Unidade teórica 10 .O risco e o valor da empresa: Estrutura financeira da empresa e o endividamento. . O valor da empresa Inclui notas de curso do Prof. W. J. Hunter Carlos Arriaga Costa 2005/06 Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 1 Qual a origem do risco? • Assimetria de informação: Problema de risco moral e de selecção adversa • Estrutura financeira da empresa : nível de endividamento elevado • Actividade económica da empresa : risco de actividade • Período de recuperação do investimento Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 2 Questões desta unidade . Qual a origem do risco? . O que é o custo do capital de um projecto/empresa? . Porque é que a avaliação do risco de crédito se importa com o custo do capital de um projecto/empresa? . Em que medida a estrutura do capital influencia as decisões financeiras da empresa? . Quais as principais teorias sobre a estrutura de capital óptimo? Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 3 Escolha da estrutura de capital • Qual é o primeiro objectivo financeiro? - Maximizar a riqueza dos accionistas. Por isso, pretende-se escolher a estrutura de capital que maximize a riqueza dos accionistas. • Pode-se maximizar a riqueza dos accionistas por maximizar o valor da empresa ou minimizar o WACC Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 4 Que tipo de capital de longo prazo utiliza a empresa? Dívida de longo prazo Acções de preferência Acções normais: benefícios retidos novas acções Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 5 Qual o interesse deste conceito? O custo do capital é utilizado na tomada de decisões , principalmente quando envolve aumentos de capital. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 6 Custo do capital • definição : taxa de desconto adaptada ao risco do projecto/empresa • Componentes: • - Custo da acção (dos capitais próprios) • - Custo do endividamento • WACC – weighted average cost of capital – taxa de desconto apropriada para proceder à avaliação dos cash-flows futuros do projecto/empresa Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 7 “Custo do capital, exemplo” • Quando se diz que o “custo do capital” é, por exemplo, de 12%, significa: – A empresa só terá um NPV (VAL) positivo se o retorno do projecto exceder 12% de modo a compensar o investidor de ter investido neste projecto. – A utilização do capital do projecto deve permitir um ganho de 12% de modo a conseguir-se o empréstimo para o projecto. • Assim, o custo do capital depende mais da utilização dos fundos do que da fonte dos fundos de financiamento. Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 8 Porque existe um custo nos benefícios retidos? • Os ganhos da empresa podem ser reinvestidos ou pagos como dividendos. • Os investidores poderiam comprar outros títulos , obtendo um retorno. • Deste modo, há um custo de oportunidade se os ganhos forem retidos. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 9 • Custo de oportunidade: O retorno dos accionistas pode ser obtido através de investimentos alternativos de igual risco. • Os investidores podem adquirir acções semelhantes e ganhar ks, ou a empresa pode re-adquirir as suas próprias acções e ganhar ks. Deste modo, ks é o custo dos benefícios retidos. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 10 Métodos de avaliação para o custo da acção • DCF - Discount cash flows • Modelo do dividendo antecipado de Gordon • Capital Asset pricing Model (CAPM) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 11 Modelo de Gordon • P0 = (D1 / 1+re ) + D1*(1+g) / (1+re)2 + D1*(1+g)2 / (1+re)3+…+ = • • Σ D1* (1+g)t-1 / (1+re)t = D1 /(re – g) com |g| < re Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 12 Modelo de Gordon • Po = D1 / (re-g) • re = (D1 / P0 )+g • re = (D0 (1+g) /P0) + g Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 13 Modelo de Gordon-4 • D5*(1+g2) / (1+re)6 + D5*(1+g2)2 / (1+re)7+…+ = • Σt=6 até ∞ D5* (1+g2)t-5 / (1+re)t = • 1/(1+re)5 Σt=1 até ∞ D5* (1+g2)t / (1+re)t • 1/(1+re)5 D5* (1+g2)t / (re-g2 ) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 14 Exemplo 1. ks = D1/P0 + g = 10%; F = 20%. 2. Investidores investem $100, esperando EPS = DPS = 0.1($100) = $10. 3. Suponha que a empresa necessita apenas de $80. 