CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia da São Sebastião Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial JÉSSICA ROCHA AMÉRICO DE GODOY MARIANE DOS SANTOS OLIVEIRA USO DE TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO PARA VERIFICAR A VIABILIDADE ECONÔMICA DE NOVILHOS PARA ABATE. São Sebastião 2015 JÉSSICA ROCHA AMÉRICO DE GODOY MARIANE DOS SANTOS OLIVEIRA USO DE TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO PARA VERIFICAR A VIABILIDADE ECONÔMICA DE NOVILHOS PARA ABATE. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como exigência parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Empresarial, sob a orientação do Professor Me. Francisco Orlando Oliveira Ribeiro. São Sebastião 2015 JÉSSICA ROCHA AMÉRICO DE GODOY MARIANE DOS SANTOS OLIVEIRA USO DE TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO PARA VERIFICAR A VIABILIDADE ECONÔMICA DE NOVILHOS PARA ABATE. Apresentação de Trabalho de Graduação à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como condição parcial para a conclusão do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial. São Sebastião, 17 de Julho de 2015. BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________ PROFESSOR MESTRE FRANCISCO ORLANDO OLIVEIRA RIBEIRO _________________________________________________________ PROFESSOR JOSÉ RENATO MARCONDES _________________________________________________________ PROFESSORA MESTRE MARIA INÊS SOELTL KITAHARA MÉDIA FINAL: ___________________ Dedico este trabalho aos meus pais Paulo e Ana que com amor e paciência me ensinaram o verdadeiro significado de família, as minhas irmãs Bruna e Carol por dividirem comigo suas melhores histórias de infância e aos meus amigos dos quais não saberia viver sem. Jéssica R. A. Godoy Dedico este trabalho aos meus pais que me ensinaram a discernir entre o certo e errado na vida. Que estão do meu lado tanto nas conquistas como nos insucessos. Ao meu esposo e minha filha pelo apoio e compreensão, que partilham comigo o companheirismo, o amor e a cumplicidade. Mariane S. Oliveira AGRADECIMENTOS Jessica R. A. Godoy: Agradeço primeiramente a Jesus porque diante de tantas opções me escolheu e me presenteou com o dom da vida. Sou grata ao seu infinito amor. Sem Ele não estaria onde estou. Ao meu pai que me amou, educou e me protegeu dos perigos da vida. A minha mãe, aquela que sempre exerceu com excelência seu papel de mãe, educando-me, amando-me e cuidando de mim incondicionalmente. A minha irmã, Bruna, que por muitas vezes foi minha fiel escudeira e confidente. Obrigada por confiar em mim. A minha irmã, Carol, que se orgulha de mim. Você é mais forte do que imagina. Ao meu irmão “por escolha” Matheus, que me entende como ninguém, diverte-me como ninguém, irrita-me às vezes, confesso, mas que me faz acreditar que existem sim amizades verdadeiras. A minha querida prima, Roberta, de personalidade única, que praticamente me apresentou ao mundo da administração, confiando em minha capacidade e me dando uma oportunidade profissional. Obrigado por me contagiar com sua alegria. A minha amiga Débora, que me motiva e me faz ter fé. Aos meus queridos amigos, Silvana e Luis, meus confidentes, que me ensinaram a ter prioridades na vida e a confiar plenamente no senhor Jesus. Aos meus líderes e pastores da Igreja Fonte da Vida que oram por mim. A todos meus familiares que acreditam no meu potencial. A equipe SLB LTDA a qual faço parte atualmente e passo grande parte do meu tempo. E a minha companheira de TG, Mariane, por aceitar ser minha parceira de trabalho, mulher de fé e guerreira. Obrigada por sua paciência e compreensão. Mariane S. Oliveira: Como disse Max Lucado: “Deus nunca disse que a jornada seria fácil, mas Ele disse que a chegada valeria a pena”. Hoje posso afirmar que valeu a pena e que verdadeiramente não foi fácil. Foi preciso muita força de vontade, foco, determinação, perseverança e garra para essa conquista, mas eu não conseguiria sozinha. Sou imensamente grata a todos que colaboraram para que este sonho se concretizasse. Agradeço primeiramente ao autor da vida pela minha existência e por ter me permitido viver essa experiência tão valiosa, meu Deus; meu tudo. A minha mãe, Maria José (mãiza); mulher de princípios, obrigada pela compreensão, apoio, paciência e incentivo a nunca desistir dos meus sonhos e ao meu pai, Eber Cristino (papito), pelos ensinamentos, pelo incentivo em sempre aprender mais e a preocupação para que estivesse sempre trilhando o caminho certo na vida; vocês são meus exemplos de vida. Agradeço ao meu esposo, Alexandre Porfírio, pelo apoio, paciência e compreensão. Por me incentivar a ver as coisas com uma perspectiva diferente, por acreditar em mim e me encorajar a enfrentar novos desafios. A minha filhota, Esther Sant’Oli, pela paciência e compreensão; você é a razão de todo meu esforço e dedicação. Não posso deixar de citar a minha amiga e companheira de TG, Jéssica Godoy, sem você eu não teria conseguido. Obrigada pela paciência, cumplicidade, pelo esforço e dedicação. Jessica Godoy e Mariane Oliveira: Agradecemos ao Professor Me. Francisco Orlando Oliveira Ribeiro, por sua paciência e dedicação, por seu desempenho como orientador e principalmente pelos novos conhecimentos e amizade. A todos os demais professores da FATEC de São Sebastião, pelo compartilhamento do conhecimento, apoio a aprendizagem, tanto em sala de aula, quanto para vida toda. Aos nossos colegas de curso, pela compreensão, auxílio e companheirismo. Aos nossos familiares e amigos, incentivadores incondicionais nesta jornada. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste estudo. Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir. Augusto Cury Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual. Albert Einstein RESUMO Este trabalho aborda o tema sobre a utilização das técnicas de análise de investimento como fator decisório para avaliar a viabilidade econômica de novilhos para abate. O estudo tem como objetivo diagnosticar e analisar possíveis riscos e incertezas advindos da aplicação dos recursos. Como problemática este trabalho verifica em que medida avaliar os custos e despesas do projeto minimiza o ambiente de incertezas e gera o retorno esperado. Em hipótese ao problema citado, verificouse o conhecimento dos riscos do investimento e uma melhor tomada de decisão. A metodologia utilizada possui embasamento teórico, estudo de caso e levantamento de dados junto à organização em questão. Os dados foram coletados, analisados e simulados nas técnicas apresentadas visando identificar a viabilidade do investimento através do resultado, discussão e conclusão do trabalho. Palavras-chave: Análise de Investimento. Pecuária. Gado de corte. Retorno de capital. ABSTRACT This study addresses the issue on the use of investment analysis techniques as decisive factor for assessing the economic viability of calves for slaughter. The study aims to diagnose and analyze potential risks and uncertainties arising from the application of resources. As a problematic this work assess the extent to evaluate the costs and project expenditures minimizes environmental uncertainties and generates the expected return. In case the said problem, it was the knowledge of investment risk and a better decision making. The methodology has theoretical background, case study and data collection by the organization concerned. Data were collected, analyzed and simulated in the presented techniques to identify the feasibility of investment through results, discussion and conclusion. Keywords: Investment Analysis. Livestock. Beef cattle. Return of capital. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABAG Associação Brasileira do Agronegócio ABIEC Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social CAR Cadastro Ambiental Rural CEPEA Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada CNA Confederação Nacional da Agricultura CNI Confederação Nacional da Indústria COFINS Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social EAD Ensino a Distância FAMASUL Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul IEL Instituto Euvaldo Lodi IDH Índice de Desenvolvimento Humano IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica PIB Produto Interno Bruto SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SIGA/MS Projeto de Levantamento do Uso e Ocupação do Solo dos Municípios do Mato Grosso do Sul PROAPE Programa de Avanços na Pecuária de Mato Grosso do Sul OMC Organização Mundial do Comércio TMA Taxa Mínima de Atratividade PAYBACK Prazo de Retorno VPL Valor Presente Líquido TIR Taxa Interna de Retorno SFA/MS Superintendência Federal de Agricultura SIF Sistema de Inspeção Federal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PIS Programa de Integração Social ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços RFB Receita Federal do Brasil PJ Pessoa Jurídica LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Distribuição do rebanho de corte no Mato Grosso do Sul .............. 23 Figura 2 – Países importadores de carne bovina sul-mato-grossense ............ 23 Figura 3 – Diagrama de fluxo de caixa de um projeto ........................................ 31 Figura 4 – Formulário para montar o fluxo de caixa .......................................... 33 Figura 5 – Expressão do VPL ............................................................................... 37 Figura 6 – Representação gráfica do VPL........................................................... 39 Figura 7 – Cálculo dos VPL dos projetos ............................................................ 40 Figura 8 – Cálculo dos VPL pela calculadora financeira ................................... 40 Figura 9 – Fórmula do TIR .................................................................................... 41 Figura 10 – Equação do TIR ................................................................................. 42 Figura 11 – Cálculo do TIR pela calculadora financeira .................................... 43 Figura 12 – Equação para descontar o valor do fluxo de caixa de cada ano .. 45 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Fluxos de caixa nominal do projeto J ............................................... 35 Tabela 2 – Equação do Payback .......................................................................... 36 Tabela 3 – Fluxos de caixa projetos A e B .......................................................... 39 Tabela 4 – Fluxos de caixa dos projetos X e Y ................................................... 42 Tabela 5 – Fluxos de caixa acumulados dos projetos M e N ............................ 44 Tabela 6 – Fluxos de caixa descontados do projeto J ....................................... 44 Tabela 7 – Equação do Payback Descontado ..................................................... 44 Tabela 8 – Frigoríficos em Operação com SIF em MS ....................................... 53 Tabela 9 – Participação de Mercado nos Principais Grupos Frigoríficos ........ 54 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 19 2.1 HISTÓRIA DA PECUÁRIA NO BRASIL .................................................................. 19 2.1.1 Pecuária no estado do Mato Grosso do Sul ..................................................... 21 2.1.2 Perspectivas para o Brasil ..................................................................................... 24 2.2 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .............................................................................. 26 2.2.1 Fluxo de Caixa .......................................................................................................... 28 2.2.1.1 Fluxo de Caixa Incremental ................................................................................... 