A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entidade que
representa sete milhões de trabalhadores no Brasil e filiada à Federação Sindical
Mundial (FSM), se sente honrada em participar desse importante simpósio
internacional e agradece o convite à FNIC, por meio de seu secretário geral, Carlos
Moreira, e o secretário geral da FSM, George Mavrikos.
Consideramos que a temática energética e de sua perspectiva, objeto central
deste encontro, está em plena sintonia com os novos movimentos geopolíticos. O
ramo petrolífero-químico, pelo seu caráter estratégico, continua numa relação de
causa e efeito motivando, cada vez mais, acirradas disputas pelo seu controle,
desenvolvimento e distribuição.
Até pelos painéis aqui já apresentados não é difícil compreender, portanto, que
essa atividade econômica, além de ser fonte motriz para o desenvolvimento das forças
produtivas é, ao mesmo tempo, fonte de poder político. Sua magnitude econômica a
vincula e a insere nas disputas políticas de escala global. Suas umbilicais relações com
as grandes estruturas políticas e econômicas fazem suas estratégias se confundirem,
em grande medida, com as das nações que disputam os rumos da geopolítica.
Dessa forma, a nova configuração mundial em curso, que tende à
multipolaridade, também provoca novos arranjos e agentes no segmento energético
destacadamente na petrolífera. Nesse estágio, as multinacionais assumem, cada vez
mais, o papel dos Estados nacionais, espoliando, das mais diversificadas formas, as
riquezas naturais dos países, sobretudo os periféricos.
As informações disponibilizadas sobre esse ramo industrial (confirmadas
também pelos dados apresentados nos painéis. Aliás, quero parabenizar a organização
pela qualidade e o conteúdo das publicações para esse simpósio) nos permite
fazermos algumas projeções:
1ª – A matriz energética mundial está com 81% composta por fontes fósseis;
2ª – As economias dos países industrializados, destacadamente o império
estadunidense, como também os emergentes, possuem forte dependência das fontes
finitas. Seja na condição de produtores ou de consumidores;
3º - As fontes alternativas limpas ainda são incipientes e insuficientes,
particularmente, para alimentar o funcionamento do sistema de transporte;
4º - O consórcio imperialista, liderado pelos EUA, apesar da fragilidade de sua
segurança energética, continua na ofensiva. Seja precipitando tecnologias degradantes
(gás e óleo a partir do xisto) ou radicalizando invasões sobre fontes produtoras, não
importando o como e nem onde estejam;
5º - O preço do petróleo e dos produtos de sua cadeia produtiva continua sob
um fortíssimo controle monopolista e está marcado por movimentos especulativos,
deslocados da economia real;
6º - As multinacionais, na tentativa de manterem sua supremacia, provocam
concentração e centralização de capitais. Concomitantemente, agridem o meio
ambiente e violentam os direitos e as condições laborais da classe trabalhadora.
A resultante desse conjunto de ações é que a humanidade, tendencialmente,
ainda será movida por fontes fósseis por um largo período. E em torno dele, batalhas
outras ainda advirão.
Diante desse quadro, apresento duas proposições para as reflexões do
sindicalismo classista:
PRIMEIRA: Devemos disputar, estrategicamente, um projeto setorial
desenvolvimentista sustentável. Lutar pela constituição ou fortalecimento de
empresas de energia integradas que, sob o controle dos Estados, sejam estruturas
industriais capazes de investir em fontes renováveis, destacadamente a hídrica, solar,
eólica e biomassa.
Essa perspectiva permitirá uma complementariedade entre as fontes e
diversificação das matrizes energéticas no planeta, hoje tipificadas, majoritariamente,
por fósseis. Ao mesmo tempo, permitirá um desencadeamento mais planejado e
diversificado sobre as cadeias produtivas, particularmente, a química e a petroquímica.
SEGUNDA: A FSM e a FNIC, juntamente com suas entidades filiadas e amigas,
constituam um fórum sindical internacional contra a terceirização.
Está na ordem do dia um esforço internacional articulado e concentrado do
sindicalismo classista contra o espúrio movimento do capital que promove, através
dessa modalidade, a barbárie laboral, na qual as trabalhadoras e os trabalhadores têm
direitos reduzidos e suas vidas ceifadas pela sanha do lucro fácil.
Em minha opinião, a busca pela consecução dessas propostas não anula, pelo
contrário, se entrelaça com a estratégica luta por um regime que incremente as forças
produtivas, promova o efetivo desenvolvimento sustentável e garanta o bem-estar dos
povos, sobretudo, da classe trabalhadora. O socialismo vive!
A Petrobras sofre novas ameaças
Peço licenças aos participantes e aproveito a oportunidade para esclarecer e,
ao mesmo tempo, denunciar o sistema oposicionista do Brasil (direita, mídia, poder
judiciário) que manobra contra a ordem constitucional ameaçando inclusive
interromper o legítimo mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Nessa direção, a maior empresa brasileira vem sendo vítima, no último período,
de uma fortíssima campanha que visa desmoralizá-la, fragilizá-la e com isso afastá-la
da exploração das enormes reservas nas camadas do pré-sal brasileiro. Em sintonia
com essa neoliberal direção, o reacionário parlamento brasileiro já faz tramitar
projetos que objetivam alterar a legislação petrolífera atual e eliminar dela a
modalidade do regime da partilha para a exploração do pré-sal. Poderosas
multinacionais também estão associadas neste golpe.
Recentemente, foi descoberto um mafioso esquema de corrupção que, há
décadas, operava por dentro e por fora da empresa. Três ex-diretores estão presos
juntamente com executivos de grandes empresas prestadora de serviços. A CTB
posicionou-se, desde então, exigindo as mais rigorosas apurações e a prisão dos
culpados, mas não admitimos que se aproveitem da situação e tentem impedir que a
Petrobras continue honrando a sua exitosa história ao longo de seus 62 anos.
É falsa e caluniosa a afirmação de que a Petrobras esteja quebrada e à beira da
falência. A produção de petróleo, nas camadas do pré-sal, bate recorde a cada mês
(cerca de 800 mil barris por dia). Seu plano de negócio deverá investir U$ 33 bilhões
por ano até 2018. Em 2014, tornou-se a maior produtora de petróleo entre as
empresas de capital aberto do mundo.
A compra pela Shell da GP por U$ 70 bilhões - esta era sócia no pré-sal –
comprova que essa riqueza brasileira continua forte e viável, mesmo com o atual preço
do barril do petróleo.
Portanto, companheiras e companheiros, o que ocorre atualmente no Brasil é o
acirramento da luta de classe, na qual a direita tenta retomar o comando político do
país. E, por essa possibilidade, apela até para o quanto pior melhor.
Venceremos! Vida longa à FNIC! Vida longa à FSM! Viva a classe trabalhadora!
Muito obrigado.
Divanilton Pereira é Secretário de Relações Internacionais da CTB. Secretário
Executivo da Federação Única dos Petroleiros e Coordenador da FSM do Cone
Sul.
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