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CENÁRIO PARA O SETOR DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA
DA SAÚDE: Hospital Regional de Franca S/A
Maria Valdete de Oliveira - Uni-FACEF
Neiva Sousa de Paula - Uni-FACEF
Paulo Cesar de Souza - Uni-FACEF
Thiago Arquemam Blézio - Uni-FACEF
Alfredo José Machado Neto - Uni-FACEF
INTRODUÇÃO
“A saúde é um direito de todos e dever do Estado” conforme estabelece a
Constituição Federal de 1988 em seu artigo 196. Deste modo os acessos aos serviços
de saúde devem estar disponíveis a toda população de modo igualitário. O artigo 199
ressalta que “A assistência à saúde é livre à iniciativa privada” e institui que os serviços
médicos hospitalares possam ser prestados, também, por empresas privadas.
As organizações hospitalares vêm passando por diversas transformações ao
longo dos tempos, de simples locais destinados ao atendimento médico a sofisticados
estabelecimentos, detentores de alta tecnologia e com modernas e confortáveis
instalações. (FALEIROS, 2004)
Os hospitais contemporâneos, apesar de toda evolução e ampliação da missão
empresarial, ainda mantém algumas de suas características e finalidades, seja em sua
administração ou em sua gestão de processos.
As instituições hospitalares abrangem a prestação de serviços: médicos; de
enfermagem; de hotelaria; de alimentação; de limpeza; lavanderia; vigilância; e
recursos humanos. Isto faz com que tais organizações sejam muito complexas no
âmbito administrativo.
As organizações buscam constantemente a qualidade na prestação de seus
serviços, um fator de diferenciação em busca da excelência, pois o mercado capitalista,
altamente acirrado, conduz para a adoção de ferramentas de gestão mais eficientes e
eficazes.
710
A gestão da qualidade é de fundamental importância para a sobrevivência
empresarial e, além de agregar valor às organizações, exige empresas cada vez mais
organizadas, planejadas e competentes.
Um dos grandes desafios das instituições médico-hospitalares em um cenário
econômico de recursos escassos tem sido oferecer qualidade nos serviços prestados
em conjuntura com gastos crescentes em procedimentos hospitalares e renda
insuficiente dos usuários, o foco da tomada de decisão empresarial deverá ser não
apenas de custos, mas também, e principalmente, de resultado. (RIBEIRO FILHO,
2005).
No mercado altamente competitivo em que as organizações de prestação de
serviços médicos hospitalares estão inseridas a prática da gestão administrativa tornase fator preponderante na eficácia e rentabilidade do negócio de forma a cumprir a
missão e alcançar os objetivos empresariais.
Além desta introdução, o trabalho apresenta, em seu capítulo 1, o referencial
teórico sobre o assunto. No capítulo 2, o contexto do setor de serviços hospitalares no
Brasil. O capítulo 3 apresenta a evolução histórica do Hospital Regional de Franca,
empresa para a qual foram elaborados os cenários. No capítulo 4 é descrita a
metodologia que embasou o trabalho. No capítulo 5 foram colocados os resultados
obtidos na pesquisa e os cenários construídos a partir das respostas dos especialistas
consultados. Em seguida são colocadas as conclusões do grupo e as fontes de
pesquisa.
1.
Análise Econômica
A estrutura etária da população brasileira vem sofrendo significativas alterações
com a queda da natalidade e a elevação da expectativa de vida mudando
substancialmente seu modo de vida. Diante dessa premissa as condições de saúde no
Brasil melhoraram, mas os modelos de assistência médico-hospitalar dependem
diretamente de seu nível de renda e da estrutura etária de sua população.
As sanções políticas junto com o impacto econômico vão delinear as tendências
desse setor nos próximos anos. A recuperação global do efeito pós-crise já começou
711
segundo avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não será simples, pois
dependerá do consumo dos Estados Unidos e da China, alavancando assim as
exportações. O Brasil nesse cenário mostrou-se mais resistente devido um processo
econômico implantado há tempos que permitiu uma melhor estabilidade, mas os
problemas internos referentes à saúde ainda são visíveis e precisam ser aperfeiçoados
no âmbito nacional e esses são os desafios das nossas autoridades constituídas.