29 2.2.1.2 Composição do Fluxo de Caixa ............................................................................ 30 2.2.1.3 Componentes do Fluxo de Caixa .......................................................................... 31 2.2.2 Técnicas de Análise de Investimentos ............................................................... 33 2.2.2.1 Payback Period ........................................................................................................ 34 2.2.2.1.1 Exemplo de Aplicação do Payback Period ...................................................... 35 2.2.2.2 Técnicas que consideram a variação que o capital sofre com o tempo ......... 36 2.2.2.2.1 Valor Presente Líquido (VPL) ............................................................................ 36 2.2.2.2.1.1 Exemplo de aplicação do VPL ........................................................................ 38 2.2.2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) ........................................................................... 40 2.2.2.2.2.1 Exemplo de aplicação da TIR ......................................................................... 42 2.2.2.2.3 Payback Descontado ........................................................................................... 43 2.2.2.2.3.1 Exemplo de aplicação do Payback Descontado.......................................... 44 2.2.2.2.4 Critérios de Decisão ............................................................................................ 46 2.3 FINANCIAMENTOS .................................................................................................... 47 2.3.1 Linha de Financiamento do Banco do Brasil ................................................... 47 2.3.1.1 Favorecidos .............................................................................................................. 48 2.3.1.2 Valor Financiável ..................................................................................................... 48 2.3.1.3 Prazos ....................................................................................................................... 48 2.3.1.4 Encargos Financeiros ............................................................................................. 49 2.3.2 Linha de Financiamento do BNDES .................................................................... 49 2.3.3 Exemplo do cálculo do custo do capital............................................................ 49 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 51 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 52 4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS .................................................................................... 52 4.2 MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA .......................................................................... 59 4.3 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE .................................................................................... 62 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 70 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 71 ANEXO A – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 1º cenário ................. 75 ANEXO B – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 2º cenário ................. 76 ANEXO C – Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 3º cenário ................. 77 ANEXO D - Fluxo de caixa da Análise de Sensibilidade 4º cenário .................. 78 15 1 INTRODUÇÃO Como fonte deste estudo a empresa “X” avaliada neste estudo de caso encontra-se situada no estado do Mato Grosso do Sul, tendo como atividade principal a criação de bovinos para corte. Nesta organização constam 5 pessoas em atividade, sendo 2 sócios atuando um como diretor na área administrativa, o outro como gerente na área operacional e mais 3 colaboradores exercendo as funções de trabalhadores pecuários. O referencial teórico deste trabalho descreve o cenário atual da pecuária brasileira e do Mato Grosso do Sul, mostra quais são as técnicas de análise de investimento mais indicadas para os interessados a injetar recursos na produção de novilhos para abate, com intuito de minimizar riscos e incertezas e conquistar o retorno financeiro esperado. Descreve também algumas linhas de crédito existentes para este ramo. Nos resultados e discussão foi realizado um levantamento de dados para concluir e discutir os resultados obtidos deste estudo de caso. Através dos resultados obtidos neste trabalho pretende-se mostrar a viabilidade econômica do investimento a partir das informações geradas através das técnicas utilizadas e direcionar o investidor a uma decisão mais eficiente que expõe os riscos e retornos reais do projeto de novilhos para abate. 1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA Este trabalho se propõe a realizar um levantamento de dados e informações do setor da pecuária brasileira, mais especificamente do estado do Mato Grosso do Sul, com intuito de mostrar aos interessados em aplicar capital neste setor, a viabilidade econômica em adquirir gado com um ano de vida e vendê-lo após um ano de engorda, utilizando-se das técnicas de análise de investimentos. 16 1.2 PROBLEMA Problema é alguma dificuldade na área da ciência de determinado evento de real valor, para qual se necessita achar uma solução (MARCONI; LAKATOS, 2011). A produção de novilhos precoce para abate envolve custos como a compra do animal e o custo operacional do confinamento. Segundo Almeida (2012) este custo operacional ocorre principalmente sobre a alimentação oferecida ao gado e representa de 15 a 20% do custo total. Nos últimos tempos, aumentos significativos advindos da energia elétrica, combustíveis, maquinários, impostos entre outros, têm elevado os custos de produção, exigindo dos confinadores uma maior eficiência administrativa. Portanto, este é o cenário que os pecuaristas têm vivido: preços da arroba se desvalorizando com o alto custo de produção e fatores externos climáticos interferindo nos ciclos de reproduções. (PIMENTEL, 2013) Percebe-se então a relevância em avaliar todos os custos e despesas envolvidos no processo, desde a compra do animal até o abate, para que os possíveis riscos e incertezas do investimento possam ser minimizados e o retorno esperado seja de conhecimento dos investidores. Questiona-se então como problematização: em que medida analisar o investimento em gado através das técnicas existentes proporciona uma tomada de decisão mais segura, minimiza o ambiente de incertezas e gera ao investidor o retorno esperado do capital? 1.2.1 Hipótese A hipótese proporciona, de maneira preditiva ou explicativa, uma solução temporária para o problema apontado. É uma suposição que se realiza na tentativa de conferir a legalidade de resposta existente para um problema (MARCONI; LAKATOS, 2011). 1ª hipótese – O investidor controla seus custos e despesas, utiliza das técnicas de análise de investimento e com isso toma uma decisão segura, projeta fluxos de caixa de maior solidez, reconhece os riscos possíveis do negócio, alcançando como resultado o retorno esperado e planejado pelas projeções. 17 2ª hipótese – O investidor por falta de conhecimento e informações aplica seu capital sem o devido planejamento, expondo-se em elevado grau a perda do dinheiro. Fica sujeito às incertezas do ambiente e trabalha sem previsões e projeções da sua produção. 1.3 OBJETIVOS Com os resultados obtidos através deste trabalho, espera-se que os interessados a injetar recursos na produção de novilhos para abate possam utilizar as técnicas de análise de investimento para minimizar riscos e incertezas advindos da aplicação do capital e alcançar o retorno financeiro esperado. 1.3.1 Objetivo geral Como objetivo geral, este trabalho pretende mostrar a viabilidade econômica do investimento a partir das informações geradas com a utilização das técnicas apresentadas e direcionar o investidor a uma decisão mais eficiente que expõe os riscos e retornos reais do projeto de novilhos para abate. 1.3.2 Objetivos específicos Descrever o cenário do agronegócio hoje no Brasil e no estado do Mato Grosso do Sul e as oportunidades de investimento nesse setor. Identificar metodologias de análise de investimento. Verificar linhas de crédito e financiamento disponíveis no mercado. Avaliar as informações projetadas de um fluxo de caixa de um determinado empreendimento utilizando as ferramentas apresentadas. Apresentar os resultados obtidos para auxiliar os investidores na tomada de decisão quanto à aplicação do capital. 18 1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO O presente trabalho se inicia com a apresentação dos pontos relevantes do estudo através de um resumo. Logo em seguida apresenta uma breve introdução com o tema, justificativa, problemática, hipóteses, objetivo geral e específico. Após esta introdução, consta o referencial teórico que permite ao estudo discutir e analisar os dados coletados através de um embasamento teórico. Posteriormente, foi apresentado o detalhamento da metodologia utilizada no tópico de procedimentos metodológicos, vindo em seguida o resultado e discussão e por fim as considerações finais, onde a hipótese do estudo fica comprovada. 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO Esta etapa apresenta como base desta pesquisa de graduação alguns conceitos utilizados de análise de investimento, a descrição do cenário atual da pecuária brasileira e as linhas de crédito existentes para este ramo, no intuito de avaliar a viabilidade econômica do projeto de investimento do estudo de caso apresentado. 2.1 HISTÓRIA DA PECUÁRIA NO BRASIL Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC, 2011) o Brasil tem cerca de 8,5 milhões m² de extensão onde aproximadamente 20% desta área são pastagens. Ocupando assim, o quinto lugar como maior do mundo em território. A maior parte dos rebanhos é criada em pastagens (cerca de 200 milhões de cabeças). A ABIEC afirma ainda que o Brasil se firmou como potência produtiva e exportadora de carne de boi no ano de 2000 e em 2004 conquistou o primeiro lugar como país exportador. O Brasil tem a capacidade de atender qualquer país hoje, independente do tamanho da demanda e do tipo de carne, carne com teor de gordura elevado ou carne magra, carnes nobres ou carnes com menor valor de mercado. Segundo dados contidos no artigo de Fábio Peixoto Mezzadri publicado em 2007, o maior rebanho mercantil do mundo encontra-se no Brasil, com quase 200 milhões de cabeças de gado. Em 2006 o Brasil já era considerado o maior exportador de carne bovina do mundo, onde neste mesmo ano chegou a abater 44 milhões de bois (cerca de nove milhões de tonelada de carne bovina produzida). Sendo que deste montante 72% foram comercializados aqui no Brasil e 28% foram vendidos para o mercado externo. Fábio Peixoto Mezzadri (2007) afirma ainda que em 2006 o Brasil ultrapassou a Austrália em rendimentos de exportação de carne bovina. Mesmo enfrentando uma fase de dificuldades por causa do surto de febre aftosa, o país conseguiu se manter como maior exportador. Tudo isso foi resultado das melhorias realizadas 20 tanto na qualidade da carne e venda dos cortes embalados, acrescentando valor ao produto brasileiro. Oliveira (2010), afirma em seu artigo publicado no site da Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos que em meados de 1955 surgiu nos Estados Unidos através dos pesquisadores John Davis e Ray Goldberg da Universidade de Harvard o termo “agribusiness”, que significa: A soma total de todas as operações envolvendo a produção e distribuição de suprimentos agrícolas; as operações de produção dentro da fazenda; o armazenamento, processamento e distribuição de produtos agrícolas