As organizações não-governamentais (ONGs) e o mercado de trabalho∗ Vanessa Campagnac** Palavras-chave: ONGs; Fundações sem fins lucrativos; ABONG; Mercado de trabalho Resumo Este trabalho tem por objetivo discutir alguns aspectos relacionados ao tema das Organizações Não-Governamentais (ONGs) e a inserção, no Brasil, de mão-de-obra no mercado de trabalho através delas, principalmente a partir da década de 1990. Inicialmente discutindo a dificuldade de se chegar a um consenso sobre a melhor denominação para essas organizações, posteriormente é visto o se refere à inserção no mercado de trabalho por meio dessas entidades. Entendendo o processo social e econômico vigente como parte do plano de reforma do Estado, essas organizações surgem como uma alternativa para captação de mão-de-obra, muitas vezes altamente especializada. Temas sobre a relação de parcerias entre o Terceiro Setor e o Estado e as fontes diversas de financiamento dessas organizações também são levantadas. Ainda, segundo dados de algumas pesquisas feitas pela ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), e, principalmente, de uma realizada pelo IBGE (“As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil”), de 2002, percebemos um contingente significativo de cerca de 275 mil instituições filantrópicas espalhadas por todo o país, com mais de 70% delas atuando em alguma atividade religiosa, contendo mais de 1,5 milhão de pessoas inseridas neste setor via trabalho, sendo mais da metade na Região Sudeste. Desta maneira, é montado um perfil a respeito das instituições deste setor não-lucrativo, apontando, por exemplo, sua localização no território nacional, a distribuição dos postos de trabalho neste setor por estado, o porte dessas entidades (quantos funcionários estão empregados), as atividades que elas realizam, seus trabalhadores voluntários e assalariados e seus salários médios. Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu – MG, Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006. ** Cientista Social, mestranda do Programa de Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. ∗ 1 As organizações não-governamentais (ONGs) e o mercado de trabalho∗ Vanessa Campagnac** Introdução As mudanças no mercado trabalho normalmente estão associadas à difusão de novas técnicas de produção e ao acirramento da competição global, que impulsionam o processo de reestruturação industrial, com o intuito principal de aumentar a competitividade. Este cenário vem delineando que o crescimento econômico não é mais capaz de gerar o mesmo número de empregos que gerava no passado. Desta maneira, tanto no Brasil como em outras partes do mundo, o mercado de trabalho passou por uma profunda reestruturação na década de 90, que pode ser traduzida em aumento relativo do emprego do setor serviços em detrimento do emprego industrial e crescimento da informalidade; com isso, há a exigência de trabalhadores cada vez mais qualificados e pouca geração de novos postos de trabalho incidem sobre a taxa de desemprego. A década de 90, assim, apresentou uma queda significativa no nível de emprego formal da economia e um concomitante aumento do setor informal, ou seja, o trabalhador perdia o emprego protegido (garantido pela Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, com direito ao FGTS, 13º salário, férias, etc.) com contrato de trabalho formalizado e passava a ocupar outro posto de trabalho precário, de baixa remuneração, sem o devido contrato ou por conta própria (não auferindo um salário fixo). É exatamente por isto que as chamadas políticas de emprego passaram a ser denominadas políticas de trabalho, pois a tendência deste modelo é de reduzir o emprego formal, transformando-o em trabalho precário, sem salário fixo. Breve histórico da formação das ONGs No contexto de reformulação das atividades do aparelho estatal, as atividades das Organizações Não-Governamentais tornam-se conhecidas do público brasileiro, principalmente durante a década de 90, com o grande impulso proporcionado pela ECO-92, dando maior visibilidade a esses tipos de associação. Embora já houvesse associações civis mesmo sob o regime militar, foi somente no final da década de 80 que o termo ONG foi cunhado e essas instituições ganharam visibilidade definitiva. Claramente há a dificuldade de se lidar com denominação tão ampla quanto organização não-governamental, por esse motivo há vários outros termos para também nos referirmos a essas instituições. Como exemplo, temos ‘Organização da Sociedade Civil’, ‘Organização sem Fins Lucrativos’, ‘Entidade Filantrópica’, ‘Entidade Assistencialista’, Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu – MG, Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006. ** Cientista Social, mestranda do Programa de Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. ∗ 2 ‘Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público’, ‘Entidade de Utilidade Pública’, ‘OS – Organização Social’. No geral, então, é preciso entender que entidades com campos de trabalho e perfis diferenciados também podem assumir denominações distintas. Portanto, não existe uma só denominação dessas instituições, mas sim um conceito abrangente e generalizador de ações combativas em busca de certos interesses. Partindo-se do princípio de que a sigla ONG se refere a qualquer organização nãogovernamental, é visível a amplitude do conceito, abrangendo, portanto, instituições nãoestatais. A gênese desse conceito se remete à década de 1940, surgindo na Organização das Nações Unidas com o nome em inglês “Non-Governmental Organizations” (NGO´s), designando organizações internacionais ou supranacionais que não fossem estabelecidas mediante acordos governamentais. No Brasil, a expressão era habitualmente ligada a uma gama de instituições que começaram a surgir nas décadas de 70 e 80, como apoio a organizações populares com o intuito de promoção da cidadania, de defesa de direitos e de luta pela democracia. As primeiras ONGs brasileiras, portanto, surgiram da sintonia com as demandas e dinâmicas dos movimentos sociais, com ênfase reivindicações libertárias (das mulheres, por exemplo), em educação popular e elaboração de controle social de políticas públicas. Ao longo da década de 90, no entanto, com o surgimento de novas organizações privadas em fins lucrativos, o termo ONG passa a ser usado por um grande universo de instituições que, por muitas vezes, não mantêm muitas semelhanças entre si. De acordo, por exemplo, com um estudo realizado pela consultoria do Senado Federal em 1999, ONG seria um grupo social organizado, sem fins lucrativos, constituído formal e autonomamente, caracterizado por ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de 1 populações excluídas das condições da cidadania. Também se torna importante verificar a criação do “Terceiro Setor”, que se refere a um termo de origem norte-americana e é freqüentemente usado lá (nos Estados Unidos) para determinar ações de valores solidários em prol do bem público. Este termo implica uma