LITERATURA VIRTUAL LITERATURA VIRTUAL REALISMO / NATURALISMO Profa. Tânia Palmeira Tripoloni 2009 Questão Coimbrã • António Feliciano de Castilho • Antero de Quental • Em 1865, foi um dos principais envolvidos na polêmica conhecida por Questão Coimbrã, em que humilhou António Feliciano de Castilho, seu antigo professor e renomado crítico literário que se tinha por cânone para os escritores nacionais: • ao livro Odes modernas de Antero, Castilho respondeu com críticas duras sobre o aventureirismo de um jovem tolo que escrevia de forma assaz estranha e de gosto muito duvidoso. • Antero respondeu com o opúsculo Bom senso e bom gosto, a que definia a sua literatura por oposição à instituída: ao UltraRomantismo decadente, torpe, beato, estupidificante e moralmente degradado, • Antero opunha o Realismo, a exposição da vida tal como ela era, das chagas da sociedade, da pobreza, da exploração: estas preocupações sociais levaram-no a co-fundar o Partido Socialista Português: • Antero defendia a poesia como Voz da Revolução, como forma de alertar as consciências para as desigualdades sociais e para os problemas da humanidade. REALISMO / NATURALISMO AUTORES PORTUGUESES José Maria Eça de Queirós Eça de Queirós (1845 – 1900) • Nascimento 25 de novembro de 1845 em Póvoa de Varzim , Portugal • Falecimento 16 de agosto de 1900 - Paris, França • Nacionalidade Português • Ocupação Romancista, contista • Escola/tradição: Romantismo, Realismo • Era filho do Dr. José Maria Teixeira de Queirós, juiz do Supremo Tribunal de Justiça, e de sua mulher, D. Carolina de Eça. • Matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, completando a sua formatura em 1866. • Era amigo íntimo de Antero de Quental, com quem viveu fraternalmente, e com ele e outros formou uma ligação seleta e verdadeira agremiação literária para controvérsias humorísticas e instrutivas. • Nessas assembléias entraram Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Salomão Saraga e Lobo de Moura. • Estabeleceram-se então, em 1871, as notáveis Conferências Democráticas no Casino Lisbonense (V. Conferência), e Eça de Queirós, na que lhe competiu, discursou acerca do "O Realismo como nova Expressão de Arte", em que obteve ruidoso triunfo. • Decidindo-se a seguir a carreira diplomática, foi a um concurso em 21 de Julho de 1870, sagrando-se o primeiro colocado e, em 1872, obteve a nomeação de cônsul geral de Havana, para onde partiu. • Permaneceu poucos anos em Cuba, no meio das terríveis repressões do governo espanhol. • Eça de Queirós era casado com a Sr.ª D. Emília de Castro Pamplona, irmã do conde de Resende. • Colaborou na Gazeta de Portugal, Revolução de Setembro, Renascença, Diário Ilustrado, Diário de Notícias, Ocidente, Correspondência de Portugal, e em outras publicações. • Eça de Queirós, quando faleceu, estava trabalhando em romances inspirados nas lendas de S. Cristóvão e de S. Frei Gil, o celebrado bruxo português. • Devido à iniciativa de amigos dedicados do falecido escritor, elevou-se uma estátua em mármore para perpetuar a sua memória, a qual está situada no Largo de Quintela. • É uma verdadeira obra artística do escultor Teixeira Lopes. • Figura Eça de Queirós curvado sobre a Verdade, lendo-se no pedaço de mármore tosco, que serve de pedestal à Estátua da Verdade, estas palavras, que foram ali esculpidas. «Sobre a nudez forte da Verdade, o manto diáfano da fantasia». • Eça de Queirós e o representante maior da prosa realista em Portugal. • Grande renovador do romance , abandonou a linha romântica , e estabeleceu uma visão critica da realidade. • Afastou-se do estilo clássico , que pendurou por muito tempo na obra de diversos autores românticos , deu a frase uma maior simplicidade , mudando a sintaxe e inovando na combinação das palavras. • Evitou a retórica tradicional e os lugares comuns , criou novas formas de dizer , introduziu neologismos e, principalmente utilizou o adjetivo de maneira inédita e expressiva. • Este novo estilo só teve antecessor em Almeida Garrett e valeu a Eça a acusação de galicismo e estabeleceu os fundamentos da prosa moderna da Língua Portuguesa. Características • • • • • • Cenas “grotescas” com linguagem “polida”; Conteúdo “dolorido” e forma “sofisticada”; Estoicismo / Ironia fina; Descritivismo e detalhismo; Determinismo. A crítica literária costuma identificar três fases distintas na obra de Eça de Queirós . 