e dos itens produzidos a partir deles. Oliveira (2010), afirma ainda que no Brasil, o conceito hoje conhecido como Agronegócio, surge nos anos 80, através da expressão “Complexo Agroindustrial”. Heredia, Palmeira e Leite (2010) concordam que através das exportações de produtos agrícolas e agroindustriais, além da expressão “agronegócio” ou agribusiness, adotou-se o conceito das associações de produtores e com essa nova visão, o lado “industrial” que trata do conjunto das atividades do grupo e seus meios de administração passou a ser mais valorizado que somente o lado “agrícola”. Portanto, segundo a Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão agronegócio define-se como: Agronegócio é a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e comercialização dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. E envolve desde a pesquisa científica até a comercialização de alimentos, fibras e energia. Segundo matéria publicada no site do Ministério da Agricultura cujo tema é Bovinos e bubalinos, o Brasil tem aproximadamente 200 milhões de cabeças de gado, conquistando assim o segundo lugar no mundo. E em 2004 se tornou líder nas exportações comercializando para mais de 180 países. Ainda referenciando o mesmo artigo do site do Ministério da Agricultura, existem dois segmentos que proporcionam lucro através dos rebanhos bovinos, a produção de carne e a de leite. No Brasil esses dois segmentos atingiram o valor bruto de produção de R$ 67 bilhões, contando com as atividades realizadas em todos os estados do país. Vale lembrar sobre dois fatores que contribuem para este resultado, o clima tropical e o território extenso que o Brasil tem, sendo a criação de 21 gado em pastagens. O Brasil tem realizado grandes investimentos em tecnologias e capacitação profissional, permitindo assim um maior controle sobre o animal desde o nascimento até o abate. Com os investimentos em tecnologias o país consegue atender as exigências de outros países que atuam com maior rigor. Em um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que o Brasil ao longo desses anos conseguiu se desenvolver neste setor através do aumento da demanda doméstica, aumento das rendas e queda nos preços reais da carne. Com isso, destacou-se entre os países sul-americanos, através da dinâmica de sua produção pecuária que apresentou melhorias nas pastagens, alimentações e investimentos na genética do rebanho. Segundo o artigo publicado pela revista eletrônica Globo Rural em janeiro de 2015, mercados como Taiwan, Indonésia, Japão, Tailândia, Mianmar, Coréia do Sul, Coréia do Norte e Marrocos dão espaço à comercialização do Brasil. Em 2014, a carne bovina brasileira foi mais importada pelos países de Hong Kong, Rússia, União Europeia, Venezuela e Egito. E afirma ainda que a pecuária no Brasil está em constante crescimento e tem conquistado grandes avanços nesta área. 2.1.1 Pecuária no estado do Mato Grosso do Sul De acordo com as informações no portal do Ministério de Trabalho e do Emprego (MTE) o estado do Mato Grosso do Sul se localiza na região Centro-Oeste do Brasil, em uma área de 357.471 km². No ano de 1977, o general Ernesto Geisel (presidente da república) realizou o desmembramento do estado do Mato grosso e a região sul, com intuito de alcançar o desenvolvimento e melhores condições econômicas, geográficas e políticas, reivindicadas no passado. De um lado o Norte apresentava dificuldades com suas características pré-amazônicas. Já o lado Sul demonstrava excepcionais condições de crescimento. Em 1º de janeiro de 1979, tornou-se oficialmente Estado e atualmente é considerado como a fronteira agropecuária mais próspera do país. A partir daí, o estado alcançou nos últimos dez anos um crescimento econômico de 4,5% se diferenciando das demais áreas do país que ficaram em torno dos 2,6% ao ano. 22 Com isso, a economia agropecuária da região conta com 22 milhões de cabeças de gado e lidera a primeira posição no Brasil nas atividades de criar e abater bovinos. Silva Júnior (2011), vice-presidente de Finanças da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), afirma que: A pecuária sul-mato-grossense é considerada uma das mais adiantadas no Brasil. Tem a base genética do Nelore somada à base genética europeia vinda dos Estados do Sul. E, na última década, a chegada de pecuaristas de São Paulo, Minas Gerais e Goiás contribuiu para que o MS fosse reconhecido como detentor de um rebanho que se destaca não só pela quantidade como pela qualidade, o que atraiu indústrias frigoríficas. O autor afirma ainda que o Mato Grosso do Sul conta com os maiores e melhores frigoríficos do país e essa grande concentração de indústrias exigiu mudanças na pecuária de corte brasileira. E ele salienta: Mas, de um modo geral, a pecuária sul-mato-grossense está preparada para atender às exigências do consumidor, tanto brasileiro, que teve aumentado o poder de consumo, como o do mercado externo. Na concepção de Silva Júnior os gargalos da pecuária de Mato Grosso do Sul são iguais aos dos outros setores do agronegócio, que por sua vez são tratados com políticas distorcidas, já que o governo não disponibiliza nenhum tipo de proteção e não conta com subsídios. E explica: E ainda há alta concentração de plantas frigoríficas, o que leva o monopólio na compra de matéria-prima e pode gerar desequilíbrio entre os dois elos: indústria e produtor. Essas condições, que no primeiro momento dão a impressão de gargalo, devem ser entendidas, processadas e relativizadas pelo pecuarista. Temos a obrigação e a responsabilidade de transformar ameaças em oportunidades. Segundo a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul, 2014), através de dados cedidos pelo SIGA/MS (Projeto de Levantamento do Uso e Ocupação do Solo dos Municípios do Mato Grosso do Sul), as pastagens sul-mato-grossenses ocupam cerca de 20,733 milhões de hectares, alcançando 58,1% das áreas do estado do Mato Grosso do Sul. 23 Figura 1 – Distribuição do rebanho de corte em Mato Grosso do Sul Fonte: Contribuições da agropecuária para o desenvolvimento socioeconômico do MS (Famasul, 2014) De acordo com a Famasul no ano de 2013 o principal país a importar carne bovina do Mato Grosso do Sul foi a Rússia com 34,48%, Hong Kong ficou em segundo lugar com 16,42 e assim por diante (Figura nº 2). Figura 2 – Países importadores de carne bovina sul-mato-grossense Fonte: Contribuições da agropecuária para o desenvolvimento socioeconômico do MS (Famasul, 2014) 24 A Famasul ainda apresenta estimativa de dados sobre o Produto Interno do Bruto (PIB) da Agropecuária do Mato Grosso do Sul que deve atingir os R$14,9 bilhões em 2015, valor superior ao de 2014 de R$13,9 bilhões. Mascarenhas (2014) associa esta previsão de crescimento significativo do PIB ao aumento do preço da arroba do boi gordo, uma vez que a oferta encontra-se restrita podendo ocorrer uma maior disponibilidade da carne bovina no mercado em 2016. A Federação de Agricultura e Pecuária Mato-grossense revela que o Programa Novilho Precoce é de suma importância para a pecuária sul-matogrossense. Criado através do Decreto nº 6.344, no ano de 1992 mais precisamente no dia 30 de janeiro; mas o Programa em si só foi implantado com a criação do Programa de Avanços na Pecuária de Mato Grosso do Sul – PROAPE onze anos depois, em 2003. Hoje o Programa de Novilho Precoce segue as normas das Resoluções conjuntas SERC/SEPROTUR nº033/2003 e SEFAZ/SEPROTUR nº61/2010. Todas as pessoas que trabalham com a pecuária no Mato Grosso do Sul podem aderir ao programa, um dos benefícios do Programa é a redução de ICMS; vale lembrar que existem também regras a ser seguidas por aqueles que aderem ao Programa (Famasul, 2014). 2.1.2 Perspectivas para o Brasil Conforme o informativo pecuário divulgado semanalmente pela empresa Scot Consultoria, Lopes (2015) relata sobre informações divulgadas pelo Banco Central do Brasil onde o teto da meta da inflação continuará, taxa Selic será no mínimo de 12,25% e o PIB deverá crescer em uma estimativa de 0,7%. Para o autor, caso não ocorra uma alteração no cenário macroeconômico, a capacidade de consumo se comprometerá em um ambiente de alta de preços, com ofertas restritas de boiadas e margens reduzidas para atacadistas e varejistas. Em contrapartida com isso, Módolo (2015, p.13) estima boas perspectivas para o mercado, apesar de possíveis quedas na produção mundial: O dólar está subindo. De dezembro de 2013 a dezembro de 2014 a moeda norte-americana passou de R$2,32 para R$2,72, alta de 17,2% e a projeção do Banco Central para 2015 é de que a taxa de câmbio permaneça neste patamar. O USDA estima queda na produção mundial de carne bovina em 1,4% (58,74 milhões de tec). 25 Porém, a autora defende que mesmo o país tendo sua fatia de mercado definida, alguns lugares de oferta ainda são disputados em comum como Hong Kong, China e Oriente Médio. E prevê que, entre exportadores como Austrália e Estados Unidos, sendo a produção reduzida e a manutenção dos mercados do Japão e Coréia do Sul disputadas pela melhor remuneração da carne, haverá possibilidade de um espaço maior para carne brasileira nos clientes em comum, já que o mercado internacional pode se valorizar mesmo com a oferta sendo restrita, instigando as exportações ainda mais. Segundo Carvalho (2014) em sua publicação na ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) algumas mudanças são necessárias para uma melhor compreensão do agronegócio dos últimos tempos. Estar perceptível ao mercado torna-se essencial para o crescimento econômico e social do país. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mostra que a expansão das fronteiras agropecuárias integra o país e leva riquezas para o interior. Suas projeções para o futuro são de fortes incrementos na produção e na exportação dos produtos do agronegócio brasileiro a níveis nacionais e internacionais, demandas por investimentos em infraestrutura e logística, ordenamento e planejamento básico. Assim naturalmente será possível o alcance dos resultados esperados. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) apresenta algumas afirmações dos analistas da CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) quanto às projeções para o agronegócio: Em 2015 o agronegócio pode ser o grande condicionante do desempenho da economia nacional. Representando 23% do PIB brasileiro, ele pode ser o único setor com crescimento mais expressivo, dado que muitos segmentos da indústria não conseguem avançar e os serviços estão em processo de exaustão. Ainda em estudos divulgados pela CEPEA (2014, p.2) o Brasil conta temporariamente como base com a eficiência e competitividade da agropecuária e agroindústria, indústrias de minério, petróleo e outros segmentos, na intenção de que as mudanças estruturais necessárias aconteçam para que os resultados esperados para o crescimento econômico do país sejam alcançados. O centro de estudos ainda mostra que a tendência é do preço da carne não diminuir, sendo levados em consideração alguns pontos importantes como a alta volatilidade, advinda do clima, e os fatores macroeconômicos. 26 De um lado, mudanças possíveis, mas incertas, na liquidez e na taxa de juros internacionais têm sido importantes determinantes do comportamento dos preços das commodities, cada vez mais vistas como ativos objetos de aplicações financeiras. Perspectivas de menor liquidez e maiores juros internacionais acenam para dólar mais valorizado. Para eles o que poderá beneficiar a comercialização da carne bovina brasileira, mesmo sob as incertezas do desempenho do câmbio no mercado interno, será a permanência do embargo da parte da comunidade internacional à Rússia. Em consonância com isso Paludo citado por Oliveira (2010) também acredita em uma grande oportunidade que surge ao Brasil com o embargo aos países dos Estados Unidos e Europa de não terem permissão para exportarem seus produtos agropecuários para a Rússia. Para ele através dessa medida, as exportações de carne, milho e soja poderão sofrer inovações como ocorreu com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, causando um embate no mercado de commodities (produtos primários com cotação internacional). 