Bárbara Cristina de Oliveira
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO
BRINCAR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Pindamonhangaba – SP
2014
Bárbara Cristina de Oliveira
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO
BRINCAR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Monografia apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do Diploma de Licenciatura em
Pedagogia pelo curso de Pedagogia da Faculdade
de Pindamonhangaba.
Orientadora: Profa. MSc. Sandra Maria da Silva
Costa
Pindamonhangaba – SP
2014
BÁRBARA CRISTINA DE OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Monografia apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do Diploma de Pedagoga pelo curso
de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de
Pindamonhangaba.
Data: 05/06/2014
Resultado: APROVADA
BANCA EXAMINADORA:
Profa. MSc. Sandra Maria da Silva Costa
Faculdade de Pindamonhangaba
Assinatura: ______________________________
Prof. Dr. Claudemir de Carvalho
Faculdade de Pindamonhangaba
Assinatura: ______________________________
Prof. Kátia Regina Conrad Lourenço dos Santos Faculdade de Pindamonhangaba
Assinatura: ______________________________
Dedico este trabalho à minha família,em especial, minha mãe que sempre me
apoiou nos momentos difíceis, compartilhou comigo cada alegria e me ajudou a realizar
mais este sonho e à Deus que, com sua luz, me ajudou a chegar até aqui.
Devo meus agradecimentos primeiramente à Deus por dar-me vida e saúde,
a professora mestre e orientadora Sandra Maria da Silva Costa pelos ensinamentos,
paciência, pelo tempo que disponibilizou para me orientar com tanto carinho,
compreensão, apoio e incentivo e por fim, a minha família por estar ao meu lado sempre
me dando força nesta jornada.
“Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar.”
Rubem Alves
RESUMO
Esta monografia trata de um assunto primordial para a Educação: a brincadeira como
proposta pedagógica. O brincar como ferramenta para o desenvolvimento cognitivo, físico,
social, emocional e cultural da criança. O papel do professor como mediador do brincar. A
pesquisa bibliográfica tem como ponto de partida o brincar como uma necessidade da criança
para se desenvolver integralmente. Embora alguns pais em muitas situações não
compreendam essa importância e julgam o brincar apenas como passatempo.
Palavras-chave: brincar, ensino, aprendizagem e criança.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8
2 MÉTODO ................................................................................................................ 10
3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 11
3.1 A história do brincar ........................................................................................... 11
3.2 O brincar e sua importância .............................................................................. 12
3.3 Brincar para crescer e aprender ....................................................................... 13
3.4 O que as crianças aprendem brincando? ......................................................... 14
3.5 O brincar no desenvolvimento infantil sob o prisma da psicopedagogia
.................................................................................................................................... 15
3.6 O brincar no desenvolvimento infantil sob o prisma da psicanálise
..................................................................................................................................... 19
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 24
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 27
8
1 INTRODUÇÃO
O brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a criança
pode reproduzir o seu cotidiano. O ato de brincar possibilita o processo de aprendizagem da
criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade, estabelecendo,
desta forma, uma relação entre o lúdico e a aprendizagem.
O brincar é um ato espontâneo, natural e de extrema importância para a formação da
criança, tornando-se essencial para a sua vida emocional, intelectual e para sua saúde física.
Brincar não é uma atividade sem consequência; é coisa séria pois, brincando, a criança se
recicla, conhece seu mundo e pode reinventá-lo quantas vezes quiser.
O brinquedo é o meio privilegiado de comunicação de que a criança dispõe. A criança
que brinca se revela aos outros e a si própria. O brinquedo é o elo que permite ligar o meio
externo e o meio interno; a realidade objetiva e a fantasia.
O primeiro ambiente da criança é oferecido pela família. Progressivamente, as crianças
passam a pertencer a outros grupos sociais que igualmente influenciam o seu
desenvolvimento. Amigos e colegas assumem importância gradativa na vida das crianças,
uma vez que elas aprendem muito mais, imitando o comportamento dos outros;
experimentando com seus amigos, sentem-se felizes também.
Assim, entre a criança brincando num tanque de areia e o cientista fazendo suas
experiências num laboratório, há uma semelhança bastante grande: ambos expressam sua
curiosidade. Tudo é um universo mágico a ser explorado, algo que se busca com a mesma
emoção com que uma criança caça um fantasma, numa brincadeira de faz de conta. Então,
brincar não é apenas coisa de criança, mas integra o processo de aprendizagem e de
crescimento por toda a vida do ser humano. O ato do brincar é de forte influência no íntimo da
criança. Através dele, a criança tem a oportunidade de resgatar situações conflituosas.
O brincar não está sendo relevado atualmente, porque é visto como forma de
passatempo. Para alguns educadores a aprendizagem é construída sem influência do brincar,
tornando assim, o ato de brincar apenas lazer. Vivemos então, uma cultura anti lúdica.
Com isso, surgem alguns questionamentos motivadores para a realização desse
trabalho, tais como: qual é o papel da brincadeira na vida da criança? Será que as escolas
valorizam o momento de brincar das crianças? O que se aprende brincando?
