Grandes fotógrafos No início do séc. 20, a fotografia começou a mudar a cara das revistas. As primeiras a aderirem à nova tecnologia foram as revistas de moda, especialmente Harper´s Bazaar e Vogue, que contrataram os melhores fotógrafos da Europa para dar um tratamento artístico e elegante à nova invenção. Até hoje, essas duas revistas continuam pioneiras na descoberta de novos profissionais e ditam a tendência para todo mundo. Nessa mesma época, com a Primeira Guerra Mundial, a fotografia tornou-se parte integrante do jornalismo, quando o telégrafo possibilitou a transmissão de fotos do campo de batalha para as redações. O centro do fotojornalismo era a Alemanha, onde foram trabalhar os grandes fotógrafos. A seguir, o perfil e principais características de alguns dos grandes fotógrafos do séc. 20, que definiram estilos de fotografia usados ainda hoje. Edward Steichen: É uma das mais importantes e influentes figuras na história das artes gráficas. Durante sua carreira, foi reconhecido também como pintor, curador, escritor e inovador na técnica fotográfica. Ele defendia que a fotografia era uma forma de arte e liderou, junto com Alfred Ltieglitz, colega americano, uma revolução que elevou a fotografia a um meio de comunicação capaz de interpretação e expressão. No início do séc. 20, estabeleceu-se como pintor, e nos seus trabalhos como fotógrafo adotou uma técnica que chamou de pictórica, ou seja, câmera tremida, glicerina nas lentes e vários truques de revelação, para produzir o efeito de foco suave das pinturas. Introduziu a pintura colorida nas fotos já reveladas para intensificar ou suavizar a imagem. Pintava ou raspava as partes que queria remover. Suas fotos pareciam desenhos ou litogravuras. Nascido em Luxemburgo, mudou-se com os pais para os EUA aos 2 anos de idade. Tornou-se cidadão americano em 1900. Começou a trabalhar com fotografia em 1895, aos 16 anos, e foi um autodidata. Morou em Paris de 1906 a 1914, onde conheceu Picasso, Matisse, Brancusi e Rodin. Na Primeira Guerra Mundial, dirigiu a divisão de fotografia das Forças Expedicionárias Americanas. Logo depois da guerra, influenciado pelos novos movimentos de arte e suas geometrias abstratas, redefiniu radicalmente seu trabalhos. Trocou a pintura figurativa por imagens e composições clean. Gradualmente, passou a fotografar moda. Nos anos 20 e 30 trabalhou como fotógrafo comercial para a agência de publicidade J.W. Thompson e, em 1932, passou a ser o diretor de criação das revistas de Condé Nast, incluindo Vogue e Vanity Fair. De 1947 a 1962 foi diretor do dep. de fotografia do Museu de Arte Moderna de NY. Martin Munkácsi: “Ele foi o primeiro. Ele fez primeiro. Hoje, o chamado mundo da moda está povoado por filhos de Munkácsi, seus herdeiros. Ele me deu a primeira aula de fotografia, e muitas outras mais, apesar de eu nunca tê-lo conhecido.” “Ele trouxe um sabor de felicidade, de honestidade e um amor pelas mulheres ao que, antes dele, era uma arte triste e mentirosa.” – disse Richard Avedon em 1963. É considerado o pai do fotojornalismo, o reinventor da fotografia de moda e um dos mais importantes fotógrafos do séc. 20. Deu movimento à fotografia, que até então era estática. Na Hungria, onde nasceu em 1896, era fotógrafo de esportes. Era um mestre em captar o momento efêmero. “Pense, sem parar de clicar”, era o seu lema. Como fotógrafo esportivo, jamais foi igualado. Também revolucionou a fotografia de moda levando-a para além das paredes do estúdio, com fotos em movimento, com a exuberância das fotos de esporte, dinâmicas e cheias de vitalidade. Não queria modelos posando, queria que andassem naturalmente. Em 1928, foi para a Alemanha. Em 1934, fugindo do avanço nazista, mudou-se para NY e foi contratado pela revista Harper´s Bazaar. Tornou-se uma estrela absoluta e, por muitos anos, o fotógrafo mais bem pago do seu tempo. Robert Capa: O maior fotógrafo de guerra do séc. 20. Documentou 5 das maiores guerras do século: a Guerra Civil Espanhola, a resistência chinesa à invasão japonesa em 1938, as principais batalhas da Segunda Guerra na Europa e no norte da África, e o final da Primeira Guerra da Indochina em 1954. Suas fotos do Dia D em 6 de junho de 1944, quando as tropas aliadas invadiram a Normandia, tornaram-se clássicas e são as imagens definitivas da invasão. Nasceu em 1913 com o nome de Endre Ernô Friedman, em Budapeste, na Hungria. Foi exilado de seu país aos 17 anos por suas atividades estudantis de esquerda. Mudou-se para Berlim sem dinheiro, sem profissão, sem falar alemão e adotou a câmera fotográfica como meio de vida. Era judeu e, um ano depois, com a ascenção do Nazismo, mudou-se para a França. Adotou o nome Capa (tubarão em Húngaro) porque soava americano – era parecido com o do diretor de cinema Frank Capra. Em 1934 conheceu Gerda Taro, judia alemã refugiada. Ensinou-a a fotografar