00
TOTAL
R$174.500,00
4.2 Montagem do fluxo de caixa
A partir dos dados acima apresentados, montou-se o fluxo de caixa, segundo
tabela do Ribeiro (2002):
60
Valores em 1000
0
PERIODO
1
2
3
4
5
Fórmula de cálculo
RECEITA LÍQUIDA
A
Custo variável
B
73
80
88
97
107
Custo fixo
C
198
205
213
221
230
Depreciação
D
157
157
157
157
157
E=A-B-C-D
576
762
846
929 1012
86
114
127
139
152
G=D
157
157
157
157
157
H=E-F+G
646
804
876
947 1017
Resultado Operacional
1003 1204 1304 1405 1505
Alíquota
Imposto de Renda
Adição da Depreciação
Fluxo de Caixa (depois
do imposto)
Investimento
Venda de Ativo Fixo
(valor residual)
Capital de Giro
Variação de Capital de
F=alíquota/100xE
I
15%
895
J
175
K
528
643
716
793
875
L=k ano ant-K do ano
-528
-115
-73
-77
-82
-1423
531
731
799
865 2067
875
Giro
Fluxo de Caixa Líquido
H-I+J+L
Após a montagem do fluxo de caixa do projeto de um investimento, efetua-se
sua análise de viabilidade econômica. Um projeto consiste num conjunto de
61
informações de natureza quantitativa e qualitativa que permite estimar um cenário
com base em uma alternativa escolhida. As técnicas de análise de investimentos
que foram utilizadas:
Valor Presente líquido: (VPL) ou NPV
Payback Descontado: Tempo de Retorno do Capital Investido
Taxa Interna de Retorno: (TIR) ou IRR
 Conforme cálculo do custo de capital acima de 15,9%, vamos considerar a
TMA 16% a.a. para obter o Valor Presente Líquido (VPL) pela calculadora
financeira HP:
 Fluxo de caixa do projeto:
ANO
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO
ANUAL
ACUMULADO
R$
R$
0
(1423000,00)
(1423000,00)
1
458000,00
(965000,00)
2
543000,00
(422000,00)
3
512000,00
90000,00
4
478000,00
568000,00
5
984000,00
1552000,00
Mesmo através dos fluxos de caixa descontados, o Valor Presente Líquido
(VPL ou NPV) resultou positivamente, através do montante de R$1.551.753,59.
62
 Payback descontado (período de recuperação do investimento):
 TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno):
Como podemos observar as três técnicas de analise comprovam que o
investimento é altamente rentável. Tem uma excelente liquidez, ou seja o seu
retorno de 2,5 anos e meio, o VPL mais de 1,5 milhões e conforme a teoria quando o
VPL é positivo o projeto é viável economicamente. A TIR de 47,53% e bem superior
ao custo do capital de 16%.
4.3 Análise de Sensibilidade
Para melhor compreensão dos resultados obtidos acima, foi realizado uma
análise de sensibilidade que segundo Ribeiro (2002) “permite identificar as variáveis
criticas no processo de projeção e determinação dos fluxos de caixa, de modo que
se possa avaliar o projeto considerando diversas hipóteses sobre o comportamento
dessas variáveis”. O projeto conforme dados esperados é viável economicamente;
agora vamos construir alguns cenários pessimistas para verificar se o investimento é
ainda viável:
1º cenário: O preço de venda reduzido em 10%.
63
2º cenário: Aumento de 20% na compra do novilho.
3º cenário: Aumento de 10% na perda de engorda do novilho.
4º cenário: Todas as três variáveis num só cenário (o pior caso).
1ª cenário: Com a alta do dólar, o consumo da carne bovina pode se tornar
escassa para algumas classes sociais, exigindo ajustes nos valores de revenda aos
frigoríficos ocasionando uma redução de preço de venda em 10% a.a. Neste
cenário, VPL apresenta-se da seguinte forma:
 Fluxo de caixa do projeto (ANEXO A):
ANO
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO
ANUAL
ACUMULADO
R$
R$
0
(1423000,00)
(1423000,00)
1
385000,00
(1038000,00)
2
467000,00
(571000,00)
3
441000,00
(131000,00)
4
412000,00
281000,00
5
923000,00
1205000,00
O valor presente líquido de imediato ainda é atrativo, mesmo que inferior às
primeiras simulações, resultando em R$1.204.897,00.
 Payback descontado (período de recuperação do investimento):
 TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno):
64
Caso ocorra diminuição no preço de venda do novilho, o VPL continuará
correspondendo positivamente, ainda que sob um período de retorno (payback
descontado) maior que o primeiro, ou seja, de 3,1 anos e uma TIR de 40,72%. O
projeto continuará economicamente viável.