Diversas teorias procuram explicar porque as crianças brincam; muitos estudiosos se
preocupam diante desse processo natural da espécie humana, comum em todas as culturas. No
entanto, há divergências entre teorias. Assim, visando a uma compreensão mais global sobre o
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brincar, é necessário olhar para autores nas diversas orientações, alguns sob o enfoque mais
pedagógico e outros psicológicos.
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2 MÉTODO
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, tendo como base das palavras-chave brincar,
criança e ensino aprendizagem. Foram utilizados livros e artigos científicos consultados na
biblioteca da Instituição e indicados pela orientadora e na internet, tais como Scielo, Nova
Escola, Educar e Crescer, etc.
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3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 A história do brincar
O brincar tem sido foco de interesse de muitas pesquisas que consideram essa
atividade necessária ao desenvolvimento global e à aprendizagem de conceitos em crianças.
Uma das características mais marcantes da infância é a grande vontade que toda criança tem
de brincar. Seja ela pobre ou rica, qualquer minuto é ótimo para se brincar, e qualquer nuvem
no céu vira uma brincadeira. No entanto, para se compreender a importância do brincar, voltar
ao passado e acompanhar algumas mudanças importantes faz-se necessário.
Vivemos numa sociedade onde o brincar não é valorizado, a grande influencia das
brincadeiras no desenvolvimento da criança passa-se despercebido. Contudo, é brincando que
a criança aguça através do previsto e do imprevisto, o controle e a interação com o ambiente a
sua curiosidade, e que através desta curiosidade de atos e fatos, ao exercício de regras que irá
levá-las ao conhecimento.
Com base em Friedmann (1992), na Antiguidade o brincar era considerado uma
atividade exercida tanto pelas crianças quanto pelos adultos, possuía um caráter coletivo e
representava um segmento de vida. As crianças participavam das festividades, lazer e
brincadeira dos adultos, mas tinham ao mesmo tempo uma esfera separada de jogos. As
crianças observavam as situações do seu dia a dia e as transpunham no ato de brincar. A
brincadeira era considerada um fenômeno social, do qual todos participavam.
Devido ao advento da sociedade industrial moderna e a burguesia, dois fatores tiveram
um papel importante na evolução da brincadeira. O primeiro deles foi que, com a
industrialização, adultos e crianças foram separados, não havia mais atividades onde crianças
e adultos brincavam juntos. O segundo fator é que as crianças foram institucionalizadas e a
atividade lúdica tornou-se um instrumento no trabalho infantil. Assim pretendia formar o
“novo homem”, mais racional e produtivo (FRIEDMANN, 1992).
Ainda é o mesmo autor quem afirma como nas escolas o brinquedo e a brincadeira
foram utilizados como um meio de fazer com que as crianças aprendessem a ser esse homem
mais racional, deixando de lado, por completo, a questão emocional do individuo.
Bomtempo (1999) afirma que a sociedade contemporânea é fruto dessa pedagogização
do brincar, os grandes problemas no desenvolvimento infantil da atualidade estão
relacionados com o desenvolvimento social de cada um. Hoje em dia, as crianças não se
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relacionam direito entre si e entre os adultos, devido aos grandes atrativos que a tecnologia
proporciona. Os pais estão cada vez mais ocupados, e com isso as crianças ficam em casa, ou
com babás, com avós, nas escolas períodos integrais, ou até mesmo sozinhas, e geralmente
passam o tempo na frente do computador, vídeo game ou da televisão.
Ainda na mesma autora, a questão é que todos sabem que a sociabilização é um fator
de grande importância para o desenvolvimento da criança, e o brincar é uma das fontes mais
ricas para que a criança exerça seu papel social, e consiga internalizar os valores culturais, as
regras e os símbolos característicos do seu contexto social.
Para Bomtempo (1999), através dos tempos, o ato de brincar se tornou uma
manifestação que reflete a expressão cultural das diversas sociedades. Mesmo que o conceito
de cultura tenha sofrido mudanças, já que existem múltiplas concepções e visões, uma coisa
não mudou: o brincar.
A brincadeira tem então, segundo Bomtempo (1999), um papel fundamental de tornar
possível vivenciar algumas situações e suas consequências no meio. Assim é através da
atividade lúdica, em qualquer que seja o contexto, que a criança prepara-se para se inserir
completamente no mundo simbólico e aprender a trabalhar com exigências e situações
oferecidas pelo mundo adulto.
3.2 O brincar e sua importância
O brincar é constituído basicamente de uma integração da vida social em que a criança
está inserida. As brincadeiras podem ser passadas de geração para geração e ainda sim manter
sua tradição. Por meio das brincadeiras, são passados os costumes, as crenças e os valores de
cada sociedade. (PIAGET, 1964 apud FRIEDMANN, 1992).