certa independência deste setor em relação ao Estado e ao mercado e é normalmente utilizado para referir-se às organizações de sociedade civil sem fins lucrativos, e abarca, além de ONGs, até institutos empresariais. No âmbito interno, as ONGs podem ser consideradas como causa e, ao mesmo tempo, conseqüência da reivindicação de direitos e do grande aumento da necessidade de demandas características da dinâmica social. Já no âmbito externo, essas organizações também representam um duplo papel: são causa e efeito do processo de mundialização de fenômenos sociais e universalização de valores democráticos que acompanham a globalização econômica. No Brasil, a aprovação da Constituição de 1988 tem papel decisivo no processo de formação do Terceiro Setor. A autonomia das associações civis brasileiras é garantida como direito democrático básico no artigo 5o da Constituição: Inciso XVIII – A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 1 Citação retirada do site da ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais). Disponível em: < (www.abong.org.br)>. Acesso em: jul. 2005. 3 Inciso XIX – As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se no primeiro caso, o trânsito em julgado.2 Já na lei das Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), Lei 9790/90, o entendimento do papel das ONGs é formulado nos seguintes termos: É necessário incluir também as chamadas ONGs (organizações nãogovernamentais) cuja atuação não configura nenhum tipo de complementariedade ou de alinhamento aos objetivos de políticas governamentais, e nem, muitas vezes, de suplementariedade à presença do Estado. Ao lado das instituições que complementam a presença do Estado no desempenho dos seus deveres sociais e ao lado daquelas entidades que intervêm no espaço público para suprir as deficiências ou a ausência da ação do Estado, devem ser também consideradas, como de fins públicos, aquelas organizações que promovem, desde pontos de vista situados na Sociedade Civil, a defesa de direitos e a construção de novos direitos - o desenvolvimento humano, social e ambientalmente sustentável, a expansão de idéias-valores (como a ética na política), a universalização da cidadania, o ecumenismo (lato sensu), a paz, a experimentação de novos padrões de relacionamento econômico e de novos modelos produtivos e a inovação social etc. (“Documento-Base”. Segunda Versão, de 29.09.97, p.12).3 Assim, as Organizações Não-Governamentais inserem-se, hoje, no Brasil, num processo de reformulação das atividades do Estado e de grandes mudanças no mercado de trabalho, estando dispersas em um grande número de atividades enquanto enfatizam o envolvimento direto da população e enfrentam problemas e necessidades que afetam o cotidiano da sociedade. Neste sentido, essas organizações se envolvem em movimentos populares e participam da agenda política num processo que caracteriza a participação das massas nos anos 80 e 90. Caracterização das ONGs Parceria com o Estado Uma vez que houve um processo de desconcentração de poderes a partir da Constituição de 1988, houve também um canal de abertura entre Estado e sociedade civil, que propiciou uma ‘parceria’ definida pela interação e colaboração entre órgãos do governo e organizações da sociedade civil. Essas parcerias múltiplas e flexíveis orientadas para projetos concretos só foram possíveis, portanto, no final da década de 80, no que se refere à abertura de espaço para a participação política e organismos de discussão. O projeto dessas instituições sociais, pautado no contexto de transformação da esfera pública, está inserido, portanto, no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (Barreto, 1999). Esse processo diz respeito a promover a “publicização” dos serviços sociais em geral considerados, assim, não-exclusivos do Estado: Esses movimentos, na verdade, são reflexos de uma crise maior, configurada pelo esgotamento do modelo do Estado contemporâneo nos planos jurídicoinstitucional, econômico, social e político. O impacto da globalização – aliado à crise fiscal enfrentada por quase todos os países centrais e periféricos – colocou 2 Citação retirada do site da ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais). Disponível em: < (www.abong.org.br)>. Acesso em: jul. 2005. 3 Idem 4 em xeque o atual arcabouço jurídico-institucional dos estados, expondo o anacronismo do modelo de estado produtor, prestador de serviços, interventor, excessivamente burocrático e pouco comprometido com resultados. (Barreto, 1999: 108). Pensou-se ser necessário reconstruir o Estado a fim de se recuperar a poupança pública, superar o déficit fiscal, redefinir os moldes da intervenção econômica e social e implementar um novo modelo de gestão que superasse os obstáculos criados pela administração pública. Além disso, segundo Barreto (1999), a crise institucional deve ser definida de acordo com o aprofundamento do descompasso entre Estado e sociedade, a par da ineficácia do poder público na gestão dos problemas sociais mais urgentes. No novo modelo, de orientação neoliberal, o aparelho de Estado compreende quatro setores, segundo Barreto (1999): 1. Setor do Núcleo Estratégico: compreende os três poderes, o Ministério Público, etc, ou seja, é o governo no sentido lato. 2. Setor de Atividades Exclusivas do Estado: possui o poder de regulamentar, fiscalizar e fomentar. Como exemplo, podemos citar a Polícia, a Receita Federal, etc. 3. Setor de Serviços Não-Exclusivos – ou Competitivos – do Estado, ou seja, o chamado Terceiro Setor: compreende atividades realizadas não somente pelo setor público não-estatal, com atividades nas áreas sociais – saúde e educação –, proteção ambiental, etc. 4. Setor de Bens e Serviços para o Mercado: compreende a área de atuação das empresas estatais, como por exemplo, as empresas de infra-estrutura do Estado. No caso específico deste trabalho, nos interessa a estratégia de reforma para o setor dos serviços não-exclusivos do Estado, já que é esse que vem a abarcar parte dos movimentos sociais e Organizações Não-Governamentais, compondo o Terceiro Setor. No Brasil, com o surgimento do Terceiro Setor – um setor social entre o Estado e mercado –, nasce também, no cerne do debate sobre sociedade civil brasileira, a relação, muitas vezes até controversa, entre o Terceiro Setor e o Estado, tema que divide autores sobre o assunto. Para alguns, esta combinação é de parceria, complementaridade; para outros, no entanto, se trata de uma crítica implícita ao papel do Estado quanto às políticas de promoção do desenvolvimento e de redução da pobreza e da exclusão, indo de encontro com as políticas de privatização e com a tendência global de especialização produtiva. Oliveira (1999) defende o ponto de vista da contribuição, aceitando que: o Estado é insubstituível mas não pode tudo e que a contribuição das ONGs é necessária mas não se confunde com a ação governamental, a questão prática passa a ser a construção das condições mais apropriadas para o aprofundamento de parcerias eficientes