Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, O brasileiro, que tem a segunda maior carga tributária sobre salários do mundo, despertou para a dura realidade e não suporta mais a fome arrecadatória do Governo Federal. A quantidade de impostos pagos no Brasil produz um ciclo em que todos têm prejuízos: as empresas aumentam preços, o consumidor sente no bolso e o próprio governo perde, com aumento do desemprego, da informalidade e da sonegação. O Brasil precisa de uma carga tributária justa e que gere desenvolvimento e não uma carga tributária elevada, que gere desemprego e apenas beneficie os detentores do poder. O ideal seria que tivéssemos menos encargos para que pudéssemos remunerar melhor a mão-de-obra e dessa forma o custo final para as empresas não seria afetado. Um trabalhador que ganha, por exemplo, um salário mínimo de R$ 260 custa em média R$ 520 para a empresa, o dobro. Ainda na contramão do desenvolvimento, no Brasil se paga imposto antes de se produzir, tornando o investimento mais caro. Portanto é preciso desonerar o investimento. Isso é o que os países que crescem fazem no mundo. E o mais grave, é que apesar do constante aumento da carga fiscal, há muito tempo o cidadão não tem contrapartida do Estado, uma vez que somente 3% da arrecadação tributária federal é empregada em investimentos públicos e os outros 97% são destinados para pagamentos dos juros da dívida pública e para sustentar a burocracia estatal. Por isso, a rede pública, a saúde, a educação e as nossas estradas são vergonhosamente mal tratadas e não são prioridades. A Medida Provisória 232 serviu para despertar o contribuinte ao promover um festival de horrores tributários. Os setores organizados se mobilizaram e até o governo aparentemente recuou. A tão criticada MP 232 resultará em um aumento acumulado de 233% na carga tributária em relação ao faturamento das empresas que optam pelo lucro presumido, somente com a elevação da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), nos últimos dez anos. O Imposto de Renda Pessoa Jurídica acumulará alta de 33% no mesmo período. A estimativa é que este ano a arrecadação a mais da CSLL será de cerca de R$ 500 milhões. Não são só os pequenos que reclamam. Os grandes também. Assim, o governo federal afugenta investidores, macula o regime jurídico, propicia perda de renda, fomenta o desemprego e institui verdadeira ditadura fiscal. A MP 232 não tem urgência ou relevância e desprestigia o Congresso Nacional esquivando-se do debate amplo, franco, transparente e democrático com a sociedade brasileira. A carga tributária brasileira está chegando a um nível realmente inadmissível. Quando a carga tributária cresce, o preço final dos produtos cresce também. Preço maior, poder aquisitivo menor. A população não compra, as empresas não vendem, não investem ou fecham. Consequentemente, não contratam. E não apenas as indústrias, mas, infelizmente, o comércio e as empresas prestadoras de serviço também. Com certeza a carga tributária é a inimiga número um dos setores empresariais. O Presidente Lula, para os que ainda lembram das propostas de palanque, está descumprindo a promessa de não aumentar impostos. O povo brasileiro não quer e não suporta mais pagar a conta dos gastos descontrolados deste governo. Temos que conhecer o porque desta fome de arrecadação do Presidente Lula. Seria para sustentar a compra de um avião presidencial que não seria tão necessário para o nosso país neste momento? Em virtude destes abusos e da falta de transparência do Governo Federal para explicar os constantes aumentos da carga tributária, no Espírito Santo está nascendo forte a campanha “Menos Impostos Já”. É a reação popular querendo fiscalizar e cobrar do governo correta explicação dos tributos arrecadados. Quero aplaudir e reforçar este legítimo movimento de mobilização popular. Estou participando da Frente Brasileira contra a MP 232 e quero engrossar as fileiras do movimento capixaba Menos Impostos Já. Para finalizar, quero lembrar que é o governo que está a serviço do contribuinte; não é o contribuinte que está a serviço do governo. Sala de Sessões, de fevereiro de 2005 Deputado Federal NILTON BAIANO PP/ES