Hegeler (1996), importante psicanalista, afirma que os jogos e brincadeiras promovem
a estabilidade emocional por ser criador, oferece as crianças uma profunda confiança e
segurança. No brincar a criança pode ser aquele que faz coisas boas, agradáveis, ou quem
proporciona prazer aos demais ao exteriorizar suas ansiedades e temores (que são causas
inconscientes de angustia e perda de energia). Durante o brincar os temores tornam-se menos
assustadores. Diz esse autor, que se conseguirmos extrair o que nos atemoriza vê-lo,
experimentá-lo, o objeto terá perdido a virulência que lhe é atribuída quando desconhecida.
Ele exemplifica este fato com o brinquedo de bombardeio, na época da guerra, através do qual
as crianças extraindo de seu interior a ansiedade resultante de uma situação atemorizante,
controlavam e compartilhavam seus medos com seus companheiros.
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No entanto, as crianças da sociedade contemporânea, estão deixando um pouco de
lado as antigas brincadeiras, como a de empinar pipa, subir em arvores, ou até mesmo de
confeccionar seus próprios brinquedos, e principalmente, estão deixando de conviver com as
outras crianças, para “mergulharem” no mundo surpreendente dos jogos eletrônicos, da
internet, etc. O problema está no fato de que a criança que se limita aos produtos tecnológicos
acaba por não desenvolver sua capacidade criativa.
Lebovici e Diatkine (1985), psicólogo e psicanalista, afirmam que a criança que não
brinca, não se aventura em algo novo; já aquelas que brincam, fantasiam, estão revelando
terem aceito o desafio do crescimento, a possibilidade de errar, de tentar e arriscar para
evoluir.
Foi lançada em abril de 2013, uma cartilha para tratar do artigo 31 da Convenção dos
Direitos da Criança, sobre o desenvolvimento infantil e o direito e a importância do brincar:
1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e
ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem
como à livre participação na vida cultural e artística.
2. Os Estados Partes respeitarão e promoverão o direito da criança
de participar plenamente da vida cultural e artística e encorajarão a
criação de oportunidades adequadas, em condições de igualdade, para que
participem da vida cultural, artística, recreativa e de lazer.
Valentine (1986) escreve que as brincadeiras são atividades que tem um fim em si
mesmo e realiza-se totalmente pelo prazer que procura. Atribui para as brincadeiras a função
de aperfeiçoamento da capacidade física e intelectual e proporciona à criança os meios
necessários para aprender a modificar os seus impulsos.
O brincar é a preparação para a vida. Esta expressão, segundo Karl Groos (1986), deve
ser entendida em um sentido amplo, por exemplo, uma criança é capaz de desenvolver sua
imaginação, confiança em si mesmo, autocontrole e capacidade de cooperação através do
brincar.
3.3 Brincar para crescer e aprender
Brincar é universal, muitas teorias procuram explicar porque as crianças brincam,
muitos pesquisam sobre a importância deste processo natural que é comum a todas as
culturas.
Para melhor compreensão da importância do ato de brincar e o seu uso na Educação
Escolar, necessitamos buscar alguns conceitos fundamentais, desenvolvidos principalmente,
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por alguns psicanalistas, que veem no brincar e no entendimento deste processo, um
desenvolvimento saudável e criativo; o que para eles torna-se possível a prontidão interna na
criança para aprendizagem, pois enriquece o simbolismo e a capacidade imaginária, portanto
cognitiva da criança.
3.4 O que as crianças aprendem brincando?
O brincar é muito importante quando se pensa em socialização, uma vez que
brincando a criança interage com outras e se insere no mundo. Dentro dos processos
educativos, o recurso considerado completo é o brincar, pois influencia o desenvolvimento
integral da criança de forma prazerosa. As interações sociais se destacam no desenvolvimento
infantil, pois é nas interações que a criança tem acesso à cultura, aos valores e conhecimentos
universais. A criança tem a oportunidade de interagir com outras crianças e adultos, de
cooperar, de competir e de adquirir padrões sociais primordiais para serem usados mais tarde
(PIAGET, 1964 apud FRIEDMANN, 1992).
Bomtempo (1999) afirma que brincando a criança se inicia na representação de papeis
do mundo adulto que ira desempenhar mais tarde. Desenvolve capacidades físicas, verbais e
intelectuais, tornando-se capaz de se comunicar. O jogo e o brinquedo são portanto, fatores de
comunicação mais amplos do que a linguagem, pois propiciam o dialogo entre pessoas de
culturas diferentes.
É comum observar que as crianças menores, no ato de brincar fazem movimentos
repetitivos, como encaixar e desencaixar. Desta forma, a criança está definindo o objeto. Ao
longo do processo de desenvolvimento da criança surgem outros tipos de brincar. No início, a
criança usa o brincar para engatinhar, andar, falar, etc. A partir daí, ela começa a utilizar
práticas repetitivas, usa o imaginário para se inserir em seu mundo. Durante a brincadeira
pode-se transformar tudo o que a imaginação da criança permitir, uma vez que a criança não
tem compromisso com a realidade.
