O Complexo Universo da Identidade Humana
The Complex Universe of Human Identity
Vânia Helena Lopes Gonçalves
Centro de Comunicação e Letras – Universidade Presbiteriana Mackenzie
Rua Piauí, 143 – 01241-001 – São Paulo – SP
[email protected]
Resumo. Este ensaio tem por finalidade a análise e comparação de dois poemas de
Fernando Pessoa, “Autopsicografia” e “Isto”, que apresentam o mesmo tema, relativo
ao fingimento poético. Analisando os poemas segundo uma abordagem
predominantemente semântica, pode-se perceber a diferença de tratamento do mesmo
tema, nos dois poemas, que contrapõem razão e emoção, ou ficção e realidade.
Palavras-Chave: Fernando Pessoa, Literatura comparada, Isto
Abstract. This essay has as the purpose the analysis and comparison of two Fernando
Pessoa's poems, "Autopsicografia" and "Isto". The poems show the same theme, linked
to poetic pretending. Analyzing the poems, according to an predominantly semantics
approach, it is possible to realize the difference of treatment about the same theme,
opposing reason and emotion or fiction and reality
Key-Words: Fernando Pessoa, Compared literature, This
1. Introdução
Este trabalho consta da análise de dois poemas de Fernando Pessoa, poeta do
modernismo português. Os poemas escolhidos, “Autopsicografia” e “Isto”, assim o
foram por apresentarem um tema comum, ou seja, a questão do fingimento poético, sob
pontos de vista diferentes, como será possível observar no exame dos textos.
Os poemas são analisados segundo uma abordagem semântica, privilegiando o
sentido global do texto, condição básica para que se investiguem as figuras sonoras, a
organização sintática, o vocabulário e o emprego das categorias gramaticais
(GOLDSTEIN, 2004. p.64). Deve-se destacar que o aspecto semântico sempre está
presente, mesmo quando se procede a uma análise em outros níveis do poema, tais
como lexical ou sintático. Na verdade, segundo Goldstein, a análise do nível semântico
deve sempre ser associada à dos outros níveis. É importante relacionar termos, em
função de sua semelhança e de sua divergência. Um poema é concebido pelo poeta, que
se vale de todos os recursos disponíveis para que se atinja um determinado sentido. A
função desta análise prende-se a esta missão de desvendar ao menos um dos sentidos
sugeridos por Fernando Pessoa, lançando uma centelha a mais de luz em direção a
outras possibilidades.
2. A dor sentida e seu reflexo
Fernando Pessoa explora, no poema abaixo, a questão do fingimento poético,
contrapondo realidade e ficção:
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
O poema “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa, é composto por três quartetos em
rimas interpoladas, portanto, apresenta forma regular e tradicional. A estrutura do
poema é marcada pela regularidade também encontrada nas três estrofes. A primeira
estrofe, que contém a tese, atesta a posição do poeta diante de sua arte. A segunda, diz
respeito ao leitor. A terceira estrofe refere-se à própria poesia. Estes desdobramentos
temáticos serão abordados com maior profundidade nos próximos parágrafos.
O tema deste poema é a questão do fingimento poético, decifrando, por assim
dizer, a criação poética, permeada pela dor sentida e racionalizada no ato de escrever. A
primeira estrofe já explicita essa idéia, que se espalha por todo o poema. O adjetivo
fingidor vem do verbo fingir e, segundo o Dicionário Houaiss, comporta vários sentidos
semelhantes, tais como: ocultar um sentimento ou dissimular, aparentar ou simular,
exprimir sem sinceridade, inventar, sendo que o sentido do qual Pessoa se apropria,
para dele fazer uso neste poema, diz respeito a fantasiar, supor (o que não é), levandonos a atribuir a este um outro sentido possível, relacionado ao trabalho abstração da
realidade. Assim, podemos inferir que o sujeito poético utiliza este vocábulo para
declarar o fato de ser, a criação do poeta, um produto distinto do empírico. O poeta é um
fingidor / finge tão completamente, respectivamente o primeiro e segundo versos,
trazem uma afirmação quase categórica, introduzida pelo verbo ser no presente do
indicativo (assim como quase todos os verbos utilizados nesta estrofe), sendo este um
tempo verbal que denota a idéia de permanência, sugerindo uma afirmação a respeito da
criação poética e declarando, dessa forma, ser a criação poética um trabalho ficcional,
uma verdadeira intelectualização do sentir, afirmação que vem a ser a própria tese deste
poema. No terceiro e quarto versos, a partir da associação entre o adjetivo fingidor e o
substantivo dor, vocábulos estes relacionados por um jogo de palavras, o eu lírico
qualifica a dor sentida em duas categorias, a dor do poeta e a dor do mundo, expressas
da seguinte maneira: Que chega a fingir que é dor (a dor de existência ficcional) / a dor
que deveras sente (a dor do mundo, a dor real). Pode-se entender o sentido deste jogo de
palavras como sendo o poeta alguém que finge a dor, não uma dor não sentida, apenas
criada, mas uma dor real, da qual o poeta se vale para, ao racionalizá-la, delinear
esteticamente o poema.