e operativas entre Estado e sociedade. (Oliveira, 1999:74). Baseado nesta visão, uma das interpretações possíveis é aquela que diz respeito ao Estado e à sociedade civil como entidades, à primeira vista, estanques. Ainda, Pereira e Grau (1999) afirmam, acerca da substituição dos papéis do Estado: A transformação de serviços sociais estatais em públicos não estatais não significa que os Estado deixe de ser responsável por eles. Pelo contrário, todas as evidências apontam para a conclusão de que o financiamento público estatal será cada vez mais necessário. (Pereira e Grau, 1999: 34). Esses autores, assim como Barreto, enxergam esse processo como uma tendência a “publicização”, que se opõe tanto à privatização quanto à estatização. Afirmam também que essa tendência, de transferência de serviços não-exclusivos do Estado para o setor público não-estatal através de transformação de entidades estatais em organizações públicas não-estatais, foi acelerada por experiências de reforma no Reino Unido. Lá, universidades e 5 hospitais, que anteriormente faziam parte do Estado, foram transformados em entidades de caráter autônomo – as Quangos (quasi non-governmental organizations). Estas atuam no campo social, apoiadas financeiramente pelo Estado, contanto com regulamentações contratuais. Por outro lado, Dagnino (2004) aponta que há uma: confluência perversa entre um projeto político democratizante, participativo, e o projeto neoliberal, que marcaria hoje, desde nosso ponto de vista, o cenário da luta pelo aprofundamento da democracia na sociedade brasileira. (Dagnino, 2004:95). Neste contexto, a parceria entre Estado e as ONGs seria um caso típico deste processo, uma vez que essas entidades seriam as parceiras ideais para a transferência de responsabilidades do Estado para a sociedade civil, já que assim seriam garantidas as exigências dos ajustes neoliberais vigentes, tais como, por exemplo, negociações livres e, ao mesmo tempo, o abandono de instituições rígidas. Ainda no sentido da criação – ou fortalecimento – do Terceiro Setor como característica da reforma do Estado brasileiro, Teixeira (2003) também vai de encontro a esse pensamento: Se considerarmos que o neoliberalismo em seu ‘estado puro’ dificilmente é encontrado, é possível perceber indícios fortes de que o projeto de reforma do Estado encaminha-se no sentido de diminuir o papel do Estado e transferir para o conjunto da sociedade tarefas que até então caberiam a ele. (Teixeira, 2003). Dentro desta configuração, um dos problemas a serem enfrentados por estas organizações está expresso na regulamentação das parcerias com o Estado. Assim, é de fundamental importância estabelecer esses princípios que irão pautar as relações entre os dois setores, ou seja, entre o financiador e o executor dos serviços. Como aponta Morales (1999), a tendência geral é a da posição central da regulamentação nas relações entre Estado e sociedade. Só assim seria possível estabelecer melhores estratégias para atingir também melhores resultados dentro desta nova realidade institucional. Outro desafio a ser resolvido diz respeito aos quesitos administrativos e legais com as quais as ONGs são sobrecarregadas no caso das parcerias com o Estado: contas devem ser feitas de maneira diferenciada e o controle público é renovado. Segundo Navarro (1999), essa questão é tão séria que não são poucas organizações que resistiram fazer convênios com o governo, mesmo que isso significasse reduzidas possibilidades de expansão do programa. A problemática dá conta de preservar condições de trabalho e ainda manter a missão da instituição. Assim, o processo de intensa cooperação e parceria com o Estado pode simbolizar comprometer essa missão institucional. As ONGs e o trabalho A diminuição do papel do Estado, assim, também significaria uma diminuição do espaço da política e da cidadania, já que num regime de Estado Mínimo os trabalhadores, por exemplo, com empregos estáveis e legalizados – os portadores de direitos – iriam contra o movimento democrático e de inclusão cidadã preconizado. Assim, Telles aponta que: A chamada flexibilização das normas trabalhistas é uma proposta (e já realidade nas práticas crescentes de terceirização) que restringe ao invés de ampliar direitos, nega o caráter público que deveriam conter a própria noção de justiça, ao menos tal como formulada na concepção moderna de direitos, via uma 6 regulamentação do trabalho inteiramente subsumida racionalidade instrumental do mercado”. (Telles, 1994:96) aos critérios da Não podemos deixar de ressaltar que a existência dessas organizações também está, de algum modo, pautada sob a lógica do mercado, uma vez que os direitos trabalhistas estão sendo, paulatinamente, deixados de lado por conta desta dinâmica neoliberal. Assim, o Terceiro Setor surge como um tipo de alternativa também para o trabalho, abarcando diversos tipo de profissionais e gerando novos postos de trabalho. Segundo Salamon (1997), esse setor teria grande força econômica, sendo investido em qualificação profissional, muito pela característica, não só de ações humanitárias, mas por se tratarem de prestadoras de serviços. Esse viés interpretativo de ver nas ONGs perspectivas empresariais, segundo Teixeira (2003), diz respeito a querer banir o caráter apenas voluntário e precário das mesmas. No que se refere à inclusão no mercado de trabalho, Barreto (1999) nos diz que Jeremy Rifkin, no ‘III Encontro Ibero-Americano do Terceiro Setor’, realizado no Rio de Janeiro em 1996, vai ainda mais longe: Rifkin afirma que numa era pós-mercado, o espaço público não-estatal emerge como o único que pode absorver e dar conta da quantidade de mão-de-obra do setor público e do mercado. Desta maneira, em oposição à patronagem, à discriminação e ao favoritismo, percebemos, hoje, no Terceiro Setor, uma certa tendência em direção a princípios relacionados ao mérito, à imparcialidade da administração burocrática e, principalmente, ao profissionalismo. Estes contribuem para reforçar os valores democráticos no que se refere às condutas que garantem êxitos pessoais e coletivos. Entretanto, a contrapartida da neutralidade burocrática poderia ser a irresponsabilidade política e ausência de compromisso com valores democráticos. (Nassuno, 1999). Neste contexto, podemos entender que na administração burocrática a organização dos quadros administrativos está baseada nas regras da racionalidade, expressa através de formalismos, como divisão de trabalho e hierarquias, e de um caráter impessoal, que não considera casos e especificidades individuais. Seus quadros de funcionamento, ainda, são regulados externamente, não importando as características de cada função ou processo de trabalho. Regras pré-definidas também pressupõem previsibilidade de demandas, o que resulta, em última instância, em incapacidade e inflexibilidade para atender a necessidades específicas, ou até, individuais. Diante deste quadro, no momento em que há canais que propiciam o controle social, a administração de