CLEBER MEDEIROS
Habilitado para dirigir?
A questão mais
complicada de um
curso de fotografia
de moda reside na
direção dos modelos
Modelo: Juliana Gast
quase nada da direção do fotógrafo. Basta
um briefing, uma referência e a iniciativa
parte do próprio modelo. No máximo, são
J
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Cleber Medeiros . Fotos / Zeca Smith . Produção e Maquiagem
necessários pequenos ajustes de posicionamento de rosto, olhar ou solicitações de
“congelamento” ou repetição da posição.
Vale lembrar que esses fotógrafos muito
experientes geralmente trabalham apenas
para grandes agências de publicidade e,
eventualmente, ficam sem paciência ao
se deparar com modelos amadores ou em
profissionalização, isso porque o hábito do
mínimo esforço aliado ao pequeno interesse
em criar uma metodologia de direção prevalecem durante as trajetórias fotográficas
desses profissionais, fazendo com que eles
exijam sempre os tops de cada agência.
Esses mesmos profissionais deveriam se
preparar para toda sorte de adversidades
relacionadas à direção de modelos, pois
trabalhos regionais fora dos grandes cen-
Já assisti a alguns cursos com fotógrafos
dores, em profissionalização (new faces)
tros, eventualmente, podem exigir uma
renomados e, invariavelmente, as “dicas”
e os realmente profissionais, com ampla
metodologia própria para que os modelos
passadas eram tão óbvias e elementares
experiência em modelar seus próprios cor-
entendam a intenção do fotógrafo.
que nos expectadores ficava a seguinte
pos para renomados fotógrafos, exibindo
dúvida: “Então por que eu não consigo?”.
vestuários extravagantes ou casuais.
Existe ainda um outro nicho de mercado, a produção de books não-profissio-
Primeiramente, temos que fazer uma
Os fotógrafos mais experientes geral-
nais, geralmente vendidos para mães de
divisão básica concernente aos modelos.
mente preferem modelos profissionais e
debutantes ou adolescentes que almejam
Basicamente, encontramos modelos ama-
isso faz grande diferença, não exigindo
apenas ter uma bela recordação da fase
Cleber Medeiros é fotógrafo, professor de fotografia de moda e coordenador da Universidade da Fotografia – Unifoto/Upis
O mercado de books e moda é extremamente fascinante
e relativamente bem pago. A cada dia surgem new faces
e agências precisando de fotógrafos, além de faculdades
de moda, novas confecções e promissores estilistas.
Confira abaixo as doze dicas da direção de modelos:
Modelo: Gabi Prado
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em que vivem. Apesar de a grande maioria
das produções para este fim serem de
gosto duvidoso, trata-se de um segmento
bem rentável. Esses modelos de final de
semana precisam obrigatoriamente que
lhes digam o que fazer, do contrário, o
resultado será artificial, com aquela pose
clichê das duas mãos sob o rosto e um
ligeiro sorriso amarelo.
Tanto para as agências de modelos
quanto para books de debutantes, convém
fazer fotos de beleza ( closes de rosto
como as fotos que ilustram capas de revistas de cosméticos), fotos de moda conceitual/fashion (imagens em que a produção
costuma ser exagerada, mostrando roupas
e adereços que dificilmente seriam utilizados no cotidiano das pessoas) e moda
comercial/casual, que são produções com
roupas comuns, como camisetas e jeans,
mostrando maior potencial de modelagem
do próprio modelo em detrimento da produção. Variações com enquadramentos
em meio corpo e corpo inteiro devem ser
feitas para dar mais opções de escolha aos
modelos e agentes.
Ajuste sua câmera, posicione a iluminação, dirija a modelo e fotografe, pois o
mundo precisa conhecer suas imagens!
As referências são sempre
bem-vindas. No caso de moda
e publicidade, elas podem ser
obtidas no próprio briefing/layout
da agência. Nas fotos para books
e composites, o fotógrafo pode
se basear em fotos de revistas e
mesmo em alguns guias de poses
para fotógrafos (na Internet existem
alguns). Sugira aos modelos que
absorvam tudo que virem nas
revistas especializadas e treinem
a modelagem de seus corpos e
expressões em frente ao espelho
pelo menos uma hora por dia.
sempre num período bem mais
curto. Da mesma forma, devemos
dirigir o movimento de rosto, braços,
pernas e olhar, sempre de forma
lenta, como num movimento de taichi-chuan.
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Lembre-se sempre de verificar
o enquadramento e detalhes
na composição. Nunca corte
nas articulações dos braços e das
pernas ou abaixo da linha do cabelo
(na testa).
Ainda que pareça óbvio
e piegas, é essencial se
apresentar aos modelos,
perguntar-lhes os nomes, o que
fazem, de que músicas gostam, se
preferem fotos em cor ou em pretoe-branco e, ao longo da sessão,
lembre-se de elogiar sempre que
obtiver bons resultados.
3
Coloque uma música
ambiente, de preferência
escolhida pela própria modelo.
Peça que ela dance, eventualmente
chame sua atenção e vá clicando.
Trata-se de uma loteria, mas
geralmente dez por cento das
imagens ficam ótimas.
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Peça para a modelo que faça
a simulação de um movimento
natural (muito utilizada em
propagandas de shampoo). Deixe
o enquadramento aberto conforme
o espaço necessário ao movimento
(faça um treino antes para descobrir
qual a angulação necessária), peça
que a modelo fique num extremo,
e, ao seu comando, que ela faça o
movimento completo (pular, jogar os
cabelos etc.).
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A “mímica” pode ser bastante
eficaz, principalmente com
modelos amadores. O fotógrafo
se desloca e se posta à frente da
modelo aproximadamente na mesma
posição que deseja que ela assuma.
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Se for solicitado ao modelo
que ele se vire para a direita,
é perfeitamente natural que o
movimento seja brusco e totalmente
à direita. Entretanto, se o fotógrafo
solicitar que o movimento seja lento
até que ele peça para parar, poderá
trazer melhores resultados, quase
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A mão livre (esquerda)
do fotógrafo pode ser
movimentada, solicitando
ao modelo que acompanhe seu
movimento com o olhar ou mesmo
com o rosto. Quando o fotógrafo
atinge seu objetivo pede ao modelo
que pare ou congele.
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9
O corte abaixo do joelho.
Mesmo não tendo sido
feito em uma articulação,
é desagradável ao olhar e
praticamente inutiliza a porção
inferior da foto. A lógica em moda
é cortar no meio das coxas ou
enquadrar de corpo inteiro.
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Quando fotografar a
modelo olhando para
o lado, evite fotos em
que o branco dos olhos apareça
em mais de 70% do globo ocular
(dá uma sensação desagradável de
abdução ou zumbi).
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Sempre que a modelo
estiver apoiada sobre
um braço ou perna,
certifique-se de que o membro
de apoio não esteja esticado. Se
estiver, peça gentilmente que ela
flexione suavemente o braço ou a
perna de forma que pareça estar
mais à vontade na cena. Por incrível
que pareça, até a expressão no
rosto da modelo muda de forma
positiva após esse movimento.
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O treinamento é o
fator mais importante.
A princípio, treine com
amigas, conhecidos e modelos new
faces ou amadores. Praticando
sempre, será possível identificar
suas próprias deficiências e
paulatinamente saná-las, chegando
ao nível desejado pela maioria dos
fotógrafos.
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