Conforme disponibilizado pelo Sistema de Informação em Saúde das Instituições
representativas da Saúde No Rio Grande do Sul (SIS. SAÙDE), os recursos investidos
no Brasil no sistema de saúde estão entre 6% a 7% do PIB dividido entre os setores
público e privado. A expectativa é que se o cenário econômico se mantiver, em 2025
esse número chegue a 12% tendo nesse aspecto um aumento considerável dos
investimentos nessa área. Os hospitais privados são os principais prestadores de
serviços de saúde atualmente no Brasil, tendência essa para os próximos cinco anos. A
saúde é uma área de proteção, regulação e controle do estado, e no Brasil em mais de
70% dos casos a população dirige-se aos serviços financiados pelo Sistema Único de
Saúde (SUS).
Com a grande competição do mercado, o número de incertezas é elevado. E
estabelecer a missão da empresa proporciona uma visão dos objetivos e metas a
serem alcançadas.
A missão e as metas podem mudar ao longo prazo, mas devem ser adequadas
periodicamente as diversas diretrizes, e aos diversos cenários futuros para não
perderem a eficiência e a rentabilidade da organização.
A palavra “cenário” vem do termo teatral inglês “scenary”
que significa roteiro para um filme ou peça. Cenários são
histórias como os contextos, gerais ou específicos - como
é o contexto do mundo de negócios -, poderão se
transformar no futuro. Essas histórias, entretanto, são
criadas em torno de enredos que ressaltam os elementos
significativos dos contextos observados (CHIAVENATO;
SAPIRO, 2003, p. 144).
A partir da análise de cenários é possível desenvolver reflexões estratégicas que
buscam exceder os processos de planejamentos pré - estabelecidos com base nas
informações financeiras e prováveis ocorrências.
712
Para Schwartz (2006, p.15) "cenários são uma ferramenta para nos ajudar a
adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza".
Segundo Godet (1993, p.70), cenários são“ (...) conjunto formado pela descrição,
de forma coerente, de uma situação futura e do encaminhamento dos acontecimentos
que permitem passar da situação de origem à nova (...)”.
O desenvolvimento de cenários propõe a delimitação da dimensão dos fatos e
das percepções do ambiente empresarial com objetivo de reduzir o grau de incerteza
na tomada de decisão.
Os cenários propiciam um ambiente que enriquece o
debate sobre questões críticas relacionadas com o
futuro da organização e permitem que os dirigentes da
empresa tomem decisões de risco com mais
transparência. Permitem ainda a identificação de
oportunidades e ameaças ao negócio, promovem o
desenvolvimento e análise de novas opções de futuro
frente a mudanças no ambiente externo, e propiciam
uma visão de futuro que pode ser compartilhada pelos
membros da organização. (MARCIAL; GRUMBACH,
2002, p. 45).
Os cenários prospectivos de uma organização devem ser analisados
cuidadosamente, levando em consideração a importância relativa entre os eventos,
pois, a interpretação equivocada dos fatos pode ocasionar a falência da organização.
2. O setor hospitalar
Conforme Santos (2007) os primeiros hospitais surgiram no Brasil a partir do
exercito e da Igreja, por meio das Santas Casas, entidades filantrópicas geridas por
grupos de cidadãos da comunidade local podem ser representada por um curador,
membro do Ministério Público. Como discorre Faleiros (2004), posteriores a Santa
Casas foram constituídos:
•
os hospitais públicos administrados por indicação política;
•
os hospitais universitários, com um atendimento de alta complexidade, pois possuem
um alto volume recursos, a assistência médica prestada é quase sempre realizada por
residentes supervisionado pelo médico professor;
•
os hospitais familiares são pequenos complexos de baixa resolutividade, e assim quase
713
não existem mais; e
•
os hospitais particulares são dependes de convênios médicos, cooperativas, auto
gestão, medicina de grupo e previdência pública.