organizações pública deve mudar. Desta maneira, a participação social pode ser interpretada como meio de garantir a eficiência de políticas públicas implantadas. De acordo com essa lei inovadora, então, foi estabelecida uma nova regulamentação jurídica às pessoas de direito privado sem fins lucrativos, que integram o Terceiro Setor. Além disso, em seu inciso VI foram definidos benefícios e vantagens pessoais tanto para os dirigentes e funcionários da entidade, como também para seus cônjuges, companheiros, parentes ou afins. Assim, a possibilidade de se instituir remuneração para os gestores dessas organizações foi regulamentada. Esse fato tem grande impacto sobre funcionários, estabelecendo um critério para o valor pago tanto para gestores como para os prestadores de serviço que diz respeito aos valores já praticados no pagamento de salários pelo mercado e na região correspondente a sua área de atuação. (Rocha, 2003) No caso dessas entidades, então, já é pensado em flexibilização de sua gestão e da prestação de serviços públicos (Nassuno, 1999). Tendo elas mais autonomia administrativa do que seria possível dentro do aparelho estatal, chegando, até, a um tipo de administração 7 coincidente com a das empresas privadas. Esse modelo propicia uma atuação de dirigentes que vai além da simples obrigação de cumprir as normas vigentes no que diz respeito, fundamentalmente, a quem contratar, qual plano de cargos e quais salários e benefícios serão pagos a seus funcionários. Com isso, as OS [Organizações Sociais] têm um ganho de flexibilidade e qualidade na seleção, contratação e manutenção de funcionários que, enquanto celetistas, estão sujeitos ao plano de cargos e ao regulamento de cada OS, ao passo que as organizações estatais estão sujeitas às normas do regime jurídico único dos servidores públicos e a concurso público, e integram o sistema de pessoal civil da União e a tabela setorial do setor público. (Nassuno, 1999: 352). Uma vez que essas instituições ou organizações, como dito, assumem muitos nomes e definições, Vieira (1999), assim como Pereira e Grau (1999), também as entende como “organizações de público não-estatal”, sendo essas essencialmente diferentes do setor privado. Enquanto um é voltado essencialmente para os critérios econômicos e a lógica capitalista de produtividade e diminuição sistemática de mão-de-obra, o Terceiro Setor não substituiria empregados por máquinas. Vieira aponta que no Reino Unido essas organizações envolvem, de alguma forma, 39,0% da população total e já abrangem 4,0% do PIB. Na França, o emprego no Terceiro Setor já chega a 6,0% do total. Na Alemanha, por sua vez, movimenta 2,0% do PIB e este setor emprega mais que o agrícola. Nos Estados Unidos, o Terceiro Setor contribui com mais de 6,0% para a economia e é responsável por 9,0% dos empregos totais. No panorama dos países da América Latina, as organizações de público não-estatal, no que tange a geração de empregos, seriam as responsáveis por suprir a carência de postos de trabalho, buscando preencher o vazio deixado pelo Estado. Ainda, sobre o perfil desses trabalhadores, Morales (1999) enxerga ONGs como agregadoras de pessoas com visão de futuro e projeto político, além de constituírem reserva de capacidade profissional. Aponta que muitas ONGs nasceram devido à exclusão de profissionais do âmbito público e universitário e se viram necessitados de amparo político: Nos últimos anos, observa-se o ingresso voluntário de especialistas jovens e tecnicamente bem treinados nas ONGs, constituindo o que Chambers (1987) chama de novo profissionalismo. Em geral motivadas por valores morais, filosóficos, religioso ou políticos, essas pessoas buscam as ONGs para se realizar profissionalmente. (Morales, 1999:71). Desta maneira, esses profissionais escolheriam este modo de inserção no trabalho como uma possibilidade de evitar organizações estatais e suas características centralizadoras. Financiamento Uma vez entendida a multiplicidade de papéis, funções, prioridades temáticas, modos de trabalho e perfis institucionais dessas organizações, é necessário apontar a dificuldade de estabelecimento de um só padrão de relacionamento que dê conta da escolha do interlocutor mais acertado, no que tange o financiamento das mesmas. Assim, “o estabelecimento de parcerias substantivas e pontuais com ONGs deve-se fazer, caso a caso, em função de sua reconhecida competência, temática e capacidade operacional”. (Oliveira, 1999: 135). No que se refere à mobilização de recursos, então, nas parcerias com órgãos governamentais, o foco é em políticas públicas diversas, com desenvolvimento de projetos no campo social promovido pelas organizações e apoiado pelo Estado. Neste caso, as 8 ONGs podem servir de agente de políticas públicas que seriam de responsabilidade do Estado, funcionando como uma espécie de terceirização dos serviços públicos. Como já dito anteriormente, o Estado, desta maneira, iria de encontro à tendência neoliberal, atribuindo a essas organizações o papel que lhe cabe na promoção de políticas públicas em âmbito nacional. Embora haja dificuldade de definição desses papéis, fato é que o Estado tem se utilizado de inúmeras parcerias com organizações não-governamentais de acordo, possivelmente, com a lógica privatista atual. Apesar de muitas ONGs contarem com trabalho voluntário, como visto, a maior parte de seus funcionários são remunerados. Para tal, a mobilização de recursos é fundamental para que se consiga infraestrutura mínima para seu funcionamento. Neste sentido, nos casos quando não há nenhum tipo de parceria estatal, as fontes de recursos dessas organizações podem ser internacionais – por intermédio de parcerias feitas com agências de cooperação – ou nacionais, através de doações particulares ou de empresas ou através também de mecanismos de auto-sustentabilidade, como venda de camisetas e souvenires. No caso de recursos mobilizados por Organizações de Cooperação Internacional, eles foram responsáveis pela implementação e financiamento de grande parte das ONGs, principalmente na sua gênese, no início dos anos 70. Inclusive, segundo a ABONG, em uma pesquisa feita em 1993, 75,9% das organizações ligadas a ela tinham seus recursos provenientes de ‘agências de cooperação internacional’. No final dos anos 80 e início dos 90 esse apoio internacional diminuiu consideravelmente, sendo indicados, pelo menos, dois motivos principais para este decréscimo. Segundo Teixeira (2003), a redução dos investimentos internacionais em ONGs brasileiras é devida, em primeiro lugar, a mudanças geopolíticas durante as décadas de 80 e 90, que retiram o foco de atenção dos países latinoamericanos e o colocam sobre o Leste Europeu e a África. O segundo motivo está relacionado com o Plano Real, que propiciou que o valor dos dólares enviados e convertidos para a moeda brasileira fosse extremamente reduzido. As doações de empresas também constituem uma parcela importante desses recursos, sendo útil para ambos os lados: além de contribuir financeiramente