e viajaram juntos para a Espanha em 1936 para documentar a Guerra Civil. Gerda foi morta em uma batalha. Capa ganhou fama internacional epla cobertura dessa guerra. No início da Segunda Guerra, mudou-se para NY e foi trabalhar para a revista Life. Seu mais famoso trabalho foi o Dia D, quando nadou na praia com os soldados na invasão da Normandia. Tirou 106 fotos em duas horas. Mas um técnico de laboratório de Life acelerou o processo de secagem e destruiu os negativos. Apenas 10 fotos foram recuperadas, ainda assim, prejudicadas. Em 1947 fundou a Magnum Photo com um grupo de fotógrafos, entre eles Henri Cartier Bresson. Em 1954, cobriu para a Life o conflito entre a França e o Vietnã. Enquanto tentava chegar o mais perto possível da batalha, pisou em uma mina terrestre e morreu aos 40 anos com a câmera da mão. Richard Avedon: Moda, arte e minimalismo. Internacionalmente aclamado como o maior fotógrafo de moda do seu tempo, em seus 40 anos de carreira influenciou a moda, a fotografia e a arte. Estabeleceu padrões com seus trabalhos nas revistas Harper´s Bazaar e Vogue e foi um dos mais celebrados retratistas do séc. 20. Suas fotos de bailarinos, artistas, pintores, modelos e músicos tornaram-se verdadeiros ícones dessa arte. O seu estilo, imitado por centenas de outros fotógrafos, era definido por ele como uma série de nãos – “não à luz perfeita, não às composições explícitas, não à sedução das poses e da narrativa. Todos esses nãos me levaram a um sim – um fundo branco, uma pessoa que me interessa e o que acontece entre mim e ela. Filho de judeus russos, nascido em NY em 1923, desde a juventude se interessou por arte. Seu pai era dono de uma pequena loja de roupas femininas, sua mãe queria que o filho tornasse um artista. Ainda criança era admirador do trabalho de Martin Munkácsi e, inspirado por ele, decidiu tornar-se fotógrafo de moda. Em 1944, foi atrás do seu sonho. Conseguiu um emprego de fotógrafo na loja de departamentos Saks Fith Avenue e foi estudar no laboratório de design da New School for Social Research de NY. Seu professor, Alexey Brodovitch, diretor de arte da Harper´s Bazaar, percebeu seu talento e o levou para Bazaar em 1945. Ka o trio Avedon, Brodovitch e a editora de moda Diana Vreeland fez uma verdadeira revolução. Seus retratos minimalistas captavam a personalidade e a alma do retratado, que, contra um fundo branco, simplesmente olhava para a câmera. As fotos chocantemente reais – às vezes, quase cruéis – ressaltam as rugas e defeitos. Ao fotografar o duque e a duquesa de Windsor, sabendo do amor do casal por animais, disse a eles que havia visto um cão atropelado a caminho do estúdio e com isso conseguiu a expressão que queria. Décadas depois, num documentário, revelaria seu desprezo pelo modo de vida de ambos. Em 1965, tornou-se fotógrafo da revista Vogue, à qual se manteve fiel por mais de 34 anos. Em 1992, foi o primeiro fotógrafo a ser contratado como equipe fixa da revista New Yorker. Morreu em 2004 em San Antonio, Texas, durante um trabalho para essa revista. Irving Penn: “Fotografar um bolo também pode ser arte”. Foi um dos mais notáveis fotógrafos de moda, retratos e de stilllife das últimas 6 décadas. Ele trouxe para o exuberante e excessivo mundo da fotografia de moda um minimalismo clássico. Seu domínio dos elementos formais do design, de luz e sombra e sua habilidade em captar um gesto, uma expressão, um estado de espírito, revelavam algo surpreendente sobre seus fotografados, geralmente colocados sobre um fundo liso, com iluminação lateral. Seus still-life eram primorosos e claros. Sempre soube precisamente o que queria, e às vezes fazia as modelos repetirem o mesmo movimento ou gesto dezenas de vezes. Nasceu em 1917 em Nova Jersey, no estado de NY. Aos 18 anos foi estudar design com Alexey Brodovitch. Depois de formado, seu primeiro trabalho foi como diretor de arte de uma pequena revista. Em seguida, Brodovitch o contratou como assistente de ilustrador em Harper´s Bazaar. Aos 25 anos, usou suas economias para ir ao México, onde passou um ano pintando e se convenceu que nunca seria um grande pintor. Voltou para NY e conseguiu uma entrevista com Alexander Lieberman, diretor de arte da Vogue, que o contratou como seu assistente, especificamente para sugerir fotos para as capas de Vogue. Como os fotógrafos não gostavam muito das ideias de Penn, Liberman pediu que ele próprio fizesse as fotos. Usando uma câmera emprestada, ele montou uma foto de stilllife de uma bolsa de couro marrom, com echarpe bege, luvas, limões, laranjas e um topázio enorme. A foto foi publicada na capa de Vogue em outubro de 1943 e o lançou na carreira de fotógrafo. Suas fotos fazem parte de coleções de importantes museus, entre eles, o Metropolitan Museum of Arte de NY. Penn continuou como colaborador regular da revista Vogue até a sua morte aos 92 anos.