2.2 ANÁLISE DE INVESTIMENTO Investimento é conceituado por Assaf Neto e Lima (2009, p. 352) da seguinte forma: Investimento é a aplicação da poupança em alguma alternativa econômica que promete pagamentos de juros no futuro, geralmente de longo prazo. No ambiente das empresas, investimento equivale às aquisições de bens produtivos, como máquinas, equipamentos, sistemas, tecnologia etc. Em outras palavras investimento é um sacrifício que o investidor realiza hoje com intuito de obter benefícios no futuro. Segundo Megliorini e Vallim (2009, p. 125), a forma de antecipar os resultados que um projeto oferece através de estimativas é conhecida como análise de investimento. Por meio da utilização de técnicas é possível realizar uma comparação dos resultados obtidos em alternativas variadas auxiliando aquele que é responsável por tomar decisões a realizar essa análise. A análise de investimento consiste na aplicação de técnicas específicas provenientes dos princípios financeiros com intuito de revelar a opção mais sensata 27 entre as possíveis alternativas para o investimento. De modo técnico a análise se apoia em equações que tenham como propósito avaliar se é viável ou não, certo investimento, em outras palavras, se é rentável ou não (KUHNEN; BAUER, 2001). Segundo Kuhnen e Bauer (2001, p. 389): O conceito de análise de investimento pode hoje ser um conjunto de técnicas que permitem a comparação entre resultados de tomada de decisões referentes a alternativas diferentes de uma maneira científica. De acordo com Gitman (2004, p. 184) “fundamentalmente, risco é a possibilidade de perda financeira. Os ativos considerados mais arriscados são os que oferecem maiores possibilidades de perda financeira”. Ativo circulante é classificado segundo Limeira et al (2010, p.34) como todos os bens e direitos que aconteça “no curso do exercício social seguinte ao encerramento do exercício atual”. Já no ativo realizável ao longo prazo é incluído por ele: [...] os bens e direitos e direitos cuja realização é certa ou provável após o término do exercício social subsequente, ou seja, a realização ocorrerá num prazo superior a um ano, a contar da data de apresentação do balanço patrimonial do exercício atual. Gitman (2010) afirma que para um tomador de decisão, analisar o investimento é algo indispensável, pois através desta análise, os riscos de uma operação são minimizados. E toda análise de investimento deve se considerar o risco. Para Assaf Neto e Lima (2009, p. 378) dentro da análise econômica realizada em investimentos, os métodos quantitativos estão divididos em dois grupos: [...] os que não levam em conta o valor do dinheiro no tempo e os que consideram essa variação por meio do critério do fluxo de caixa descontado. Em razão do maior rigor conceitual e da importância para as decisões de longo prazo, dá-se atenção preferencial para os métodos que compõem o segundo grupo: taxa interna de retorno (IRR) e valor presente líquido (NPV). 28 2.2.1 Fluxo de Caixa Considerada como a etapa mais difícil, porém importante da elaboração do orçamento de capital estão as estimativas do fluxo de caixa, que avalia o dispêndio do investimento e as entradas líquidas anuais do caixa, após início do projeto. Sua complexidade se dá pelo envolvimento de variáveis vindas de diversos departamentos existentes em uma organização como a equipe de marketing, de engenharia e desenvolvimento de produtos, contadores de custos, peritos em produção, gestão de pessoas, compradores entre outros. Todos participantes e influenciadores do processo de alguma maneira. (RIBEIRO, 2002, p. 46) O fluxo de caixa serve para os gestores tanto planejar e tomar decisões como para gerir as finanças diárias da organização, no intuito de agregar ainda mais valores aos acionistas. Seu principal objetivo é demonstrar as entradas e as saídas de caixa de um determinado período estabelecido. (GITMAN, 2010, p.95-99). A demonstração do fluxo de caixa tem por objetivo segundo Limeira et al (2010, p.22) indicar informações referente as movimentações, saldo de caixa e seus equivalentes. Já o balanço patrimonial consiste em apresentar economicamente sua situação financeira em certo período, sendo decorrente das suas transações que envolvem bens, direitos e obrigações. Com isso Gitman (2010, p. 95-99) associa a demonstração do fluxo de caixa com os balanços patrimoniais do começo ao fim de um período e os definem de três maneiras: 1. Fluxos operacionais quando envolvem as vendas e produções de bens e serviços a partir das entradas e saídas de caixa. 2. Fluxos de investimento quando há participações societárias envolvidas e aquisição e venda de ativos imobilizados. 3. Fluxos de financiamento quando as movimentações financeiras são decorrentes do capital próprio ou de terceiros, gerando comprometimento da empresa em quitar essas dívidas de curto a longo prazo. Portanto, para Gitman (2010, p.102), a melhor compreensão financeira do caixa surge com essas demonstrações dos fluxos, tornando mais perceptíveis os eventos que ocorrem em desacordo com a política financeira da empresa. Com isso 29 é possível avaliar o cumprimento daquilo que foi planejado, permitindo uma ação de aos pontos ineficientes. Esses três fluxos operacional, de investimento e de financiamento quando ajustados a um dado período farão com que o saldo de caixa e títulos negociáveis da empresa aumente, diminua ou permaneça inalterado. (RIBEIRO, 2002, p. 48) Apropriadamente Megliorini e Vallim (2009, p.57-58) também argumentam e explicam sobre essa divisão dos fluxos em operações, investimentos e financiamentos. Para os autores, o fluxo de caixa apresenta a origem e o destino do capital em certo período, proporcionando ao gestor uma avaliação das necessidades quanto ao seu capital de giro como mostra em uma situação de análise a seguir: O fluxo de caixa das operações, no exemplo, é obtido pela soma do lucro ou prejuízo do exercício com a depreciação e amortização (que não representa uma saída de caixa), ajustada pelas variações dos ativos e passivos circulantes operacionais, que, por sua vez, são obtidas pela diferença entre os valores das respectivas contas do balanço atual e do anterior. Através dessa análise, ambos concluem que é possível avaliar os recursos da empresa. Se houve injeção de capital no caixa para financiamentos dos ativos operacionais, o montante resultará positivamente. Porém, caso ocorra no capital de giro diminuição dos recursos alocados, o montante ficará negativo. 2.2.1.1 Fluxo de caixa incremental Levar em consideração na tomada de decisão o conjunto específico de fluxos de caixas, ou seja, os fluxos de caixa relevantes fazem parte do início do processo para as estimativas. Duas regras básicas ajudam os analistas a evitar enganos, uma vez que o erro ocorre frequentemente: “As decisões de elaboração do orçamento de capital devem estar baseadas em fluxos de caixa e não em lucros contábeis e somente os fluxos de caixa incrementais são relevantes para a decisão de aceitar ou rejeitar o projeto”. (RIBEIRO, 2002, p. 49, grifos do autor). Quando o assunto for investimentos, o foco no momento da avaliação do projeto de capital deverá ser nos fluxos de caixa que proporcionam diretamente uma decisão de aceitação do projeto. Os fluxos de caixas incrementais possuem essa 30 função e representam as alterações do fluxo de caixa da empresa como um todo, advindos direto da aceitação do projeto. (RIBEIRO, 2002, p. 50) 2.2.1.2 Composição do fluxo de caixa Com relação a projetos de investimentos, Megliorini e Vallim (2009, p. 123) consideram para o fluxo de caixa, as variáveis do investimento inicial, as entradas de caixa e o fluxo de caixa residual e os autores as definem: 1. Investimento inicial: quantidade de capital disponível para implantar o projeto, sendo considerados os custos com a instalação e a compra de um novo ativo, recebimento das vendas dos antigos ativos e alteração no capital de giro, caso ocorra. 2. Entradas de caixa: valores que incrementaram o caixa, após os impostos, resultantes do projeto ao longo de sua vida útil. Ou seja, diferença entre as receitas operacionais (venda dos produtos e serviços do projeto) e os custos e despesas operacionais (advindos do funcionamento normal do projeto). 3. Fluxo de caixa residual: receita líquida gerada da venda do ativo, com o término da vida útil do projeto, independente do seu estado atual. Sejam os projetos para expandir, substituir, modernizar ou qualquer outro motivo, ambos não precisam necessariamente possuir os três componentes. Em alguns casos, a fluxo residual não é apresentado, sendo considerados somente os itens do investimento inicial e as entradas de caixa operacionais. (RIBEIRO, 2002, p. 53). Ribeiro (2002) ainda explica que o diagrama do fluxo de caixa é composto pelo tempo, representado na escala horizontal (sendo em meses, semestres e anos), as receitas ou entradas de caixas são as flechas para cima e as despesas e saídas são representadas pelas flechas para baixo, sendo relevante considerar o investimento realizado no instante zero e simular no fim dos períodos considerados as despesas e receitas. Vale ressaltar também a possibilidade de escolha da unidade de tempo mais adequada ao problema. Para ele, as movimentações de dinheiro, ou seja, entradas e saídas de caixa são as vertentes que principalmente devem ser destacadas na análise do projeto de 31 investimento. Atentar para a utilização de alguns termos como receitas e despesas, por exemplo, é importante, uma vez que na análise de projetos deverão ser entendidos não na classificação contábil, mas sim pelos efeitos no caixa. Igualmente o valor residual não atribui um valor contábil, mas sim a possibilidade de conseguir um caixa pela venda de um bem no mercado. “Os fluxos de caixa constituem, de certa forma, a matéria-prima, com base na qual será avaliada a rentabilidade esperada de um investimento, elemento essencial do processo de decisão”. (RIBEIRO, 2015, p. 20). Figura 3 – Diagrama de fluxo de caixa de um projeto. Fonte: Curso de Análise de Investimentos – Prof. Francisco O. O. Ribeiro (2015, p. 19) 2.2.1.3 Componentes do fluxo de caixa As principais variáveis que compõem os fluxos de caixa segundo Ribeiro (2002) são: Receita Líquida: são os caixas incrementais que entram durante a vida útil dos projetos, com impostos como ICMS, PIS/COFINS etc, sendo descontados. Custos e despesas: são os caixas incrementais que saem posteriormente do projeto em funcionamento, sendo classificados em fixos ou variáveis. 