com alguma organização, a empresa faz melhorar sua imagem pública, num movimento de marketing social ou de “investimento social empresarial”. Essas atividades empresariais são bastante recentes no Brasil, e têm como pontapé inicial a experiência da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, fundada em 1990. Assim, segundo Landim (2002): A filantropia empresarial adota discurso análogo ao desenvolvido no campo das ONGs quanto aos valores modernos da autonomia e da cidadania, diferenciandose do chamado assistencialismo com seu ethos pessoalizado e cristão. Apenas, nesse caso, as idéias de intervenção na sociedade apresentam-se associadas a uma lógica de mercado na ação social, tais como eficiência, resultados, competitividade, marketing etc. (Landim, 2002). Garcia (2004) defende diferenças entre filantropia empresarial e responsabilidade social. Segundo a autora, com relação à ajuda aos funcionários, as entidades filantrópicas empresariais vendem seus produtos a preço de custo e auxiliam, por exemplo, na construção de casas próprias. Já as empresas de responsabilidade social visariam melhorar a segurança do emprego do trabalhador, tendo em vista a família do funcionário, no que se refere às políticas de contratação, além de bolsas de estudo para o ensino médio e superior, cursos de aperfeiçoamento e especialização. Esta concepção de responsabilidade social implica em reavaliação, por parte da empresa, de seus processos, repensando seus valores, sua postura ética e, 9 fundamentalmente, como ela se direciona com seus diferentes públicos, tais como clientes, consumidores, comunidade e, também, seus funcionários. Neste sentido, parcerias com organizações não-governamentais poderiam ajudar a encontrar soluções para intervir na sociedade, gerando bons resultados para as partes envolvidas. Além disso, do total de organizações relacionadas à filantropia empresarial no Brasil, a concentração é a maior na Região Sudeste, abrangendo quase a totalidade nos registros de consulta. Só em São Paulo, por exemplo, o número de casos é maior que a metade de todo o país. Embora se possa explicar essa concentração por motivos estritamente empresariais, dada a importância territorial de São Paulo no setor comercial, financeiro e industrial, a tendência não se refere exclusivamente ao campo empresarial, mas às instituições filantrópicas de modo geral. A filantropia empresarial, por sua vez, replica essa tendência, valorizando, ainda mais a centralidade da região Sudeste e confirmando o estado de São Paulo na liderança do campo. (Garcia, 2004: 41). Obviamente há dificuldades de se saber o sentido e alcance dessas atividades empresariais, mas a experiência brasileira nos mostra intenções principalmente voltadas para ações sociais. Neste sentido, a primeira característica que chama atenção neste tipo de prática social é a ênfase em educação e promoção de jovens (Teixeira, 2003). Não se pode deixa de destacar, no entanto, que esse investimento pode se tratar de um novo marketing empresarial para melhorar a relação com seus próprios funcionários a fim de aumentar níveis de produtividade. Esta filantropia moderna, em última análise, procuraria fugir do assistencialismo causador de dependência e se concentrar na tentativa de capacitar os envolvidos em seus programas a procurar recursos próprios, se tratando de “ajudar pessoas a se ajudarem” e não somente de “ajudar pessoas”. Perfil educacional dos trabalhadores de ONGs Segundo Wanderley (2002), um prévio estudo, realizado em 19914, sobre ONGs no Brasil contou com dados de uma amostra composta de 102 questionários respondidos pelas próprias entidades. Este trabalho foi apresentado no seminário ‘Estudos sobre as organizações não-governamentais na América Latina: situação e perspectivas’ e reuniu pesquisadores acadêmicos de diversos países, além de dirigentes de organizações sociais. No que se refere a traçar um perfil dos dirigentes dessas organizações, a configuração encontrada foi, também, a de alta qualificação, na qual 87,0% destes possuíam diploma universitário e 39,0% pós-graduação, dos quais 19,0% concluíram seus estudos no exterior. Dos dirigentes que cursaram pós-graduação, um terço declarou ter cursado Sociologia, no que se refere às disciplinas cursadas no nível de graduação, os resultados estão expressos na Tabela 1. 4 Esse estudo, ao seu final, contribui com a fundação da ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais). 10 Tabela 1 Graduação cursada por dirigentes de ONGs (1991) Disciplina Dirigentes cursada Filosofia 21,0% Sociologia 17,0% Economia 9,0% Teologia 6,0% Advocacia 6,0% Outras 41,0% Fonte: Wanderley, 2002 Outro dado relevante deste mesmo trabalho (Wanderley, 2002) se refere às atividades prestadas por ONGs, assim: ‘pesquisa’ comparece com 20% e ‘formação sindical’ com 13%. No quesito ‘relação com instituições’, no item ‘universidades’, ‘relações eventuais’ (‘seminários’) são praticadas por 22% das entidades. É um índice elevado, revelador de uma interação ainda pouco percebida nas imagens correntes. Um número menor, porém expressivo (17%), mantém projetos comuns e convênios formais com universidade. (Wanderley, 2002: 121). Desta maneira, pode-se perceber uma relativa valorização curricular de pessoal especializado atuante em ONGs, até pelo fato de essas organizações serem reconhecidamente importantes para produção de conhecimento e saberes novos destinados à geração de alternativas de desenvolvimento sustentável e justiça social. Neste sentido, Wanderley (2002) indica que embora haja uma tendência a se investir em pesquisa neste setor, a capacidade das ONGs de produzirem conhecimento mais amplo e destacado esbarra na dificuldade de cooperação por parte das universidades e institutos de pesquisa. Mesmo assim, o autor afirma que o setor já serve de abrigo para uma vasta gama de profissionais como sociólogos, assistentes sociais, educadores, médicos, agrônomos, arquitetos, urbanistas etc. Estimativas do número de ONGs no Brasil e seu mercado de trabalho Uma vez que não há, no Brasil, um estudo definitivo sobre o real número de organizações não-governamentais, mas sim diferentes trabalhos adotando diferentes metodologias de classificação de instituições, encontramos alguns estudos que são tentativas de montar um panorama do numerário de ONGs em âmbito nacional que podem nos dar pistas, também, sobre as pessoas inseridas nessa fatia do mercado de trabalho. Os dados da ABONG sobre instituições sem fins lucrativos dizem respeito a um total de duas mil associações reconhecidas, com 430 associadas (em 2000), atuando somente no Brasil. Outras estimativas, que partem de critérios mais liberais, apontam um número que pode chegar a 17 mil entidades (Morales, 1999) e que 60,0% delas possuem mais de 15 anos de existência, envolvendo mais de 20 mil funcionários, entre assalariados e voluntários. É importante ressaltar que não se trata, necessariamente, de números relativamente expressivos diante da população brasileira inserida no mercado de trabalho, mas sim de importância socialmente conhecida de cunho, até mesmo, cultural. 