Vygotsky (1994) afirma que os pais ou as pessoas que cuidam da criança têm
fundamental influência no desenvolvimento dela, pois é durante muito tempo, o espelho da
criança para que ela construa os seus recursos psíquicos para o enfrentamento da vida. Além
disso, os “cuidadores” são os responsáveis por proporcionar as crianças, meios que estimulem
o desenvolvimento da criança como um todo. Através do equilíbrio das relações de apego
desenvolvidas com os pais a criança começa a construir a sua personalidade, que também
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sofre influência da cultura, da forma como a família e a sociedade tratam de forma
diferenciada os sexos, os papéis sociais atribuídos.
Em seus estudos sobre crianças, Jean Piaget (1998) descobriu que elas não raciocinam
como os adultos. Esta descoberta levou-o a recomendar aos adultos que adotassem uma
abordagem educacional diferente ao lidar com crianças. Ele modificou a teoria pedagógica
tradicional que, até então, afirmava que a mente de uma criança é vazia, esperando ser
preenchida por conhecimento. Na visão de Piaget, as crianças são as próprias construtoras
ativas do conhecimento, constantemente criando e testando suas teorias sobre o mundo.
Grande parte desse conhecimento é adquirido através das zonas do conhecimento onde os
jogos e brincadeiras infantis têm sua principal influência, onde as noções de regras são
criadas, a socialização se faz presente, o simbólico é exercitado, além do físico e o mental.
3.5 O brincar no desenvolvimento infantil sob o prisma da psicopedagogia
De acordo com Vygotsky (1994), o brinquedo tem um grande papel no
desenvolvimento da identidade e da autonomia. A criança desde muito cedo pode se
comunicar por meio de gestos, sons e de representar determinado papel na brincadeira,
desenvolvendo sua imaginação. A imaginação é um processo psicológico que para a criança,
representa uma forma de atividade consciente.
Se o brinquedo fosse estruturado de tal maneira que não houvesse situações
imaginárias, restariam apenas regras. Sempre que há uma situação imaginária no brinquedo,
há regras. No faz de conta, as crianças aprendem a agir em função da imagem de uma pessoa,
de uma personagem, de um objeto e de situações que não estão perceptíveis para elas
(VYGOTSKY, 1967 apud BOMTEMPO, 1999).
Ainda segundo o autor, há dois aspectos importantes presentes no brincar: a situação
imaginária e as regras. A situação imaginária criada pela criança preenche necessidades
primordiais onde ocorrem mudanças de acordo com cada idade da criança. As regras
presentes no brincar não são regras explícitas, mas são regras criadas pelas próprias crianças
em seu desenvolvimento nos dois aspectos onde delineia a evolução do brinquedo das
crianças.
Para Vygostky (1994), no momento em que evocam emoções, sentimentos e
significados vivenciados em outras circunstâncias, o brincar funciona como um cenário no
qual as crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la na
forma que acharem melhor.
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Vygotsky (1994) não agiu em suas pesquisas como mero observador, mas interagiu
com as crianças para reconhecer e verificar as suas potencialidades, concebendo o brincar
como um espaço no qual se pode observar experiências prévias da criança e aquilo que os
objetos manipulados provocam no momento presente pela repetição daquilo que já conhecem,
utilizam a ativação da memória, atualizam seus conhecimentos prévios. Brincar constitui-se,
dessa forma, em uma atividade interna das crianças, baseada no desenvolvimento da
imaginação e na interpretação da realidade.
Vygotsky (1994) analisa a brincadeira dentro de uma perspectiva biológica,
considerando-a como um elemento constituído sócio-historicamente pelo indivíduo e que se
modifica, em função do meio cultural e da época em que o sujeito está inserido.
A zona de desenvolvimento proximal é, para Vygotsky (1994), o encontro do
individual com o social, sendo a concepção de desenvolvimento abordada não como processo
interno da criança, mas como processo resultante da sua inserção em atividades socialmente
compartilhadas com outros. Nesse contexto, o conhecimento é construído através das relações
interpessoais, sendo que as trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a vida fornecem
as matrizes de significações na formação do indivíduo. Essa concepção reconhece o papel da
brincadeira para a formação do sujeito, atribuindo-lhe um espaço importante no
desenvolvimento das estruturas psicológicas.
A criança, na brincadeira, experimenta papéis reconstruindo sua realidade,
vivenciando sentimentos, comportamentos e fazendo representações do mundo exterior.
Assim, novas explorações e relacionamentos interpessoais presentificam-se. Como afirma
Kishimoto (2002) " [...] as crianças brincam porque vivem em um mundo onde estas e outras
relações estão presentes. Brincando elas exploram as diferentes representações que têm do
mundo".
Vygotsky (1994) enfatiza o fator social na brincadeira, demonstrando que, no jogo de
papéis, a criança cria uma situação imaginária incorporando elementos do contexto cultural
adquirido por meio da interação e comunicação. A brincadeira constitui-se, para o autor, no
elemento que irá impulsionar o desenvolvimento dentro da zona de desenvolvimento
proximal. Ao promover uma situação imaginária, a criança desenvolve a iniciativa, expressa
seus desejos e internaliza as regras sociais.