Com a deficiência do Sistema Único de Saúde (SUS) a sociedade tem buscado
por serviços de qualidade, deste modo são crescentes as alternativas de prestação de
serviços de saúde:
•
medicina de grupo - caracterizada pelo atendimento em rede hospitalar própria;
•
cooperativa medica - constituída por profissionais cotistas que são remunerados pelos
serviços prestados, é muitas vezes necessitam de hospitais particulares para prestarem
atendimento.
•
plano de saúde - atendimento em rede credenciada
•
auto gestão - contam com a participação dos usuários, havendo a redução das
despesas de assistências medica
•
plano por administração - os custos atribuídos são gerados de acordo com a ocorrência
do atendimento. (FALEIROS, 2004)
O setor de prestação de serviços hospitalares é regulamentado pela
Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e está vinculada ao Ministério da
Saúde. A agência tem como objetivo promover o equilíbrio nas relações entre
sociedade e empresa, conforme disponibilidade no site da ANS.
As principais leis reguladoras do setor prestação de serviço hospitalar conforme
disponibilizado do site da ANS são: Lei de Criação da ANS (Lei nº. 9.961/2000), Lei de
Regulamentação
do
Setor
(Lei
nº.
9.656/1998
<http://www.ans.gov.br/portal/site/legislacao/legislacao_integra.asp?id_original=455>),
Lei sobre a especialização das sociedades seguradoras em planos privados de
assistência
à
saúde
(Lei
nº.
10.185/01
<http://www.ans.gov.br/portal/site/legislacao/legislacao_integra.asp?id=472>), Lei que
fixa as diretrizes para a definição de normas de implantação do Programa de Incentivo
à
Adaptação
de
Contratos
(Lei
nº.
10.850/2004
<http://www.ans.gov.br/portal/site/legislacao/legislacao_integra.asp?id=596&id_original=
0>), as demais normas estão reunidas em regulamentações complementares e normas
relacionadas.
714
Com a implantação da regulamentação a ANS vem buscando a constante
qualificação do setor de saúde, onde a satisfação das necessidades do beneficiário
deve ser satisfeitas, isso só será possível com a interação entre usuário e prestador.
Devem ser verificados os motivos da satisfação ou de insatisfação dos usuários
em relação aos serviços prestados. Assim a ANS acompanha, monitora e avalia as
ações desenvolvidas pelo setor da saúde, implantando por meio de suas Diretorias a
construção de indicadores de processo e resultados que sejam capazes de dimensionar
sua eficácia. Esses indicadores são um recorte de informações relevantes sobre
desempenho, estrutura e operação do sistema de saúde suplementar e que impacta o
nível de saúde dos beneficiários.
A Resolução Normativa, nº. 139, de 24 de novembro de 2006, institui o Programa
de Qualificação da Saúde Suplementar, por meio do IDSS (Índice de Desempenho da
Saúde Suplementar) avalia o processo de qualificação das operadoras de planos de
saúde, segundo 4 dimensões:
•
Atenção à Saúde - avalia a qualidade da assistência à saúde prestada aos
beneficiários de planos privados de saúde, buscando a identificação do impacto das
ações de saúde em suas condições de vida.
•
Econômico-Financeira - identificação da situação econômico-financeira da operadora
frente à manutenção dos contratos assumidos em acordo com a legislação vigente.
•
Estrutura e Operação - identificação do modo operacional da operadora.
•
Satisfação dos Beneficiários - identificação da visão do usuário no cumprimento ao
estabelecido no contrato com a operadora.
São avaliadas segundo o IDSS as operadoras que possuem registro ativo na
ANS. O desenvolvimento do índice foi possível a partir de informações já existentes nos
sistemas da ANS. O Índice de Desempenho da Saúde Suplementar proporciona a
avaliação do setor conforme metas estabelecidas para cada indicador.
Conforme sessão de Dados Gerais disponibilizados no site da ANS, referentes a
dezembro de 2009, as operadoras de plano de saúde reúnem mais de 2000 empresas,
milhares de médicos, dentistas e outros profissionais, hospitais, laboratórios e clínicas e
está rede de serviços atende a mais de 42 milhões de consumidores.