11 Uma outra pesquisa coordenada pelo ISER5, e realizada pelo John Hopkins Center for Civil Society Studies em 22 países, indicou que em 1991 havia 775.384 empregados no Terceiro Setor, no Brasil. Já em 1995, esse número passou para 1.119.533, significando um incremento de 44,4%. Este estudo também mostra que os empregos desse setor podem ter um aumento dentro do mercado brasileiro. Enquanto no Brasil esta mão-de-obra ativa está na faixa de 2,5% do total, aumentando para 3,2% se incluído o trabalho em instituições religiosas, a média de todos os 22 países pesquisados fica em torno de 4,8%, sendo a maior na Holanda (12,6%) e a menor no México (0,4%). A Kanitz Associados apresenta dados que dão conta de que, desde 1991, houve uma oferta de mais de 340 mil vagas no Terceiro Setor no Brasil. A Tabela 2 nos mostra a distribuição das vagas entre 1997 e 1999, nas entidades com 10 anos de vida ou mais. Tabela 2 Empregados e Novas Vagas Oferecidas em ONGs Ano Nº de Nº de novas vagas empregados oferecidas 1997 54.459 1.643 1998 57.035 2.676 1999 59.899 2.864 Fonte: Johvem. Disponível em: <www.johvem.com.br>. Acesso em: ago. 2005. Embora haja um crescimento médio de vagas de 5,0% ao ano, a Kanitz Associados considera esse número abaixo do esperado e insuficiente. A mesma pesquisa ainda aponta que o salário médio no setor é de R$ 330,00, para diretores e presidência é de R$ 1.663,00, enquanto a de gerente é de R$ 1.687,00. Voluntários, funcionários e dispêndios sociais Avaliando o trabalho voluntário, no que se refere a uma tipologia dessas organizações, segundo modo de operação e seu uso, Pereira e Grau (1999) nos oferecem uma agenda de classificação: 1. Organizações que se utilizam de trabalho voluntário, voltadas para cidadania e defesa de direitos, com missão de controle social. 2. Organizações que se utilizam de trabalho voluntário, voltadas para ajuda e/ou caridade, sem missão de controle social. 3. Fundações empresariais que raramente se utilizam de trabalho voluntário e o controle social só ocorre nas organizações por ela financiadas. 4. Organizações produtoras de serviços sociais de educação e saúde, que pouco utilizam trabalho voluntário e não estão voltadas para o controle social. Estas podem ser chamadas de ‘Organizações de Serviço Público Não-Estatal’ (Ospnes) Os autores ainda sugerem que no Terceiro Setor há uma diferenciação entre as ‘organizações intervenientes’, as voluntárias e as mediadoras de acordo com diferentes graus entre doadores/financistas, membros/voluntários e clientes. As Quangos, citadas 5 A pesquisa foi retirada da homepage da RITS (Rede de Informações para o Terceiro Setor): <www.rits.org.br> (Acesso em: set. 1999) 12 anteriormente, estariam inseridas nessa primeira tipologia, sem trabalho voluntário e onde os profissionais são altamente qualificados. Na tentativa de montar um perfil de suas organizações filiadas, a própria ABONG fez uma pesquisa dando conta de organizações que atuam em território brasileiro. Esses dados foram publicados numa edição especial da Revista Veja em dezembro de 2000, sob o título “Guia Para Fazer o Bem”. Das 430 associações listadas por esta pesquisa, 382 aceitam trabalho voluntário, e 407 aceitam dinheiro como doação, além de outros artigos como alimentos, roupas e móveis6. De acordo com a Tabela 3, é possível identificarmos a distribuição dessas instituições segundo as regiões brasileiras. Tabela 3 Instituições por região brasileira Região Instituições % Sudeste 67,0 Nordeste 13,0 Sul 12,0 Centro-Oeste 4,0 Norte 4,0 Fonte: Revista Veja. “Guia Para Fazer o Bem”. Dezembro/2000 Nessas organizações, o número de voluntários chega a ser, em alguns casos, maior do que o de trabalhadores assalariados. Esse fato contribuiria para diminuir os gastos e/ou aumentar o número de beneficiados. Encontramos os estados do Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul nesta situação. No geral, o número de pessoas beneficiadas pelas organizações em um ano7 tende a ser maior do que o número de funcionários (tanto voluntários como assalariados). São encontradas apenas duas exceções: os estados do Acre e de Goiás não possuem nenhum beneficiado por ano, o que pode ser explicado por algum tipo de prestação de serviço como balcão de empregos e outros tipos de cadastros, nos quais não há nenhum tipo de benefício direto. Segundo a Tabela 4 abaixo, as organizações localizadas no estado do Paraná possuem quase o dobro de trabalhadores voluntários do que aquelas do estado de São Paulo, embora empreguem por volta de 30 vezes menos trabalhadores assalariados e beneficiem por volta de quatro vezes menos pessoas. Por sua vez, os números observados no estado do Rio Grande do Norte também são intrigantes: com apenas 16 funcionários assalariados – e nenhum voluntário – suas organizações são capazes de beneficiar cerca de 19 mil pessoas por ano. 6 Deste total de organizações, no que se refere ao vínculo religioso no âmbito nacional, a cada dez organizações, três têm algum tipo de relação religiosa. 7 A pesquisa da ABONG não revela a qual ano os dados financeiros das organizações se referem. 13 Tabela 4 Voluntários, funcionários e beneficiados Estado* Voluntários Funcionários Totais Totais Total 190.995 210.389 PR 111.871 5.561 SP 65.934 171.128 RJ 4.947 4.725 MG 3.758 23.932 SC 2.025 213 MS 742 265 RS 641 15 BA 501 1.229 PE 178 363 SE 148 1.400 CE 128 503 DF 117 189 RO 5 490 GO 0 306 MA 0 29 AC 0 25 RN 0 16 Beneficiados por ano 16.482.585 2.110.354 9.154.766 2.221.005 796.402 15.513 13.027 40.753 1.234.170 17.552 290.942 5228 225.216 332.342 0 5.975 0 19.340 Fonte: Revista Veja. “Guia Para Fazer o Bem”. Dezembro/2000 * Incluindo o Distrito Federal De acordo com os dados apresentados na Tabela 5 abaixo, no que se refere aos dispêndios sociais gastos anualmente, percebemos que as organizações localizadas no estado de São Paulo participam com quase a totalidade do montante gasto (99,9%), chegando a mais de 1 bilhão de reais. Por outro lado, as organizações de outros estados, como Pernambuco e Rio Grande do Norte, não chegam a utilizar mil reais por ano. Mais uma vez vemos a enorme disparidade regional com relação a essas ONGs. Ademais, dos quatro estados brasileiros que possuem maiores números de pessoas beneficiadas por organizações não-governamentais, – São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Bahia – somente este último não está nas primeiras posições quando verificamos o dinheiro gasto em seus projetos, alcançando somente o sexto lugar. Mais uma vez há de ser ressaltado o fato dessas organizações baianas beneficiarem mais de 1,2 milhão de pessoas com uma receita de pouco mais de 15 mil reais. 