Ao analisarmos o sentido dos quatro versos da primeira estrofe como um todo,
percebemos muito claramente a intenção de mostrar que, apesar de o trabalho poético
ser um trabalho ficcional, ele não existe sem a realidade, ou seja, ficção e realidade se
complementam, sendo que a realidade funciona como fonte de experimentação para a
criação ficcional, ou seja, diante de um espelho, a realidade seria a dor sentida e o
reflexo, a dor ficcional. Fica, da mesma forma, claramente explicitado nesta estrofe o
uso da Metalinguagem, tendo-se em vista que o poema, na sua completude, é voltado
para a própria criação poética, ou seja, para o próprio poema, com o intuito de explicar
o processo criativo do qual faz uso o poeta ao escrevê-lo. Por esse motivo, este pode ser
classificado como sendo um poema metalingüístico.
Na segunda estrofe, o sujeito poético refere-se ao leitor e às implicações da leitura
para o mesmo, classificando como apreensível por este apenas a dor ficcional e
afirmando que, mesmo esta, não lhe pertence. Assim, temos no primeiro e segundo
versos da segunda estrofe: E os que lêem o que escreve [ele, o poeta] / Na dor lida
sentem bem. Recupera-se neste ponto a dor do produto da ficção, traduzida pelo poeta a
partir da dor real, que causa bem estar ao leitor, uma dor intelectualizada pelo poeta. O
terceiro verso explica esses dois tipos de dor: Não as duas que ele [o poeta] teve,
portanto as dores real e ficcional. O quarto verso introduz um outro tipo de sentimento,
a dor lida que não é de ninguém, expressa da seguinte maneira: Mas só a que eles não
têm. No caso, eles, leitores, não têm a dor real, nem a ficcional, trabalhada pelo poeta,
ou seja, eles lêem, mas a dor lida também não é a que lhes pertence.
A terceira estrofe, que fecha o poema, apresenta os temas Razão versus Emoção,
relacionados por meio de duas metáforas: E assim nas calhas de roda / Gira, a entreter
a razão, / Esse comboio de corda / que se chama coração. As calhas de roda, metáfora
usada para qualificar a razão, compara a razão a um sulco marcado pela passagem
contínua dos carros, que obriga todos a seguirem um mesmo caminho, continuamente,
regrando, dessa forma, a passagem. A razão, neste caso, é tida como algo de que não se
pode fugir, porém, é freqüentemente entretida pelas emoções, comparadas à figura de
um comboio de corda1, imagem essa ligada à flexibilidade, à sinuosidade, ou à
irregularidade.
Dessa forma, pode-se entender que o poema precisa tanto da razão quanto da emoção
para ser concebido. Enquanto ao coração atribui-se o papel de entreter, prover o poeta
de emoções, à razão atribui-se o de reunir essas emoções e, racionalmente, organizá-las
em versos e estrofes. O coração abriga as sensações, é o depositário das emoções
necessárias para que nasça o poema e a razão é a ferramenta da qual o poeta se utiliza
para que aconteça a composição do poema, por meio de um trabalho de racionalização
do que é imaginado, a partir do que é sentido.
Entende-se, pela própria maneira de expressar essa relação, na qual só é possível
racionalizar algo que se sentiu, que o coração, portanto, a emoção, tem um predomínio
sobre a razão, sendo esta primeira, portanto, segundo o expresso acima, imprescindível
1
“comboio de corda” : – é hábito em cidades do interior paulista, com fortes raízes portuguesas, fazer-se uso de uma corda provida de
nós para conduzir um grupo de crianças para fora dos limites da escola, como, por exemplo, em um passeio ao jardim. Cada criança
segura em um dos nós, acompanhadas por duas pessoas, a professora e uma auxiliar, que se posicionam uma à frente e outra no final
da fila, com o intuito de dirigir o grupo. Esta fila, pela própria maleabilidade da corda, permite que se façam movimentos irregulares e
flexíveis, porém, sem que se desvie do caminho proposto, mantendo o grupo unido. Esse costume pode ser observado em cidades
como Botucatu, São Manuel e Cerqueira César, localizadas na mesma região, habitada desde o século XVII. Estas cidades foram
elevadas a vilas no século XVIII, sendo que as três foram fundadas por mineiros descendentes de portugueses ou, no caso de
Cerqueira César, tendo por benemérito e primeiro investidor, um comerciante português. Os nomes ligados à fundação das três cidades
em questão são: José Gomes Pinheiro, de Botucatu, José Gomes de Faria, de São Manuel e o português José Joaquim Esteves, da
cidade de Cerqueira César.
para a criação poética como um todo. Sem o sentimento real, não há a matéria prima da
criação poética, por esse motivo, considerada primordial.