2ª cenário: Conforme descrito pelo embasamento teórico, caso não ocorra
uma alteração no atual cenário macroeconômico, a capacidade de consumo se
comprometerá em um ambiente de alta de preços, com ofertas restritas de boiadas e
margens reduzidas para atacadistas e varejistas que adquirirem novilhos para
engorda, gerando maior concorrência entre os produtores na hora da compra e
aumento o preço do novilho em 20% a.a. Com isso, teremos um VPL da seguinte
forma:
 Fluxo de caixa do projeto (ANEXO B):
65
ANO
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO
ANUAL
ACUMULADO
R$
R$
0
(1514000,00)
(1514000,00)
1
344000,00
(1171000,00)
2
416000,00
(754000,00)
3
364000,00
(390000,00)
4
309000,00
(81000,00)
5
1427000,00
1346000,00
O valor presente líquido resulta em R$1.346.000,00 sendo positivo. Se
comparado com as demais simulações, torna-se melhor que a simulação anterior,
devido ao VPL ser maior em questões de valores.
 Payback descontado (período de recuperação do investimento):
 TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno):
Percebe-se nesta 2ª simulação, uma recuperação quase no último ano de
análise (payback descontado) de 4 anos, uma taxa interna de retorno (TIR), menor
que as demais sendo de 39,06% e o VPL resultando em R$1.346.00,00.
66
3ª cenário: Uma elevada perda dos animais em 10% a.a. advindo das
temperaturas climáticas, faltas de chuva, doenças, ataque de animais peçonhentos
entre outros fatores. Diante deste quadro, observa-se um VPL:
 Fluxo de caixa do projeto (ANEXO C):
ANO
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO
ANUAL
ACUMULADO
R$
R$
0
(1454000,00)
(1454000,00)
1
452000,00
(1002000,00)
2
540000,00
(462000,00)
3
509000,00
47000,00
4
475000,00
522000,00
5
1009000,00
1531000,00
O custo do capital ainda permanece atrativo, pois o VPL fica em torno de
R$1.531.000,00.
 Payback descontado (período de recuperação do investimento):
67
 TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno):
Mesmo com uma perda mais elevada dos animais no processo de produção,
o projeto apresenta um período de retorno do capital de aproximadamente 3 anos, a
uma taxa de retorno de 46,35%, mantendo-se economicamente viável.
4ª cenário: Para finalizar, foi simulado o cenário mais pessimista de ambos,
englobando os três fatores externos: aumento de 20% na compra do novilho, perca
de 10% dos animais no processo de produção e diminuição do preço de venda em
10%. Neste caso, o projeto resultará em um VPL de:
 Fluxo de caixa do projeto (ANEXO D):
68
ANO
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO
ANUAL
ACUMULADO
R$
R$
0
(1551000,00)
(1551000,00)
1
256000,00
(1295000,00)
2
328000,00
(967000,00)
3
280000,00
(687000,00)
4
229000,00
(458000,00)
5
1421000,00
963000,00
 Payback descontado (período de recuperação do investimento):
 TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno):
Neste cenário, o valor presente líquido rendeu em R$963.878,05, a TIR ficou
em torno de 31,98% e o período de retorno do capital em 4 anos e meio, resultando
ainda em um bom investimento, já que o resultado obtido é maior que a TMA exigida
pelo investidor.
69
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das informações obtidas neste estudo de caso, conclui-se que mesmo
diante dos piores fatores que possam vir a ocorrer ao longo do investimento, ainda
assim valerá a pena realizá-lo, pois os resultados se mostraram positivos nos três
quesitos: valor presente líquido resultando positivamente, taxa interna de retorno
maior que a exigida e período de recuperação do capital dentro do esperado.
Vale ressaltar que o que possibilitará ao investidor analisar economicamente
a atividade de gado de corte sob a visão do conhecimento dos custos e despesas
envolvidos no processo de produção, será a aplicação das técnicas de análise de
investimento, ligadas a projeção de um fluxo de caixa bem elaborado e conciso.
“A eficiência de tal acontecimento faz com que o produtor passe a ter um
conhecimento, com maiores detalhes sob os fatores que influenciam a sua
produção”. (ZILIOTO; SILVEIRA; et al, 2010, p.1).
Isso possibilitará aos investidores basear suas decisões mesmo em meio aos
aumentos significativos advindos da energia elétrica, combustíveis, maquinários,
impostos, preços da arroba se desvalorizando com o alto custo de produção, fatores
externos climáticos interferindo nos ciclos de reproduções entre outros fatores
citados no início deste trabalho.
Portanto, através deste estudo de caso, mostrou-se economicamente viável
realizar o investimento em novilhos para abate conforme apresentado pelas
técnicas, onde o investidor por conhecer os riscos e retornos reais do projeto,
tomará uma melhor decisão e aproveitará as boas perspectivas que a atividade
pecuária tem oferecido para o Brasil.
70
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75
ANEXOS
ANEXO A – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 1º cenário.
76
ANEXO B – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 2º cenário.
77
ANEXO C – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 3º cenário.
78
ANEXO D – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 4º cenário.
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Uso das técnicas de análise de investimento para verificar a