RELATÓRIO DE PARTICIPAÇÃO NA REUNIÃO ANUAL DE LUCERNA
Participante: Cássio B. Viotti
O evento foi um sucesso com a participação de mais de 1000 pessoas, entre
delegados e acompanhantes. Foi bem organizado e o simpósio contou com um
grande
número
de
trabalhos
apresentados
e
bom
nível
técnico
(www.swissdams.ch).
No dia 31.05 pela manhã participei da reunião do Comitê Técnico de Barragens
e Hidrelétricas. Há um boletim em fase final de preparação, cuja minuta se
encontra anexa a este. Contribuí com comentários no sentido de que só
fossem lançados nas tabelas dados efetivamente ocorridos e não dados de
produção de energia estimados e capacidades de geração ainda não
instaladas. Pedi ao Sérgio Pimenta, representante brasileiro no Comitê de
Registro de Barragens, para atualizar as informações sobre as hidrelétricas
brasileiras. Por exemplo, parece-me que a produção anual de Tucuruí ainda é
referente à primeira etapa somente. Há outras adições e correções
necessárias.
Evidentemente que contribuições de outros sócios para melhorar a informação
sobre o Brasil são bem-vindas.
No início do trabalho deste comitê enviei como contribuição o artigo “Overview
of hydro development in Latin America, with special reference to Brazil,
Hydropower 2005, Villach, Austria, October 2005”, onde foi feita uma análise da
influência da hidreletricidade na melhoria da qualidade de vida da população
brasileira, com correlação, possivelmente inédita à época, de IDH com
disponibilidade de energia elétrica.
Após a reunião de Lucerna enviei como contribuição o texto “Review of the
relocation of Nova Ponte town in Brazil, Hydropower & Dams, November 1995”,
escrito em parceria com Benjamim Campolina e Luiz Augusto Barcelos.
No período da tarde, participei da última reunião do Comitê da Constituição
(estatuto), a qual está descrita no relatório de Flávio Miguez. Esse comitê foi
criado na minha gestão como Presidente por entender que o estatuto estava
muito defasado em relação às necessidades da entidade. Flávio Miguez foi
nomeado Chairman por sua grande vivência das atividades da ICOLD, desde o
início da década de 1970.
A redação do novo estatuto e respectivo regulamento (By-Laws) sofreu alguns
percalços, pois o meu sucessor na presidência Luis Berga, era da opinião que
se fizessem modificações mínimas, o que evidentemente não resolveria o
problema.
Já na presidência atual de Jinsheng Jia, houve significativo progresso, tendo
sido apresentadas na reunião de Hanoi, novas versões do estatuto e do
regulamento. Nestas versões foram levadas em consideração inúmeras
contribuições de membros do comitê e de outros colaboradores. Essas versões
foram preparadas por Flávio Miguez (regulamento) e por mim (estatuto) com
extensa troca de idéias entre nós e em seguida enviadas aos membros do
comitê e à diretoria da ICOLD para comentários.
Um dos pontos centrais do novo estatuto foi dar maiores atribuições aos 6 vicepresidentes. Anteriormente havia um “Advisory Committee to the President”,
que se reunia somente uma vez por ano, durante as reuniões anuais, e os vicepresidentes eram figuras apenas decorativas. No meu período propus a
extinção de tal comitê e passar suas atribuições aos vice-presidentes, através
de pequena modificação estatutária apresentada pelo CBDB e, em seguida,
aprovada. Desde essa época, a diretoria se reúne em Paris, pelo menos 2
vezes por ano, além de uma pequena reunião durante o período da chamada
Reunião Anual e uma parte dos vice-presidentes se encarrega de
acompanhar/verificar a movimentação financeira da entidade.
Após a reunião de Hanoi (2010), quando se imaginava que os textos sofreriam
apenas pequenas sugestões, foi preparada nova versão por representantes da
ala anglo-saxônica (Robin Charlwood e Paul Roberts) com algumas boas
sugestões e com uma porção de modificações inócuas ou inaceitáveis. Entre
as inócuas, destaco frases do tipo “todos os membros da diretoria deverão agir
de boa-fé”. Entre as inaceitáveis, estava a que submetia as decisões da ICOLD
a votações entre os membros da diretoria. Essas votações tirariam muito da
força da assembléia geral e colocariam a presidência à mercê dos vicepresidentes. Segundo a experiência dos ex-presidentes, a entidade deve ser
administrada pelo presidente e pelo secretário-geral, com os vice-presidentes
atuando como conselheiros e tendo tarefas específicas.
Não são aconselháveis votações nas decisões da diretoria, por vários motivos.
A cada ano são eleitos 2 vice-presidentes, que chegam às reuniões sem um
conhecimento da dinâmica de administração da entidade. Além disso,
frequentemente são eleitos vices que têm grandes dificuldades com a língua
inglesa ou são muito tímidos. Esta é uma situação que favorece à dominação
da reunião pelos de fala inglesa, o que não é saudável para a entidade nem
para o presidente. O próprio presidente recém-eleito leva um certo tempo para
tomar pé da situação. Algumas pessoas, inclusive eu, achavam que o
presidente deveria ser eleito um ano antes de tomar posse, mas essa idéia não
vingou no comitê.
A questão da necessidade de votação para tomada de decisões na diretoria
resultou num extenso debate entre Robin Charlwood e eu. Após réplicas,
tréplicas e mais, ele resolveu abdicar dessa proposição. Foi preparada nova
versão do estatuto incluindo sugestões do grupo anglo-saxônico. A presidência
houve por bem convocar uma reunião de diretoria para especificamente
examinar o estatuto e o regulamento, apresentando sugestões.
Após a inclusão de novos comentários, os textos foram submetidos aos
comitês nacionais.
Todo esse debate contribui para a redação de estatuto e regulamento com
ampla participação, o que é um aspecto muito positivo.
No dia 01.06, participei do Simpósio “Dams and reservoirs under changing
challenges”.
No dia 02.06, participei da excursão técnica que visitou as barragens de
Lucendro (contrafortes – 69m de altura) e Göscheneralp (enrocamento com
núcleo impermeável – 155m de altura). Está sendo projetado um alteamento de
8m nesta barragem.
No dia 03.06, participei da reunião executiva, que passou a ser chamada de
assembléia geral no novo estatuto (Ver abaixo fotos da reunião).
Como destaques menciono:
-a aprovação de novos estatuto e regulamento,
-a filiação de 3 novos membros (Foto),
-a vitória de Alejandro Pujol da Argentina na eleição para vice da Zona
Américas, derrotando candidato dos Estados Unidos, apoiado pelos chineses.
A delegação brasileira se empenhou na eleição de Pujol.
- a escolha de Seattle, Estados Unidos, para sediar a reunião anual de 2013.
-o congresso internacional do próximo ano será realizado em Kyoto no Japão.
O eng. Sakamoto, atual presidente do Comitê Japonês, foi eleito vicepresidente para o sexto posto. É praxe que o país organizador do congresso
tenha um vice-presidente durante o evento.
O CBDB me deu uma ajuda de custo correspondente a uma passagem
econômica ponto a ponto. Na qualidade de ex-presidente não paguei taxa de
inscrição, o que evitou mais esse dispêndio pelo CBDB.
13.07.2011
Plenário da Assembléia Geral visto de cima
Outra vista da Assembléia Geral
Detalhes das bandeiras dos países membros
Novos países membros
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