3. A realidade apreensível e o poeta criador
Tendo como ponto de partida o fingimento poético, Pessoa revela outra maneira de
sentir e de racionalizar este tema, por meio do poema:
Isto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
Fernando Pessoa
Assim como no poema “Autopsicografia”, o poema “Isto”, de Fernando Pessoa,
volta-se para a própria criação poética, mais especificamente para a questão do
fingimento poético, contrapondo, da mesma maneira, coração e razão. Novamente,
temos em mãos um poema metalingüístico, que se vale do próprio poema para explicar
a produção poética.
Este poema é composto por três quintilhas, portanto, apresentando forma regular e
tradicional, tal qual o poema anterior, em rimas misturadas, sendo que há regularidade
quanto à repetição de rimas interpoladas, entre os três primeiros versos de cada estrofe e
de rimas emparelhadas entre os dois últimos versos de cada estrofe. Estruturalmente
pode-se verificar também uma regularidade marcada pelas estrofes. Na primeira estrofe
é colocada a tese que serve de âncora para todo o poema, semeando uma idéia que será
desenvolvida na segunda estrofe e fechada, como uma costura, na terceira.
Contrariamente ao poema “Autopsicografia”, que é introduzido por uma afirmação,
este inicia com uma suposição seguida por uma negação: Dizem que finjo ou minto /
Tudo que escrevo. Não. O sujeito indeterminado deste primeiro verso conota uma
incerteza, uma vaguidão, quase colocando em dúvida, deixando para que o leitor decida
se é verdade ou não o que afirmam, ou seja, será verdade que finjo ou minto tudo que
escrevo? Porém, logo em seguida, o uso do advérbio de negação não, finalizando o
segundo verso, dá conta de negar o anteriormente expresso, antecipando a resposta que
vem a ser elaborada nos versos subseqüentes: Eu simplesmente sinto / Com a
imaginação. / Não uso o coração. Sentir com a imaginação é afirmar que há a
possibilidade de se criar um sentimento que, na verdade, não existe, ao menos naquele
momento, para que o mesmo sirva de fonte para a criação poética, afirmando, por meio
do verbo usar, conjugado no presente do indicativo, que os sentimentos, ou seja, a
realidade, não participam desse processo. O poeta explicita, aqui, sua tese de que não
usa o coração, porém, sente com a imaginação, dessa forma mantendo-se na verdade,
mesmo que imaginada. Esta pode ser entendida como uma alusão a Platão, que foi o
primeiro filósofo a escrever a respeito da separação entre a imaginação e a razão.
Segundo ele, somente a filosofia poderia dar conta de uma visão pura da verdade, sendo
que, à arte, seria legado um papel de menor importância, o de reproduzir a realidade, o
que poderia incorrer em engano.
A segunda estrofe desenvolve uma questão filosófica a respeito da necessidade de se
usar a imaginação, idéia semeada na estrofe anterior, acrescentando o que pretende o
poeta, ou seja, superar aquilo que lhe falha ou finda para atingir outra coisa ainda. Essa
“coisa” não parece fácil de ser atingida por estar oculta: É como que um terraço / Sobre
outra coisa ainda. / Essa coisa é que é linda. Pode-se inferir que essa “coisa” seja o
objetivo final do poeta, um desejo de atingir o que é invisível aos olhos para representar,
portanto, que está oculto, mas existe e tende a ser perfeito, porquanto é belo. Para
Platão, o belo em si faz parte do mundo inteligível, juntamente com as idéias do bem,
com as idéias estéticas e morais, não visíveis. A filosofia platônica dá conta de que o
que está neste mundo é apenas representação do real, do que existe no mundo das
idéias. O artista tenta ser como um espelho que reflete o mundo sensível, sendo que,
desta forma, trata somente da imagem aparente do real. Para Platão, a arte da imitação é,
pois, como que um obstáculo à busca da beleza, por convidar a que se permaneça no
mundo sensível que ela reproduz.