No início do brinquedo, a percepção infantil é dominada pelo objeto real que
determina seu comportamento. De acordo com Vygotsky (1994), a criança muito pequena não
consegue separar o campo real do perceptual. Posteriormente, o significado passa a
predominar, em função do brinquedo. Dessa forma, as ações no brinquedo ficam subordinadas
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ao significado que a criança atribui aos objetos. Assim, no brinquedo a criança vive a
interação com seus pares na troca, no conflito e no surgimento de novas ideias na construção
de novos significados, na interação e na conquista das relações sociais, o que lhe possibilita a
construção de representações, com isso, as crianças – sujeitos concretos, sociais, históricos e
culturais – vão se constituindo como tais, num cenário que também é concreto, social,
histórico e cultural. Através do jogo de papéis, a criança lida com experiências que ainda não
consegue realizar de imediato no mundo real; vivencia comportamentos e papéis num espaço
imaginário em que a satisfação dos seus desejos pode ocorrer.
Dentro da psicopedagogia, podemos citar também Jean Piaget, que via no brincar uma
atividade importante da criança, visto que, ao manipular o mundo externo em suas
representações simbólicas, a criança faz o reconhecimento de seu meio social.
Piaget (1998) acredita que os jogos são essenciais na vida da criança. De início tem-se
o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro
prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos 2-3 e 5-6 anos (fase pré-operatória) notase a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente
relembrar mentalmente o acontecido, mas também de executar a representação. Em período
posterior surgem os jogos de regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança
e por consequência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu
desenvolvimento social. O jogo constituiu-se em expressão e condição para o
desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a
realidade. Os jogos não são apenas uma forma de entretenimento para gastar energias das
crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
Vygotsky (1994), diferentemente de Piaget (1998), considera que o desenvolvimento
ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo
dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o
sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Segundo ele, a criança usa as interações sociais
como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem a regra do jogo, por exemplo,
através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de
problemas. Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas
pareçam agradáveis ou não. Enquanto Vygotsky fala do faz de conta, Piaget fala do jogo
simbólico.
Piaget (1998) forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como base de
muitas linhas educacionais atuais. De fato, suas contribuições para as áreas da Psicologia e
Pedagogia são imensuráveis.
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Conforme Piaget (1998) apud Longuini (2008), a forma como a criança brinca sofre
mudanças do primeiro ao sexto ano de vida. Ele concebe essas mudanças em estágios tais
como o brincar sensório- motor, no período do nascimento até os dois anos de vida, onde não
existe ainda um brincar simbólico, a criança de doze meses explora e manipula objetos
colocando-os na boca; como o brincar simbólico, no período dos dois aos seis anos,
correspondente ao estágio pré-operacional onde a criança começa a entrar no mundo dos
símbolos e é capaz de reproduzir músicas e reconhecer objetos e como o grupo de jogos com
regras, no período dos seis aos doze anos, correspondente ao estágio das operações concretas
onde a criança descobre uma série de regras para interagir com o mundo ao seu redor.
Piaget (1998) coloca ênfase nos aspectos estruturais e nas leis de caráter universal (de
origem biológica) do desenvolvimento, enquanto Vygotsky (1994) destaca as contribuições
da cultura, da interação social e a dimensão histórica do desenvolvimento mental. Mas, ambos
são construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual. Ou seja, sustentam
que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio.
3.6 O brincar no desenvolvimento infantil sob o prisma da psicanálise
A psicanálise foi desenvolvida por Freud entre o fim do século XIX e início do século
XX, como método de investigação do inconsciente, ou seja, buscar o que está oculto entre as
palavras e produções imaginárias.
Ana Freud (1971) escreve que o brinquedo principia com o bebê, como uma atividade
que gera prazer, abrangendo a boca, os dedos, a visão, toda a superfície da pele. É levado a
efeito no próprio corpo da mãe, sem distinção nítida entre ambos, sem ordem ou procedências
obvias a tal respeito. Afirma ainda que, em decorrência de seus estudos clínicos com crianças,
as propriedades do corpo da mãe e o do corpo do filho são transferidas para alguma
substancia macia, que serve como primeiro brinquedo da criança. Afirma a autora que “por
serem objetos inanimados e não revidarem habilita a criança a expressar toda a gama de
ambivalência para com eles” (p. 86). Escreve ainda que, as atividades de brincar sofrem uma
sequencia cronológica de acordo com o crescimento infantil e as energias correspondem a
cada fase evolutiva.
Klein (1996) foi a pioneira na psicanálise infantil e diz que o brincar se assemelha a
associação livre do adulto, uma vez que é no momento lúdico que há a expressão do
inconsciente da criança. É através do brincar que a criança irá expressar o que o adulto faz
através da associação livre. Sendo difícil manter uma comunicação verbal através da
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associação livre, a inserção do brincar na clínica psicanalítica infantil se faz necessária.
Segundo Klein os personagens ou personificações nos jogos das crianças se originam de
imagens internas. Na brincadeira a criança irá utilizar as imagens que já estão formadas
internamente, as quais irão ser projetadas para seu mundo externo.
