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Miguel Ramos e Nadine Sousa, fotografados na Escola Superior de
Biotecnologia da Católica. Foto: Cláudia Silva
14 Fev 2014, 11:37
INTELIGÊNCIA
Texto de Rafael Ferreira
PRODUZIR COGUMELOS EM VEZ DE
ESPERAR QUE ELES CRESÇAM
Empreendedorismo,
Gourmet, Inovação,
Investigação
Com a técnica que a MycoTrend, que está sedeada na Católica do Porto,
desenvolveu, é possível “cultivar os cogumelos em vez de recolher só os que
aparecem”. A empresa criada por Nadine Sousa e Miguel Ramos, em 2010,
acaba de ser distinguida pelo seu trabalho inovador.
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Há vários anos a “estudar os fungos ectomicorrízicos”, os 2 jovens investigadores assumem
actuar com “uma perspectiva de reflorestação”.
Com as ferramentas que a MycoTrend, que está sedeada na Escola Superior de
Biotecnologia da Universidade Católica do Porto mas tem o seu centro de produção em
Viana do Castelo, desenvolve, é possível “cultivar os cogumelos em vez de recolher só os
que aparecem”, explica Nadine Sousa, co-fundadora da empresa.
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“É uma tecnologia que é algo específica. É uma área que exige alguma técnica, técnica essa
que nós conhecíamos e portanto para nós é fácil”, sublinhou, à conversa com o P24, a
investigadora e aluna de pós-doutoramento.
“A nossa área de especialidade é estudar os fungos ectomicorrízicos”, disse, por seu turno,
o microbiólogo Miguel Ramos. O nome da área em que estes 2 investigadores da Escola
Superior de Biotecnologia da Católica actuam pode ser estranho para qualquer leigo, mas
Miguel explica do que se trata.
“Nós micorrizamos as árvores, que, no fundo, não é mais do que ligar os cogumelos às
raízes das árvores e, após essa ligação, começa haver a relação simbiótica de troca de
nutrientes entre a árvore e o fungo e vice-versa. Depois, desenrola-se o crescimento que vai
dar origem aos cogumelos”.
Desta forma, não é preciso esperar pela natureza para que os cogumelos nasçam e atinjam
a maturação necessária à sua colheita.
A principal fonte de rendimento da MycoTrend, que tem “em curso um processo de
obtenção de patente para uma” das suas tecnologias, provém da ”venda de árvores
micorrizadas” e do “estabelecimento de plantações a quem pretenda ser produtor de
cogumelos silvestres”, explica Nadine Sousa. “Actualmente, as plantações que possuímos
destinam-se apenas a demonstração, sem intuito comercial”, ressalva, no entanto, a
investigadora.
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Nadine e Miguel trabalham juntos “já há alguns anos com os fungos ectomicorrízicos”, os
tais “fungos que estão ligados às árvores”, e o seu trabalho foi um dos vencedores da edição
de 2013 do “Projecto Dinamização Empreendedorismo Norte e Centro”, um programa de
apoio a projectos de empreendedorismo na área ambiental, desenvolvido pela Associação
APEMETA, com o apoio do SIAC – Sistema de Apoio a Acções Colectivas e do FEDER –
Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Nadine Sousa explica que “foi uma sensação fantástica” receber o prémio. “No fundo, é um
incentivo, é darem valor ao nosso projecto, à ideia e ao trabalho que já desenvolvemos”,
comenta.
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A MycoTrend actua com “uma perspectiva de reflorestação”, ou seja, tenta impulsionar
“uma área vital” através da dinamização e valorização da floresta, explica a investigadora.
“Porque em vez de se ter rendimento da madeira, pela qual tem que se esperar dezenas de
anos às vezes, consegue-se em 2 a 5 anos ter uma cultura secundária que é o cogumelo que
até traz mais valor do que a madeira a fim de 40 anos”, explicam Nadine Sousa e Miguel
Ramos.
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“Os cogumelos podem ser considerados uma cultura secundária para a rentabilização dos
povoamentos florestais. No entanto, dado o elevado valor de venda que os cogumelos
silvestres por vezes atingem, numa plantação produtiva, estes podem facilmente tornar-se
a cultura principal e a madeira passar a ser a cultura secundária”, concretiza Nadine.
Apesar de Portugal, de um modo geral, ter bons terrenos para o aparecimento do
cogumelo, “nem todos [os cogumelos] se adaptam a determinadas áreas” refere Nadine
Sousa. Alguns, exemplifica a investigadora, “beneficiam da chuva e outros não”. Ora, e
conforme explica Miguel Ramos, a tecnologia desenvolvida pela MycoTrend “não só ajuda
a adaptar como normaliza o terreno, para que seja adequado à produção [de cogumelos]“.
Desta forma, é possível limitar os efeitos das alterações climáticas e minizar as
consequências nefastas que “os períodos de seca” têm habitualmente para o cogumelo.
Essa não foi, no entanto, uma preocupação nos últimos meses. “Este ano foi um ano
óptimo, porque houve chuvas muito cedo e em grande quantidade, mas foi óptimo para um
tipo de cogumelos, porque para outro tipo não é tão bom”, explica o microbiólogo Miguel
Ramos, referindo-se ao último Outono.
“Nós temos uma parceria com os jardins Silvestre de Viana que são o nosso parceiro para a
produção das árvores micorrizadas”, explicou ainda ao P24 Nadine Sousa.
Cogumelos medicinais
A empresa sedeada no Porto produz cogumelos, que em alguns casos são comestíveis, mas
planeia vir a produzir cogumelos com características medicinais. “Há benefícios
gastronómicos, portanto vão se deliciar com esta iguaria. Os que vão produzir vão ter
benefícios monetários, porque é um rendimento para a sua floresta”, explica Miguel
Ramos.
A MycoTrend possui ainda uma parceria na área da responsabilidade social com a
associação “Cogumelo Solidário”, um projecto sócio-empresarial centrado na produção e
comercialização de cogumelos gourmet, cujas receitas revertem a favor a Associação dos
Albergues Nocturnos do Porto.
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Daniela Rocha · Escola Superior de Biotecnologia - UCP
:)
Reply · 3 · Like · February 15 at 12:36pm
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MycoTrend: Produzir cogumelos em vez de esperar que eles cresçam