32 Depreciação: valor contábil utilizado unicamente para pagar o imposto de renda, concedido pela divisão do investimento pela vida útil do ativo. Investimento: montante líquido de recursos a ser aplicado na inserção do projeto, podendo ser obtido por: custos ampliados da instalação vindos do valor de aquisição de um novo ativo e caso ocorra substituição dos ativos, pelo recebimento da venda dos mesmos. Valor Residual: receita líquida desconsiderando os impostos, gerada pela venda do ativo ao final de sua vida útil para empresa, independente do valor contábil e do estado que se encontra o bem. TMA (Taxa Mínima de Atratividade): “Rentabilidade mínima exigida dos investimentos pelos dirigentes da empresa como parte de sua política de aquisições”. (RIBEIRO, 2002, p.18). A partir da estimativa de um fluxo de caixa, a aceitação ou rejeição de um projeto será determinada pela TMA, pois o projeto atrativo será aquele que adicionará valor a empresa custando menos, e rendendo mais. Para o autor: A escolha da TMA “adequada” é crucial porque uma TMA superior ao custo de capital pode eliminar projetos que adicionariam valor ao negócio, enquanto que uma TMA inferior ao custo de capital elegeria projetos que subtraem valor ao negócio. Todos os projetos que apresentarem um retorno mínimo igual ao custo de capital teriam condições de ser implementados, é claro tem de ser observado o racionamento de capital, pois remunerariam os capitais neles investidos ao seu custo de oportunidade. A escolha da TMA deve, portanto, guardar estreita relação com o custo de capital para os diferentes níveis de risco dos investimentos. O estabelecimento sistemático de uma TMA superior ao custo de capital poderia redundar em perda de competitividade pela rejeição de projetos rentáveis quando descontados ao custo de capital. Capital de Giro: é utilizado principalmente para os momentos de defesagem dos processos de produção e de vendas. Ele consegue dar suporte para que a operação seja financiada até o momento em que os ingressos gerados pela atividade produtiva sejam embolsados. De acordo com a definição do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o capital de giro representa: 33 [...] capital de trabalho, ou seja, o capital necessário para financiar a continuidade das operações da empresa, como recursos para financiamento aos clientes (nas vendas a prazo), recursos para manter estoques e recursos para pagamento aos fornecedores (compras de matéria-prima ou mercadorias de revenda), pagamento de impostos, salários e demais custos e despesas operacionais. Em consonância com isso Ribeiro (2002, p. 48) afirma que, dentro do processo de elaboração de previsões, vale destacar entre as funções da equipe de finanças o cuidado para que nenhuma tendenciosidade se infiltre nas previsões, pois em algumas ocasiões os objetivos dos gestores podem não convergir com os dos proprietários o que gera dificuldades no gerenciamento. Ainda referenciando o mesmo autor durante o período em que os clientes custam para pagar suas compras, a empresa, que vende sua produção a crédito, deverá contar com fundos que mantenham as operações nesses tempos de inadimplências. Com isso as operações também são expostas as sofrer sazonalidades, necessitando manter reservas (estoques) no intuito de não haver severas modificações no processo produtivo e no programa de produção. Figura 4 – Formulário para montar o fluxo de caixa Fonte: Apostila Curso de Análise de Investimentos (2015, p. 19). 2.2.2 Técnicas de Análise de Investimentos Destinar recursos financeiros em longo prazo compromete a empresa e necessita de decisões seguras e bem planejadas. Existem diversos motivos para 34 uma empresa comprometer seu capital. São situações como adquirir novas máquinas ou modernizar as existentes, ampliar ou reformar estruturas físicas, gastar com pesquisas ou propagandas, desenvolver novos produtos, aumentar sua participação no mercado por meio da oferta, exportar ao mercado externo e assim entre outras infinitas justificativas. (MEGLIORINI; VALLIM, 2009, p. 122). Para Megliorini e Vallim (2009, p.122) todo aquele que deseja investir, necessita recorrer a algumas iniciativas como “novos empréstimos, emissões de debêntures e de novas ações ordinárias e preferências e, até mesmo, aos lucros retidos”. 2.2.2.1 Payback Period Payback é definido por Gitman (2010), como sendo o espaço de tempo necessário para adquirir novamente o investimento inicial realizado em um determinado projeto e/ou negócio e que o mesmo seja recuperado através das entradas de caixa. Os períodos de payback são normalmente usados para avaliar propostas de investimento de capital. O período de payback é o tempo necessário para que a empresa recupere o investimento inicial em um projeto, calculado a partir das entradas de caixa. No caso de uma anuidade, o período de payback pode ser encontrado dividindo-se o investimento inicial pela entrada de caixa anual. No caso de uma série mista de entradas de caixa, as entradas de caixa anuais precisam ser acumuladas até a recuperação do investimento inicial. (GITMAN, 2010, p. 366, grifo do autor). Os autores Assaf Neto e Fabiano Lima (2009, p. 378) conceituam que “o período de payback, de aplicação bastante generalizada na prática, consiste na determinação do tempo necessário para que o investimento inicial seja recuperado pelas entradas de caixa promovidas pelo investimento”. Em outras palavras “o payback – ou prazo de retorno – representa o tempo necessário (anos, meses e dias) para a recuperação do investimento inicial” (MEGLIORINI; VALLIM, 2009, p. 127), pois, esta técnica foca no “tempo” gasto para recuperar o capital investido. Gitman (2010, p. 366) afirma que a forma de calcular o método de payback é bastante simples e de fácil compreensão, que este método não considera o lucro 35 contábil e sim o fluxo de caixa; com este método o investimento inicial é rapidamente recuperado e o mesmo mostra o grau de risco de um determinado projeto; que o período de payback é indicado na tomada de decisão à avaliação de planos em composição de risco elevado e o mais adequado para a avaliação de projetos de curto prazo, pois quanto mais curto o período de payback, menor é o tempo de exposição ao risco. No período de payback “seu ponto fraco reside na falta de ligação com o objetivo de maximização da riqueza, por não considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo e ignorar os fluxos de caixa ocorridos após o período de payback” (GITMAN, 2010, p. 380). 2.2.2.1.1 Exemplo de aplicação do Payback Period Em um exemplo de aplicação do Payback demonstrado por Megliorini e Vallim (2009, p.128-129) através de um fluxo de caixa nominal, podemos perceber o resultado sem descontar o fluxo de caixa. Segundo os autores “A empresa Rio Grande S.A. deseja determinar o payback simples do projeto J, sendo sua TMA de 15% ao ano. Seu fluxo de caixa nominal é apresentado na tabela 1”: Tabela 1 – Fluxos de caixa nominal do projeto J ANO FLUXO DE CAIXA NOMINAL DO ANO ACUMULADO R$ R$ 0 (72.700) (72.700) 1 14.375 (58.325) 2 23.805 (34.520) 3 30.600 (3.920) 4 38.618 34.698 5 48.272 82.970 Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128) A partir das informações do fluxo nominal, aplica-se a seguinte fórmula: 36 Tabela 2 – Equação do Payback Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128) Com o emprego do payback period, ou seja, sem efetuar o desconto do fluxo de caixa, a empresa Rio Grande S.A. recupera o capital investido em três anos, um mês e sete dias. 2.2.2.2 Técnicas que consideram a variação que o capital sofre com o tempo Para Gitman (2010, p.364) as análises financeiras sobre os investimentos podem ser feitas por inúmeras técnicas, como por exemplo, o Payback que considera o tempo necessário para recuperação do capital, o VPL (Valor Presente Líquido) que considera o valor do dinheiro no tempo, a TIR (Taxa Interna de Retorno) que apresenta a taxa de retorno anual que a organização terá com o investimento no projeto e o recebimento das entradas de caixa previstas entre outras existentes. 2.2.2.2.1 Valor Presente Líquido (VPL) Orçamento de capital é o processo de decidir por procurar e adquirir em longo prazo, ativos para empresa. Para isso, várias técnicas, métodos e critérios são utilizados no processo de decisão. Gerar fluxo de caixa futuro e renda econômica deve ser os resultados de grande valor de um projeto. (SAMANEZ, 2007, p. 179). 37 Entre as técnicas de orçamento de capital, encontram-se a VPL (Valor Presente Líquido) que segundo Gitman (2010, p. 369) representa o valor do dinheiro no tempo. Para ele, essa taxa conhecida como taxa de desconto, retorno requerido, custo de capital ou custo de oportunidade, difere das demais porque se baseia no mínimo de retorno que um projeto precisa proporcionar para o valor de mercado da empresa não sofrer alterações. Já a maioria das técnicas em si determina uma taxa e descontam seus fluxos de caixa. Para definir o VPL, o autor determina “subtrair o investimento inicial de um projeto (FCo) do valor presente de suas entradas de caixa (FCt) descontadas à taxa de custo do capital da empresa (r)”. “O valor descontado líquido de todos os fluxos de caixa prospectivos é uma medida direta da atratividade econômica relativa do investimento proposto”. (RIBEIRO, 2002, p.34). Samanez (2007, p. 179-180) expressa que o VPL calcula “em termos de valor presente, o impacto dos eventos futuros associados a uma alternativa de investimento” e argumenta ser o melhor critério de decisão para maximizar o valor da empresa. Segundo ele, o VPL é definido pela seguinte expressão: Figura 5 - Expressão do VPL Fonte: Matemática Financeira – Carlos Patricio Samanez (2007, p.180) Nesta perspectiva Samanez (2007, p.180) explica a fórmula da seguinte maneira: FCt representa o fluxo de caixa no t-ésimo período, I é o investimento inicial, K é o custo do capital e o símbolo ∑, somatório, indica que deve ser realizada a soma da data 1 até a data n dos fluxos descontados no período inicial. A regra decisória a ser seguida ao se aplicar o VPL é: empreenda o projeto se o VPL for positivo. O autor revela que essa técnica tem por objetivo apresentar para os patrocinadores, um VPL com resultado positivo, que custe menos e valha mais. 38 Esses cálculos projetam as “preferências entre consumo presente e consumo futuro e a incerteza associada aos fluxos de caixa futuros”. (SAMANEZ, 2007, p.180). O processo por meio do qual os fluxos de caixa são ajustados a esses fatores chama-se desconto e a magnitude desses fatores é refletida na taxa de desconto usada (custo do capital). O processo de desconto converte os fluxos de caixa futuros em valores presentes, pois fluxos de épocas diferentes não podem ser comparados nem agregados enquanto não forem convertidos para valores de uma mesma época. (SAMANEZ, 2007, p.180) Portanto, a viabilidade econômica da alternativa é avaliada pelo VPL resultando positivamente. Como dizem Ross; Westerfield; Jaffe (2010, p.127) a ascendência do VPL prevalece nos seguintes atributos: 1. Funções como quitação de dividendos ou juros e priorização de outros projetos de investimentos podem ser escopos de um fluxo de caixa. Embora vantajoso para os contadores, os lucros contábeis são formas disfarçadas no VPL e não devem ser considerados na análise de investimento, pois não simulam fluxos de caixa. 2. Diferente de alguns aspectos que desconhecem fluxos de caixa além de certa data, o VPL utiliza todos os fluxos do projeto. 3. Enquanto alguns “ignoram o valor do dinheiro no tempo”, o VPL desconta os fluxos de caixa corretamente. 2.2.2.2.1.1 Exemplo de aplicação do VPL Exemplo de aplicação do VPL demonstrado por Megliorini e Vallim (2009, p.129-130): “A empresa Rio Grande S.A. decidirá, com base no VPL, entre dois projetos mutuamente excludentes, A e B, cujos fluxos de caixa são apresentados na figura 6. O custo de capital para esses projetos é de 18% ao ano”. 39 Figura 6 – Representação gráfica do VPL Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 129). Tabela 3 – Fluxos de caixa projetos A e B ANO PROJETO A PROJETO B FLUXO DE CAIXA FLUXO DE CAIXA R$ R$ 0 (140.000) (180.000) 1 40.000 50.000 2 40.000 55.000 3 45.000 60.000 4 45.000 65.000 5 50.000 70.000 6 60.000 70.000 Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 130) Calculando o VPL de cada projeto: 40 Figura 7 – Cálculo dos VPL dos projetos Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 130) Utilizando a calculadora financeira HP 12 C para calcular o VPL, temos: Figura 8 – Cálculo dos VPL pela calculadora financeira Fonte: Administração Financeira Megliorini e Vallim (2009, p. 130) Embora os projetos A e B tenham VPLs positivos, por se tratar de projetos mutuamente excludentes, a Rio Grande S.A. deve optar pelo projeto B, pois apresenta VPL maior. 