A terceira estrofe completa as idéias desenvolvidas nas duas estrofes anteriores,
fechando o poema com uma conclusão que vem a ser, na verdade, o remate de um
círculo. No primeiro e segundo versos dessa terceira estrofe: Por isso escrevo em meio /
Do que não está ao pé, traduz-se em uma busca pelo novo, pelo distante, pelo caminho
menos fácil, sugerindo, inclusive, que essa busca é por aquilo que é inédito. Esses
versos sugerem uma justificativa, que, na verdade, funciona como uma resposta para as
suposições do primeiro e segundo versos, nos quais o poeta faz uso do verbo escrever,
no presente do indicativo, sugerindo, novamente, uma certeza acompanhada de
permanência, ou seja: é certo que escrevo, embora digam que finjo ou minto
(interpretação livre). Declara-se, então, o sujeito poético, no terceiro e quarto versos da
terceira estrofe, estar livre de tudo o que possa tolhê-lo de sua liberdade e aceitando,
para si, apenas a verdade: livre do meu enleio, / Sério do que não é, sendo que este
verso esclarece o leitor quanto à postura mental do poeta durante a criação poética. Esse
esclarecimento também responde à suposição introduzida pelos verbos dizer, fingir e
mentir, presentes no primeiro verso. A finalização dessa estrofe, assim como do poema,
é feita por meio de uma pergunta repentina que, aparentemente, deixa o leitor em
suspenso. Porém, ao analisarmos com maior cuidado, podemos perceber que a
indagação na qual foi usado o verbo sentir, no infinitivo, expressa uma provocação que,
seguida de uma exclamação, na qual o mesmo verbo sentir é usado no imperativo, toma
a forma de uma transposição, para o leitor, da incumbência de chegar a uma conclusão
diante da suposição que introduz este poema. Para o sujeito poético, só o leitor pode
dizer se o poeta finge ou mente tudo o que escreve, já que o leitor lê e não escreve,
porém, sente.
Neste poema, o poeta não pretende, como em “Autopsicografia”, intelectualizar as
emoções, mas declara a intenção de permanecer no mundo sensível, para poder degustar
as emoções, desejo este que exprime muito claramente, no terceiro e quarto versos da
primeira estrofe, em: sinto com a imaginação. Podemos exemplificar, também, por
meio do uso do verbo sentir, utilizado por três vezes, (sinto, sentir e sinta), reafirmando
a pressão que o mundo sensível exerce sobre os indivíduos comuns. No entanto, em
virtude da prevalência que o trabalho racional opera em si, o poeta não consegue se
desvencilhar do raciocínio constante, próprio e intrínseco ao ser humano. A relação
expressa neste poema, entre a realidade apreensível e o poeta criador, é de
transitoriedade, já que se percebe um mundo em mutação, diante de seu olhar. A palavra
imaginação, associada à palavra coração, por si só, já nos transporta para essa idéia,
devido ao fato de a imaginação ser livre das coerções emocionais enquanto que o
coração, como símbolo e guardião dos sentimentos, totalmente mutável e prisioneiro da
precariedade dos sentidos.
4. Considerações finais
Com base nas análises acima, pode-se considerar que os dois poemas
apresentam, como tema principal, a questão do fingimento poético, sendo que o
mesmo tema é tratado de maneira diversa, como se explicita: em
“Autopsicografia”, o eu lírico revela ser a criação poética permeada pela dor
sentida e racionalizada no ato de escrever. O sujeito poético afirma que a criação,
mesmo sendo ficcional, inexiste sem a realidade, da qual faz parte o leitor que,
apesar de ter experimentado a dor lida, no ato de ler, não a tem. Conclui, então,
que o poema precisa tanto da razão quanto da emoção para ser concebido, mas
que há um predomínio da emoção sobre a razão. Em “Isto”, contrapõem-se
coração e razão, revelando os anseios do poeta quanto ao processo criador e
atribuindo ao leitor competência para qualificar a criação poética, por meio dos
próprios sentimentos. O eu lírico, que tenta atingir o que é ficcional, invisível aos
olhos para representá-lo, declara que, para o sujeito poético, só o leitor pode dizer
se o poeta finge ou mente tudo o que escreve, já que o mesmo lê, porém, sente.
Dessa forma, pode-se perceber claramente a construção do poema pelo
homem que se deixa construir pelo próprio poema (DISCINI, 2004), na voz do
mestre dos poetas, Fernando Pessoa, que continua sussurrando aos nossos
ouvidos e aos ouvidos dos poetas de nosso tempo, como se tempo não houvesse e
ele ainda estivesse entre nós.
Referências Bibliográficas
Dicionário eletrônico Houaiss. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001
DISCINI, Norma. Intertextualidade e conto maravilhoso. São Paulo: Associação
Editorial Humanitas, 2004
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons e ritmos. 13.ed. São Paulo: Ática, 2004
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