SERVIÇO
SAÚDE
SAÚDE
pegou do melhor amigo da escolinha”, conta
Fernanda.
LÚCIA BRANDÃO
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Primavera,
estação da catapora
Nessa época do
ano há um aumento
no número de casos
da doença, que atinge
principalmente
crianças
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N
a tarde de uma sexta-feira de
setembro, a vendedora Fernanda
Lacerda, 22 anos, recebeu uma
ligação da escolinha onde seu filho
Guilherme, de 4 anos, estuda em São
Paulo. O menino estava com febre e
sem apetite. Fernanda levou o garoto ao
médico no mesmo dia, mas ainda não
era possível definir o diagnóstico. No
dia seguinte, após uma piora do quadro
e com o aparecimento de pequenos
pontos vermelhos na pele, veio a confirmação da suspeita: Guilherme estava
com varicela, popularmente conhecida
como catapora. No fim do inverno e
início da primavera, casos como esse
são muito comuns. Nessa época do ano,
segundo especialistas, há um aumento
da proliferação do vírus Varicela zoster,
Revista do Idec | Outubro 2007
que causa a doença, e uma facilidade
maior de transmissão devido a fatores
climáticos.
A varicela é uma de cinco doenças da
infância com erupção cutânea. As outras quatro são sarampo, roséola, rubéola e eritema infeccioso. Ela atinge,
na maioria dos casos, crianças de 5 a 9
anos de idade, mas é considerada benigna pelos médicos, já que, em geral,
não apresenta grandes riscos para os
pacientes nessa faixa etária e não deixa seqüelas. Entretanto, o quadro da
doença pode ser mais grave em bebês,
adultos ou indivíduos com imunodeficiência, pois pode trazer complicações
como pneumonia e infecções na pele.
Como no caso de Guilherme, o
quadro inicial da catapora é facilmente
confundido com o de uma gripe: febre, falta
de apetite, indisposição, dor de cabeça e até
secreção nasal (veja quadro com o ciclo da
doença). Na fase inicial também podem surgir
pontinhos vermelhos espalhados pelo corpo,
parecidos com picadas de inseto. Nesse período, a doença não costuma ser detectada facilmente. A confirmação do diagnóstico só acontece, geralmente, dois ou três dias depois,
quando essas manchas crescem e mudam de
aspecto, tornando-se vesículas (bolhas cheias
de um líquido transparente). Durante cerca
de cinco dias, as vesículas aparecem em
regiões delimitadas do corpo ou nele todo,
inclusive couro cabeludo e mucosas.
A varicela é altamente contagiosa justamente porque, mesmo antes de surgirem as
primeiras manchas avermelhadas, o contágio
pelo vírus já se dá por via aérea (espirro ou
tosse). E quando as manchas estão aparentes,
a transmissão também pode acontecer por
contato. No total, o período de contágio dura
cerca de dez dias e termina quando as feridas
começam a secar. Inevitavelmente, creches e
escolas são os principais locais de proliferação
do vírus. “Tenho certeza de que o Guilherme
Não há um medicamento específico para
tratar a varicela (veja quadro com cuidados
gerais). Os médicos normalmente recomendam repouso, analgésicos, antitérmicos e
algum tipo de pomada ou creme, ou banho,
para aliviar a coceira intensa, característica
marcante da catapora. Quem já teve a doença
dificilmente se esquece desse grande incômodo. Mas é muito importante evitar coçar as
feridas, que podem infeccionar e deixar marcas na pele para toda a vida. Uma outra dica
importante dos médicos: nunca tomar ácido
acetilsalicílico (aspirina) para aliviar os sintomas da catapora. No paciente com varicela,
esse medicamento pode gerar uma reação
chamada Síndrome de Reye, que causa lesão
hepática e até edema cerebral.
Desde 1994 está disponível no Brasil a vacina contra a varicela, mas apenas em clínicas
particulares, onde custa cerca de R$ 80. Segundo o Ministério da Saúde, a vacina ainda
não foi incluída no Programa Nacional de
Imunização por causa de seu custo elevado.