1ª. fase • A primeira fase compreende , basicamente , crônicas jornalísticas reunidas posteriormente em volume , sob o título de Prosas bárbaras . • Escreveu um romance , O mistério da estrada de Sintra , em parceria com Ramalho Ortigão . • Um realismo ainda incipiente convive com heranças românticas mal disfarçadas . • O próprio escritor tentou fazer com que esse início de carreira fosse esquecido . • Trata-se da parte menos significativa da sua produção literária . 2ª. fase • A segunda fase tem início com a publicação do romance , O crime do padre Amaro , em 1875 . • Três anos depois , o autor daria continuidade a ela com O primo Basílio . • Em 1880 , escreve Os Maias , contando uma história incestuosa , bem ao gosto naturalista . • Trata-se da fase mais caracteristicamente realista-naturalista do autor . • Seus romances estão impregnados de elementos próprios do estilo , principalmente porque esboçam um panorama de crítica social e cultura da vida portuguesa , notadamente do ambiente burguês . • A ironia utilizada nesses romances desmascara o comportamento hipócrita e ocioso da burguesia lisboeta . • Destaque-se , contudo , a originalidade do estilo de Eça de Queiroz, que dotou a língua portuguesa de um novo ritmo de fase , com uma adjetivação surpreendente . Amaro perdeu a mãe ainda criança, e então passou a viver na casa da senhora marquesa de Alegros de quem sua mãe era empregada. Ele naturalmente vivia sobre a proteção da senhora marquesa, e não só ela como as duas filhas viviam sobre uma grande influência da igreja e tinham como companhia praticamente constante o padre Liest. Depois da morte da senhora marquesa, Amaro foi levado pra viver com seu tio e passou a trabalhar no balcão da mercearia do tio. Como era a vontade da senhora marquesa que Amaro se tornasse padre, quando aproximava a sua ida ao seminário o tio lhe pôs em aulas de latim, foi assim que ele teve os primeiros contatos com as coisas que a vida abrange. Amaro foi ao seminário sem nenhuma vocação, como muitos que estavam ali. Planejavam fugas, e ele perdia o sono à noite desejando mulheres e se enchia de curiosidade sobre a Virgem em quem via uma linda mulher loira e tentadora. Quando se formou foi enviado a uma paróquia na serra onde a monotonia reinava junto aos pastores. Voltou então a Lisboa e procurou por Sra. D. Luisa, uma das filhas da senhora marquesa, que era casada com um conde. Depois de um tempo, o conde lhe arrumou uma paróquia em Leira e Amaro foi pra lá a fim de exercer o sacerdócio. Em Leira, em contato com o cônego Dias, conseguiu alugar um quarto na casa de Dona Joaneira e sua filha Amélia, lá as noites eram agradáveis em serões com o padre Natário, o padre Brito e algumas devotas beatas. A moça Amélia era uma das mais formosas raparigas de Leira. Quando mais nova se apaixonara, em uma viagem que fez ao mar, por Agostinho que depois de um tempo se fez casado para a tristeza da menina. Então apareceu por Leira, João Eduardo, um rapaz que se interessou logo por Amélia, ela inicialmente até pôde ter lhe retribuído o afeto, mas depois ele não passava de um pretendente insistente. Como era de se esperar, tanto em Amaro como em Amélia despertou uma paixão. Ele durante a noite a ouvia caminhar pelo quarto enquanto se despia. Ela quando não tinha o padre em casa ia ao quarto dele e ficava a descobrir as coisas e tocá-las como se fosse o pároco. Foi depois de um almoço com os padres que Amaro indo embora pela fazenda encontrou-se com Amélia. Essa o convidou para ir ao Morenal, a pequena terra da qual ela e a mãe eram donas. Ele aceitou o convite e como a porteira estava trancada os dois tomaram um atalho, foi