715
3. O Hospital Regional de Franca S/A
A pesquisa busca verificar o cenário para o setor de prestação de serviço e será
aplicada ao Hospital Regional de Franca, deste modo será realizada uma explanação
sobre a entidade objetivo desta pesquisa.
O Hospital Regional de Franca S/A, conforme disponibilizado no endereço
eletrônico da instituição (<http://www.hospitalregional.com.br>), sessão História do
Hospital, foi fundado em julho de 1967 com o objetivo de prestar assistência médicohospitalar de alta qualidade. Segundo a ANS a empresa na competência de junho de
2009 possuía 41.042 beneficiários.
Está constituído como uma sociedade anônima de capital fechado, onde o
capital social não se encontra atribuído a um nome em específico, mas está dividido em
ações que podem ser transacionadas livremente e a obtenção dos recursos da
sociedade é realizado, por meio, de seus próprios acionistas. O capital social da
instituição está dividido em mais de cinco milhões de ações, sendo elas ordinárias e
preferenciais.
A sociedade tem como objetivo a exploração dos serviços médicos hospitalares
em geral, é administrado por um conselho de administração composto por sete
membros efetivo e quatro suplentes e por uma diretoria executiva responsável por
promover os atos necessários para fiel cumprimento dos objetivos sociais da empresa.
A entidade tem como missão segundo disponibilizado em seu endereço
eletrônico:
“Prestar serviços médicos e hospitalares com qualidade,
adotando recursos tecnológicos atualizados, promovendo
a qualificação e satisfação de nossos colaboradores e
prestadores de serviço na busca de um atendimento
humanizado, diferenciado e resolutivo.”
(<http://www.hospitalregional.com.br/hospital.asp?hospita
l=3>)
No ano de 2009 foi disponibilizado pela ANS, o resultado
da avaliação de
desempenho das operadoras (IDSS) referentes ao ano de 2008, o Hospital Regional
de Franca S/A, qualificado como medicina de Grupo, pertencente à classe de 10.000 a
99.999 beneficiários atuando em planos ambulatoriais e hospitalares. O índice de
desempenho obtido pela operadora está na faixa de 0,60 e 0,79.
716
Na figura 1, está representada à distribuição dos beneficiários das operadoras
hospitalares conforme as faixas estabelecidas pelo IDSS.
Fonte: ANS (Agência Nacional da Saúde)
Disponível em: <http://www.ans.gov.br/portalv4/site/noticias>
A realização do calculo do IDSS, conforme material disponibilizado Agencia
Nacional de Saúde Suplementar - Programa de Qualificação da Saúde Suplementar, é
realizado sendo atribuído 50% na dimensão Atenção à Saúde, 30% no Econômico financeiro, 10% na Estrutura e Operação e 10% na Satisfação dos Beneficiários. Como
demonstrado a seguir:
Dimensões
Atenção a Saúde
Econômico-Financeira
Estrutura de Operação
Satisfação dos Beneficiários
Total
Total
16
4
8
3
31
Peso
50%
30%
10%
10%
100%
Nas quatro dimensões avaliadas a operadora obteve a seguinte pontuação:
Desempenho da operadora por dimensão
Atenção a Saúde
Estrutura de Operação
Econômico-Financeira
Satisfação dos Beneficiários
Faixa do ID
0,60 e 0,79
0,60 e 0,79
0,40 e 0,59
0,80 e 1,00
Fonte: <http://www.ans.gov.br/portal/site/perfil_operadoras>
O Índice de Desempenho - ID está dividido em cinco faixas de valores (entre 0 e
1), que são:
1ª faixa
2ª faixa
3ª faixa
4ª faixa
5ª faixa
0,00 - 0,19
0,20 - 0,39
0,40 - 0,59
0,60 - 0,79
0,80 - 1,00
717
O IDSS obtido pelo Hospital Regional está na faixa de 0,60 e 0,79, sendo o
maior da região de Franca, e está classificado na segunda melhor faixa do índice.
4. Metodologia
A pesquisa desenvolvida é caracterizada como exploratória, buscou-se
descrever os eventos relacionados ao setor de prestação de serviço da saúde, que com
a ocorrência de incertezas podem sofrer alterações ao longo do tempo provocando
novos acontecimentos. Ainda pode ser classificada como bibliográfica, pois é
constituída por meio de material publicado em livros, revistas e meio eletrônico.
A pesquisa foi desenvolvida com o auxilio de questionário, com 12 questões que
caracterizam o setor, baseadas no Método Delphi, que pode ser definido como uma
análise qualitativa do mercado por meio da troca de informações e opiniões entre os
respondentes, ou seja, o método é de natureza interativa. O método consiste em
interrogar individualmente, por meio de questionários, um determinado grupo de
profissionais qualificados (MARCIAL; GRUMBACH, 2002).
A pesquisa contou com respondentes de diversas áreas, possibilitando uma
visão global da situação do cenário empresarial enfrentado pelo setor.
Esta pesquisa explorou a opinião de pessoas de duas empresas da área da
saúde em Franca (SP), a fim de identificar suas perspectivas futuras. A seguir serão
apresentadas as etapas para o desenvolvimento da pesquisa.
O trabalho estende a proposta metodológica de Blanning e Reinig (1998)
de construção de cenários, aprofundando o processo de tratamento dos dados
proposto. Este trabalho busca como objetivo:
•
Identificar cenários futuros para o setor de prestação de serviço na área
da Saúde.
•
Identificar variáveis impactantes no setor;
•
Ampliar a discussão sobre o método e a aplicação de análise de
cenários a partir de Blanning e Reinig.
Blanning e Reinig (1998) propõem a elaboração de uma lista de eventos
indicando a probabilidade de ocorrência dos eventos, A partir da construção da matriz
718
de eventos, no eixo horizontal tem-se a probabilidade do evento e no eixo vertical o
quanto o evento é favorável ou desfavorável para a empresa analisada.
Para Blanning e Reinig (1998) sugere um método de identificação dos eventos,
bem como a realização de uma analise fatorial que permite reunir os eventos em fatores
comuns. Com base no método proposto por Blanning e Reinig (1998), a análise foi
adaptada para o setor de prestação de serviços na área da saúde. Por meio da análise
fatorial exploratória foi possível identificar os fatores que na percepção dos
pesquisados, impactam o setor, além de identificar as variáveis que podem provocar
impacto no cenário futuro.
1ª Etapa
Reuniu um grupo de pessoas com interesse em comum na área para identificar
variáveis que tem maior interferência no setor da saúde em Franca (SP), criando assim
uma lista de eventos para análise.
2º Etapa
A lista de eventos foi apresentada a várias pessoas de conhecimento do setor
com a finalidade de identificação de probabilidade de ocorrência e se é favorável ou
não para o setor, utilizando uma escala de 0 a 10 para pontuação.
3º Etapa
A partir das opiniões das pessoas envolvidas no processo, executou uma análise
para identificar quais os eventos tem maior impacto no setor.
Ultima etapa
Análise apuração dos resultados, e aplicação do Método de Impactos Cruzados,
onde foi identificado o nível de influências que cada evento apresenta sobre os demais.
5. Resultado da pesquisa
A partir das variáveis identificadas na primeira fase, foi criada a lista de eventos
segundo a tabela 1, que caracterizam o setor baseado no Método Delphi, e pode ser
definido como uma análise qualitativa do mercado, com a troca de informações e
opiniões entre os respondentes, que podem impactar nos cenários futuros. Segundo
Marcial e Grumbach (2002) o método Delphi “Trata-se de uma metodologia de trabalho
719
em grupo que busca a convergência de opiniões e procura minimizar os problemas
típicos dos grupos”.
Na segunda etapa, a pesquisa contou com diferentes de executivos e para cada
evento indicaram sua opinião sobre a probabilidade (escala de 1 a 10), se o evento é
favorável ou não favorável (escala de 1 a 10), segundo proposto por Blanning e Reinig.
O quadro 1 demonstra as questões elaboradas para o desenvolvimento desta
pesquisa
Quadro: 1 - Questionamento da pesquisa
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Aumento de investimento público na área da saúde.
Instalações hospitalares diferenciadas.
Clareza quanto aos direitos dos consumidores.
Aumento de operadoras de planos de saúde.
Aumento da renda da população.
Conservadorismo e procura por OPS líderes.
Elevação nos investimentos tecnológicos dos serviços hospitalares prestados.
Aumento da carga tributária.
Elevação do desemprego.
Aumento de prováveis usuários da OPS.
Elevação da qualidade dos serviços prestados pela OPS.
Satisfação do cliente.
Na segunda fase foi realizada a entrega dos questionários as pessoas que se
propuseram a respondê-las. A pesquisa contou com respondentes de diversas áreas,
possibilitando uma visão global da situação do cenário empresarial enfrentado pelo
setor. Que foram escolhidos de maneira aleatória, mantendo o anonimato dos
respondentes.
A pesquisa foi aplicada a 8 entrevistados. O quadro 2 apresenta o cargo
ocupado por cada um dos respondentes à pesquisa.
Quadro: 2 - Cargos dos respondentes da pesquisa
Nº.
1
2
3
4
5
6
7
8
Cargo
Coordenador de Informações Gerenciais
Gerente de Recursos Humanos
Analista de Contabilidade Pleno
Auxiliar Contábil
Coordenador Relacionamento Cliente
Assistente de Estoque
Analista de Qualidade
Líder de Hotelaria
720
A tabela 1 retrata a tabulação do resultado alcançado, a partir das respostas
obtidas por meio do questionário desenvolvido.
Tabela: 1 - Média do resultado alcançados na pesquisa
Nº.
Evento
Probabilidade
Média
Favorável ou
Desfavorável
Média
1
2
3
4
5
6
7
Aumento de investimento público na área da saúde
Instalações hospitalares diferenciadas
Clareza quanto aos direitos dos consumidores
Aumento de operadoras de planos de saúde
Aumento da renda da população
Conservadorismo e procura por OPS líderes
Elevação nos investimentos tecnológicos dos serviços
hospitalares prestados
Aumento da carga tributária
Elevação do desemprego
Aumento de prováveis usuários da OPS
Elevação da qualidade dos serviços prestados pela
OPS
Satisfação do cliente
7
6
7,5
2
4
7,5
7
5
7
8,5
3,5
4,5
6
9,5
5,5
4
7
9
0,9
4
7,5
9
8
8
8
9
10
11
12
A partir da tabela 1 apresentado é possível observar os eventos que possuem
maior probabilidade de ocorrência e se favoráveis ou desfavoráveis segundo os
respondentes.
Na análise fatorial a pesquisa aborda os cenários prospectivos para o setor de
prestação de saúde para o período de 2009 a 2013, onde foram identificados e
destacados os fatores. Os eventos foram agrupados em dois níveis: país e negócios.
Fatores relacionados ao país:
1 - Aumento de investimento público na área da saúde
5 - Aumento da renda da população
8 - Aumento da carga tributária
9 - Elevação do desemprego
721
Fatores relacionados ao negócio:
2 - Instalações hospitalares diferenciadas
3 - Clareza quanto aos direitos dos consumidores
4 - Aumento de operadoras de planos de saúde
6 - Conservadorismo e procura por OPS líderes
7 - Elevação nos investimentos tecnológicos dos serviços hospitalares prestados
10 - Aumento de prováveis usuários da OPS
11 - Elevação da qualidade dos serviços prestados pela OPS
12 - Satisfação do cliente
A partir da divisão em 3 cenários favorável, desfavorável e provável (Figura 2),
como proposto por Blanning e Reinig (1998), pode-se identificar o cenário futuro
percebido pelos executivos participantes da pesquisa.
Figura: 2 - Análise de cenário futuro a partir dos fatores
Na figura 2, há uma percepção de cenários favoráveis para os eventos de
722
negócio, pois apresenta um percentual de 73%, e os fatores em nível de país,
apresenta um percentual baixo de 36%, significa que o setor deve estar atento aos
eventos relacionados ao negócio, pois além de apresentarem um índice de 68% de
probabilidade de acontecer, também apresenta um índice favorável ao setor.
Com a análise da figura 3 observa-se que dos 12 eventos apresentados 9 deles
apresentam uma alta probabilidade de acontecer (acima de 50%). Apenas 3 deles
estão antes da linha dos 50%.
Podemos assim afirmar que a maioria dos eventos tem alta probabilidade de
acontecer e podemos observar que as forças motrizes que constam no quadrante 2 tem
grandes possibilidade de ocorrer, e são bastante favoráveis aos negócios da empresa.
Figura: 3 - Análise de cenário futuro: Otimista, Provável, Pessimista
723
Segundo Marcial e Grumbach (2002, p.117), os resultados obtidos com o
emprego do Método Delphi devem ser complementados aplicando se o Método dos
Impactos Cruzados, o qual deverá ser utilizado o software Puma - Sistema de Cenários
Prospectivos, que fornece uma matriz e através dela pode analisar as influencias que
os eventos exercera sobre a probabilidade dos demais eventos ocorrerem.
Nesta fase da pesquisa foram formalizadas a matriz e apontamento dos
resultados.
Na análise do Método de Impactos Cruzados foi utilizada uma escala de +5
(cinco positivo) a -5 (cinco negativo) de acordo com o nível de influência de um evento
sobre os demais.
Tabela: 2 - Motricidade X Dependência
Nº. Evento
1
Aumento de investimento
público na área da saúde
2
Instalações hospitalares
diferenciadas
3
Clareza quanto aos direitos
dos consumidores
4
Aumento de operadoras de
planos de saúde
5
Aumento da renda da
população
6
Conservadorismo e procura
por OPS líderes
7
Elevação nos investimentos
tecnológicos dos serviços
hospitalares prestados
8
Aumento da carga tributária
9
Elevação do desemprego
10 Aumento de prováveis usuários
da OPS
11 Elevação da qualidade dos
serviços prestados pela OPS
12 Satisfação do cliente
Motricidade média
Probab. 1
7
2
3
3
1
4
5
5
5
6
-3
7
2
8
1
9
3
10 11 12
3 -3 2
Dep
-0,3
1
1
3
3
5
-5
2
5
4
5
0,0
-1
-2
3
2
0
-1
1
1
5
0,2
2
2
1
0
-3
1
2
-5
-0,5
-4
5
-3
2
3
4
-3
-0,4
2
-5
-4
3
3
3
-0,4
5
1
4
4
4
0,2
2
-3
-5
2
1
1
1
1
2
-0,4
0,3
0,3
4
0,4
6
-5
7,5
2
-1
2
5
-2
1
4
-2
4
-3
3
7,5
1
5
2
-1
-5
7
-2
-1
1
-1
5
3
5,5
4
7
1
-3
-1
-3
-1
1
0
-1
5
3
3
5
3
4
3
-3
2
1
-3
-1
3
2
1
2
9
2
4
3
1
5
4
1
2
-2
8
5
5
5
2
-5
3
3
4
3
2
3
0,5
0,4
0,4
0,2
0,4
-0,3
0,2
-0,2
0,1
0,2
0
Figura: 4 - Análise de cenário futuro a partir da motricidade dos eventos.
4
0,5
-0,5
724
Na análise da figura 4 podemos afirmar que 60% dos eventos possuem alta
motricidade, e os eventos apresentam alta dependência, conforme apresentados no
quadrante 2. Os eventos apresentados no quadrante 3, representa 40% e possuem
baixa dependência, apresentam baixo impacto e apenas os eventos apresentado no
quadrante 1 tem alto impacto que é o evento (5) Aumento da renda da população.
.
Conforme exposto na figura 4, os eventos apresentados no quadrante 3 tem
baixa motricidade e podem vir a realizar, mas não há grande impacto relativo sobre os
outros, já os apresentados no quadrante 2 tem alta motricidade e são também
altamente dependentes. Diante dos cenários apresentados o Hospital Regional de
Franca, deve dispensar atenção aos prováveis acontecimentos, como o objetivo de
melhor proveito das ocorrências.
725
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método de análise de cenários permite a identificação dos eventos e
fatores impactantes ao setor de prestação de serviços hospitalares em Franca (SP) e
com a utilização da literatura de Blanning e Reinig (1998), foi possível o levantamento
dos cenários.
Segundo Schwartz (2006) "cenários são uma ferramenta para nos ajudar a
adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza". Deve ser
considerada a probabilidade de não ocorrência das incertezas levantadas,porém com o
crescimento da política econômica do país as organizações deverão estar preparadas
para mudanças, com a finalidade de evitar preocupações no âmbito setorial.
Segundo Godet (1993, p.70), cenários são“ (...) conjunto formado pela
descrição, de forma coerente, de uma situação futura e do encaminhamento dos
acontecimentos que permitem passar da situação de origem à nova (...)”. O rápido
crescimento das organizações e os usuários cada vez mais exigentes, provocam
mudanças constantes nas empresas, estas devem estar em constante adaptação pois
as alterações ocorrem muitas vezes de maneira mais veloz que as estratégicas
empresariais.
Parte dos acontecimentos futuros pode ser ponderada, e proporcionar a redução
do impacto aos negócios, deste modo cabe a empresa precaver e gerenciar os riscos,
pois o futuro depende do passado, como discorre Marcial e Grumbach (2002).
.
A partir da pesquisa é possível destacar entre as forças presentes no
ambiente do setor, os 12 eventos, conforme apresentado na tabela 1, demonstram a
preocupação dos respondentes com os fatores relacionados ao negócio, tais como:
Instalações hospitalares diferenciadas; Clareza quanto aos direitos dos consumidores;
Aumento de operadoras de planos de saúde; Conservadorismo e procura por OPS
líderes; Elevação nos investimentos tecnológicos dos serviços hospitalares prestados;
Aumento de prováveis usuários da OPS; Elevação da qualidade dos serviços prestados
pela OPS; Satisfação do cliente. No âmbito dos fatores relacionados ao país, destacamse o aumento de investimento público na área da saúde e aumento da carga tributária
726
(eventos 1 e 8).
O agrupamento de variáveis em fatores conforme efetuado nesta pesquisa
permitiu melhor identificar os eventos de maior probabilidade de ocorrência e suas
influencias na atividade, seja favorável ou desfavorável.
Destaca-se então a regulamentação por meio do atendimento as exigências da
Agência Nacional da Saúde Suplementar e valorização constante dos clientes, por meio
de revitalização da infra-estrutura, comportamento do usuário e excelência na
prestação de serviço.
A partir das incertezas diagnosticas para o setor é possível promover um melhor
processo decisório e o acompanhamento do controle interno, deste modo o
planejamento organizacional estará em conformidade com as expectativas para o
futuro, proporcionando assim uma menor margem de erro.
Com o cliente cada vez mais exigente e protegido pela legislação em prestação
de serviços à saúde, torna-se necessário uma reestruturação empresarial dos
prestadores de serviços. Buscar um planejamento através de cenários futuros,
avaliando-o através da matriz de dependência X probabilidade a cada evento os seus
impactos e a probabilidade de acontecer, e quais suas influências sobre os demais,
vem a ser uma ferramenta fundamental para a organização.
Através da análise de cenário a empresa toma decisões estratégicas, levando a
organização a serem mais eficazes.
A pesquisa apresenta como limitação o universo pesquisado, outras abordagens
poderiam ser exploradas ampliando as discussões dos cenários analisados. O estudo
ainda pode ser expandido para demais empresas pertencentes ao setor prestação de
serviços da saúde.
.
727
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CENÁRIO PARA O SETOR DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA