“NÃO NOS PODEMOS DEIXAR CHANTAGEAR!!” O título completo da “entrevista conjunta” do Presidente do Bundesbank aos jornais Público (15-06-2012) (Portugal), El País (Espanha), Corriere Della Sera (Itália) e Kathimeríni (Grécia) é “Não nos podemos deixar chantagear por um país por medo do contágio”. E dei comigo a pensar sobre qual poderia ser o significado de uma entrevista do mais alto responsável financeiro alemão a quatro jornais dos quatro PIG’s do Sul, poucos dias antes das eleições na Grécia. E a questão que me ficou a bailar persistentemente na cabeça é a de “quem é que anda a chantagear quem?” Serão os Gregos, chamados a dizer, em eleições livres, quem querem que no futuro os conduza politicamente face às opções político partidárias que lhes são apresentadas? Ou serão os Alemães, via, no caso, o Presidente do Bundesbank, que diz que “os países do sul não se devem desviar da rota ou arriscam-se a uma saída do euro?” Serão os Gregos, os Espanhóis, os Italianos e os Portugueses, que lutam contra políticas de empobrecimento – ditas reformas estruturais - em busca de medidas globais, ao nível da UE, que dêem conteúdo à dimensão económica e social projetada, que se perdeu? Ou serão os Alemães, a caminho da construção, sem armas, do império que ficou pelo caminho em 14/18 e 39/45? Em Portugal, quando se continua a falar em reformas estruturais salvadoras, sem que políticos ou comentadores se dêem ao trabalho de dizer o que é que as mesmas significam para os portugueses, temos razões para nos preocuparmos. Em Portugal, quando se acentua o divórcio entre o poder político, a quem alguns atribuem superpoderes, e os Portugueses, convidados a emigrar como solução castradora para o desemprego e o subemprego que nos bate à porta, vivem à espera das novidades que a televisão periodicamente lhes despeja em cima, Em Portugal, quando a democracia se acantona em instituições que em vez de lhe darem vida a asfixiam, os portugueses que se cuidem. Cada um de nós tem obrigação de não se acomodar, de não aceitar pacatamente aquilo de que discorda: de não se deixar chantagear. Cada um de nós como pessoa e cidadão, tem obrigação de ser todos os dias. L. Bettencourt Picanço