aí que Amaro beijou o pescoço da menina e ela foi embora correndo. Depois de tal coisa o padre achou melhor mudar-se da casa. Procurou o cônego Dias e pediu que lhe arranjasse uma nova morada. O cônego arrumou uma casa com alegria, afinal ele e D. Joaneira eram “amantes” e a estadia do padre atrapalhava o encontro dos dois que tinham que escapar de Amélia e agora do pároco. Depois que se mudou Amaro deixou de freqüentar a antiga morada e vivia plenamente chateado em estar sozinho naquela casa sem poder ter ao seu lado Amélia. Já na casa de D. Joaneira não era diferente, a menina vivia em tristeza por saudades do padre. Foi assim que mãe e filha foram juntas a uma missa na paróquia de Amaro, Amélia deu um jeito de lhe falar que aparecesse, porque ela já não se agüentava. Daí pra frente Amaro voltou à convivência na Rua da Misericórdia e começou seu romance com a menina. Tal coisa se baseava em se sentarem um do lado do outro todo o tempo, em troca de olhares e roçar de mãos durante o quino. Mas nesse ponto da história existia ainda presente João Eduardo, que morria de ciúmes do padre e odiava todo o clero. Foi nessas circunstâncias que ele, que secretamente trabalhava como jornalista, escreveu um artigo denunciando as verdadeiras atitudes dos padres com quem convivia na casa de D. Joaneira. O comunicado foi publicado, mas sem assinatura direta. Os resultados foram a transferência do padre Brito e boatos sobre a honestidade de Amélia, uma vez que no artigo citavam a existência de um padre sedutor que enganava certa moça. Depois disso padre Natário afirmou que não descansaria enquanto não descobrisse quem era o autor do artigo e arruinasse a vida de tal cavalheiro. E João Eduardo era um herói dentro do jornal para aqueles que sabiam do seu feito, dessa forma ele conseguiu um novo emprego. E assim que soube do emprego foi à casa de D. Joaneira e afirmando não ter nenhuma dúvida em relação à honra de Amélia a pediu em casamento. Amélia, diante do escândalo que se tornou o artigo, aceitou o casamento e Amaro desde então deixou de freqüentar a casa da moça tão constantemente e das vezes que ia se irritava em como em instantes a menina o abandonara e já ficava de segredos com João Eduardo e o tinha esquecido. Depois de um curto tempo dessa nova “felicidade” o padre Natário descobriu que João Eduardo escrevera o artigo e que ainda por cima não se confessava há anos e era um completo pagão. O padre também se encarregou de fazê-lo perder o emprego atual e o futuro e de ser excomungado da igreja. E padre Amaro se ocupou em fazer Amélia acabar com o casamento, afirmando que o rapaz não só fora o responsável por “sujar” a honra dela e como também ela levaria uma vida no inferno casando-se com um pagão como ele. E nessa noite em que ele falou com a menina também dela conseguiu um beijo, aproveitando-se da fragilidade da situação e da moribunda, que era uma das beatas amigas da casa que dava seus últimos suspiros no quarto ao lado. Depois disso o rapaz procurou modos de se vingar, buscou ajuda entre os seus conhecidos “poderosos”, mas acabou se aliviando apenas desabafando com um amigo que também odiava o clero. Na rua da misericórdia as coisas se acertavam entre Amaro e Amélia. Voltavam ao relacionamento que mantinham antes do artigo de João Eduardo e agora por influência do pároco a menina passou a se confessar com ele. A última arrumação de Amaro foi ir à casa do sineiro da igreja e inventar uma história de que Amélia queria ser freira contra a vontade da mãe, e assim o pobre homem cedeu a casa para que o pároco a instruísse. Para os amigos o padre disse que Amélia ia ali para ensinar a ler a filha do sineiro, a paralítica. E assim os dois ficavam cinco minutos com a menina e depois iam para o quarto do sineiro, que se retirava da casa durante as lições, e se entregavam ao pecado da carne. O arranjo ia bem, até que a paralitica Totó passou a odiar Amélia e a gritar “vão para o quarto como cães”, com essa a moça passou a viver em um tormento, acreditando