2.2.2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) Para Ribeiro (2002, p. 34) quando a ideia for investir, a taxa interna de retorno (TIR) será a taxa de juros (por período de juros) para o montante presente que resultou do projeto e que será similar ao valor presente dos desembolsos. 41 Exemplificando, ele a define como “taxa de juros em que o valor presente líquido de todos os recebimentos e pagamentos é igual a zero e os recebimentos e pagamentos são tratados como fluxos de caixa positivos e negativos, respectivamente”, como mostra a fórmula a seguir: Figura 9 - Fórmula do TIR Fonte: Matemática Financeira – Carlos Patricio Samanez (2007, p.181) O autor ainda argumenta que quando calculada a partir desta fórmula, a TIR passará a considerar o dinheiro e também a data dos gastos e retornos esperados. De tal forma ela acabará apresentando ao projeto sua proporção de lucro. A aceitação para esse investimento se dá pela comparação da TIR com a TMA, que poderá ser conquistada com a rejeição do projeto indicado e com o investimento do capital sendo destinado a outras possibilidades. A respeito desse assunto ele comenta: Esses dois passos efetuados em conjunto – determinação da taxa de retorno do projeto e comparação com a taxa mínima atrativa – são as características essenciais do método da taxa de retorno. (RIBEIRO, 2002, p. 34). E finaliza que por se tratar de uma “função polinomial de grandeza maior que dois”, uma grande dificuldade existe ao realizar o cálculo manual por fórmulas matemáticas. Como resultado desse cálculo, o que pode ocorrer será uma técnica de “tentativa e erro”. Por isso, as planilhas eletrônicas e as calculadoras financeiras facilitaram a realização dessas equações. Considerada como a alternativa mais importante ao enfoque do VPL na concepção de Ross, Westerfield, Jaffe (2010, p.131) encontramos a TIR, que segundo os autores: 42 O raciocínio básico por trás da TIR é o de que se procura obter uma única cifra para sintetizar os méritos de um projeto. Essa cifra não depende do que ocorre no mercado de capitais. É por esse motivo que é chamada de taxa interna de retorno; a cifra é interna ou intrínseca ao projeto e não depende de mais nada, a não ser dos fluxos de caixa do projeto. Ou seja, para eles o VPL de um projeto torna-se nulo a partir então da TIR. Uma empresa deve propor a aceitar o projeto caso a taxa de desconto seja inferior ao TIR e rejeitar o projeto quando a taxa de desconto seja superior a TIR. Megliorini e Vallim (2009, p.131) apresentam a TIR da seguinte maneira: Figura 10 - Equação do TIR Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.131). 2.2.2.2.2.1 Exemplo de aplicação da TIR Exemplo de aplicação da TIR demonstrado por Megliorini e Vallim (2009, p.131): “A empresa Rio Grande S.A., decidirá, com base na TIR, entre dois projetos mutuamente excludentes, X e Y, cujos fluxos de caixa são apresentados na tabela 4. A TMA para esses projetos é de 22% ao ano”. Tabela 4 – Fluxos de caixa dos projetos X e Y ANO PROJETO X PROJETO Y FLUXO DE CAIXA FLUXO DE CAIXA R$ R$ 0 (180.000) (150.000) 1 50.000 30.000 2 60.000 50.000 3 70.000 70.000 4 80.000 90.000 5 90.000 110.000 Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.131). Utilizando a calculadora financeira HP 12 C para calcular a TIR temos: 43 Figura 11 – Cálculo do TIR pela calculadora financeira Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.131). Embora os Projetos X e Y tenham TIR superiores ao custo de capital, por se tratar de projetos mutuamente excludentes, a Rio Grande S.A. deve optar pelo Projeto Y, que apresenta TIR maior. 2.2.2.2.3 Payback Descontado Os autores Assaf Neto e Lima (2009, p. 379) afirmam que: “O período de payback descontado traz todos os fluxos de caixa ao mesmo momento de tempo (a valor presente), incorporando o conceito do valor do dinheiro no tempo”. Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 129) afirmam: superficialmente, o payback descontado se mostra como sendo uma opção atraente, mas quando examinado com mais atenção revela que possui deficiências iguais as do payback simples. Da mesma forma que o payback, o payback descontado exige antes de tudo que “façamos uma escolha mágica de um período de corte arbitrário”, em seguida desconsidera os fluxos de caixa que sucedem a partir deste momento. 2.2.2.2.3.1 Exemplo de aplicação do Payback Descontado Exemplo de aplicação do Payback Descontado demonstrado por Megliorini e Vallim (2009, p.128-129): “A empresa Rio Grande S.A. deseja determinar o payback 44 descontado do projeto J e que sua TMA seja de 15% ao ano”. O fluxo de caixa nominal (tabela 5) e o fluxo de caixa descontado (tabela 6) são apresentados abaixo: Tabela 5 – Fluxos de caixa acumulados dos projetos M e N ANO PROJETO M PROJETO N DO ANO ACUMULADO DO ANO ACUMULADO R$ R$ R$ R$ 0 (120.000) (120.000) (140.000) (140.000) 1 40.000 (80.000) 20.000 (120.000) 2 40.000 (40.000) 30.000 (90.000) 3 40.000 0 40.000 (50.000) 4 40.000 40.000 50.000 0 5 40.000 80.000 60.000 60.000 6 40.000 120.000 80.000 140.000 7 40.000 160.000 100.000 240.000 8 40.000 200.000 120.000 360.000 Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128) Tabela 6 – Fluxos de caixa descontado do projeto J ANO FLUXO DE CAIXA NOMINAL FLUXO DE CAIXA DESCONTADO DO ANO ACUMULADO DO ANO ACUMULADO R$ R$ R$ R$ 0 (72.700) (72.700) (72.700) (72.700) 1 14.375 (58.325) 12.500 (60.200) 2 23.805 (34.520) 18.000 (42.200) 3 30.600 (3.920) 20.120 (22.080) 4 38.618 34.698 22.080 (0) 5 48.272 82.970 24.000 24.000 Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.128) Tabela 7 – Equação do Payback Descontado Fonte: Próprios autores. 45 Para descontar o valor do fluxo de caixa de cada ano, emprega-se a equação: Figura 12 – Equação para descontar o valor do fluxo de caixa de cada ano Fonte: Administração Financeira – Megliorini e Vallim (2009, p.129) E as define como: VP = valor presente, que corresponde ao valor do fluxo de caixa de cada período descontado para a data do investimento inicial, VF = valor futuro, que corresponde ao valor do fluxo de caixa de cada período, k = taxa de desconto, que corresponde à taxa mínima de atratividade, n = número de períodos que serão descontados. Com o emprego do payback descontado, a empresa Rio Grande S.A. recupera o capital investido em quatro anos. 2.2.2.2.4 Critérios de Decisão Gitman (2010, p. 366) afirma que por mais que as técnicas de análise de payback simples e descontado apresentem resultados diferentes, ambos utilizam critérios iguais tanto para aprovação quanto para rejeição de um determinado projeto. O mesmo afirma que deve se seguir os seguintes critérios: “Se o período de payback for menor do que o período máximo aceitável de payback aceitar o projeto”, 46 mas “se o período de payback for maior do que o período máximo aceitável de payback rejeitar o projeto”. Ross; Westerfield; Jaffe (2010, p. 127) também classificam como simples a técnicas de análise de payback na tomada de decisão em um investimento. Como eles exemplificam a seguir: Seleciona-se certo período de corte, digamos, de dois projetos que tiverem períodos de payback de dois anos aceitos e todos os que proporcionarem recuperação do mais de dois anos – se é que isso chega a acontecer – (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2010, p. 127). anos. Todos os ou menos serão investimento em serão rejeitados. Ribeiro (2002) afirma que na avaliação de dispêndios de capital é difícil dizer qual a melhor forma de análise, pois, tanto na prática quanto na teoria, os pontos fortes são diferentes. O autor afirma que a melhor técnica para analisar um orçamento de capital é o VPL. É importante ressaltar que a utilização do VPL supõe que as entradas adquiridas através de um investimento sejam investidas novamente em custo de capital do empreendimento. Segundo Ribeiro (2002) a utilização da TIR torna possível realizar um reinvestimento com uma taxa assiduamente alta, oferecida pela TIR. O custo de capital é uma estimativa usada pela empresa como base para a realização de um novo investimento nas entradas de caixa intermediárias, teoricamente é preferível utilizar a taxa do VPL de reinvestimento, pois é também mais realista e conservadora. A preferência dos administradores financeiros é pela TIR, isso se dá pela aceitação pela taxa de retorno, ao contrário de valores monetários. Uma vez que medidas de lucratividade, taxas de juros e outras são dadas como taxas anuais de retorno, a utilização da TIR pelas pessoas que tomam as decisões nas empresas, faz sentido. Pelo fato do VPL não medir os benefícios sobre o montante investido, os responsáveis em tomar as decisões acham essa maneira mais difícil. Para evitar as armadilhas da Taxa Interna de Retorno - TIR existem hoje várias técnicas e métodos. 47 2.3 FINANCIAMENTOS Na concepção de Bruni (2008, p.157) podem-se financiar novos planos de investimento utilizando apenas os recursos da companhia. “Neste caso, o custo do financiamento é o próprio custo médio ponderado de capital da empresa”. Entretanto, quando ao projeto formas distintas de financiamento estão associadas, é necessário analisar em cada financiamento o seu custo específico, examinando-os por causa dos volumes financiados. Passar a existir o conceito da TMA (Taxa Mínima de Atratividade), que precisa representar as diversas fontes de captação de subsídios do projeto uma média ponderada. 2.3.1 Linha de financiamento do Banco do Brasil De acordo com o Banco do Brasil existem linhas que são destinadas à cobertura dos custos habituais das atividades pecuárias e agrícolas; são custos que derivam do dia a dia da produção, onde o pagamento deve acontecer dentro do período produtivo. Essas linhas são chamadas de custeio pecuário e custeio agrícola. O custeio pecuário é um tipo de financiamento destinado aos custos relacionados à atividade pecuária, tais como: bovinocultura, avicultura, suinocultura, bubalinocultura, apicultura e outras – e também à atividade pesqueira e aquícola (artesanal ou industrial), relacionada à conservação, cultivo, captura, beneficiamento e até a criação organismos cuja água é seu habitat, como por exemplo, os anfíbios, moluscos, crustáceos, peixes e algas. Esta linha do Banco do Brasil chega a financiar até 100% dos custos do orçamento da exploração dentro do período produtivo dos animais, limitado a 70% do rendimento previsto para a empresa. 48 2.3.1.1 Favorecidos • Pessoas físicas e/ou jurídicas, produtores rurais, de forma direta ou através de repasse realizado por cooperativas de crédito rural; • Empreendimentos agroindustriais que realizam atividades voltadas à avicultura e suinocultura de corte através de sociedade; • Em casos de exploração própria os beneficiários são as cooperativas de produtores rurais e suas centrais; • Aos que realizam atividades voltadas à exploração da pesca, tanto captura quanto ao cultivo com a finalidade de comercializar. Isso inclui pessoa física, jurídica e armadores de pesca. 2.3.1.2 Valor Financiável • Recursos Controlados: R$ 1,1 milhão. • O limite pode ser elevado em até 15% ou 30%, quando atendidos dois ou mais dos seguintes critérios: comprovação da existência das reservas legais de preservação permanente ou plano de manejo de recuperação; conjugação do financiamento de custeio com mecanismo de proteção de preços; condução da atividade com base no sistema orgânico de produção; inscrição no Cadastro Ambiental Rural - CAR, entre outros. 