14 Tabela 5 Dispêndios sociais das organizações Estado* Dispêndios sociais em R$ Total 1.084.829.898 SP 1.084.249.000 MG 165.901 PR 158.047 RJ 128.041 DF 60.819 BA 15.032 SE 12.976 MS 12.767 GO 9.601 CE 5.246 RS 4.213 SC 2.842 RO 1.611 MA 1.455 AC 1.078 RS 806 PE 463 % 100 99,946 0,015 0,015 0,012 0,006 0,001 0,001 0,001 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Fonte: Revista Veja. “Guia Para Fazer o Bem”. Dezembro/2000 * Incluindo o Distrito Federal A Pesquisa “Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos” (IBGE) Como visto, por conta da diferença de metodologias utilizadas, as pesquisas previamente mencionadas não nos possibilitam comparações entre si, nem com aquela a ser mostrada a seguir. Segundo o IBGE, todas essas organizações, independentemente da conceitualização adotada pelos diferentes autores, estão expressas pelo conceito de Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (FASFIL), baseada no Cadastro Central das Empresas (CEMPRE) do IBGE, sendo o número total delas no Brasil de 275.895, com um total de 1.541.290 pessoas empregadas assalariadas. Na tentativa de avaliar qual o tipo do trabalhador dessas associações, aqui é montado um perfil da mão-de-obra empregada remunerada. Localização das Entidades e do Emprego Entendendo o espaço nacional como o de atuação dessas organizações, elas estão assim distribuídas no âmbito das regiões brasileiras e dos estados da federação, de acordo com a Tabela 6. 15 Tabela 6 FASFILs e Empregados por Região (%) – Brasil (2002) Região FASFILs Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte 43,9% 23,0% 22,2% 6,6% 4,3% Pessoal Ocupado 55,6% 19,9% 14,0% 4,5% 3,0% Fonte: IBGE. As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, 2002. Na Tabela 7 podemos verificar o número de FASFILs em cada um dos estados da federação, e sua participação para o agrupamento nacional. Além disso, é possível notar a quantidade de pessoal ocupado em cada uma dessas instituições por estado. Tabela 7 FASFILs por estado – Brasil (2002) Unidades da Federação Unidades Locais Pessoal Ocupado Absoluta Relativa Absoluta Relativa Brasil 275.895 100% 1.541.290 100% São Paulo 58.557 21,2% 487.904 31,7% Minas Gerais 34.741 12,6% 172.452 11,2% Rio Grande do Norte 3.425 1,2% 13.616 0,9% Rio Grande do Sul 25.591 9,3% 139.503 9,1% Rio de Janeiro 22.207 8,0% 172.143 11,2% Paraná 20.802 7,5% 115.962 7,5% Bahia 17.914 6,5% 57.121 3,7% Santa Catarina 17.169 6,2% 50.902 3,3% Ceará 11.568 4,2% 47.221 3,1% Pernambuco 8.222 3,0% 47.026 3,1% Goiás 6.646 2,4% 38.584 2,5% Maranhão 6.241 2,3% 13.178 0,9% Espírito Santo 5.670 2,1% 25.134 1,6% Paraíba 5.089 1,8% 10.459 0,7% Piauí 4.922 1,8% 6.353 0,4% Pará 4.728 1,7% 20.706 1,3% Mato Grosso 4.220 1,5% 12.562 0,8% Distrito Federal 3.794 1,4% 44.506 2,9% Mato Grosso do Sul 3.488 1,3% 19.783 1,3% Rondônia 2.162 0,8% 4.821 0,3% Sergipe 2.100 0,8% 8.117 0,5% Alagoas 1.814 0,7% 12.280 0,8% Amazonas 1.797 0,7% 11.856 0,8% Tocantins 1.595 0,6% 4.496 0,3% Acre 711 0,3% 1.882 0,1% Roraima 408 0,1% 816 0,1% Amapá 314 0,1% 1.907 0,1% Fonte: IBGE. As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, 2002. 16 Assim, notamos que a distribuição por estado e regiões vai notadamente de encontro ao processo de diferenciação regional encontrado no Brasil, com a Região Sudeste recebendo mais organizações da sociedade civil. Embora haja muitas entidades com sede em grandes metrópoles nacionais ou regionais que atuem em cidades do interior com maiores necessidades de amparo, no que se refere à geração de postos de trabalho e de renda essas instituições continuam contribuindo para os estados onde localizam suas sedes. Porte das Entidades Um outro aspecto que deve analisado a fim de verificar a tipologia dessas organizações é seu porte. O número de funcionários empregados e em quantas instituições eles se dividem constitui ferramenta de extrema importância a fim de se entender a constituição do mercado de trabalho em associações sem fins lucrativos. Desta maneira, de acordo com a Tabela 8, verificamos que deste total de associações apenas 1,0% é de grande porte, ou seja, possui mais de cem empregados. Nestas, estão empregados 61,0% dos assalariados do setor, o que significa cerca de 2500 mil entidades e quase um milhão de trabalhadores. As FASFILs que contêm até nove funcionários (257.013) constituem uma parcela extremamente significativa, pois representam 93,2% das associações do Terceiro Setor. Já no que se refere ao número de empregados, essas entidades abarcam somente 131.030 trabalhadores, ou seja, 8,5% do total. Curiosamente, 76,9% dessas associações não possuem nenhum empregado. Isso pode ser devido a alguns fatores, como por exemplo, as organizações só contarem com trabalho voluntário, ou essas FASFILs são as chamadas ´fantasmas’, e não fazem nenhum tipo de prestação de serviço, sendo classificadas erroneamente de acordo com a metodologia utilizada nesta pesquisa. De qualquer modo, é um número bastante significativo de organizações que não devem ser desprezadas. Tabela 8 Unidades Locais segundo Faixas de Pessoal Ocupado – Brasil (2002) Faixas de Pessoal Ocupado Total 0 1a2 3a4 5a9 10 a 49 50 a 99 100 a 499 500 e mais Unidades Locais Pessoal Ocupado em 2002 Absoluto Relativo Absoluto Relativo 275.895 100 1.541.290 100 212.165 76,9 0 25.825 9,4 34.704 2,3 9.241 3,3 31.521 2 9.782 3,5 64.805 4,2 13.774 5 293.938 19,1 2.495 0,9 173.243 11,2 2.198 0,8 441.406 28,6 415 0,2 501.673 32,5 Fonte: IBGE. As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, 2002. 17 Distribuição por Atividade Segundo a Tabela 9, o setor que mais emprega, segundo a pesquisa do IBGE, é o de Educação e Pesquisa, com participação de cerca de 29% dos empregados totais em dois períodos distintos (1996 e 2002). Em seguida, vemos o setor de Saúde, com 25,1% da mão-de-obra total em 1996 e com 22,8% em 2002. No geral, o setor que menos emprega é Habitação. No Rio de Janeiro, nota-se que embora as associações religiosas abarquem a maior quantidade de unidades locais, com 46,2% do total, é o setor de Assistência Social que emprega o maior percentual, 11,7%. Tabela 9 Pessoal Ocupado por Atividade – Brasil (2002) Classificação das FASFILs (atividade) Unidades Locais Absoluto Relativo Pessoal Ocupado Absoluto Relativo Total 275.895 100,0% 1.541.290 100,0% Religião 70.446 25,5% 101.513 6,6% Desenvolvimento e 45.161 16,4% 68.972 4,5% Defesa de Direitos Associações Patronais 44.581 16,2% 84.402 5,5% e Profissionais Cultura e Recreação 37.539 13,6% 119.692 7,8% Assistência Social 32.249 11,7% 226.510 14,7% Educação e Pesquisa 17.493 6,3% 446.965 29,0% Saúde 3.798 1,4% 351.890 22,8% Meio Ambiente e 1.591 0,6% 3.006 0,2% Proteção Animal Habitação 322 0,1% 187 0,0% Outras 22.715 8,2% 138.153 9,0% Fonte: IBGE. As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, 2002. Na Tabela 10 abaixo percebemos que o setor de Habitação foi o único que teve uma variação percentual negativa de um período para outro (1996 e 2002), diminuindo sua já pequena fatia nesse mercado em pouco mais da metade. Entre os setores que sofreram aumento, Cultura e Recreação foi o que menos cresceu: apenas 9,4% entre 1996 e 2002. Por outro lado, setores como Desenvolvimento e Defesa de Direitos e o de Associações Patronais e Profissionais tiveram crescimento, ambos, na casa de 70%. No entanto, a variação percentual nacional ficou em 48,2% de aumento. 18 Tabela 10 Pessoal Ocupado segundo Tipo de Atividade Realizada pelas FASFILs – Brasil (1996 e 2002) Classificação das FASFILs (atividade) Pessoal Ocupado em 31.12 1996 2002 Variação Percentual Absoluto Relativo Absoluto Relativo Total 1.039.925 100,0% 1.541.290 100,0% 48,2% Habitação 416 0,0% 187 0,0% (-)55,0% Saúde 260.548 25,1% 351.890 22,8% 35,1% Cultura e Recreação 109.395 10,5% 119.692 7,8% 9,4% Educação e Pesquisa 301.022 28,9% 446.965 29,0% 48,5% Assistência Social 135.688 13,0% 226.510 14,7% 66,9% Religião 71.487 6,9% 101.513 6,6% 42,0% Associações Patronais 49.178 4,7% 84.402 5,5% 71,6% e Profissionais Meio Ambiente e 1.820 0,2% 3.006 0,2% 65,2% Proteção Animal Desenvolvimento e 38.501 3,7% 68.972 4,5% 79,1% Defesa de Direitos Outras 71.870 6,9% 138.153 9,0% 92,2% Fonte: IBGE. As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, 2002. Salários Médios Segundo a mesma pesquisa, o salário médio mensal fica em torno de 4,5 salários mínimos8, em 2002 (Tabela 11). De todos os setores, a menor média salarial se refere às organizações que se dedicam a projetos de Habitação: 2,1 salários mínimos em média. A maior média se refere àquelas que se dedicam a Educação e Pesquisa (6,0 salários mínimos). Assim, o setor com maior salário médio coincide com o que também emprega mais trabalhadores, tanto em 1996, quanto em 2002. É interessante observar que, de acordo com os dados da pesquisa, salários mais altos são registrados na medida em que as organizações aumentam de tamanho. Nas entidades com um ou dois empregados, a remuneração média fica em torno de 2 salários mínimos por mês. Já nas organizações de grande porte, com 500 ou mais empregados, este número triplica, sendo pago, em média, 5,6 salários mínimos. Esse aumento pode ser em parte explicado se considerarmos que, no geral, as entidades de grande porte são aquelas que exercem atividades que demandam maior quantidade de mão-de-obra qualificada, tais como escolas e hospitais. Por este motivo, os salários pagos seriam mais elevados porque é levada em consideração a qualificação profissional dos trabalhadores. 8 O valor médio mensal do salário mínimo em 2002 foi de R$ 195,38. 19 Tabela 11 Salário Médio Mensal em FASFILs por Atividade Classificação das FASFILs (atividade) Média Educação e Pesquisa Meio ambiente e Proteção animal Cultura e Recreação Saúde Desenvolvimento e Defesa de Direitos Associações Patronais e Profissionais Religião Assistência Social Habitação Outras Salário Médio Mensal (em salários mínimos) 4,5 6,0 5,2 4,4 4,2 4,1 4,0 2,9 2,8 2,1 4,5 Fonte: IBGE. As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, 2002. Idade das Organizações É interessante notar que há uma forte relação entre idade e porte das organizações. Assim, no geral, quanto mais antiga for a instituição, mais empregados ela possui. Por outro lado, quanto mais jovem menor é o número de trabalhadores empregados. Segundo a Tabela 12, dentre as entidades com mais de 32 anos (isto é, criadas antes 1970), um terço não possui empregados, enquanto 17,4% tem mais de 50 trabalhadores. Já no que se refere às organizações mais novas, principalmente aquelas constituídas após o início da década de 90, cerca de 86,0%, não conta com nenhum profissional assalariado, enquanto apenas 0,7% delas possui 50 ou mais trabalhadores assalariados registrados. Tabela 12 Distribuição das FASFILs, por porte, segundo data de criação – Brasil (2002) Data de criação Total Até 1970 De 1971 a 1980 De 1981 a 1990 De 1991 a 2000 De 2001 a 2002 Total De 1 a 2 De 3 a 4 De 5 a 9 De 10 a 49 50 ou mais empregados empregados empregados empregados 275.895 100,0% 212.165 76,9% 25.825 9,4% 9.241 3,3% 9.782 3,5% 13.774 5,0% 5.108 1,9% 10.998 100,0% 3.502 31,8% 1.212 11,0% 751 6,8% 1.055 9,6% 2.555 23,2% 1.923 17,5% 32.858 100,0% 16.173 49,2% 6.248 19,0% 2.789 8,5% 2.718 8,3% 3.667 11,2% 1.263 3,8% 61.970 100,0% 0 empregados 7.555 12,2% 2.500 4,0% 2.803 4,5% 3.525 5,7% 809 1,3% 139.187 100,0% 119.593 85,9% 9.388 6,7% 2.785 2,0% 2.861 2,1% 3.584 2,6% 976 0,7% 30.882 1.422 4,6% 443 1,4% 137 0,4% 100,0% 44.778 28.119 72,3% 91,1% 416 1,3% 345 1,1% Fonte: IBGE. As Instituições Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, 2002. 20 Considerações Finais A bibliografia sobre organizações não-governamentais brasileiras nos oferece ferramentais importantes para avaliação e esclarecimento dessas entidades. A partir do entendimento de que essas aparecem num contexto democrático e de abertura econômica, podemos ver o mercado de trabalho no Terceiro Setor como um processo crescente. Assim, caso tivéssemos de contar somente com os dois instrumentos clássicos do desenvolvimento econômico e social, o mercado e o Estado, possivelmente estaríamos numa situação grave. O mercado já se mostrou incapaz de regular a produção e a distribuição de bens que correspondem a conquistas de direitos sociais. (Morales, 1999:56). Seguindo este pensamento, temos organizações cada vez maiores e mais conhecidas da população brasileira e contando também com mais espaço no que se refere à luta pela valorização de direitos. Sobre a tipologia e o alcance do trabalho dessas organizações muito ainda terá de ser discutido, mas sobre seu caráter “inovador” e agregador de diferentes parcelas da sociedade muito já foi dito na bibliografia existente. Desta maneira, o material aqui apresentado nos ajuda a entender um pouco mais do que se trata fazer parte de uma instituição sem fins lucrativos. Sem entrar na questão do trabalho voluntário e no caráter de identificação com missões institucionais, a verdade é que empregos são necessários. E a inserção no mercado de trabalho formal se torna cada vez mais dificultosa. Quanto mais especializado um trabalhador se torna, mais dispendioso ele fica para o empregador e, muitas das vezes, seu custo prepondera sobre sua qualidade e eficiência, deixando-o sem emprego. Assim, independentemente do papel dessas organizações – se são efetivas ou não, se promovem bem-estar social ou não, se possuem parcerias legítimas ou não – elas servem, em última instância, de força de atração de mão-de-obra contribuindo para uma parcela significativa da geração de recursos nacionais de capital humano no Brasil. Referências Bibliográficas ABONG. Pluralidades e identidades. Disponível em: <www.abong.org.br>. Acesso em: jul. 2005. BARRETO, M. I. As Organizações Sociais na Reforma do estado Brasileiro. In: PEREIRA, L. C. B. & GRAU, N. C. (orgs.). O Público Não-Estatal na Reforma do Estado. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999. DAGNINO, E. Sociedade Civil, Participação e Cidadania: Do que Estamos Falando?. In: MATO, D. (Org.) Políticas de Ciudadania y Sociedad Civil en Tiempos de Globalización. Caracas: FACES, Universidad Central de Venezuela, 2004. GARCIA, Joana. O Negócio do Social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2004. IBGE. 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