no pecado e no abandono dos Santos. A situação ia de tal modo que D. Joaneira pediu ao cônego que fosse ver se a menina estava indemoniada. Então surgiu o primeiro problema, a paralítica contou ao padre que os dois subiam ao quarto e davam risadas e que se podia ouvir o ranger da cama. O cônego naturalmente foi falar com Amaro, no entanto, ele quando morava na casa de D. Joaneira teve oportunidade de ver o cônego com a senhora e assim os dois, em um laço de camaradagem, se calaram. Chegavam até a se tratarem como sogro e genro! Eis que o tempo passou e tudo ia bem, tirando as crises nervosas de Amélia. Porém a moça engravidou. Amaro logo procurou o cônego e a primeira coisa que se pensou foi em fazer a rapariga se casar com João Eduardo, inicialmente ela não gostou da idéia, mas só lhe restava aceitar. Dionísia, que sabia do caso e era cúmplice de Amaro, foi atrás do rapaz, mas para a infelicidade deles ele tinha ido ao Brasil. Assim, o desespero voltou, mas logo uma nova idéia veio a eles. A irmã do cônego estava doente, talvez em seus últimos dias, porém o cônego queria ir ao mar, mas a irmã não podia e ele não podia deixá-la sozinha. Sendo assim, Amaro falou à moribunda que nos últimos dias de vida era bom fazer uma boa ação para alegrar a Deus e assim ser mais bem sucedida na eternidade, então lhe contou que Amélia estava grávida de um homem casado, chegou até insinuar quem seria o pai. Resolveram ir todos para a praia, ficando a moribunda e Amélia como enfermeira, estas iam para Ricoça. Foi o que fizeram. Em Ricoça não passava gente e assim a menina teria o filho que depois seria entregue a uma ama e a moribunda a serviria de auxílio, afinal queria agradar o Senhor em seus últimos dias. No entanto, a senhora era maligna com Amélia e ela ali vivia em uma grande solidão. Logo tinha por companhia apenas o abade Ferrão. A amizade deste trouxe à Amélia a visão que ele tinha de Deus, um pai amoroso e não o tirano que se imaginava, logo a menina se confessou ao abade e não queria mais viver o romance com Amaro. A reação dele, quando suas cartas pararam de serem respondidas, logo foi de estrema raiva, mas como teve com o cônego aprendeu que se fazer indiferente a ela iria trazê-la de volta, assim fez e o plano deu certo. Nesses tempos João Eduardo tinha reaparecido e agora era mestre dos filhos do Morgadinho, outro que odiava o clero. Os planos do abade Ferrão era casar o rapaz com Amélia, e ela estava até animada com essa idéia, até reatar com Amaro. Eis que chegou a hora do parto e como o doutor Goudinho acabara descobrindo a gravidez devido às visitas a moribunda, ele fez parto. Nasceu um menino e Amaro o levou para entregá-lo a ama, Carlota, no entanto ela carregava a fama de que matava as crianças que lhe eram entregues, mas Amaro entregou o filho a ela, porém deixou claro que o queria vivo. Na mesma noite do nascimento, Amélia teve convulsões e Goudinho lutou durante toda a noite para manter a rapariga viva, por fim ela morreu. Chegada a notícia, Amaro foi procurar seu filho, queria o entregar a outra ama e garantir a sobrevivência dele. Quando chegou era tarde, a criança estava morta. Amaro simplesmente voltou à paróquia, escreveu ao cônego falando da morte da menina e do filho e partiu pra Lisboa onde pretendia assumir nova igreja. Dionísia se ocupou em espalhar a causa da morte de Amélia. Algum tempo depois, o cônego e Amaro se encontraram em Lisboa e juntos ficaram a conversar da excelência de Portugal juntamente com o conde que arranjara a paróquia de Leira a Amaro. Luísa e Jorge eram casados, viviam um casamento feliz e repleto de alegria e paixão nos primeiros anos. Essa boa convivência despertava em Jorge um desânimo quanto à sua viagem a trabalho para Alentejo. Na manhã antes da viagem Luísa leu no jornal que retornava a Lisboa, depois de fazer fortuna no Brasil, Basílio Brito, seu primo e também seu primeiro amor. Basílio era rico, mas depois de empobrecer foi para o Brasil e através de uma carta, após algum tempo, rompeu com Luísa. Por