A violência como uma demanda para a saúde: atendimento de
profissionais da saúde às vitimas de agressão por armas de fogo e
branca.
Bárbara Diniz L. Vieira e Silva
UECE*
Ruth Brito dos Santos
IJF**
INTRODUÇÃO
A temática da violência emerge na atualidade como um problema
social e vem se destacando entre as principais causas de mortalidade
em todo o mundo. As estatísticas como o Mapa da Violência
elaborado anualmente ilustram as proporções que esse fenômeno
vem tomando no interior das relações sociais e da sociedade.
O ponto de partida desta pesquisa é a introdução do tema da
violência no campo da saúde, uma vez que por muito tempo, ela foi
percebida como um problema pertinente à segurança pública e à
ordem social, permanecendo como algo externo a saúde e
reconhecida pela Classificação Estatística Internacional de Doenças
– CID sob a ampla rubrica de “causas externas”.
Entretanto, a partir da década de 90, tornou-se impossível negar sua
inserção no campo da saúde, uma vez que as “causas externas”
passaram a configurar uma das principais causas de morte da
população brasileira. (Yunes e Rajs, 1994). A violência e os
acidentes ao lado de doenças crônicas e degenerativas configuram,
na atualidade, um novo perfil no quadro dos problemas de saúde da
população.
Segundo estatística do Hospital Instituto Dr. José Frota – IJF, lócus
da pesquisa, entre os meses de janeiro e maio de 2012 foram
atendidas 1.181 usuário vitimas de lesão por arma de fogo e 506 por
arma branca. No ano de 2011 foram 1.685 por arma de fogo e 932
por arma branca. Estes dados confirmam as repercussões da
violência urbana, mais especificamente da violência armada.
OBJETIVO
Constitui objetivo geral, perceber como se dá o atendimento dos
profissionais de saúde, especialmente médicos e enfermeiros, aos
adolescentes e jovens vítimas de violência, especificamente
agressão por armas de fogo e branca, que chegam a emergência de
um hospital público de Fortaleza, Ceará especializado em traumas.
Nossa pretensão inicial é discutir acerca do atendimento em saúde a
corpos feridos por atos violentos
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, uma vez que
trabalha com percepções e representações construídas pelos sujeitos
que trabalham cotidianamente no serviço de emergência e pelos
adolescentes e jovens atendidos. Na fase inicial utilizamos a
observação participante para coleta de dados e uma pesquisa
bibliográfica sobre a temática. Posteriormente serão realizadas
entrevistas semiestruturadas com os sujeitos da pesquisa. A
metodologia proposta para análise dos dados será o discurso do
sujeito coletivo.
*Socióloga, estudante de Serviço Social – UECE
** Orientadora, Assistente Social do Hospital Instituto Dr. José Frota IJF, mestre em Politicas Públicas - UECE
DISCUSSÕES INICIAIS
Ao longo do processo de formação histórica do Brasil, a
violência foi compreendida como caso de polícia, problema
social, problema de justiça e mais recentemente, através das
estatísticas de mortalidade por violência e acidentes, ela é
percebida também como um problema de saúde pública.
A principal referência do setor da saúde desta temática é a
“Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por
Acidentes e Violências” implantada em 2001 que trata a
violência como um problema social e histórico e a situa nos
marcos da promoção da saúde e da qualidade de vida. Numa
perspectiva de intersetorialidade com outras políticas tem como
objetivos financiar ações de promoção a saúde e prevenção de
eventos violentos. (BRASIL, 2001)
Outros dispositivos legais também são utilizados na saúde
quando se trata de casos de violência. A lei nº 10.778 de
novembro de 2003 obriga a notificação compulsória de
violência contra a mulher pelos serviços de saúde públicos e
privados. Além da criação pelo Sistema Único de Saúde do
serviço de obrigatoriedade da notificação de violência contra
crianças e adolescentes, conforme prevê o artigo 13 do Estatuto
da Criança e do Adolescente.
Entretanto, ainda é muito incipiente a rede de informações
sobre violência no setor de saúde. Principalmente quando se
trata da violência por armas de fogo e branca nos serviços
hospitalares que estão, em sua maioria, pautados no modelo de
saúde curativa.
O que se tem observado é que a inserção da violência como um
problema também de saúde pública não tem mudado a forma
de agir e o atendimento dos profissionais de saúde, sendo
recorrente um atendimento pontual e específico que se restringe
a cuidar dos traumas físicos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
DAS, Veena. Fronteiras, violência e o trabalho do tempo:
alguns temas wittgensteinianos. Revista Brasileira de
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violência na emergência: “prevenção numa hora dessas?
Ciência Saúde Coletiva. v.4, p.81-94, 1999.
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danos da violência e a recriação da vida. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2002
MINAYO, Maria Cecilia Sousa. Violência e saúde. Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz, 2006.
SARTI, Cynthia Andersen. O atendimento de emergência a
corpos feridos por atos violentos. Revista Saúde Coletiva,
n.15, v. 1, p. 107-126, 2005.
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