“Perplexos, indignados....mas nem tanto. Assim
reagimos à turbulência que atinge a nação. Ela
parece apenas ter confirmado o que morava no
imaginário popular, o que andava na boca de todos, na raiz da nossa apatia de cidadãos, no desinteresse ou na aversão de muitos pela política.
No âmbito da história, nada aconte por acaso,
nem de repente. O que agora comparece de corpo
e alma no cenário da nação tem fundamentos antigos e consolidados. Entre eles, está a idéia de
que “os fins justificam os meios”. Em nome do
bem, o mal. Em nome da verdade, a mentira. Da
liberdade, a morte. Da paz, a guerra.
Se acreditamos que os fins justificam os meios, manipular, enganar, subjugar, formar quadrilhas, denegrir a imagem alheia, delatar,
chantagear, matar ou trair não são vistos como
crimes nem pecados. Vale tudo, quando a intenção é boa. Mas também não se diz que “de boas
intenções o inferno está cheio”?
Que os fins justificam os meios tem sido a palavra de ordem que justifica as ações terroristas,
mas também as guerras legais. Foi o pensamento
que levou Hiltler a empreender o extermínio dos
judeus (ele agia em nome do aprimoramento da
raça humana!), que explicou a eliminação sangrenta das classes abastadas, dos burgueses e dos
imperialistas que Stalin e Mao realizaram (eles
agiam em favor de uma antecipação do fim ideal
previsto para a história!), que licenciou a Santa
Inquisição e ainda credencia os movimentos e
regimes fundamentalistas (eles agem em nome
da vontade de Deus!).
E, no varejo do cotidiano, é essa a idéia que
chancela a ganância, a corrupção, os homicídios,
os assaltos, os seqüestros, a violência familiar
contra idosos, mulheres e crianças, além da devastação do meio ambiente.
Vivemos entre o bem e o mal. Essas duas
tendências, misteriosas, provocam incontáveis
discussões filosóficas, teológicas, éticas. E a
decisão entre ambos, muitos a têm atribuído ao
que chamam de "livre arbítrio".
"Livre arbítrio", todavia, é expressão que soa
muito individualista. Parece deixar a cada homem
a solução segundo sua própria consciência. Na
vida particular, talvez essa decisão pessoal seja
suficiente, mas, em se tratando da vida pública,
em que a nossa vida conjunta está sendo afetada,
a convocação é de outra natureza."
DULCE CRITELLI , FOLHA
DE
S. PAULO, 8
DE SETEMBRO DE
2005
Faça sua redação, procurando responder à seguinte pergunta: Os fins justificam os meios?
Apresente argumentos para sustentar sua posição.
Observações:
1 - Não se esqueça de que você deverá fazer um
texto expositivo ou argumentativo.
2 - Não deixe de dar um título a sua redação, de
acordo com a orientação geral.
3 - Não copie trechos dos textos motivadores.
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