RESUMO
A ESTÁTUA VIVA - CORPO E TEMPORALIDADE NA PERVERSÃO
Este trabalho busca configurar possíveis manifestações da implicação Corpo-Tempo, referenciandose, enquanto ponto de apoio, nas evidências de uma organização subjetiva de expressivos traços
perversos.
Utiliza-se como material de análise a novela "Loucura..." do poeta e escritor português Mário de SáCarneiro (1890-1916). Procura-se então trabalhar conceitos freudianos que possibilitem elucidar as
singulares ocorrências do enredo novelístico.
Dessa maneira, aponta-se a articulação entre fantasias de natureza sadomasoquista e a
supervalorização egóica, com correlativa desqualificação do objeto configurada numa relação
estabelecida com o outro marcada pela intimação em prejuízo do sentido de intimidade.
Percebe-se o objeto ser elevado à condição de fetiche, na tentativa por parte do sujeito de evitar a
angústia de castração e o reconhecimento da diferença sexual. Impossibilitando, assim, a existência
de relações objetais permeadas pelas diferenças significativas entre sujeitos singulares.
Assinala-se o quanto para determinados sujeitos o estar imerso na completude narcísica faz
instaurar a ilusão de um tempo eterno, sem ameaças e sem angústias. Identificando, na construção
de um duplo fantasmático, o recurso à proteção e amparo frente a angustiante perspectiva de morte
e castração.
Por fim, vê-se então o sujeito, no mais completo desamparo ante a ameaça de se reconhecer
marcado pela falta - ferida narcísica insuportável -, ser lançado em face de um inevitável colapso
psíquico.
Antonio Damião Caetano da Silva.
Seminário "Perversão". Coordenado pelo Professor Flávio Carvalho Ferraz.
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