Klein (1997) demonstrou que o jogo espontâneo de imaginação cria e estimula as
primeiras formas do pensamento que se expressa no jogo do “faz de conta”ou “como se”.
Afirma ainda que neste jogo a criança volta a criar, em forma selecionada, os elementos de
situações passadas que podem envolver sua necessidade emocional ou intelectual pelo
presente e adapta pouco a pouco os detalhes às situações presentes. Assim sendo, o jogo ou o
brincar, é importante no que concerne ao desenvolvimento do raciocínio hipotético, à atitude
científica e do sentido da realidade. Através do brincar, a criança realiza desejos e defende-se
contra o sofrimento e a angústia.
Conforme Winnicott (1975), o brincar tem um lugar e um tempo. A brincadeira é
universal e faz parte da saúde da criança. O brincar facilita o crescimento; conduz aos
relacionamentos grupais, ou seja, quando a criança brinca, está dando sinais da sua
vivacidade. As brincadeiras oferecem uma maneira de entrar no universo infantil. Através do
brincar, a criança acelera seu desenvolvimento. Através dessa atividade, ela aprende a fazer, a
conviver e, sobretudo, aprende a ser. Além de instigar curiosidade, a autoconfiança e a
autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e
da atenção.
Através das brincadeiras em grupo, a criança aprende a conviver em grupo,
desenvolve sentimentos de afetos, respeito. Segundo Melanie Klein (1997), ao brincar, a
criança pode representar simbolicamente suas ansiedades e fantasias e expressar seus conflitos
inconscientes procurando superar experiências desagradáveis. A norma psicanalista diz ainda
que o uso de atividade lúdica tem como objetivo resgatar a cultura infantil e promover o
desenvolvimento integral da criança, além de diminuir as dificuldades emocionais produzidas
pelo crescimento.
De acordo com Winnicott (1975), o brincar estimula a criatividade, pois é no brincar
que o indivíduo pode abusar de sua criatividade. Assim, o brincar é por si só terapêutico, e ao
mesmo tempo excitante, porque envolve a intensidade da relação afetiva com quem se brinca,
incluindo o ódio, que pode apenas ser expresso na área do simbolismo, na dramatização
implícita no jogo.
As contribuições de Winnicott enriqueceram a concepção psicanalítica sobre as bases
do desenvolvimento emocional precoce, principalmente no que concerne ao conceito
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de fenômenos e objetos transicionais, produzidos em uma área intermediária situada entre o
mundo interno e o mundo externo.
Em O brincar e a realidade,livro do pediatra e psicanalista, Winnicott fala de um
paradoxo quanto trata de fenômenos transicionais e espaços potenciais. Ele apela contra o
intelectualismo: “Minha contribuição é solicitar que o paradoxo seja aceito, tolerado e
respeitado, e não que seja resolvido. Pela fuga para o funcionamento em nível puramente
intelectual, é possível solucioná-lo, mas o preço disso é a perda do valor do próprio paradoxo”
(WINNICOTT, 1975, p.10).
Winnicott (1978) parte do ponto de vista de que a aquisição saudável da posição
depressiva no desenvolvimento emocional pressupõe, além de um cuidadoso manejo do
desmame, um desenvolvimento anterior adequado. Para compreender as psicoses, precisamos
remeter a esses estádios mais primordiais da psique. A desilusão é um fenômeno mais amplo
que antecede ao desmame. Enquanto o desmame implica uma alimentação bem-sucedida, a
desilusão está relacionada ao fornecimento adequado de "oportunidades para ilusão". Ou seja,
a mãe deve inicialmente fornecer ao bebê a ilusão de que o que ele cria está mesmo lá para ser
encontrado.
O desenvolvimento saudável está relacionado ao estabelecimento de uma tendência à
redução dos estados esquizoides nos momentos iniciais da vida, quando o bebê está sendo
gradualmente introduzido à realidade externa. Para Klein (1982, original publicado em 1946),
o amor e a compreensão materna são capazes de reduzir os estados de desintegração que a
criança normalmente vivencia. Winnicott (1978) avança por essa trilha, mostrando a
necessidade de uma mãe-ambiente que exerça uma função altamente especializada no início
do desenvolvimento. A dedicação materna, tanto do ponto de vista físico (através do holding)
como psicológico (através da relação empática e da adaptação sensível às necessidades do
bebê), funciona como uma espécie de membrana protetora que viabiliza o isolamento
primário, fundamental para que se articule um espaço psíquico.
O objeto transicional sinaliza a transição do bebê desde um estado de fusão com a mãe
até um estado em que ele está em relação com ela como um objeto externo e destacado. Mas,
para que a criança evolua desse estado de dependência absoluta, essencial nos estádios mais
primitivos, para uma condição de autonomia possível, é preciso que ela primeiro tenha
se certificado de que pode existir algo que não faz parte dela – o que Winnicott (1978) chama
de primeira possessão não-eu, representada pelo objeto transicional.