muito tempo ela esteve infeliz com o fim do romance, mas depois de novas amizades feitas e tempos passados esqueçeu-o e assim veio o casamento com Jorge. Num domingo à noite, como de costume, reuniram na casa de Luísa e Jorge seus amigos: Julião, Sebastião, D. Felicidade, o conselheiro e Ernestino. Logo depois Jorge viajou e Luísa ficou sozinha apenas com as empregadas: Juliana, com quem não se dava bem e que apenas aceitava em casa por gosto de Jorge que se sentia agradecido por ela ter sido uma enfermeira fiel a sua tia tempos antes dela morrer e Joana, a cozinheira. Logo após a partida de Jorge veio ter com Luísa seu primo Basílio. Conversaram e no dia seguinte ele retornou. Passou então a freqüentar a casa todos os dias. E logo, entre essas visitas, declarou por ela um amor que vinha desde a mocidade. Inicialmente Luísa o censurou; mas as lembranças do romance passado, a ausência de Jorge e as doces palavras de Basílio a fizeram ceder. Assim iniciou o caso dos dois. A essa altura a vizinhança já comentava a constância de Basílio na casa do “engenheiro”, Sebastião que a pedido de Jorge ficou como a zelar de Luísa depois de muito pensar teve com ela, coisa que não fizera antes por sempre estar com visita, e lhe disse o que se passava na vizinhança. Nesses tempos Juliana, que tinha rancor de Luísa, ficava na espreita para confirmar sua suspeita acerca da infidelidade de Luísa. Juliana nutria tal sentimento por se sentir injustiçada quanto à morte da tia de Jorge a quem se dedicara e nada recebeu em troca e também pela inveja que tinha da senhora. Os falatórios na rua e o desejo de maior privacidade levaram Luísa e Basílio a terem um local de encontros, o “paraíso”. Passaram a se encontrar constantemente lá. E rapidamente novas fofocas se fizeram, estas se justificaram graças a D. Felicidade que teve um pé quebrado e assim as saídas de Luísa foram atribuídas às visitas na casa da amiga. Nesses tempos Juliana, que tinha rancor de Luísa, ficava na espreita para confirmar sua suspeita acerca da infidelidade de Luísa. Juliana nutria tal sentimento por se sentir injustiçada quanto à morte da tia de Jorge a quem se dedicara e nada recebeu em troca e também pela inveja que tinha da senhora. Os falatórios na rua e o desejo de maior privacidade levaram Luísa e Basílio a terem um local de encontros, o “paraíso”. Passaram a se encontrar constantemente lá. E rapidamente novas fofocas se fizeram, estas se justificaram graças a D. Felicidade que teve um pé quebrado e assim as saídas de Luísa foram atribuídas às visitas na casa da amiga. O “paraíso”, no entanto, não era um lugar extremamente agradável, possuía uma grandiosa simplicidade e já tinha sido local de encontro de outros. Luísa e Basílio tiveram ali grandes momentos, certa vez quase romperam, porém o “nunca mais” que o rompimento representava o empendiu de acontecer. Jorge continuava no Alentejo e falava a Luísa através de cartas. Às vezes ela até sentia remorsos, mas o romance seguia. Foi até o momento em que Juliana, tendo em suas mãos cartas dos dois, se apresentou. Luísa se desesperou e junto a Basílio buscou uma solução. No entanto, depois que Basílio voltou ao hotel onde hospedava e teve com o amigo que o acompanhava decidiu que o melhor era ir embora. Assim foi ter com Luísa, disse que os negócios o chamavam com urgência à Paris, mas que voltava em breve. Perguntou quanto dinheiro Juliana queria pelas cartas, mas Luisa rancorosa despediu-se com frieza e disse que ela resolvia sozinha o problema com a empegada. Juliana queria seiscentos mil contos de réis, foi aí que iniciou o tormento de Luisa. Pensou em contar a Sebastião e lhe pedir ajuda, mas desistiu. Logo Jorge chegou e nesses dia Luisa viu que sempre o amara e mais que nunca o amou. Juliana esperando seu dinheiro segurou o segredo através dos presentes que recebia de Luisa. Ela lhe concedeu um quarto melhor, lençóis de linho, um colchão melhor, uma cômoda cheia de roupas que antes perteceram à própria Luísa. Juliana então decidiu gozar do luxo que possuía. Assim, deixou de cumprir suas tarefas, Luísa pra esconder tal coisa de Jorge começou a fazer os serviços de Juliana, pois quando fazia deixava pelas metades. Vendo que Jorge observava tudo que se passava procurou sua amiga Leopoldina. Essa era uma amizade da qual Jorge não fazia gosto, porque Leopoldina tinha muitos amantes, mas como a amizade vinha dos tempos de colégio Luísa não quis rompê-la. Luísa procurou a amiga e revelou toda a traição e pediu que a ajudasse. Leopoldina sugeriu que ela procurasse Castro, um homem rico que era capaz de fazer tudo por ela, Luísa abominou a idéia, mas depois se rendeu quando em uma manhã viu que ele partiria em breve para o estrangeiro. Leopoldina chamou o homem que chegou rapidamente, o dinheiro foi pedido e o homem concedeu, qunado Luisa ficou a sós com ele que se jogou em cima dela, usando o chicote dele, Luísa o pôs pra fora a chicotadas, ficando sem o dinheiro. Jorge via a comodidade de Juliana e a defesa que Luísa lhe dava e passou a ter raiva da empregada. Luisa justificava as faltas dela com a doença que a pobre sofria. Mas em uma manhã, Jorge vendo o estado da casa avisou que ao anoitecer queria vê-la na rua. Fez-se nova confusão na casa. Luísa entre choro pôs Juliana na rua e suplicou que ela fosse sem escândalo. Correu, então, até a casa de Sebastião contou-lhe tudo e ele sem perguntas disse que ajudaria. Precisava ficar só com a empregada e por isso Luisa e Jorge, acompanhados de D. Felicidade, foram ao teatro. Sebastião junto a um policial foi à casa de Jorge, teve com a mulher e pediu que lhe entregasse as cartas se não iria presa. Com as cartas nas mãos, Juliana antes de sair caiu no chão morta, sua saúde era fraca, os nervos e a ira que lhe foi provocada a mataram. Quando os donos da casa chegaram Sebastião tinha chamado Julião e disse que entrara na casa e a mulher que esbravejava por ter sido demitida caiu morta. Ela foi enterrada, no dia seguinte Luísa amanheceu com uma febre que só foi piorando. Teve então dias melhores, conheceu a empregada nova, Mariana. Com as melhoras fez até mesmo planos para o futuro, mas quando ela estava melhorando chegara uma carta para ela, Jorge acabou lendo-a. A carta era a resposta de uma carta enviada por Luisa a Basílio em que arrependida lhe pedia o dinheiro para pagar Juliana. Na carta, Basílio disse que demorou receber a carta dela e que se ainda precisasse do dinheiro lhe mandasse um telegrama. E ainda declarava-lhe amor e lembrava do “paraíso”. Jorge viu a traição e por isso vinha tratando diferentemente Luisa, que apesar da sua melhora ainda estava fraca e por isso quando Jorge e o seu mau humor e frieza lhe entregou a carta, desmaiou Ela foi enterrada, no dia seguinte Luísa amanheceu com uma febre que só foi piorando. Teve então dias melhores, conheceu a empregada nova, Mariana. Com as melhoras fez até mesmo planos para o futuro, mas quando ela estava melhorando chegara uma carta para ela, Jorge acabou lendo-a. A carta era a resposta de uma carta enviada por Luisa a Basílio em que arrependida lhe pedia o dinheiro para pagar Juliana. Na carta, Basílio disse que demorou receber a carta dela e que se ainda precisasse do dinheiro lhe mandasse um telegrama. E ainda declarava-lhe amor e lembrava do “paraíso”. Jorge viu a traição e por isso vinha tratando diferentemente Luisa, que apesar da sua melhora ainda estava fraca e por isso quando Jorge e o seu mau humor e frieza lhe entregou a carta, desmaiou 3ª. fase • Escapando da rigidez das normas realistas- naturalistas , confere lugar de destaque à fantasia , sem abandonar o registro crítico realista . • Em romances como A relíquia ( 1887 ) , A ilustre de Ramires ( 1897 ) e A cidade e as serras ( 1901 ) , o escritor se permite alguns vôos de imaginação . • Acrescente-se a nota saudosista das tradições portuguesas Eça , ainda e sempre um crítico do convencionalismo lusitano , agora , de longe ( por força de suas missões diplomáticas ) , observa a pátria com mais complacência . • Sua linguagem vai assumindo um registro cada vez mais pessoal , terminando por ser marcadamente impressionista , muito distante da objetividade exigida ao romance realista-naturalista típico . Principais obras • O Crime do Padre Amaro , 1876. Segunda edição refundida , 1880. O Primo Basílio , 1878. O Mandarim , 1880. A Relíquia , 1887. Os Maias , 1888. A Ilustre Casa de Ramires , 1900. Correspondência de Fradique Mendes , 1900. A Cidade e as Serras , 1901. Prosas Bárbaras , 1903. ANTERO DE QUENTAL Antero de Quental (1842 – 1891) • “Por mim penso, que, em Antero de Quental, me foi dado conhecer,neste mundo de pecado e de escuridade, alguém, filho querido de Deus,que muito padeceu porque muito pensou, que muito amou porque muito compreendeu, e que, simples entre os simples, pondo a sua vasta alma em curtos versos – era um Génio e era um Santo!” Eça de Queirós, “Antero de Quental” in Memoriam Antero Tarquínio de Quental • Nasceu na ilha de S. Miguel, Açores e desde de jovem destacou-se pelas suas opiniões revolucionárias e pela forma de estar na vida. Lutador e muito congruente com os seus ideais socialistas. • Antero espalhou saber pela poesia, filosofia e política. • Estudou direito em Coimbra, onde brilhou como líder estudantil. • Foi o guia espiritual da geração de 70, um agitador político a “full-time”, que se afirmou pelo desejo de intervenção e renovação da vida política e cultural portuguesa. • Tinha uma personalidade complexa, que oscilava entre a euforia e a mais profunda depressão, acabando em suicídio. Análise da obra A poesia de Antero de Quental apresenta três faces distintas: • A das experiências juvenis, em que coexistem diversas tendências • A da poesia militante, empenhada em agir como “voz da revolução” • E a da poesia de tom metafísico, voltada para a expressão da angustia de quem busca um sentido para a existência. A oscilação entre uma poesia de combate, dedicada ao elogio da ação e da capacidade humana, e uma poesia intimista, direcionada para a análise de uma individualidade angustiada, parece ter sido constante na obra madura de Antero, abandonando a posição que costumava enxergar uma seqüência cronológica de três fases. Antero atinge um maior grau de elaboração em seus sonetos, considerados dos melhores da língua e comparados aos de Camões e aos de Bocage. Obra • • • • Sonetos de Antero, 1861, Raios de extinta luz 1892 Primaveras românticas, 1872 Odes modernas, 1865 (na origem da polemica Questão Coimbrã) • Sonetos, 1886. • Prosas CESÁRIO VERDE José Joaquim Cesário Verde (1855-1886) • Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde, Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, frequentando por apenas alguns meses o curso de Letras. Ali conheceu Silva Pinto, grande amigo pelo resto da vida. Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as atividades de comerciante, herdadas do pai. • Em 1877 lhe começou a dar sinais a tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes servem de inspiração a um de seus principais poemas, Nós (1884). • Tenta curar-se da tuberculose, sem sucesso; vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde (disponível ao público em 1901), compilação de sua poesia. • De poesia delicada, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, seus cenários prediletos. Evitou o lirismo tradicional, expressando da forma mais natural possível. Casa de Cesário Verde Características realistas: • Supremacia do mundo externo, da materialidade dos objetos; impõe o real concreto à sua poesia. • Predomínio do cenário urbano (o favorito dos escritores realistas e naturalistas). • Situa espaço-temporalmente as cenas apresentadas (ex: «Num Bairro Moderno» - «dez horas da manhã»). • Atenção ao pormenor, ao detalhe. • A seleção temática: a dureza do trabalho («Cristalizações» e «Num Bairro Moderno»); a doença e a injustiça social («Contrariedades»); a imoralidade das «impuras», a desonestidade do «ratoneiro» e a «miséria do velho professor» em «O Sentimento dum Ocidental». • A presença do real histórico: a referência a Camões e o contexto sócio-políticos em «O Sentimento dum Ocidental». • A linguagem burguesa, popular, coloquial, rica em termos concretos. • Pelo fato da sua poesia ser estimulada pelo real, que inspira o poeta, que se deixa absorver pelas formas materiais e concretas. Características modernistas: • A realidade é mediatizada pelo olhar do poeta, que recria, a partir do concreto, uma superrealidade através da imaginação transfiguradora, metamorfoseando o real num processo de reinvenção ou recontextualização precursora da estética surrealista. • Abre à poesia as portas da vida e assim traz o inestético, o vulgar, o feio, a realidade trivial e quotidiana. Forte componente sinestésica (cruzamento de várias sensações na apreensão do real), de pendor impressionista, que valoriza a sensação em detrimento do objeto real. • Um certo interseccionismo entre planos diferentes, visualismo e memória, real e imaginário, etc. Características estilísticas: • A exploração do espaço é feita através de sucessivas deambulações, numa perspectiva de câmara de filmar, em que se vão fixando vários planos • É uma espécie de olhar itinerante e fragmentário, que reflete o passeio obsessivo pela cidade (e também no campo em alguns poemas); uma poesia transeunte, errante. • O olhar seletivo: a descrição/evocação do espaço é filtrada por um juízo de valor transfigurador, profundamente sinestésico. • O poeta é como um espelho em que vem repercutir-se a diversidade do mundo citadino. • Automatismo psíquico: associações desconexas de idéias, visível nas frases curtas, na seqüência de orações coordenadas assindéticas, que sugerem uma acumulação, uma concatenação aleatória de idéias. • Adjetivação particularmente abundante e expressiva, com dupla e tripla adjetivação, ao serviço de um impressionismo pictórico. • Os substantivos presentificadores da realidade convocada, frequentemente em enumeração, que sugere uma acumulação, um compósito de elementos, característicos da construção pictórica. • • • • • • Características temáticas: A questão da inviabilidade do Amor na cidade. A humilhação (sentimental, estética, social). A preocupação com as injustiças sociais. O sentimento anti-burguês. O perpétuo fluir do tempo, que só trará esperança para as gerações futuras. Presença obsessiva da figura feminina. Obra • O Livro de Cesário Verde é a edição póstuma da coletânea dos poemas do poeta portugues Cesário Verde, feita por seu amigo Silva Pinto em 1887, reunindo os poemas editados em periódicos Levado pela fraternal amizade pelo poeta, e ao mesmo tempo pelo desejo de estudar-lhe criticamente o escasso legado poético, Silva Pinto organizou o livro segundo um critériio inteiramente pessoal, visto Cesário não haver deixado nem mesmo um esboço dele. Outros autores • Júlio Dinis, pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839 – 1871) foi um médico e escritor português.. É por muitos considerado como um escritor de transição entre o fim do Romantismo e o princípio do Realismo. Embora tenha escrito poesia e teatro, notabilizou-se principalmente como romancista. • Principal Obra: • As Pupilas Do Senhor Reitor (1867) Outros autores • Abílio Manuel Guerra Junqueiro ( 1850 – 1923 ) • Foi o poeta mais popular da sua época e o mais típico representante da chamada “Escola Nova”. Poeta panfletário, a sua poesia ajudou criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República. É importante ressaltar que: • • • • O Realismo é um movimento artístico surgido na França, e cuja influência se estendeu a numerosos países europeus. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente mais dominador. Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e contra as suas falsas idealizações da paixão amorosa, bem como um crescente respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências exatas e experimentais e pelo progresso técnico. A passagem do Romantismo para o Realismo, corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objetivo. Até a próxima aula!