“Meu filho não tomou a vacina porque é cara”, reclama a vendedora Fernanda. “Se estivesse disponível nos postos de vacinação,
com certeza teria tomado”, complementa.
Na opinião de Sandra de Oliveira Campos,
do departamento científico de infectologia da
Sociedade Brasileira de Pediatria e professora
do departamento de pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por ser
uma doença considerada benigna e por causa
do alto custo da vacina, o Ministério da Saúde
Catapora: cuidados gerais
Não coçar as pequenas erupções na pele e nas mucosas.
Manter as unhas curtas e limpas para não arranhar as feridas.
● Vestir roupas leves, mas que mantenham todo o corpo coberto.
● Tomar de dois a três banhos mornos por dia para manter a pele
fresca. Usar pouco sabonete para não ressecar.
● Evitar contato com todas as crianças e adultos que não tiveram a
doença.
● Fazer repouso.
● Não tomar ácido acetilsalicílico (aspirina).
● Fazer uso de medicamentos apenas com recomendação médica.
●
●
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SAÚDE
tem outras prioridades em relação ao calendário de vacinação. “Se tiverem recursos e
julgarem necessário para determinada região,
os governos estaduais ou municipais têm
autonomia para disponibilizar a
vacina contra varicela em seus
postos, como fez Florianópolis”,
comenta.
Atualmente, a vacina contra
catapora está disponível nas
clínicas particulares para crianças a partir de um ano de
idade e para adolescentes e adultos que não tiveram a doença.
Segundo estudos da Sociedade
Brasileira de Pediatria, a aplicação apresenta uma eficácia de
97%. “Quem é vacinado ainda
tem uma pequena possibilidade
de desenvolver a varicela, mas
Sandra de Oliveira Campos, da
vai ter um quadro bem mais
Sociedade Brasileira de Pediatria
fraco da doença”, afirma Sandra.
Para o infectologista Paulo Olzon Monteiro da Silva, também da Unifesp, a
vacina deveria ser obrigatória, por exemplo,
para pessoas que migram de pequenas cidades para grandes centros urbanos como
São Paulo. “Por não terem tanto contato com
o vírus, indivíduos que não vivem em grandes
O ciclo da catapora
Incubação
Nesse período, a pessoa já está com o vírus, mas ainda não apresenta
sintomas.
Duração: de uma a três semanas (na maioria dos casos esse período é
de 10 a 14 dias).
Prodrômico
O paciente começa a ter sintomas como febre, indisposição, falta de
apetite, mas ainda não apresenta as lesões na pele características da catapora. Ainda sem saber que está com a doença, nesse período a pessoa
já pode transmitir o vírus.
Duração: de dois a três dias.
Estado
Começam a surgir as pequenas bolhas na pele e nas mucosas. Durante
esse período o paciente também pode contagiar outras pessoas.
Duração: cerca de uma semana.
Convalescença
Nessa fase as feridas começam a secar e não há mais risco de contágio.
Duração: cerca de três semanas.
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cidades têm uma resistência menor à varicela”, avalia. “Soma-se a isso o fato de a doença se manifestar de uma forma muito mais
intensa em adultos, e o resultado são óbitos
causados por complicações da catapora”,
complementa. De acordo com a Fundação
Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em 2005 foram registradas 32 mortes por
varicela no Estado de São Paulo.
Nem todos os médicos defendem a aplicação da vacina em toda a população. “Ela
tem de estar disponível para a população de
risco, como as que têm imunodeficiência, mas
não precisa ser levada a toda a população
saudável, já que a varicela é uma doença
benigna, normal da infância”, diz Eliseu Alves
Waldman, do departamento de epidemiologia da Universidade de São Paulo. “Quando
você faz uma vacinação maciça, altera todo o
comportamento da doença na comunidade e
não sabe os resultados disso. Pode haver, por
exemplo, um aumento do número de casos
de varicela em adultos, que são os que desenvolvem a doença de uma forma muito mais
intensa”, avalia.
Segundo informações do Ministério da
Saúde, a vacina contra a varicela é disponibilizada para os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) das secretarias
de saúde dos estados, para uso em indivíduos
de qualquer idade que apresentem maior risco de desenvolver as formas graves da doença. O Ministério inclui nesse grupo pacientes
com leucemia e tumores malignos; profissionais da saúde e familiares que estejam em
convívio com pacientes imunocomprometidos; pessoas suscetíveis à doença que serão
submetidas a transplantes de órgãos; e HIV
positivos, entre outros.
REATIVAÇÃO
Quem já teve varicela uma vez na vida não
corre mais o risco de desenvolvê-la. No entanto, o vírus fica para sempre hospedado em
alguma terminação nervosa do organismo e o
indivíduo pode desenvolver, geralmente na
velhice ou quando tem uma queda grande da
imunidade, o chamado herpes-zóster. A doença é caracterizada pelo aparecimento de manchas vermelhas semelhantes às da varicela e
muita dor em uma área específica do corpo,
onde o vírus se alojou. Mas o herpes-zóster é
tratável e não deixa seqüelas.
Informações desfocadas
Os preços de lentes para óculos
variam em até 264% em São Paulo.
Faltam informações sobre marca
e qualidade, e atendentes
estão despreparados para ir
além da escolha da armação
O
mercado de óticas movimenta cerca de
R$ 8 bilhões por ano, nas mais de 23 mil
lojas espalhadas pelo país. Do total, quase R$ 3 bilhões vêm da venda de lentes simples e multifocais, ficando o restante para o
comércio de armações, óculos de sol e acessórios. Mas se a representatividade no faturamento é grande, a importância dada ao produto
por lojistas e consumidores é bem menor do
que deveria ser.
Além das questões estéticas, os óculos respondem pela preservação da saúde ocular e, por isso,
precisam ter lentes adequadas à prescrição médica. De acordo com a Associação Brasileira de
Produtos e Equipamentos Óticos (Abiótica), a
quase totalidade dos lojistas afirma que a qualidade do produto e o bom atendimento são prioritários para garantir as vendas. No entanto, a
prioridade das lojas é informar sobre armações,
sobre o último lançamento, sobre a tendência da
estação. Quando a questão é a qualidade das
lentes ou o porquê do preço – muito maior ou
menor do que em outros estabelecimentos –, não
há informação suficiente.
A maioria dos atendentes não sabe – ou parece
não saber – com que produto trabalha e chega a
confundir a marca do laboratório que faz a montagem das lentes com a marca do fabricante.
Nesse ponto, as óticas desrespeitam o artigo 6o
do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
estabelece como direito básico “a informação
adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta (...) de características, composição, qualidade e preço”.
Essas são as constatações do Idec, que percorreu vinte óticas paulistanas entre 12 e 17 de
PHOTOS.COM
ARQUIVO PESSOAL
DICAS
setembro. Um técnico do Instituto, com uma
receita verdadeira e uma armação própria, visitou
lojas em todas as regiões da capital, identificando-se apenas como consumidor. Como a variedade de lentes no mercado é imensa, buscamos o
preço das mais tradicionais: as acrílicas simples e
as de policarbonato simples.
Nas acrílicas, a variação encontrada entre a
mais barata e a mais cara foi de 233%. As mais
em conta foram encontradas em loja da zona
leste, por R$ 24, da marca Essilor (grupo francês,
dono também das marcas Varilux, Crizal e
Airwear). As mais caras, por R$ 80, encontramos
Principais problemas de visão
● Astigmatismo: falta de nitidez para longe e para perto. Pode provocar
dores de cabeça, sensação de ardor nos olhos e lacrimejamento.
● Hipermetropia: dificuldade para ver objetos próximos. Pode causar dor
de cabeça, sensação de peso ao redor dos olhos, vermelhidão e lacrimejamento.
● Miopia: dificuldade para ver objetos distantes. Pode ser transmitida
geneticamente, mas também é influenciada por fatores ambientais.
● Presbiopia: também conhecida como vista cansada, é o enfraquecimento do poder de acomodação para a visão de perto. O problema é
evidente, em geral, após os 40 anos.
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