2.3.1.3 Prazos • Recursos Controlados • Obtenção de materiais utilizados para captura e alevinos de enguia para engorda, tendo como prazo máximo de 2 anos para atividades de pesca; • Outras atividades em no máximo 1 ano. • Recursos Livres no máximo 1 ano. 49 2.3.1.4 Encargos Financeiros • Para os recursos controlados a taxa é de 6,50% a.a. (ao ano); • Para recursos livres é necessário procurar uma agência do Banco do Brasil para obter informações referente as condições de crédito. 2.3.2 Linha de financiamento do BNDES Ribeiro (2002) afirma que os pedidos de financiamento feitos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social - BNDES precisam inicialmente de uma consulta prévia, na qual são apontadas as particularidades básicas do empreendimento e da empresa indispensáveis à análise do enquadramento da operação nas políticas operacionais. Na consulta prévia, precisam constar informações econômico-financeiras, informações da empresa, estatística do projeto e da produção, setor. É importante destacar neste projeto, na análise de viabilidade econômica, os parâmetros básicos examinados pelo BNDES que são: Os indicadores da taxa interna de retorno (TIR) O valor presente líquido (VPL). 2.3.3 Exemplo do cálculo do custo do capital Exemplo de cálculo do custo do capital apresentado por Ribeiro (2013, p.14) no material de apoio da EAD Fatec, matéria gestão financeira. Supondo-se que uma empresa pretenda financiar seus investimentos futuros com 40% de empréstimo e 60% de patrimônio líquido, além de estimar o custo de oportunidade dos empréstimos fornecidos por credores (isto é, a taxa de juros corrente) sendo de 10%, o custo do capital de terceiros será: CCT = Ce x (1-IR) = CCT = 10% x (1-0,25) = 7,5% 50 Supondo também, que o custo de oportunidade do capital para os proprietários (capital próprio) seja considerado como 18%, conforme a fórmula do CMPC ou WACC expressa a seguir, o resultado consistirá em: CMPC CP CT RCP R CP CT CP CT CT CP = Capital Próprio CT = Capital de Terceiros Rcp = Custo de financiamento através do capital próprio Rct = Custo de financiamento através do capital de terceiros CMPC 60 40 18% 7,5% 13,8% 60 40 60 40 Portanto, a taxa 13,8% torna-se a taxa de desconto para análise de valor presente, supondo que futuros investimentos serão financiados em média com 40% de empréstimos e 60% de patrimônio líquido e que o nível de risco dos futuros investimentos será semelhante ao nível de risco a que estão expostos os atuais ativos da empresa. 51 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa é um método ordenado, reflexivo, controlado e decisivo que permite conhecer dados ou fatos novos, regras ou recursos em qualquer campo do conhecimento. Dessa maneira, a pesquisa se torna um procedimento que tem como objetivo solucionar um determinado problema utilizando-se de instrumentos científicos. A pesquisa detém três características, que são elas: o levantamento de alguma dificuldade, a solução que se pretende achar e as condições nomeadas para atingir a essa solução. Vale lembrar que para realizar uma pesquisa é de suma importância considerar os procedimentos adequados e meios científicos. (RAMPAZZO, 2005). Este trabalho utiliza como método de pesquisa o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica. O estudo de caso segundo Gil (2010) é uma forma de pesquisa muito usada tanto nas ciências sociais quanto nas biomédicas. É um estudo árduo e profundo, realizado em um ou poucos objetos. Em consonância com isso, Severino (2007) considera o estudo de caso como sendo um tipo de pesquisa que foca em um caso distinto, julgado como sendo representativo dentro de um grupo de casos. Ele complementa dizendo que “a coleta dos dados e sua análise se dão da mesma forma que nas pesquisas de campo, em geral”. Para o autor: O caso escolhido para a pesquisa deve ser significativo e bem representativo, de modo a ser apto a fundamentar uma generalização para situações análogas, autorizando inferências. Os dados devem ser coletados e registrados com o necessário rigor e seguindo todos os procedimentos da pesquisa de campo. Devem ser trabalhados, mediante análise rigorosa, e apresentados em relatórios qualificados. (SEVERINO, 2007, p.121) Já a pesquisa bibliográfica busca esclarecer uma dificuldade a partir de citações teóricas publicada em livros, teses, monografias, revistas, jornais etc., também por meio de comunicações orais como rádio, filmes entre outros, referentes ao tema a ser estudado, cuja intenção é colocar a pessoa que realiza a pesquisa em contato direto com tudo que foi documentado, mencionado ou escrito sobre o tema apontado. (MARCONI; LAKATOS, 2011) 52 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a exposição do embasamento teórico, este trabalho apresenta a seguir, o levantamento de dados para concluir e discutir os resultados obtidos deste estudo de caso. 4.1 Levantamento de dados Como mercado alvo desta organização, identificaram-se os frigoríficos do próprio estado do MS. Para melhor entendimento desta fatia de mercado, avaliou-se um levantamento das indústrias frigoríficas da região, realizado em 2012 pelo FAMASUL (Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul), com intuito de mostrar a concentração neste setor. Os dados para este levantamento foram fornecidos pela SFA/MS - Superintendência Federal de Agricultura através do SIF - Sistema de Inspeção Federal que é um sistema confiável e representativo. Cerca de 95% do abate total no Estado são realizados por unidades frigoríficas com o SIF (IBGE, 2011). Nesta pesquisa apenas os frigoríficos com este tipo de inspeção foram considerados. O cálculo para mostrar a participação dentro do mercado foi realizado em março de 2012 e se baseou na média de abate/dia de bois realizados em frigoríficos e nas últimas plantas frigoríficas adquiridas até o período mencionado. Os resultados obtidos através do levantamento realizado pela FAMASUL mostram que no Estado do Mato Grosso do Sul existem 35 frigoríficos (SIF) para abate de bois espalhados pelos municípios, dentre os quais 25 estão em operação. Só em Campo Grande (capital do Estado) existem quatro indústrias frigoríficas. Somando os que estão em operação são capazes de abater até 16,4 mil cabeças de gado/dia. De acordo com os dados do SIF, em março/2012 a média diária de abate alcançou a casa de 13,2 mil cabeças de gado, onde a capacidade usada foi de 81%. 53 A tabela abaixo mostra os frigoríficos com o SIF (Sistema Inspeção Federal) no Estado, a localização dos mesmos e a capacidade de abate (operação e instalada) das indústrias ativas. Tabela 8 – Frigoríficos em Operação com SIF em MS e Capacidade de Abate. Fonte: (Famasul, 2012). A tabela do FAMASUL ilustrada acima mostra que o Grupo JBS tem destaque por ter 05 unidades operando no Mato Grosso do Sul, onde 02 localizadas na Capital do Estado (Campo Grande), que juntas permitem uma capacidade de abate diário de 4,2 mil cabeças de gado. O Grupo Marfrig aparece em seguida, tendo 02 duas em atividade no Estado, capaz de abater 2,1 mil cabeças por dia. De acordo com as atuais taxas de uso da capacidade da indústria neste setor no Estado do Mato Grosso do Sul, os dados indicam que 37% está com o Grupo JBS, em seguida o Grupo Marfrig com 11% finalizando com os Grupos Navi Carnes com 7% e Minerva com 5%, os 40% restantes estão espalhados entre 15 frigoríficos distintos. 54 Estão evidenciados na tabela abaixo os dados do SIF de acordo com a FAMASUL referente à participação dos grupos frigoríficos no estado, usando como referência as informações de operação e estimativa da concentração baseado na capacidade instalada dos projetos. Tabela 9 – Participação de Mercado nos Principais Grupos Frigoríficos em MS CONSIDERAÇÕES FINAIS Fonte: (Famasul, 2012). O principal produto oferecido pela empresa “X” para os frigoríficos são os novilhos para corte. A organização compra novilhos de aproximadamente 12 meses para inseri-los a um processo de engorda, ou seja, ganho de peso por mais 12 meses. Após esse tempo, avalia os ganhos de peso dos animais e caso atingido os pesos pretendidos encaminha-os para o abate. Segue o fluxograma de produção: Início 1 – Compra dos novilhos 12 meses (matéria prima). ATIVIDADE RESPONSÁVEL 1. Pesquisar novilhos de até 12 Gerente meses e realizar a compra. 2. Após comprar, iniciar o 2 – ENGORDA (ganho de peso) operacional Gerente processo de engorda com o operacional/ animal através das rações, Trabalhadores suplementos minerais, pecuários pastagens preparadas etc. 3 – Verificar peso atingido 3. Após o prazo de 12 meses, verificar o peso atingido dos 4 – Encaminhar ao abate operacional/ animais e separar aqueles que Trabalhadores alcançaram o peso esperado. pecuários 4. Encaminhar os novilhos aos Gerente frigoríficos selecionados para Fim Gerente abater. operacional 55 Para montagem do fluxo de caixa, foram considerados: Investimentos relacionados à construção, modernização de benfeitorias e instalações na propriedade rural e a aquisição de máquinas, implementos e equipamentos agrícolas de uso diário, foram estimados em: ITEM VALOR (R$) Construção de um galpão R$185.000,00 Trator R$302.000,00 Distribuidor de Calcário R$35.000,00 Plantadeira R$127.000,00 Caminhonete R$101.000,00 Tronco + balança R$30.000,00 Peças e equipamentos R$50.000,00 Materiais diversos R$65.000,00 TOTAL R$895.000,00 A demanda de abate atualmente desta empresa gira em torno de 500 cabeça/ano. Para esta análise utilizou-se um aumento anual gradativo, conforme tabela a seguir: ANO QTDE ANIMAL 1º ANO 500 2º ANO 600 3º ANO 650 4º ANO 700 5º ANO 750 Através do fluxo de caixa da empresa em questão, no que se diz respeito aos custos e despesas anuais, foram observados e definidos os seguintes valores: 56 CUSTOS FIXOS: salários e encargos com aumento de 5% a.a.: ANO SALÁRIO COM AUMENTO 5% a.a. TOTAL 1º ANO 148055,90 R$148.055,90 2º ANO 148055,90 X 1,05 R$155.458,70 3º ANO 155458,70 X 1,05 R$163.231,63 4º ANO 163231,63 X 1,05 R$171.393,21 5º ANO 171393,21 X 1,05 R$179.962,87 CUSTOS FIXOS: administração, serviço de terceiros, energia elétrica, manutenção em máquinas e equipamentos, combustíveis e lubrificantes, despesas financeiras, materiais diversos entre outros: ITENS TOTAL a.a. OUTROS R$50.000,00 TOTAL DOS CUSTOS FIXOS ANUAIS: salário com aumento de 5% a.a. + outros: ANO SALÁRIO + OUTROS TOTAL 1º ANO 148055,90 + 50000,00 R$198.055,90 2º ANO 155458,70 + 50000,00 R$205.458,70 3º ANO 163231,63 + 50000,00 R$213.231,63 4º ANO 171393,21 + 50000,00 R$221.393,21 5º ANO 179962,87 + 50000,00 R$229.962,87 CUSTOS VARIÁVEIS: somatório compra de ração e nutrição mineral, mais os custos com vacinas, medicamentos e fretes definido como outros, levando em consideração um aumento de 10%: 57 ANO CUSTOS DA RAÇÃO 1º ANO 60000,00 OUTROS TOTAL 12853,00 R$72.853,00 2º ANO 60000,00 X 1,10 = 66000,00 12853,00 x 1,10 = 14138,30 R$80.138,30 3º ANO 66000,00 X 1,10 = 72600,00 14138,30 x 1,10 = 15552,13 R$88.152,13 4º ANO 72600,00 X 1,10 = 79860,00 15552,13 x 1,10 = 17107,34 R$96.967,34 5º ANO 79860,00 X 1,10 = 87846,00 17107,34 x 1,10 = 18818,08 R$106.664,08 CAPITAL DE GIRO: baseado no somatório dos custos variáveis, mais a compra do bezerro, com aumento de 3% a.a. no preço mais 3% de perda dos animais no processo de engorda: ANO QTDE PREÇO POR NOVILHOS TOTAL GADO SEM IMPOSTOS COM A PERDA 3% 1º ANO 500 884,00 884,00 X 500 X 1,03 = R$455.260,00 2º ANO 600 884,00 X 1,03 = 910,52 910,52 X 600 X 1,03 = R$562.701,36 3º ANO 650 910,52 X 1,03 = 937,84 937,84 X 650 X 1,03 = R$627.880,93 4º ANO 700 937,84 X 1,03 = 965,97 965,97 X 700 X 1,03 = R$696.464,85 5º ANO 750 965,97 X 1,03 = 994,95 994,95 X 750 X 1,03 = R$768.598,71 Esses custos e despesas estão relacionados a: 1. Compra do gado: compra dos bezerros de até 12 meses, podendo ser macho ou fêmea. 2. Salários e encargos: despesas com mão de obra própria e impostos. 3. Rações para bovinos a pasto: compra de rações, sal mineral, nutrição animal, no intuito de melhorar a qualidade e rapidez no processo de ganho de peso do gado. 4. Outros: serviços administrativos, combustíveis, manutenções em máquinas e equipamentos, mão de obra terceirizada, fretes, medicamentos e vacinas, energia elétrica, telefone, serviços de terceiros e etc. 58 Com as informações sobre o investimento inicial, calculou-se a depreciação de cada item: ITEM VALOR (R$) ANOS TAXA DEPRECIAÇÃO (R$) Construção de um galpão R$185.000,00 25 4% a.a. R$7.400,00/ano Trator R$302.000,00 04 25% a.a. R$75.500,00/ano Distribuidor de Calcário R$35.000,00 04 25% a.a. R$8.750,00/ano Plantadeira R$127.000,00 04 25% a.a. R$31.750,00/ano Caminhonete R$101.000,00 04 25% a.a. R$25.250,00/ano Tronco + balança R$30.000,00 04 25% a.a. R$7.500,00/ano TOTAL R$895.00,00 R$156.150,00/ano Segundo a Receita Federal do Brasil (RFB), os regimes tributários para Pessoa Jurídica (PJ) que exercem atividade econômica em criação de bovinos para corte são: Lei nº 9.249/1995, art.15, a alíquota do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) é de 15%. Lei nº 9.718/1998, art.4º, inciso IV, a alíquota do PIS é de 0,65%. Lei nº 9.718/1998, art.4º, inciso IV, a alíquota do COFINS é de 3%. Alíquota do ICMS de 17%. IMPOSTOS % PIS 0,65% COFINS 3,00% ICMS 17,00% TOTAL 20,65% Receita anual (sem os impostos) obtidos com a média da venda de cada animal, admitindo-se um crescimento no preço de 2% a.a. sobre o valor médio de mercado do novilho com um ano de engorda, ou seja de R$2.529,13 com impostos: 59 ANO PREÇO MÉDIO RECEITA LÍQUIDA VENDA POR CABEÇA SEM IMPOSTO 1º ANO 2529,13 500 X 2529,13 X 0,7935 = R$1.003.432,33 2º ANO 2529,13 X 1,02 = 2579,71 600 X 2579,71 X 0,7935 = R$1.204.118,79 3º ANO 2579,71 X 1,02 = 2631,31 650 X 2631,31 X 0,7935 = R$1.304.462,03 4º ANO 2631,31 X 1,02 = 2638,93 700 X 2638,93 X 0,7935 = R$1.404.805,26 5º ANO 2638,93 X 1,02 = 2737,61 750 X 2737,61 X 0,7935 = R$1.505.148,49 O custo de capital próprio ficou definido como 20% a.a. e o de terceiros (BNDES) em 6,5% a.a., gerando uma TMA de 15,9%. O valor residual foi considerado de 30% sobre o valor do galpão e 20% do valor dos outros equipamentos, dando um total de: ITENS R$ VALOR RESIDUAL GALPÃO R$185000,00 X 0,3 R$55.500,00 OUTROS R$595000,00 X 0,2 R$119.000,00 TOTAL R$174.500,00 4.2 Montagem do fluxo de caixa A partir dos dados acima apresentados, montou-se o fluxo de caixa, segundo tabela do Ribeiro (2002): 60 Valores em 1000 0 PERIODO 1 2 3 4 5 Fórmula de cálculo RECEITA LÍQUIDA A Custo variável B 73 80 88 97 107 Custo fixo C 198 205 213 221 230 Depreciação D 157 157 157 157 157 E=A-B-C-D 576 762 846 929 1012 86 114 127 139 152 G=D 157 157 157 157 157 H=E-F+G 646 804 876 947 1017 Resultado Operacional 1003 1204 1304 1405 1505 Alíquota Imposto de Renda Adição da Depreciação Fluxo de Caixa (depois do imposto) Investimento Venda de Ativo Fixo (valor residual) Capital de Giro Variação de Capital de F=alíquota/100xE I 15% 895 J 175 K 528 643 716 793 875 L=k ano ant-K do ano -528 -115 -73 -77 -82 -1423 531 731 799 865 2067 875 Giro Fluxo de Caixa Líquido H-I+J+L Após a montagem do fluxo de caixa do projeto de um investimento, efetua-se sua análise de viabilidade econômica. Um projeto consiste num conjunto de 61 informações de natureza quantitativa e qualitativa que permite estimar um cenário com base em uma alternativa escolhida. As técnicas de análise de investimentos que foram utilizadas: Valor Presente líquido: (VPL) ou NPV Payback Descontado: Tempo de Retorno do Capital Investido Taxa Interna de Retorno: (TIR) ou IRR Conforme cálculo do custo de capital acima de 15,9%, vamos considerar a TMA 16% a.a. para obter o Valor Presente Líquido (VPL) pela calculadora financeira HP: Fluxo de caixa do projeto: ANO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ANUAL ACUMULADO R$ R$ 0 (1423000,00) (1423000,00) 1 458000,00 (965000,00) 2 543000,00 (422000,00) 3 512000,00 90000,00 4 478000,00 568000,00 5 984000,00 1552000,00 Mesmo através dos fluxos de caixa descontados, o Valor Presente Líquido (VPL ou NPV) resultou positivamente, através do montante de R$1.551.753,59. 62 Payback descontado (período de recuperação do investimento): TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno): Como podemos observar as três técnicas de analise comprovam que o investimento é altamente rentável. Tem uma excelente liquidez, ou seja o seu retorno de 2,5 anos e meio, o VPL mais de 1,5 milhões e conforme a teoria quando o VPL é positivo o projeto é viável economicamente. A TIR de 47,53% e bem superior ao custo do capital de 16%. 4.3 Análise de Sensibilidade Para melhor compreensão dos resultados obtidos acima, foi realizado uma análise de sensibilidade que segundo Ribeiro (2002) “permite identificar as variáveis criticas no processo de projeção e determinação dos fluxos de caixa, de modo que se possa avaliar o projeto considerando diversas hipóteses sobre o comportamento dessas variáveis”. O projeto conforme dados esperados é viável economicamente; agora vamos construir alguns cenários pessimistas para verificar se o investimento é ainda viável: 1º cenário: O preço de venda reduzido em 10%. 63 2º cenário: Aumento de 20% na compra do novilho. 3º cenário: Aumento de 10% na perda de engorda do novilho. 4º cenário: Todas as três variáveis num só cenário (o pior caso). 1ª cenário: Com a alta do dólar, o consumo da carne bovina pode se tornar escassa para algumas classes sociais, exigindo ajustes nos valores de revenda aos frigoríficos ocasionando uma redução de preço de venda em 10% a.a. Neste cenário, VPL apresenta-se da seguinte forma: Fluxo de caixa do projeto (ANEXO A): ANO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ANUAL ACUMULADO R$ R$ 0 (1423000,00) (1423000,00) 1 385000,00 (1038000,00) 2 467000,00 (571000,00) 3 441000,00 (131000,00) 4 412000,00 281000,00 5 923000,00 1205000,00 O valor presente líquido de imediato ainda é atrativo, mesmo que inferior às primeiras simulações, resultando em R$1.204.897,00. Payback descontado (período de recuperação do investimento): TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno): 64 Caso ocorra diminuição no preço de venda do novilho, o VPL continuará correspondendo positivamente, ainda que sob um período de retorno (payback descontado) maior que o primeiro, ou seja, de 3,1 anos e uma TIR de 40,72%. O projeto continuará economicamente viável. 2ª cenário: Conforme descrito pelo embasamento teórico, caso não ocorra uma alteração no atual cenário macroeconômico, a capacidade de consumo se comprometerá em um ambiente de alta de preços, com ofertas restritas de boiadas e margens reduzidas para atacadistas e varejistas que adquirirem novilhos para engorda, gerando maior concorrência entre os produtores na hora da compra e aumento o preço do novilho em 20% a.a. Com isso, teremos um VPL da seguinte forma: Fluxo de caixa do projeto (ANEXO B): 65 ANO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ANUAL ACUMULADO R$ R$ 0 (1514000,00) (1514000,00) 1 344000,00 (1171000,00) 2 416000,00 (754000,00) 3 364000,00 (390000,00) 4 309000,00 (81000,00) 5 1427000,00 1346000,00 O valor presente líquido resulta em R$1.346.000,00 sendo positivo. Se comparado com as demais simulações, torna-se melhor que a simulação anterior, devido ao VPL ser maior em questões de valores. Payback descontado (período de recuperação do investimento): TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno): Percebe-se nesta 2ª simulação, uma recuperação quase no último ano de análise (payback descontado) de 4 anos, uma taxa interna de retorno (TIR), menor que as demais sendo de 39,06% e o VPL resultando em R$1.346.00,00. 66 3ª cenário: Uma elevada perda dos animais em 10% a.a. advindo das temperaturas climáticas, faltas de chuva, doenças, ataque de animais peçonhentos entre outros fatores. Diante deste quadro, observa-se um VPL: Fluxo de caixa do projeto (ANEXO C): ANO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ANUAL ACUMULADO R$ R$ 0 (1454000,00) (1454000,00) 1 452000,00 (1002000,00) 2 540000,00 (462000,00) 3 509000,00 47000,00 4 475000,00 522000,00 5 1009000,00 1531000,00 O custo do capital ainda permanece atrativo, pois o VPL fica em torno de R$1.531.000,00. Payback descontado (período de recuperação do investimento): 67 TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno): Mesmo com uma perda mais elevada dos animais no processo de produção, o projeto apresenta um período de retorno do capital de aproximadamente 3 anos, a uma taxa de retorno de 46,35%, mantendo-se economicamente viável. 4ª cenário: Para finalizar, foi simulado o cenário mais pessimista de ambos, englobando os três fatores externos: aumento de 20% na compra do novilho, perca de 10% dos animais no processo de produção e diminuição do preço de venda em 10%. Neste caso, o projeto resultará em um VPL de: Fluxo de caixa do projeto (ANEXO D): 68 ANO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ANUAL ACUMULADO R$ R$ 0 (1551000,00) (1551000,00) 1 256000,00 (1295000,00) 2 328000,00 (967000,00) 3 280000,00 (687000,00) 4 229000,00 (458000,00) 5 1421000,00 963000,00 Payback descontado (período de recuperação do investimento): TIR ou IRR (Taxa Interna de Retorno): Neste cenário, o valor presente líquido rendeu em R$963.878,05, a TIR ficou em torno de 31,98% e o período de retorno do capital em 4 anos e meio, resultando ainda em um bom investimento, já que o resultado obtido é maior que a TMA exigida pelo investidor. 69 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das informações obtidas neste estudo de caso, conclui-se que mesmo diante dos piores fatores que possam vir a ocorrer ao longo do investimento, ainda assim valerá a pena realizá-lo, pois os resultados se mostraram positivos nos três quesitos: valor presente líquido resultando positivamente, taxa interna de retorno maior que a exigida e período de recuperação do capital dentro do esperado. Vale ressaltar que o que possibilitará ao investidor analisar economicamente a atividade de gado de corte sob a visão do conhecimento dos custos e despesas envolvidos no processo de produção, será a aplicação das técnicas de análise de investimento, ligadas a projeção de um fluxo de caixa bem elaborado e conciso. “A eficiência de tal acontecimento faz com que o produtor passe a ter um conhecimento, com maiores detalhes sob os fatores que influenciam a sua produção”. (ZILIOTO; SILVEIRA; et al, 2010, p.1). Isso possibilitará aos investidores basear suas decisões mesmo em meio aos aumentos significativos advindos da energia elétrica, combustíveis, maquinários, impostos, preços da arroba se desvalorizando com o alto custo de produção, fatores externos climáticos interferindo nos ciclos de reproduções entre outros fatores citados no início deste trabalho. Portanto, através deste estudo de caso, mostrou-se economicamente viável realizar o investimento em novilhos para abate conforme apresentado pelas técnicas, onde o investidor por conhecer os riscos e retornos reais do projeto, tomará uma melhor decisão e aproveitará as boas perspectivas que a atividade pecuária tem oferecido para o Brasil. 70 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO AGRONEGÓCIO DA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO. Agronegócio. Disponível em: < http://www.abagrp.org.br/agronegocioConceito.php>. Acesso em: 13 MAI 15. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE. Pecuária deve garantir resultado positivo para o agronegócio em 2015. 2014. Disponível em: <http://www.abiec.com.br/noticia.asp?id=1238#.VL1PbivF91Y>. Acesso em: 19 JAN 15. ______. Pecuária brasileira. 2011. Disponível em: <http://www.abiec.com.br/3_pecuaria.asp>. Acesso em: 18 JAN 15. AGÊNCIA BRASIL. Embargo da Rússia abre grande janela para Brasil exportar carnes. 2015. 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