Sexualidade e perversão cem
anos depois: redescobrindo o
que Freud descobriu
Michael Parsons
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A sexualidade é um conceito, cuja significação pode
desenvolver-se e evoluir, à medida que a cultura d qual ela faz
parte desenvolveu-se e evoluiu;
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A psicanálise é um fenômeno socio-histórico;
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1962, o historiador Philippe Ariés declarou que “na sociedade
medieval a idéias de infância não exiatia”.
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O conceito de infância foi estabelecido a partir do século
XVIII. A infância nem sempre tem sido a mesma coisa;
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Inglaterra – séc XVII – pensava-se as crianças como portadora
do pecado original. Ela estava sujeita ao domínio de impulsos
maldosos, sendo a infância o período de vida propício para se
instilar seu controle.
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No séc. seguinte se tomou uma atitude mais tolerante e liberal
e a criança passou a ser vista como vulnerável, precisando de
proteção e tendo necessidades próprias a serem consideradas
(Hockey & James, 1993)
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Antropólogos
Ex: povo Chewong, da Malásia e os Hausa, da Nigéria. Entre os
Chewong o status de adulto não é somente uma questão de
idade. É preciso alcançá-lo, e para uma mulher, isso somente é
possível após o nascimento do seu primeiro filho. Para a
menina Hausa a infância termina aos 10 anos, quando se torna
noiva. A partir de então, assume as responsabilidades adultas
de esposa.
Ser criança tem sentidos diferentes nessas diferentes culturas
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Allison James – “A infância é menos um fato da natureza e
mais uma interpretação dela”.
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O mesmo se aplica à sexualidade. O fato é a imaturidade
biológica da criança, bem como as transformações
anatômicas e fisiológicas pelas quais ela passa durante o
crescimento.
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“Sexualidade”, assim como “infância” , são conceitos
determinados pela maneira como a sociedade interpreta
aqueles fatos biológicos e pelas significações a eles
atribuídas.
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Não se trata de transformar psicanálise em alguma espécie de
psicologia social;
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O consenso a respeito da realidade de um determinado
construto é resultado de um processo histórico (Peckering,
1984)
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Os psicanalistas acham que é seu objetivo explorar a estrutura
subjacente à realidade psíquica e o mesmo processo ressaltado
por Peckering também se aplica a eles. Freud advertia
regularmente contra a reificação dos construtos psicanalíticos.
Sexualidade é um construto e seria um erro passar a
considerar sua construção como sendo uma descrição final e
objetiva dos fatos como eles são. Sempre existe a possibilidade
e, às vezes, a necessidade de revisar o construto.
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Freud e Abraham ≠ Klein – são paradigmas diferentes e
incomensuráveis, e a questão não é qual é o mais verdadeiro,
mas o que é particularmente útil em cada um deles.
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Conceito revisado – de “estágio de desenvolvimento” para
“posição”.
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Posições esquizoparanóide e depressiva. Uma posição é uma
constelação de impulsos, fantasias, ansiedades, defesas e
relacionamentos objetais que têm uma qualidade particular, de
acordo com o momento de desenvolvimento em que ela
aparece, mas sem um ponto de chegada decisivo, no qual ela
desaparece. Ela permanece presente, latente ou ativa;

Isso permite conceituar processos de desenvolvimento
de uma forma mais móvel e aberta do que antes.
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Steiner – “posição fronteiriça”; Green – “posição fóbica
central”
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É a abstração de uma estrutura psíquica inerente ao
próprio conceito que abre de maneira tão útil novas
formas de conceituar o mundo interno;
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Freud - As pulsões (pulsão sexual) têm uma fonte, uma meta e
um objeto;
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Ampliou o conceito de sexualidade a aprtir da análise de uma
criança e do que é chamado de perverso.
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Aquilo que é considerado perverso ilumina a compreensão
que se tem da natureza da própria sexualidade;
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A meta da pulsão implica questões sobre que objetos
permitem ou não sua satisfação; dado um tipo de objeto
particular, a questão é em relação ao tipo de meta a que ele
corresponde;
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“A pulsão tem uma meta e busca objetos para satisfazêla”
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Influências de Darwin sobre as teorias;
A seleção natural (instinto de autopreservação) e a
seleção sexual (instinto sexual);
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O “outro” existe simplesmente para possibilitar a
sobrevivência e permitir o acasalamento; esta visão foi
contestada por Fairbairn (o outro nos interessa pelo que
são em si mesmos)
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Nos três ensaios..., Freud considerava perversões
simplesmente resíduos de componentes pré-genitais que
não foram sublimados, nem transformados em sintomas
neuróticos.
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Bater-se numa criança – a fantasia de bater como tendo
uma função defensiva frente à culpa despertada por
desejos edípicos;
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As perversões foram sendo compreendidas como defesas
frente à angústia de castração despertada pelos desejos
edípicos e também frente aos ataques do superego que se
originam no Édipo.
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Perversão como defesa frente a uma crise psicótica, se
existissem ansiedades paranóides resultantes da projeção
de impulsos agressivos da pessoa (Glover, 1932)
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Os pontos de vista mencionados até agora baseiam-se na
idéia de perversão como uma defesa perante derivados
pulsionais.
Nos últimos 20 anos, começa a aparecer a idéia
consistente de perversão como defesa frente ao
relacionamento objetal;
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Glasser e McDougal caracterizaram a perversão em
termos da qualidade do relacionamento com o objeto;
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“O insuportável é o relacionamento com uma pessoa que
tem sua própria alteridade. A qualidade de ser uma
pessoa, do outro, é evitada, transformando a pessoa numa
coisa, enquanto a alteridade da pessoa é evitada pela
fusão com ela”.
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As mudanças nas idéias analíticas sobre a perversão
reflete uma mudança no pensamento analítico sobre a
sexualidade;
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Significado de objeto – objeto interno – “meus objetos
não são somente coisas ou pessoas lá fora. Essas coisas
ou pessoas também representam aspectos da minha
fantasia, carregam minhas projeções, possibilitam
identificações e assim por diante.”
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