Aberastury (1992) valoriza o brincar da primeira infância, encontrando nele a base da
vida amorosa adulta. Ela afirma que “o brincar do primeiro ano de vida dá a base do jogo e as
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sublimações da infância e conduz aos jogos de amor. As crianças abandonam gradativamente
o mundo dos brinquedos, que é substituído pelas experiências amorosas dos adolescentes” (p.
13)
A participação nas brincadeiras em grupo também representa uma conquista cognitiva,
emocional, moral e social para a criança e um estímulo para o desenvolvimento de seu
raciocínio lógico. “A criança que brinca investiga e precisa ter uma experiência total que deve
ser respeitada. Seu mundo é rico e está em contínua mudança, incluindo-se nele um
intercâmbio permanente entre fantasia e realidade” (ABERASTURY, 1992).
Através das brincadeiras em grupo, a criança aprende a conviver em grupo,
desenvolve sentimentos de afetos, respeito. Segundo Klein (1997), ao brincar, a criança pode
representar simbolicamente suas ansiedades e fantasias e expressar seus conflitos
inconscientes procurando superar experiências desagradáveis.
Para Winnicott (1975), a experiência da brincadeira e do viver criativo ocupa o espaço
potencial existente entre o indivíduo e o meio ambiente, dependendo da capacidade do
indivíduo de confiar.
Para Aberastury (1992), o brinquedo não é a única atividade que dá prazer a criança,
uma vez que outras atividades também podem fazê-lo, como exemplo chupar uma chupeta. E
também nem sempre é uma atividade prazerosa, visto que a criança brincando pode ganhar ou
perder. O brincar é um processo pelo qual a criança se adapta ao ambiente ou adapta seu
ambiente à sua vontade. No momento do brincar, cria-se uma situação imaginária fantástica,
onde todos os seus desejos podem ser realizados, mas nesta brincadeira de faz de conta a
criança se depara com regras. Muito mais do que uma simples atividade sem consequência, o
brincar proporciona a criança não apenas diversão, mas também permite que a criança recrie,
interprete seu mundo da forma que preferir. A criança precisa viver seus momentos de
brincar. As brincadeiras se tornam um ingrediente essencial no decorrer de suas historias.
Segundo Winnicott (1975), o brincar tem uma história, uma origem e desenvolvimento
que começa nas primeiras relações entre mãe e bebê, ressaltando, ainda, a importância de ser
visto, reconhecido e respeitado na própria singularidade. Assim, brincar é uma atividade
sofisticadísima, na criação da externalidade do mundo e condição para o viver criativo, no
qual se desenvolve o pensar, conhecer e aprender significativos. É brincando que se aprende a
transformar e a usar os objetos do mundo para nele realizar-se e inscrever os próprios gestos,
sem perder contato com a própria subjetividade. O brincar é uma experiência que envolve o
corpo, os objetos, um tempo e um espaço.
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Para Winnicott (1975), o brincar é universal, uma forma básica de viver, e é somente
no brincar que o indivíduo pode ser criativo. O referido autor nos diz que “viver criativamente
constitui um estado saudável, e a submissão é uma base doentia para a vida”.
A forma como Winnicott (1975) concebe o brincar tem a ver com dois tempos. No
primeiro tempo, o bebê e o objeto estão juntos. A visão do objeto que o bebê tem é subjetiva.
A mãe suficientemente boa se orienta para concretizar aquilo que o bebê busca, a isto,
Winnicott chama de criatividade primária, que só é possível mediante uma ação de muito
amor da mãe na direção de seu bebê, uma ação que só aos poucos se desfaz. No segundo
tempo, o objeto é ignorado como não-eu, aceito de novo e objetivamente percebido. Neste
tempo, a mãe devolve ao bebê o objeto que ele ignorou. A mãe oscila entre ser o que o bebê
busca e ser ela própria, aguardando ser encontrada. Se a mãe tem sucesso no exercício destes
papéis, então o bebê vive a experiência da onipotência, o que o prepara para a futura desilusão
necessária. Quando a mãe tem uma relação de sintonia inicial com o bebê, estabelece-se um
ambiente de confiança e o bebê brinca com a realidade.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta pesquisa, concluí que a criança se desenvolve em todos os sentidos
enquanto brinca. De alguma forma a brincadeira se faz presente na vida das pessoas e
acrescenta elementos indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Assim, a criança
estabelece com os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue transpor suas
tristezas e alegrias, angústias e entusiasmos, passividades e agressividades; é por meio da
brincadeira que a criança se envolve no jogo e dividi com o outro, se conhece e conhece o
outro.
Além da interação, a brincadeira, o brinquedo e o jogo proporcionam mecanismos para
desenvolver a memória, a linguagem, a atenção, a percepção, a criatividade e habilidade na
criança, para que consiga desenvolver melhor a aprendizagem. Brincando a criança terá
oportunidade de desenvolver capacidades essenciais a sua futura atuação profissional, tais
como atenção, afetividade, concentração, entre outras habilidades. Nessa perspectiva, as
brincadeiras vêm contribuir de forma significativa para desenvolvimento psicológico,
emocional e cognitivo da criança.
