RECEPÇÃO AOS NOVOS ACADÊMICOS. Fui indicado pelo Presidente Rudi para, representando a Academia, dar as boas vindas aos novos confrades. Na verdade, não sei por que eu. Se fosse pela idade, o escolhido seria o Conny. Pela experiência e poder de oratória, o Dr. Adauto. Pela simpatia, seria a Andreia e, por que não, nossas outras acadêmicas. Mas um pedido quase ordem de nosso Presidente Rudi não se pode negar. Mas por que uma Academia de Letras e Artes em São Francisco do Sul, nossa querida São Chico? Quando se fala em Academia o que nos vem à cabeça é um grupo de velhinhos que se reúnem para tomar chá e comer bolo. Ou então, para alguns, um selecionado grupo de notáveis, que deverão fornecer parâmetros nos assuntos de língua e literatura. Em nosso grupo não há nada disso. Não nos reunimos para degustar doces e bebidas e nem pretendemos criar normas, fazer dicionários ou reformas ortográficas. Não se trata de uma reunião de “medalhões” com objetivo de tomar chá, mas de pessoas de capacidade em suas áreas, que vêm prestando serviços à cidade ou à região, algumas tão humildes que não se desconfia que possuam um sólido currículo. Pessoas que constroem ou que têm potencial para construir uma obra diferenciada: escultores, pesquisadores, artistas plásticos e cênicos, musicistas, professores e, claro, escritores e poetas. E por que uma Academia e não simplesmente uma associação de literatos e artistas? Certamente porque o organizador desej ou algo mais formal, com maior valorização de seus membros, buscando fortalecer o compromisso de todos. O nome “acadêmico” tem maior peso. E, pensando bem, criar do nada uma academia, como o fez o Presidente Rudi, é mais fácil do que uma associação. Não importa. O que importa é a contribuição que , como grupo, se pode dar à cultura da cidade e da região. E o que pode realizar essa academia? Entre outras coisas, promover a revelação de novos talentos artísticos; dar impulso e patrocínio para publicação de livros e pesquisas; levar apresentações artísticas – música, poesias, crônicas – para comunidades de nossa ilha , como já aconteceu por diversas vezes ; edição de antologias, levantamento de documentações históricas, intercâmbios com outras associações, palestras, etc. Isto além de ter relacionamento estreito com o Museu do Mar, que, por si só, tem garantido boa parte dos eventos culturais da cidade. Uma das características do francisquense é o amor à sua cidade e o orgulho pelos conterrâneos que de alguma forma se destacam. Esteja onde estiver, o francisquense um dia volta à sua te rra, e muitos voltam para ficar e aqui morrer. Por isso, a boa receptividade que teve nossa academia entre os conterrâneos. São Francisco, proporcionalmente ao seu tamanho, teve grandes talentos, muitos deles infelizmente esquecidos pelas novas gerações . É nosso dever aqui relembrá-los: Ana Luísa de Azevedo e Castro, talvez a primeira mulher a publicar romance no país, com o romance “Dona Narcisa de Villar”, no ano de 1859;Júlia da Costa, poetisa, paranaense que viveu em São Francisco no tempo do Império;Kurt Hermann, excelente pintor, pai de nossa confrade Lair Bernardoni ; os historiadores e escritores Carlos da Costa Pereira e Arnaldo Claro de S.Thiago; o jornalista e historiador de âmbito nacional , Brasil Gerson, nascido em S.Francisco e residente no Rio de Janeiro; e ainda os pesquisadores de nossa história Manoel Deodoro de Carvalho (seu Neco) , Otávio da Costa Pereira, José de Moura Bezerra, Arnoldo Alexandre, Mário Benstorff, entre muitos outros. Nossa Academia já conta com 4 anos de fundação. Devido principalmente à doença que acometeu nosso Presidente, não foi possível realizar tudo que desejávamos. Agora, estamos dando um grande salto com o lançamento de quatro livros, mais outro grande lançamento previsto para o mês de abril, e recebendo sangue novo, na pessoa de novos acadêmicos . Não vou falar das qualidades de todos eles pois poderia dizer menos do que eles merecem. Por isso, só me resta desejar as boas vindas de nossa Academia aos agora confrades: Padre Edson, digno sucessor do Padre Álvaro, també m nosso acadêmico; Rômulo Caixeta, autor de livros infantis; Eliana Ignácio, mais conhecida com Lily Blumerants, reconhecida cantora, compositora e membro do Conselho Municipal de Cultura de Joinville e Donald Malchinski, são-bentense, escritor, cronista e poeta. Também dou as boas vindas aos Acadêmicos honorários, dois artistas já conhecidos de todos e ligados familiarmente a São Chico: Mary Ester Rosa Peters e Juarez Machado e aos amigos da Academia, esses que já eram nossos colaboradores desde o início. Que sejam bem-vindos! Hilton Görresen