4. Se ganhar ks = 10% sobre $80, EPS = DPS = 0.10($80) = $8. demasiado baixo e o preço cai. 5. Necessita neste caso de ganhar ke = 10% /0.8 = 12.5%. 6. então EPS = 0.125($80) = $10. Conclusão: ke = 12.5% > ks =Prog 10.0%. Carlos Arriaga Costa © 1998 The Dryden Press CRUP/FUP-Univ DILI 15 Suponha que uma empresa tem um ganho de 15% sobre o valor da acção (ROE = 15%) e retem 35% dos benefícios (dividend payout = 65%), devendo manter-se esta situação . Qual será o valor esperado de g? © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 16 Taxa de crescimento do beneficio retido: g = b(ROE) = 0.35(15%) = 5.25%. b = Fracção retida. Valor de g = 5% given earlier. Considere, a titulo de exemplo, um banco que paga 10% com b = 0, b = 1.0, e b = 0.5. qual o valor de g? © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 17 Qual o custo DCF dos benefícios retidos, ks? dado: D0 = $4.19; P0 = $50; g = 5%. D0 1 g D1 ks g g P0 P0 $4.191.05 0.05 $50 0.088 0.05 13.8%. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 18 Outro método de avaliação do custo do capital - CAPM • Modelo de aplicação na avaliação de uma acção • Covariância entre o custo de capital (retorno do valor da acção) e o retorno do mercado (medido pelo índice de mercado) • Β (empresa) = Cov (retorno mercado, retorno empresa) / Var (retorno mercado) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 19 Qual o custo dos benefícios retidos baseado no CAPM? kRF = 7%, MRP = 6%, b = 1.2. ks = kRF + (kM - kRF )b. = 7.0% + (6.0%)1.2 = 14.2%. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 20 Custo do endividamento • O custo do endividamento é fácil de calcular: – Será igual ao custo dos juros correntes dos empréstimos dos novos fundos. – A taxa de juro corrente é determinada das taxas do mercado monetário. – O mercado ajusta a taxa de juro da dívida aos valores de mercado de modo a que o preço da dívida tenha a correspondente taxa de desconto (taxa corrente > que a taxa da dívida) ou prémio (taxa corrente < taxa da dívida) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 21 Weighted Average Cost of Capital (WACC) • WACC pondera o custo da acção e o custo da dívida pela percentagem de cada parte na estrutura de capital da empresa. • WACC=(E/ V) x RE + (D/ V) x RD x (1-TC) – (E/V)= valor da acção % do valor total – (D/V)=dívida % do valor total – (1-Tc)=apos impostos % ou a reciporca da taxa de imposição Tc. Esta taxa deve ser considerada porque os juros pagos são deduzidos dos impostos. Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 22 Weighted Average Cost of Capital (overview) • A firm’s overall cost of capital must reflect the required return on the firm’s assets as a whole • If a firm uses both debt and equity financing, the cost of capital must include the cost of each, weighted to proportion of each (debt and equity) in the firm’s capital structure • This is called the Weighted Average Cost of Capital (WACC) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 23 Wacc ke or ks WACC Debt + Pfd + RE: 14.0% 11.1% Debt + Pfd + F = 15% 15.6% 12.1% WACC rises because equity cost is rising. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 24 Utilizando o exemplo atrás qual o WACC considerando apenas os ganhos retidos da acção na componente do WACC1? WACC1 = wdkd(1 - T) + wpskps + wceks = 0.3(10%)(0.6) + 0.1(9%) + 0.6(14%) = 1.8% + 0.9% + 8.4% = 11.1%. = Cost por $1 até os benefícios retidos serem utilizados. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 25 WACC com o custo do endividamento F = 15% WACC2 = wdkd(1 - T) + wpskps + wceke = 0.3(10%)(0.6) + 0.1(9%) + 0.6(15.6%) = 1.8% + 0.9% + 9.4% = 12.1%. © 1998 The Dryden Press Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 26 CUSTO DO CAPITAL • WACC= • ( E/(E+D) )*re + (D /(E+D))*rd(1-tc) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 27 Estrutura do capital • Em que medida as alterações na estrutura do capital poderão afectar a empresa? • Reestruturação do capital envolve uma alteração da quantidade de “leverage” de uma empresa sem modificar os activos da empresa. • Aumento do “leverage” por se envolver em endividamento e readquirir as acções distribuídas da empresa. • Diminuição do “leverage” por emissão de novas acções e retirar endividamento à empresa. Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 28 Efeito do Leverage • Em que medida o “ leverage” pode afectar o “EPS” e o “ROE” de uma empresa? • Quando aumentamos a quantidade de dívida aumentamos a despesa em juros fixos e isso vai-se reflectir tanto num bom ano económico como num mau ano. • “Leverage” amplifica a variação do EPS e do ROE Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 29 Exemplo: Leverage Financeiro, EPS e ROE • Ignoramos o efeito dos impostos neste momento. • O que acontece ao EPS e ROE se criarmos dívida e re-adquirirmos as acções? Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 30 Exemplo: Leverage Financeiro, EPS e ROE • Variação do ROE – Corrente: ROE varia entre 6.25% e 18.75% – Objectivo: ROE variar de 2.50% a 27.50% • Variação do EPS – Corrente: EPS varia entre $1.25 e $3.75 – Objectivo: EPS vaiar entre $0.50 e $5.50 • A variação do ROE e EPS aumenta quando o leverage financeiro é aumentado Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 31 Break-Even EBIT • Encontrar o valor do EBIT quando o EPS for o mesmo em ambas as estruturas de capital, corrente e proposta. • Se esperarmos que o EBIT seja maior que o valor do break-even point, então o efeito de “leverage” é benéfico aos accionistas. • Se esperarmos que o EBIT é menor que o valor do break-even point, então o efeito de “leverage” é prejudicial aos accionistas. Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 32 Exemplo: Break-Even EBIT EBIT EBIT 400,000 400,000 200,000 400,000 EBIT 400,000 EBIT 200,000 EBIT 2EBIT 800,000 EBIT $800,000 800,000 EP S $2.00 400,000 Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 33 Exemplo: Leverage e ROE • Estrutura capital corrente – Investidor pede emprestado $2000 e utiliza $2000 dos seus fundos para comprar 200 accçoes – Payoffs: • Em Recessão: 200(1.25) .1(2000) = $50 • Esperado: 200(2.50) - .1(2000) = $300 • Expansão: 200(3.75) - .1(2000) = $550 – Idêntico aos payoffs em adquirir 100 acções na estrutura de capital proposta. • Estrutura de capital proposta: – Investidor compra $1000 em acções (50 acçoes) e $1000 em obrigações que paga 10%. – Payoffs: • Recessão: 50(.50) + .1(1000) = $125 • Esperado: 50(3.00) + .1(1000) = $250 • Expansão: 50(5.50) + .1(1000) = $375 – Idêntico aos payoffs em adquirir 100 acções na estrutura de capital corrente. Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 34 Teoria da estrutura do Capital • Teoria de Modigliani and Miller sobre a Estrutura do Capital – Proposição I – Valor da empresa – Proposição II – WACC • O valor da empresa é determinado pelos cash flows da empresa e o risco dos seus activos. • Mudar o valor da empresa, significa: Mudar o risco dos cash flows Carlos Arriaga Costa Prog – Mudar os cash flows CRUP/FUP-Univ DILI 35 Caso I - Equações • WACC = RA = (E/V)RE + (D/V)RD • RE = RA + (RA – RD)(D/E) – RA é o “custo” do risco da empresa, i.e., o risco dos activos da empresa. – (RA – RD)(D/E) é o “custo” do risco financeiro, i.e., o retorno adicional requerido pelos accionistas para compensar o risco de “leverage”. Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 36 Caso I - Exemplo • Dados – Retornos pretendidos sobre os activos = 16%, custo do endividamento = 10%; percentagem de dívida = 45% • Qual é o custo de capital ( cost of equity)? – RE = .16 + (.16 - .10)(.45/.55) = .2091 = 20.91% • Suponha que o “ cost of equity” é de 25%, qual é o “debt-to-equity” ratio? – .25 = .16 + (.16 - .10)(D/E) – D/E = (.25 - .16) / (.16 - .10) = 1.5 • Com esta informação, qual é a percentagem de “equity” na empresa? – E/V = 1 / 2.5 Carlos = 40% Arriaga Costa Prog 37 CRUP/FUP-Univ DILI Figura 1 Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 38 O CAPM, a SML e a Proposição II • Em que medida é que o “leverage” financeiro afecta o risco sistemático? • CAPM: RA = Rf + A(RM – Rf) – onde A é o beta dos activos da empresa e mede o risco sistemático dos activos da empresa. Proposition II – Substituir o RA com o CAPM e assumir que a dívida (debt) é à taxa sem risco (RD = Rf) – RE = Rf + A(1+D/E)(RM – Rf) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 39 Risco do negócio e risco financeiro • RE = Rf + A(1+D/E)(RM – Rf) • CAPM: RE = Rf + E(RM – Rf) – E = A(1 + D/E) • Therefore, the systematic risk of the stock depends on: – Systematic risk of the assets, A, (Business risk) – Level of leverage, D/E, (Financial risk) Carlos Arriaga Costa Prog CRUP/FUP-Univ DILI 40