É perceptível que existe entre os psicopedagogos e os psicanalistas, que são os
estudiosos do desenvolvimento do psiquismo, uma complementação, não discordância.
Brincando a criança elabora ativamente o que viveu passivamente. Ela brinca e
constrói a sua subjetividade, isto é, entra no mundo simbólico, transfere o amor interno para
as descobertas do mundo. Então, o brincar estimula a aprendizagem, as primeiras formas de
pensamento. A criança que brinca defende-se de suas angústias.
O lúdico é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, mas principalmente na
infância, na qual ela deve ser vivenciada diariamente, não apenas como lazer, mas com
objetivo de desenvolver suas potencialidades na criança, visto que o conhecimento é
construído pelas relações interpessoais que se estabelecem durante toda a formação da
criança. Portanto, a utilização de atividades lúdicas no cotidiano escolar da criança é
primordial, devido à influência que os mesmos exercem aos alunos, pois quando eles estão
envolvidos emocionalmente na ação, torna-se mais fácil o processo de ensino e aprendizagem.
O aspecto lúdico facilita a aprendizagem e o desenvolvimento integral do ser humano,
nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e cognitivo. Enfim, o brincar desenvolve o
indivíduo como um todo, por completo. Sendo assim, as escolas devem considerar o lúdico
como um aliado e utilizá-lo por completo para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem
da criança.
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As escolas devem proporcionar um espaço harmonioso que atenda a ludicidade
necessária à Educação Infantil. Em determinadas escolas, observa-se que nem sempre esse
espaço é satisfatório. As salas são pequenas para a quantidade de alunos, o que não só
dificulta a movimentação deles como os deixam estressados, agitados. Brinquedos faltando
peças ou quebrados. Muitas vezes para se conseguir em uma aula transmitir o conhecimento
de forma lúdica, precisa-se levar recurso de casa ou até mesmo comprar. Acredito que o
espaço escolar é o cartão de visita de uma escola, precisa passar credibilidade aos pais e
familiares. É essencial que este ambiente seja prazeroso e harmonioso para que a criança se
envolva no processo ensino-aprendizagem de maneira a se desenvolver plenamente,
satisfazendo todas as suas expectativas, todos os seus anseios, enfim toda sua vontade de
aprender, para interagir no mundo como cidadão.
Sabendo que a finalidade da Educação Infantil tem como objetivo o desenvolvimento
integral da criança, entende-se que ela seja a base para as demais etapas do processo
educacional, e que toda sua proposta pedagógica deve estar direcionada às experiências e às
vivências do educando, viabilizando assim a formação do indivíduo. As regras devem existir,
mas junto delas é preciso que haja uma ação pedagógica para que a criança reflita e assim
chegue ao entendimento.
Como foi apresentado nesta pesquisa o brincar é coisa séria, sendo assim é
fundamental o papel do professor como mediador deste processo ensino- aprendizagem. Um
verdadeiro professor mediador precisa ter competência tanto acadêmica quanto à psicologia
do desenvolvimento humano, conhecer diferentes metodologias didáticas, ser um incansável
pesquisador para estar criando, inovando e contextualizando com a atualidade. O educador
deve estar comprometido com os princípios éticos, políticos e estéticos da educação. As
atividades pedagógicas precisam ter fundamentos e objetivos a serem alcançados.
O brincar livre e o brincar dirigido contribuem para o aprendizado. A criança até
mesmo em uma atividade livre está aprendendo a criar, montar, desmontar, encaixar, etc. É o
momento em que o educador precisa estar atento, observar e fazer anotações se for preciso,
porque dentro da atividade livre é possível identificar a criança mais tímida, a líder, a que tem
dificuldades de se socializar, e outros.
Não basta apenas deixar as crianças brincarem, é importante que em alguns momentos,
esta brincadeira seja direcionada para que ampliem suas capacidades dos conhecimentos
necessários ao seu pleno desenvolvimento.
A Educação Infantil deve se preocupar em desenvolver habilidades e capacidades do
educando, levando o sujeito, envolvido no processo educacional, a buscar realizações nos
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vários aspectos sociais, econômicos, político, cognitivo e emocional, para que seja capaz de
ser membro da sociedade, com possibilidades, inclusive de transformá-la.
E, a partir daí, questiona-se: porque crescemos numa cultura antilúdica? Desde
pequenos, nos acostumamos a ouvir frases como: “deixe de brincadeiras!”, “isso é coisa de
criança!” ou “brincadeira tem hora!”. Não é por acaso que, para muitos adultos, brincar é
sinônimo de passatempo (ou perda de tempo), coisa de criança, infantil, de pouco valor.
Também na escola já ouvimos “Vamos parar de brincar que vai começar a aula!”.
Finalizando, Gonzaga (2009) aponta que a essência do bom professor está na forma de
planejar metas para a aprendizagem das crianças, mediar suas vivências, auxiliar no uso das
diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando for necessário. Talvez os
bons professores sejam aqueles que respeitam as crianças e levam qualidade lúdica para suas
práticas pedagógicas.
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REFERÊNCIAS
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PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO