A FORMAÇÃO DE LEITORES NA ESCOLA MUNICIPAL
POUSO ALEGRE: CAMINHOS E PERSPECTIVAS1
Cleoneide Rodrigues dos Santos Gomes2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo investigar, a importância da leitura na formação do aluno,
tendo como base a plena formação do indivíduo crítico e pensante, capaz de interferir
positivamente para a transformação do meio social em que está inserido; bem como
discutir qual o papel da escola, enquanto instituição formal de ensino e do professor como
mediador da aprendizagem. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica,
buscando selecionar as ideias e reflexões de diversos estudiosos do tema, como
BENARDINO (2008), VEIGA; AMARAL (2007), LIBÂNEO (2004), LEITE (1999), MAIA
(2007), entre outros. Concomitantemente, foi realizada uma pesquisa de campo na escola
municipal Pouso Alegre Paraíso do Tocantins – TO, num universo escola de Ensino
Fundamental, na qual se buscou conversar e entrevistar professores, coordenação
pedagógica, grupo de gestores escolares e alunos, para que se pudesse ter uma visão
geral acerca das práticas de leitura concernentes ao trabalho educativo realizado nas
referidas escolas. Com isso, pode-se constatar que a prática de leitura não condiz
exatamente com as necessidades elencadas pelo Conselho Nacional de Educação, no
que tange à formação de leitores competentes e capazes de compreender não só os
textos que lêem, mas o mundo que os cerca.
Palavras-chave: educação, leitura, formação de leitores, prática educativa.
ABSTRACT
This paper aims to investigate the importance of reading in the student's education, based
on the full individual development and critical thinking that can positively affect the
transformation of the social environment in which it appears, as well as discuss what role
of the school, formal education as an institution and the teacher as a facilitator of learning.
For this purpose, we performed a literature search, seeking to select the ideasand
thoughts of several scholars of the subject, as BENARDINO (2008), Veiga, AMARAL
(2007), Lebanon (2004), MILK (1999), Maia (2007), among other. Concurrently, we conducted
a field survey in
Pouso Alegre municipal school Paraíso do Tocantins - TO, a
universe Elementary School, which aimed to discuss and interview teachers, coordinating
1. Universidade Federal do Tocantins – UFT, Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Coordenação
Pedagógica, Programa Escola de Gestores.
2. Professora Cleoneide Rodrigues dos Santos Gomes, Pedagoga, Coordenadora Pedagógica da Escola
Municipal Pouso Alegre em Paraíso do Tocantins – TO.
education, group of school administrators and students so that they could Have
anoverview about the reading practices pertaining to the educational work done in
theseschools. Thus, one can see that the practice of reading does not match exactly
with the needs listed by the National Council of Education, regarding the formation
of competent readers and able to understand not only the texts they read, but the world
around them.
Keywords: education, reading, training of readers, educational practice.
1 INTRODUÇÃO
A leitura, considerando o atual contexto social, é uma prática capaz de nos trazer
uma grande oportunidade de visualizar e buscar novos horizontes. Isso porque a prática
da leitura nos permite desenvolver aptidões específicas, as quais auxiliam a construir um
pensamento crítico.
Dessa forma, a leitura é um instrumento que ultrapassa os conceitos de
estruturação da linguagem e passa a fazer parte de um universo social, no qual o ser
humano pode agir e interagir com seus grupos sociais. Com isso, queremos dizer que a
leitura é muito mais que a simples decodificação dos signos escritos e se transforma num
elemento essencial para a construção de saberes.
Assim, a escola tem um papel social fundamental nesse processo, visto que é na
escola que o indivíduo tem os primeiros contatos formais com a linguagem escrita e, é
nela que se estreitam os laços que legitimam a produção de leitura e da escrita de forma
consciente. Portanto, esse espaço de construção de conhecimentos que é a escola,
passa a ter grande responsabilidade de promover estratégias e dar condições para que o
desenvolvimento individual ocorra de maneira sistematizada e eficaz.
Conforme nos alerta Bernardino (2008, p. 766), com a leitura, ocorre uma produção
de sentidos, em que o leitor passa a desempenhar um papel ativo, sendo que as
inferências fazem parte de um relevante processo cognitivo referente a esta atividade. É
por isso que a escola é produtora de uma interação recíproca entre leitor e texto.
Nesse sentido, a biblioteca escolar passa a ser uma importante aliada tanto dos
professores quanto dos alunos. Por isso, a biblioteca escolar deve ser bem estruturada e
contar com um profissional bibliotecário capacitado, capaz de direcionar o trabalho de
propagação da informação, de maneira atuante, dinâmica e criativa. Com isso,
certamente, a escola contará com um ambiente favorável não só à aprendizagem, mas
também para a formação de leitores assíduos, críticos e aptos a continuar seus estudos
posteriores com maior facilidade e eficiência.
Assim, apresentamos neste artigo os resultados de uma pesquisa bibliográfica, na
qual se buscou selecionar diversos estudiosos do tema, os quais têm contribuído
positivamente para as discussões sobre a temática da educação, da formação de
professores e de leitores em nossa escola. Ainda, realizou-se uma pesquisa de campo
junto à escola municipal Pouso Alegre, na cidade de Paraíso do Tocantins – TO, nas
quais foram aplicados questionários indagando sobre a prática de leitura nessa escola,
bem como sobre as condições de funcionamento da biblioteca escolar e sua contribuição
para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.
1.1 A formação dos professores
O conceito de educação vem mudando a cada dia que passa. Hoje não se educa
mais como antigamente, pois assim como os valores vêm se transformando ao longo dos
tempos, também as necessidades educacionais também se transformam.
Vivemos hoje em uma sociedade muito competitiva e altamente tecnológica. Isso
reflete diretamente no ambiente escolar, a partir da necessidade de profissionais não
apenas competentes em suas áreas, mas aptos a trabalharem com conteúdos
interdisciplinares, ou seja, o profissional da educação deve ter muito mais que um diploma
de licenciatura nessa ou naquela área do conhecimento, ele precisa saber lidar com todas
as outras áreas, pois a sociedade e o mundo se globalizaram e exigem profissionais da
educação prontos a contribuir para a formação de indivíduos pensantes e dispostos a
modificar o meio em que vivem.
Nesse contexto, é comum vermos que é atribuído aos professores a
responsabilidade pelo fracasso escolar e pela má qualidade do ensino. No entanto, se
analisarmos o percurso da história da educação no Brasil, poderemos constatar que as
oportunidades de manifestação dos professores acerca de sua prática educativa foram e
são limitadas.
Soma-se a isso, de modo contundente, o fato de que as mudanças institucionais
são introduzidas no universo escolar sem que os professores possam dar sua opinião,
como se os professores, que são os maiores interessados e, talvez, os únicos
profissionais capazes de emitir uma opinião coerente sobre quais as práticas
verdadeiramente eficazes para melhorar o quadro em que se encontra a educação
brasileira.
A realidade, porém, mostra-se muito diferente do esperado e defendido pela
maioria dos educadores e pesquisadores, visto que nesta sociedade globalizada, o
conhecimento se tornou mercadoria social e econômica. Portanto, o acesso à educação
parece ter se tornado um mecanismo de exclusão, gerando um aprofundamento das
desigualdades.
Tudo isso nos remete à ideia de que as transformações que vêm ocorrendo em
todas as esferas da produção humana, a educação tem se apresentado inerte a tais
impactos (VEIGA; AMARAL, 2002). Tais considerações nos permitem inferir que, mesmo
diante de discursos neoliberais, os quais apontam para uma educação democrática, isto
é, para todos e com todos, a qualidade do ensino ofertado, mediante ações de
investimentos em infra-estrutura, o ensino público em nosso país continua precário e
longe de atender aos padrões exigidos pelos organismos internacionais.
Pensando nisso, é relevante ressaltar que as políticas de formação de profissionais
da educação, delineadas pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
pelo Conselho Nacional de Educação e pela UNESCO, que primam por uma valorização
do magistério, não têm considerado a centralidade do papel do professor e nem
valorizado adequadamente sua importância na tarefa educativa.
Dessa maneira, o Conselho Nacional de Educação exige um perfil de educador que
está muito além das capacidades da maioria dos profissionais atuantes. Isso acontece
porque a formação dos professores pelas faculdades e universidades é falha e
inconsistente. De acordo com o Conselho Nacional de Educação (2001, p.05), o
profissional da educação deve ser apto a:
(...) orientar e mediar o ensino para a aprendizagem dos alunos; responsabilizarse pelo sucesso da aprendizagem dos alunos; assumir e saber lidar com a
diversidade existente entre os alunos; incentivar atividades de enriquecimento
curricular; elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos curriculares;
utilizar novas metodologias, estratégias e material de apoio; desenvolver hábitos
de colaboração e trabalho em equipe. (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
2001, p.05).
Se nos atentarmos para as responsabilidades do professor, veremos que é
humanamente impossível que o professor, tendo em vista o atual valor que lhe é dado,
atenda completamente e/ou eficientemente a todas as funções que lhe são atribuídas
pelos órgãos governamentais.
Nesse sentido, a formação do professor, para atender a tudo que lhe
responsabilizado, precisa passar por uma reformulação séria e adequada às
necessidades que a nova sociedade exige. Dizemos isso, pois se observarmos a situação
de nosso país perante outras nações (não precisamos nem pensar em países de primeiro
mundo), veremos que é uma vergonha o nível educacional dos cidadãos brasileiros.
Portanto, se quisermos avançar em termos de educação, primeiro temos que
passar pela formação e pela valorização dos profissionais dessa área, pois se isso não for
feito agora, num futuro muito próximo, não teremos como competir com outros países em
termos de desenvolvimento nem social, nem político, nem econômico e, muito menos,
humano.
Isso se confirma, pois da maneira como está sendo realizada a formação dos
professores, a qual privilegia a formação de conhecimentos teóricos em relação aos
conhecimentos práticos, tem havido uma divisão das atividades em educação e a
inferiorização dos professores em detrimento dos especialistas e pesquisadores.
Queremos dizer, com isso, que há um processo de individualização do trabalho, em
que a aceitação das metas e objetivos determinados pelos “superiores” no sistema
educacional, tem provocado um colapso na prática educativa, haja vista que, mesmo
sabendo das reais necessidades e anseios dos alunos, os professores são obrigados a
cumprir um programa curricular que, na maioria das vezes, não condiz com a realidade.
Dessa forma, a prática pedagógica está sendo transformada numa atividade
técnica e instrumental. Esta prática, por esses motivos, está adquirindo um caráter de
atividade neutra e objetiva – bem diferente do que o processo educacional exige, que é
um trabalho permeado pela subjetividade, pelo atendimento da necessidades individuais
dos alunos.
Tal característica, segundo Libâneo (2004), indica que os futuros professores estão
realizando ações educativas e não atividades educacionais, visto que deve haver uma
relação estreita de dependência entre o objetivo educacional e a prática educativa.
Na atual conjuntura, esse modelo de formação está sendo questionado e posto em
discussão, porque ele defende a aplicação de conhecimentos científicos obrigatórios nos
currículos das escolas e não valoriza, nem estimula a reflexão a respeito da prática. É
importante, portanto, que se volte olhar para o campo do fazer, do produzir, sem dar
priorizar excessivamente a teoria, claro que esta é necessária, mas sem colocá-la em
prática ela se torna vazia e inútil.
Para Almeida (2001), as teorias são universais e, por isso, não são capazes de
solucionar problemas específicos do processo de ensino-aprendizagem. Portanto, é
relevante dizer que a prática educativa que vise o enquadramento da realidade aos
métodos e técnicas genéricos, jamais sobrepor-se-ão a uma busca de métodos e técnicas
adequados a uma dada realidade.
Enfim, o quadro que deve ser desenhado na educação é o de uma substituição do
modelo de racionalidade técnica pelo modelo de racionalidade prática, atribuindo à
docência um caráter político, no qual o professor se torne um pesquisador em sala de
aula, que seja capaz de fazer planejamentos de suas ações, que consiga resolver os
problemas que surjam no decorrer de sua atuação docente.
Ainda, nesse contexto, Pimenta (2002) nos alerta para o fato de que é fundamental
considerar que a teoria é capaz de oferecer aos professores as probabilidades de análise,
para que eles compreendam os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e
de si mesmos como profissionais.
Nesse contexto, que envolve as exigências da formação de professores capazes
de lidar com as novas perspectivas da sociedade e dos alunos, está inserida a formação
de leitores. Isso porque a sociedade em que vivemos hoje é muito competitiva e exigente.
Assim, o indivíduo que quer se destacar tanto em seu ambiente de trabalho como em
suas relações pessoais e sociais, deve se tornar um leitor capaz de não apenas
decodificar os sinais lingüísticos, mas acima de tudo, capaz de compreender o que está
lendo, podendo discutir com propriedade o que o texto permite inferir.
Além disso, o indivíduo que lê com habitualidade se torna capaz de se expressar
com maior eficiência e de argumentar mais coerentemente a respeito de diversos
assuntos.
É nesse sentido que a formação de professores e de alunos leitores é
imprescindível para o sucesso do processo educacional contemporâneo. Dessa forma,
torna-se mister que os profissionais da educação se conscientizem da importância que a
leitura sistematizada e com objetivos definidos tem para a formação do aluno, o qual virá
a ser, por causa do hábito e da habilidade de leitura, um profissional competente e um ser
humano mais realizado.
1.2 Os primeiros passos para a formação de um leitor
Na sociedade atual, como já dissemos, é fundamental a formação do hábito de
leitura desde os primeiros anos escolares, pois só assim se produzirá uma cultura de
sujeitos que possuam sabedoria, sejam críticos e conscientes de seu papel humano e
social.
Consideramos que as práticas de leituras são sociais porque guardam consigo a
tendência para a variação e a diferenciação em diversos contextos, ou seja, a leitura se
torna social a partir do momento que o leitor precisa se posicionar diante dela como um
expectador das relações entre aquele que escreveu e aquele que lê.
Esse processo deve ter início no próprio lar, com a participação e o incentivo dos
pais e de toda a família; depois disso, fica a cargo da escola continuar a incentivar e
proporcionar condições para que o aluno se interesse a cada dia mais pela leitura.
No entanto, isso só acontecerá se a escola contar com o trabalho de uma equipe
competente e disposta a colocar em prática os saberes técnicos adquiridos durante sua
formação como educadores. Daí, surge a tríplice necessidade de a escola contar com
bons professores, com uma boa biblioteca e com um bom bibliotecário.
Nessa perspectiva, Amato e Garcia (1998, p. 13) nos afirmam que:
Quando o termo educação é mencionado com o intuito a despertar uma cultura
que integralize crianças e jovens junto à sociedade trazemos a importância da
família, a escola e a biblioteca que são três fatores essenciais para o crescimento
da leitura em diferentes aspectos. (AMATO & GARCIA, 1998, p. 13)
De acordo com Leite (1999, p.32), a família tem um papel muito importante no
processo de formação de filhos leitores, visto que seus membros são os primeiros que
devem iniciar e incentivar a criança a ler. Contudo, se dentro da família isso não ocorrer,
cabe à escola desempenhar esse papel.
É válido, portanto, acrescentar que em nosso país, durante a década de oitenta,
constatou-se o fracasso da escola na alfabetização das crianças, pois estas chegavam
aos estudos fundamentais e no ensino secundário com grandes deficiências de
aprendizagem originadas por uma deficiência na habilidade de leitura e compreensão de
textos. Com isso, as outras áreas também eram educacionalmente afetadas.
Isso fez com que se buscasse a elaboração de novas propostas pedagógicas para
atender primordialmente a esse problema. Podemos então afirmar que, ao mesmo tempo
em que se muda a concepção de alfabetização, também se muda a expectativa em
relação ao tipo de leitor em formação pela escola, já nos primeiros anos escolares.
2 DISCUÇÃO DOS RESULTADOS
Para a elaboração dos estudos aqui apresentados, fomos a campo, na escola
Municipal Pouso Alegre em Paraíso do Tocantins – TO, na qual foram entrevistados seis
professores de Língua Portuguesa, visto que consideramos ser o professor desta
disciplina o que mais utiliza os serviços da biblioteca.
Como resultados das entrevistas, constatamos que todas as escolas possuem
biblioteca, sendo que os professores entrevistados afirmam que o material disponibilizado
pelas mesmas os auxiliam positivamente em sua prática educativa.
Porém, em relação à estrutura das bibliotecas, os professores apontaram que o
espaço físico não atende com satisfação às necessidades de trabalho com os alunos e,
ainda, afirmam que o acervo para leitura é regular, ou seja, não há um número adequado
de livros para atender ao número de alunos das turmas.
Dessa forma, faz-se necessário que as práticas de leitura sejam feitas, muitas
vezes, em grupo. Isso se torna um ponto negativo, visto que o fato de dividirem o mesmo
exemplar faz com que haja dispersão da concentração no ato de leitura.
Além disso, os exemplares disponíveis não atendem adequadamente ao
planejamento do professor, isto é, determinados temas ou autores não constam do acervo
bibliotecário. Tal fato faz com que o professores tenha que flexibilizar seu planejamento
didático, acarretando em prejuízo no atendimento dos objetivos pré-definidos.
Contudo, um fator foi negativo nesse contexto: os professores utilizam a biblioteca
muito pouco. Do total de professores entrevistados, cerca de 66% frequenta a biblioteca
apenas uma vez por semana; 17%, aproximadamente, usa o acervo bibliotecário duas
vezes por semana; e, 17% leva os alunos cerca de três vezes semanais.
Estes números vêm confirmar o que explanamos ao longo deste trabalho, ou seja,
há uma utilização escassa do material de leitura por parte dos professores. Isso colabora
fortemente para que as habilidades e competências lingüísticas sejam pouco
desenvolvidas nos alunos.
E mais, vê-se, por essa amostra, que a prática de leitura nas escolas está aquém
do que deveria ser, visto que em sala de aula também não se realizam muitas práticas de
leitura. Esse fato contribui negativamente para a formação de leitores assíduos e críticos
em relação ao que lêem e ao mundo que os cerca.
Nesse sentido, Amato e Garcia (1998, p. 14) ressaltam que,
A biblioteca escolar deve existir como um órgão de ação dinamizadora e não cair
na passividade que, às vezes, nos leva a não efetuar um trabalho difusor de
informações por não nos sentirmos estimulados e respaldados por aqueles que
seriam, em primeira instância, beneficiados pelo trabalho da biblioteca. (AMATO &
GARCIA, 1998, p. 14)
Portanto, o fato de os professores planejarem poucas atividades no espaço
destinado exclusivamente à leitura, que é a biblioteca, colabora para o fracasso na
formação de leitores competentes. É necessário, posto isso, que os professores permitam
o acesso mais frequente dos alunos à biblioteca, de modo que o contato com os livros
possa despertar neles o interesse pela leitura.
Dizemos isso, porque, concordam com Resende (apud MAIA, 2007, p. 11), quando
esta pesquisadora e educadora nos alerta para o fato de que “(...) quanto mais se lê, mais
se aprende a ler, e neste movimento de ler mais e mais, mais e melhor, é que se afloram
as competências, os desejos, a fluência, a perspicácia do raciocínio, o enriquecimento da
sensibilidade.”
Nesse movimento de ir à biblioteca, o professor vai dando ao aluno a liberdade de
ler o que o achar interessante, de forma que o contato com o material de leitura vai
desenvolvendo o gosto por essa prática, até que o próprio aluno procure por ele mesmo
esse espaço destinado ao contato com o mundo da imaginação e da fantasia: o universo
da leitura. Assim, o professor se tornará um mediador entre o aluno e o texto, seja ele
literário ou não, mas sempre o texto.
Nesse sentido, Garcia (1992, p. 37), nos diz que;
Mediar a leitura é estar no meio de uma atividade essencial à escola, à
vida, sem tomar nas mãos as rédeas do processo, como se fosse o
professor o único a saber o caminho; é estar presente mesmo que
sutilmente ausente; é saber que o ato de ler é condicionado por condições
e características psicológicas, sociais, econômicas e intelectuais de cada
indivíduo e, nesse sentido, cada leitura faz parte de um todo maior.
(GARCIA 1992, p. 37).
Eis, portanto, um dos papéis fundamentais do professor na formação de leitores:
permitir que o aluno tenha acesso frequente à biblioteca e ao universo da leitura, sem que
se torne o detentor dos saberes, sem que aponte impositivamente o que deve ser lido
para que o aluno se sinta à vontade para ler o que desejar e que lhe interessar, pois
assim, em pouco tempo suas habilidades e competências de leitura serão desenvolvidas
de modo que o mesmo se tornará um leitor.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação é, sem dúvida nenhuma, o caminho mais viável para se construir uma
nação forte e desenvolvida política, econômica e socialmente. No entanto, esse discurso
que perpassa todas as esferas políticas governamentais e que está no centro de todas as
discussões sobre desenvolvimento humano, não passa de retórica.
Dizemos isso porque as políticas educacionais brasileiras não valorizam
adequadamente os profissionais da educação, nem lhes oferece uma formação coerente
com as necessidades reais de nossos estudantes. Dessa forma, o cenário a que
assistimos hoje, é uma formação educacional de qualidade, no mínimo, dubitável.
É relevante considerar que, nesse contexto, há um grande problema que assola a
educação brasileira: a incompetência de nossos alunos em relação à capacidade de ler e
compreender o que se está lendo.
Tal fato se deve a muitos fatores, entre eles, podemos citar alguns, como:
•
O despreparo de nossos professores na condução de práticas de leitura, o qual se
deve, em parte, à formação oferecida pelas instituições de ensino superior;
•
A falta de ambientes apropriados a essas práticas, ou seja, em nossas escolas não
espaços adequados para a leitura;
• A escassez de material didático, ou seja, as bibliotecas escolares contam com um
acervo precário, que não atende as exigências nem dos professores nem dos
alunos;
• A inexistência de material humano, isto é, não há profissionais preparados para
organizar as bibliotecas escolares, nem orientar de maneira eficiente os alunos em
suas atividades de leitura e auxiliar os professores na preparação das aulas que
envolvem a leitura;
• A
obrigatoriedade
do
cumprimento
de
currículos
escolares
elaborados
verticalmente, ou seja, os professores são obrigados a cumprir uma programação
previamente definida por órgãos governamentais que não conhecem a real
necessidade e anseios de nossos alunos, fazendo com que o professor tenha que
abrir de atividades de leitura em detrimento de conteúdos técnico-científicos, nos
quais os alunos não vêem razão de serem estudados em tantas aulas.
Dessa maneira, o quadro que se desenha na educação brasileira vai apresentando
fracassos e mais fracassos, de modo que uma educação de qualidade e capaz e formar
leitores críticos e hábeis vão ficando num canto escuro dessa tela, que a qualquer
momento pode se apagar, dando lugar a outros quereres e necessidades, os quais
podem não ser os promissores para essa geração que, infelizmente, não está aprendendo
a ler nem as linhas, quanto mais as entrelinhas.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MAIA, Joseane. Literatura na formação de leitores e professores. São Paulinas, 2007.
PIMENTA, Selma Garrido. Professor Reflexivo no Brasil: gênese, crítica de um
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro, AMARAL, Ana Lúcia (orgs.). Formação de Professores:
políticas e debates. Campinas, SP: Papirus, 2002. (Coleção Magistério: Formação e
Trabalho Pedagógico)
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