1 Órgão Informativo da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial outubro 2009 edição 5 ano 1 Editorial Esta edição do Notícias – Medicina Laboratorial resgata um tema de “gestão estratégica” ao trazer em sua reportagem principal a pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS) que o IBGE começou há poucos meses e pretende divulgar os resultados em 2010. Trata-se de um trabalho muito importante para todos nós porque vai permitir saber quantos estabelecimentos de saúde existem no Brasil, quantos são privados e quantos são públicos, quantos atendem somente clientes particulares, de convênio e do SUS, além de muitas outras informações, inclusive econômico-financeiras. Para nós do segmento laboratorial, a pesquisa AMS é ainda mais importante porque vai mostrar quantos serviços de apoio à diagnose e terapia (SADT) existem no país. Por extensão, poderemos saber quantos laboratórios clínicos existem em cada região, em cada estado e em cada município. Saber quantos somos é fundamental, pois nos permite avaliar a dimensão e complexidade do mercado em que estamos inseridos – fornecedores, prestadores de serviços e fontes pagadoras – e também auxilia a melhor direcionar nossas ações de benchmarking e a reforçar ou mudar o rumo de nosso planejamento estratégico. Como disse certa vez o guru do gerenciamento estratégico e professor da London Business School, Gary Hamel, “existem três tipos de empresas: as que tentam levar seus clientes aonde eles não querem ir; as que ouvem seus clientes e, depois, respondem às suas necessidades; e as que levam seus clientes aonde eles ainda não sabem que querem ir”. Boa leitura! Armando Fonseca Editor-chefe Quantos somos? Equipes do IBGE estão em campo para realizar a Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS) que vai mostrar o número de estabelecimentos de saúde no Brasil, seu perfil, porte e atividade. Com os resultados, que serão divulgados em 2010, poderemos saber quantos laboratórios realmente existem no país. Página 2. Alerta contra o câncer de mama Campanha nacional no mês de outubro chama a atenção das mulheres para a importância da mamografia no diagnóstico precoce do câncer de mama. Página 12. Exame de urina ajuda no diagnóstico de apendicite Um teste, ainda em fase experimental, pode diagnosticar apendicite com maior rapidez do que as provas usadas atualmente. Página 14. Começam os preparativos para o 44º CBPC/ML O presidente do 44º Congresso da SBPC/ML, Ismar Barbosa, conta quais são suas expectativas sobre o evento, que será de 14 a 17 de setembro de 2010, no Rio de Janeiro. Página 7. reportagem 2 Quantos Somos Pesquisa do IBGE vai mostrar quantos estabelecimentos de saúde públicos e privados existem no Brasil, inclusive laboratórios clínicos e serviços de imagem. Munidos de um GPS, os pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão em campo há mais de dois meses realizando a pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS) que vai determinar quantos estabelecimentos de saúde há no país, além de obter dados econômicos e financeiros deste setor. Fernandes Mendes, a previsão é que o trabalho de campo dos pesquisadores termine em dezembro deste ano e os resultados sejam divulgados no segundo semestre de 2010. Postos de coleta são incluídos A publicação que resultará da pesquisa vai apresentar, entre outras informações, números gerais dos A pesquisa vai Serviços de Apoio a Diagnose e Temostrar quantos rápia (SADT), sem especificar quais são laboratórios clínicos, quais traserviços de balham com imagem, fazem radioterapia, fisioterapia, hemodiálise e diagnóstico e outros. No entanto, esclarece Materapia há ria Isabel, os números referentes a cada tipo de prestação de serviço no Brasil – somente de laboratórios, por exemplo – permanecerão na base de dados do IBGE Do ponto de vista financeiro, a pesquisa vai oferecer e poderão ser fornecidos dados sobre as principais formas de receita e desaos interessados sob enpesa dos estabelecimentos privados. Com esta inforcomenda, mediante o mação, o IBGE pode calcular o valor da produção de pagamento de uma taxa cada tipo de serviço de saúde e ainda determinar o para consultá-los por um perfil de despesas do setor, o que ajuda em estimadeterminado período. “É tivas do Produto Interno Bruto (PIB). Esses dados são como uma assinatura, úteis para planejar e definir prioridades de investique pode ser renovada”, mentos na área da saúde. explica Fernandes. Segundo a gerente de Projeto do IBGE Maria Isabel Isto será feito através Maria Isabel Fernandes Mendes Foto: Roberto Duarte Os resultados vão permitir saber com precisão o número de estabelecimentos públicos e privados que atendem a população nos municípios, como hospitais, clínicas, laboratórios e serviços de imagem; quantos atendem ao SUS, a convênios e somente a particulares; quantos têm serviços próprios ou terceirizados; quais especialidades oferecem; o número de profissionais que eles utilizam, seu vínculo com o estabelecimento e a jornada de trabalho; equipamentos que possuem, além de outras informações. reportagem 3 Estabelecimentos de saúde por município, em 2005 - Fonte: IBGE do Banco Multidimensional de Estatísticas (BME), ferramenta do IBGE, que já tem os dados apurados nas pesquisas AMS de 2002 e 2005. “Há ‘filtros’ que permitem selecionar o resultado que se deseja. Por exemplo, saber o número de instituições públicas, privadas, quantas atendem planos de saúde ou não. A ferramenta é paga porque tem um custo alto de manutenção”, justifica a gerente de projetos. equipes do IBGE registravam a localização dos estabelecimentos com base em dados obtidos no censo populacional e em mapas de municípios e cidades. A pesquisa de 2009 também inova ao permitir que parte do questionário seja respondido pela Internet. “Se o informante está com dificuldades ou falta de tempo para responder todo o questionário no momento da visita do pesquisador, ele recebe uma senha A pesquisa vai que dá acesso a uma página na Internet, onde poderá completar as inforconsiderar os mações”, diz Maria Isabel. O IBGE considera como estabelecimento de saúde aquele que atende o público. Portanto, os pesquisadores contabilizam os diferentes postos diferentes postos de coleta de um mesmo laboratório, Mas isso não dispensa que parte da de coleta de mas podem excluir a central técnica entrevista seja feita ao vivo porque se nela não houver atendimento ao é preciso, por exemplo, determinar um mesmo paciente. qual tipo de questionário corresponlaboratório “Não é uma pesquisa de empresas de às atividades do estabelecimento mas de estabelecimentos de saúde e associá-lo aos dados cadastrais, inem separado. Depois, se houver inclusive à localização fornecida pelo teresse do usuário, será possível até organizar esse GPS. Outras informações, como equipamentos exisconjunto por meio do CNPJ”, acrescenta Maria Isabel. tentes e recursos humanos podem ser preenchidas pela Internet. Esta possibilidade é uma forma de contornar um obsLocalização precisa táculo com que os pesquisadores se deparam hoje em Uma das novidades da pesquisa AMS deste ano é o uso dia, como explica Maria Isabel. do GPS para assinalar a posição de cada estabeleci- “Antes, considerávamos que os estabelecimentos de mento. Sigla em inglês de Global Positioning System, saúde eram bons informantes porque sempre colocao GPS é um dispositivo que recebe sinais de rádio vam uma pessoa responsável para atender o pesquienviados por satélites e determina, com precisão, as sador. Atualmente, encontramos muitas dificuldades coordenadas geográficas de qualquer objeto ou pes- pela falta de tempo desse pessoa porque geralmente soa na superfície do planeta. Nos anos anteriores, as ela está muito comprometida com o trabalho.” reportagem 4 Dependendo do tipo de estabelecimento, o questionário a ser preenchido é volumoso. É o caso daqueles que oferecem muitos equipamentos e serviços, como internação, atendimento ambulatorial e diferentes unidades - UTI, análises clínicas, diálise. Para os laboratórios exclusivamente de análises clínicas ou patologia clínica o formulário é bem menor porque é específico. Questionário financeiro Os serviços de saúde apresentam características muito específicas e, por isso, ainda não foram incluídos na Pesquisa Anual de Serviços (PAS) que o IBGE realiza. No entanto, as informações financeiras sobre esse setor são consideradas importantes para melhorar a qualidade dos dados nacionais sobre a Saúde, com números de receita, investimento e gastos pessoal. contraram dificuldades e foi preciso fazer algumas concessões. O questionário deveria ser aplicado a todos os estabelecimentos privados de saúde. Como há cerca de 40 mil no país, esse trabalho se torna impraticável. Ainda mais, segundo Maria Isabel, porque o Instituto está voltado também aos preparativos do censo populacional de 2010. Por isso, a pesquisa financeira é feita por amostra. Ela é aplicada aos estaMais de 7 mil belecimentos com 50 ou mais leitos, estabelecimentos os ambulatoriais e de exames complementares e terapia com pelo meresponderão o nos 20 postos de trabalho e os que têm serviços de hemodiálise, quimioquestionário terapia e radioterapia. Com base nos financeiro dados obtidos em 2005, o IBGE enquadrou nessas condições 7.183 estabelecimentos no Brasil, mas outros podem ser incluídos, dependendo do que a pesquisa mostrar. com insumos e Além disso, as empresas de saúde poderão usá-los como referência (benchmarking) em seus planejamentos. O questionário de informações econômico-financeiras foi aplicado pela primeira vez em 2005. Naquele ano, o IBGE coletou os dados e os repassou ao Inamps, que ficou com a responsabilidade de armazená-los e divulgá-los. Na pesquisa atual o trabalho é feito integralmente pelo IBGE, do começo ao fim, mas seus técnicos en- Além disso, os de menor porte e os que não se enquadram nas condições acima são escolhidos aleatoriamente, por sorteio. Diferentemente dos outros questionários da AMS, o financeiro algumas vezes não é preenchido no próprio estabelecimento de saúde porque nem sempre há no local alguém com acesso a todas as informações necessárias, como receitas e despesas. Neste caso, o pesquisador é obrigado a procurar o contador da empresa. Esta situação pode ocorrer com os postos de coleta de laboratórios. reportagem 5 Alguns dados da AMS 2005 Fonte: IBGE O IBGE considera como Serviços de Apoio à Diagnose e Terapia (SADT): análises clínicas, fisioterapia, eletrocardiografia, ultrassonografia, radiologia, raio X, radioterapia, cintilografia, ressonância magnética, litotripsia, mamografia, UTI/CTI, tomografia, quimioterapia e terapia renal substitutiva. Estabelecimentos que também têm SADT: 41.943 (privados: 26.480; públicos: 15.643). Estabelecimentos que têm exclusivamente SADT: 14.521 (públicos: 1.102; privados: 13.419) SADT mais comuns (muitos estabelecimentos oferecem mais de um serviço): - Análises clínicas: 13.801 (públicos: 4.392; privados que não atendem SUS: 9.409; privados que atendem SUS: 4.710) - Fisioterapia: 8.969 - Eletrocardiografia: 8.940 - Ultrassonografia: 8.237 - Raio X: 7.148 Informações obtidas pelo questionário financeiro Fonte: IBGE - Valor total da produção dos serviços de saúde. - Renda gerada pelas atividades de saúde. - Receita médica por tipo de serviço (hospitalar, ambulatorial, outros). - Percentual da receita por fonte de recursos (planos de saúde, convênios, SUS, pessoa física etc). - Custo médio por estabelecimento. - Detalhamento do tipo de despesa (salários, medicamentos, serviços auxiliares etc). - Total dos investimentos no ano (compra de imóveis, máquinas e equipamentos). - Acompanhamento da evolução do setor (analisado com outras edições da pesquisa). Informações que podem ser extraídas da pesquisa AMS Fonte: IBGE O cruzamento de dados do questionário financeiro com os de outros questionários da AMS pode informar: - Custo médio por leito. - Custo médio por internação. - Custo médio por especialidade. 6 notícias Foto: Roberto Duarte Conheça um pouco da nossa história TEPAC - Título com selo de qualidade Todos os anos a SBPC/ML realiza a prova para Título de Especialista em Patologia Clínica (TEPAC). Geralmente, ela ocorre na véspera da abertura do Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e na cidade onde acontece o evento. O concurso segue normas estabelecidas pela Associação Médica Brasileira (AMB), que determina que os candidatos façam obrigatoriamente uma prova escrita. As demais avaliações são decididas pelas Sociedades de especialidade. No caso do TEPAC, além da prova, cada candidato é entrevistado com base no currículo que entregou ao se inscrever. Mas nem sempre foi assim, como explica o assessor Médico da SBPC/ ML, o patologista clínico Manoel Serrão, que trabalha na organização das provas do TEPAC desde 1994: “Na década de 60 não havia parâmetros de avaliação. O médico que comprovasse que exercia a atividade se candidatava a receber o título de especialista.” Em novembro de 1964, na gestão de José Pinheiro, a SBPC (ainda sem o “ML” na sigla) assinou um convênio com a AMB no qual as duas instituições passavam a emitir, em conjunto, o título de especialista. No entanto, as normas para obter o título não eram padronizadas. Cada Sociedade de especialidade estabelecia seus critérios. “A regulamentação surgiu em 1986, através de um convênio firmado entre as Sociedades, AMB, Conselho Federal de Medicina (CFM) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Foi decidido que somente a AMB poderia emitir o Título de Especialista e que ela estabeleceria as regras”, conta Serrão. Outra modificação importante ocorreu há poucos anos, mais precisamente em 2005, quando foi publicada a Resolução 1.772/05, do CFM, que instituiu o Certificado de Atualização Profissional (CAP), que deve ser revalidado a cada cinco anos. Documento padronizado pela AMB e pelas Sociedades, o Certificado de Atualização Profissional atesta os novos conhecimentos do médico, habilitando-o ao exercício de sua especialidade. Para revalidar o CAP é preciso acumular pelo menos 100 pontos no período de cinco anos. A pontuação é obtida, por exemplo, participando de eventos credenciados pela Comissão Nacional de Acreditação (CNA) e publicando artigos científicos. Quem não revalidar o CAP pode perder o título de especialista. A revalidação é opcional para o médico que obteve a titulação antes de 2006. Os primeiros certificados serão emitidos em 2011. Quem não conseguiu obter a titulação na época em que se formou, recebe, periodicamente, uma nova chance. Isso ocorre quando a AMB autoriza as Sociedades de especialidade a realizarem a prova de título “Especial”, para médicos que estão em atividade e formaram-se há 15 anos ou mais. “A intenção é resgatar os médicos que trabalham na especialidade mas não tiveram oportunidade de fazer o concurso normal”, explica Serrão. Enquanto o exame do TEPAC tradicional abrange diversas áreas de conhecimento da patologia clínica, a prova do Especial é direcionada à área em que o candidato atua. O primeiro TEPAC Especial foi em 1994, no Rio de Janeiro, quando a SBPC/ML comemorou 50 anos. O próprio presidente da Sociedade na época, Evaldo Melo, coordenou o concurso. O próximo TEPAC Especial será em 2010, em data e local a serem marcados. notícias Começam os preparativos para o Congresso da SBPC/ML de 2010 Foto: Roberto Duarte do centro da cidade. O presidente do próximo congresso é o médico patologista clínico Ismar Barbosa, vice-presidente da SBPC/ML na gestão 2008/2009. Membro da diretoria da SBPC/ML há várias gestões, Barbosa permanecerá na vice-presidência da Sociedade no biênio 2010/2011. Ele não esconde a satisfação de estar à frente do próximo congresso e participar diretamente de uma atividade muito importante para a SBPC/ML e para o segmento de diagnóstico laboratorial. Ismar Barbosa, presidente do 44ºCBPC/ML Em 2010, os cariocas vão receber os participantes do 44º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. O principal evento da SBPC/ML será no Rio de Janeiro, de 14 a 17 de setembro, no Centro de Convenções SulAmérica, localizado perto “Representa também o desafio de compartilhar, de forma harmônica, o trabalho de organização com os colegas e profissionais que contribuem direta ou indiretamente para os bons resultados do evento”, diz. Com modéstia, ele acrescenta que o sucesso do congresso não está centrado na pessoa do seu presidente. “É resultado do trabalho de todos”, conclui. Homenagem pelos 30 anos de SBPC/ML “A Sociedade faz parte da minha vida”, afirma a assessora financeira da SBPC/ML, Alice Meireles, que completou, em agosto, 30 anos de casa. Como reconhecimento por sua dedicação, ela foi homenageada na sede da SBPC/ML, no Rio de Janeiro, e recebeu um conjunto com gargantilha, anel e brincos de ouro e brilhante. trabalhando na secretaria e na supervisão dos pagamentos. “Adoro o meu trabalho e o que faço aqui na Sociedade”, diz, orgulhosa. “Se a SBPC/ML quiser, eu fico mais 30 anos”, garante. “Isso é pouco para retribuirmos o que Alice tem feito pela Sociedade durante todos esses anos”, diz a diretora Financeira, Lúcia Villela. Apanhada de surpresa, porque tudo foi preparado sem que ela soubesse, Alice não conseguiu esconder a emoção quando foi chamada à frente do auditório para ser homenageada por diretores e colegas. Contratada em 1º de agosto de 1979, ela começou a trabalhar na SBPC/ML quando esta ainda funcionava em uma casa no Rio Comprido, bairro da Zona Norte carioca. Pouco tempo depois já estava encarregada da área financeira. Desde 1989 ela participa de todos os congressos da Sociedade, Foto: Roberto Duarte 7 notícias 8 Nobel de medicina premia pesquisa sobre proteção dos cromossomos Fotos: divulgação Elizabeth Blackburn Elizabeth Blackburn, da Austrália, Carol Greider, dos EUA, e Jack Szostak, da Inglaterra, receberam o Prêmio Nobel de Medicina de 2009 pela descoberta dos mecanismos de proteção dos cromossomos por meio dos telômeros. Essas estruturas de proteínas e DNA não codificante formam as extremidades dos cromossomos. Este é o 100º Nobel de medicina concedido. Ao todo, 192 pessoas já receberam o prêmio. Os três trabalham nos Estados Unidos. Elizabeth pesquisa na Universidade da Califórnia; Carol, na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins; Szostak, no Instituto Médico Howard Hughes, na Faculdade de Medicina de Harvard e no Hospital-Geral de Massachusetts. Os telômeros atuam como dispositivo protetor embutido nos cromossomos. Em 1984, Elizabeth e Carol, então sua aluna, descobriram e batizaram a telomerase, enzima reguladora dos telômeros que já chegou a ser chamada de “enzima da imortalidade”. A telomerase também está presente nas células cancerígenas, que têm uma grande capacidade de se multiplicar. Isto significa que a enzima da imortalidade também pode ter efeitos negativos. Compreender como ela funciona ajuda a entender o processo de envelhecimento e a aprender mais sobre como combater o câncer. Em 1999, pesquisadores do Cen- Carol Greider tro Médico da Universidade do Texas conseguiram matar células tumorais humanas inibindo a telomerase. Eles desenvolveram pequenos inibidores sintéticos antitelomerase. Quando esses inibidores foram introduzidos nas células cancerígenas, causaram encurtamento progressivo dos telômeros e, finalmente, a morte celular. O estudo, publicado em dezembro daquele ano na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), validava a telomerase como alvo para drogas contra o câncer. Elizabeth nasceu na Austrália, em 1948. Graduou-se em em bioquímica na Universidade de Melbourne (Austrália) e fez pós-doutorado em biologia molecular e celular na Universidade Yale (EUA). Carol é americana, nascida em 1961. Fez doutorado na Universidade da Califórnia e é membro do departamento de biologia molecular e genética. Szostak é inglês, nascido em 1952. Estudou biologia celular na Universidade McGill, em Montreal, Canadá, e fez doutorado em bioquímica na Universidade Cornell (EUA). Cada um receberá um terço do prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,5 milhões). Segundo o Instituto Karolinska, que anuncia o prêmio, o trio “resolveu um importante problema na biologia”. Ainda segundo a instituição, “as descobertas adicionaram uma nova dimensão ao nosso entendimento da Jack Szostak célula, clarificaram mecanismos de doenças e estimularam o desenvolvimento de novas terapias”. Elizabeth e Carol identificaram a enzima telomerase, que forma os telômeros. Enquanto isso, pesquisas de Szostak e Elizabeth elucidaram de que modo o encurtamento dos telômeros está vinculado ao envelhecimento. Desde então, os estudos sobre a telomerase se transformaram em um dos campos mais disputados do desenvolvimento de novos medicamentos, principalmente para câncer, uma vez que, acredita-se, a enzima exerce um papel ao permitir que as células tumorais se reproduzam sem controle. “As pesquisas têm amplas implicações médicas para o tratamento de câncer, certas doenças hereditárias e para o envelhecimento”, afirmou Rune Toftgard, professor do Instituto Karolinska. Carol Greider disse que a pesquisa que rendeu o Nobel de medicina deste ano ilustra a importância dos “descobrimentos motivados por pura curiosidade”. “Quando iniciamos este trabalho, não imaginávamos que a telomerase estaria envolvida com o câncer. Simplesmente tínhamos curiosidade sobre como os cromossomos se mantinham intactos”, concluiu. Fonte: Portal G1 9 10 notícias Foto: divulgação Biossensor faz diagnóstico rápido do HIV Estudo associa vírus a câncer de próstata mais agressivo O câncer de próstata pode ser provocado pelo vírus XMRV, conhecido por causar leucemia e determinados tumores em animais. Esta é a conclusão de um estudo feito na Universidade de Utah (www. utah.edu), nos EUA. Os pesquisadores descobriram que o vírus está presente em 27% dos casos mais agressivos de câncer prostático em humanos. O XMRV é um retrovírus similar ao HIV e já foi anteriormente relacionado ao câncer de próstata, mas não a formas tão agressivas. O vírus insere uma cópia de seu DNA no cromossomo da célula que tenta infectar. Quando isto ocorre junto a um gene que regula o crescimento celular, o processo pode prejudicar o desenvolvimento normal da célula. “Ainda não temos certeza que este vírus cause câncer nas pessoas, mas agora vamos começar a investigar isso”, diz a médica que coordena a equipe de pesquisa, Ila Singh. Depois de descobrirem que o XMRV responde melhor na presença do hormônio testosterona, os pesquisadores pretendem investigar como ele se comporta diante do estrogênio para saber se também tem participação em outros tipos de câncer, se infecta as mulheres e se é sexualmente transmissível. “Estamos estudando os corpos de 100 mulheres e 100 homens que morreram de outras causas para saber se os seus órgãos apresentam o vírus”, acrescenta a médica. O estudo XMRV is present in malignant prostatic epithelium and is associated with prostate cancer, especially high-grade tumors foi publicado na edição de 22 de setembro da revista Proceedings of National Academy of Sciences (www.pnas.org). Fonte: jornal O Globo O uso de enzimas modificadas geneticamente e uma pequena rede de microeletrodos permitiu identificar em menos de uma hora anticorpos anti-HIV. O trabalho foi desenvolvido por uma equipe da Universidade Autônoma de Barcelona - UAD (www.uab.es) e do Conselho Superior de Pesquisas Científicas - CSIC (www.csic.es), também da Espanha. “Ao trabalhar com microeletrodos, o volume de sangue para a amostra pode ser reduzida para microlitros, aumentando a segurança do analista e facilitando a eliminação posterior dos restos gerados”, diz Francisco Javier del Campo, pesquisador do CSIC. “Esse sensor pode ser adaptado a testes de campo com muitas amostras, já que podem ser realizados por pessoal não especializado”, diz Antonio Pedro Villaverde, pesquisador de Genética e Microbiologia da UAB. Os pesquisadores consideram que o uso de “enzimas alostéricas” - que mudam sua atividade enzimática na presença de determinadas substâncias com as quais interagem, como o biossensor - abre novas oportunidades para detectar outras infecções virais de interesse veterinário e clínico, como as hepatites. O funcionamento do biossensor se baseia no uso de enzima modificada geneticamente, em combinação com uma rede de microeletrodos que detectam eletroquimicamente os produtos daquela enzima. Na presença de anticorpos de HIV, a atividade enzimática dispara, o que permite identificar as amostras infectadas em menos de uma hora. Para obter enzimas modificadas geneticamente, os pesquisadores utilizaram enzimas alostéricas. Nelas são inseridas as áreas das proteínas virais do HIV. Foi usada a enzima beta-galactosidase que, junto com substrato, permitiu obter aminofenol, pequena molécula eletroativa que pode ser detectada sobre uma rede de microeletrodos. O sistema funciona ao acrescentar uma pequena quantidade da enzima alostérica na amostra que se quer analisar e em outra, que serve como controle negativo. Após ficarem incubadas em paralelo, incorpora-se a elas pequena quantidade de substrato e se compara a evolução da atividade enzimática mediante a velocidade de produção de aminofenol sobre duas redes idênticas de microeletrodos. As amostras que contêm anticorpos anti-HIV produzem sinais mais significativos. O artigo Fast electrochemical detection of anti-HIV antibodies: Coupling allosteric enzymes and disk microelectrode arrays foi publicado na edição de 8 de maio de 2009, volume 641 da revista Analytica Chimica Acta. Fontes: jornal Diário de Pernambuco e Analytica Chimica Acta notícias 11 ANS divulga números da saúde suplementar A edição de setembro do Caderno de Informação da Saúde Suplementar mostra uma comparação entre a variação do emprego formal e a do número de beneficiários de planos de saúde. A variação do emprego foi acompanhada pela variação do número de beneficiários, com pequena defasagem de tempo - em geral, um mês. A maior queda no emprego ocorreu em dezembro de 2008 e não teve impacto correspondente sobre o número de beneficiários. Na mesma edição é abordada a mortalidade em beneficiários de planos privados de saúde no Brasil, de 2004 a 2006. A metodologia utilizada tem como referência as bases de dados do Sistema de Informações de Beneficiários (SIB/ANS) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS) Publicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, o Caderno está em arquivo no formato “pdf” e pode ser consultado no site da ANS, em: www.ans.gov.br/portal/site/informacoesss/iss_publicacoes.asp. Fonte: ANS Publicado novo Código de Ética Médica Foi publicado no dia 24 de setembro, no Diário Oficial da União, o novo Código de Ética Médica, aprovado em 29 de agosto. Ele passa a valer 180 dias após sua publicação no D.O.U. Debatido por cerca de dois anos, o documento contém artigos do código anterior que foram revisados e novas regras. Alguns dos itens mais polêmicos revistos abordam princípios fundamentais da medicina (prestação de serviços que contrariam os ditames de sua consciência, sigilo sobre atos profissionais e proteção aos sujeitos de pesquisa), responsabilidade profissional e ações vedadas aos médicos (danos por ação ou omissão, abandono de plantão, ilegibilidade nas receitas, atestados e laudos, descumprimento de legislação sobre transplante de órgãos ou tecidos e modificação genética). Artigos novos foram implantados a respeito da isenção quando o médico é designado para servir como perito ou auditor, preenchimento do prontuário e participação em pesquisa médica. Fonte: CFM Justiça revoga liminar do Cremesp contra TISS Médicos do estado de São Paulo estão obrigados a usar as guias eletrônicas do padrão TISS (Troca de Informação em Saúde Suplementar), implantado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A decisão, publicada em setembro, é definitiva e não cabe recurso. Ela derruba a liminar obtida anteriormente pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). O órgão havia entrado com o mandado de segurança coletivo 2008.51.01.022771-1 na Justiça Federal do estado do Rio de Janeiro - onde está a sede da ANS - que impedia a Agência de obrigar médicos de São Paulo a usar as guias eletrônicas do padrão TISS, previstas na Resolução Normativa 153 da Agência. Fonte: ANS 12 notícias Alerta contra o câncer de mama Lugares bem conhecidos de capitais brasileiras receberam iluminação diferente nas últimas semanas. Ações do “Movimento Outubro Rosa - Mulher Consciente na Luta Contra o Câncer de Mama”, que começou em 5 de outubro, iluminaram de rosa monumentos e pontos turísticos como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e outros locais de São Paulo, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Florianópolis. O objetivo é alertar as mulheres para a importância da mamografia no diagnóstico precoce, tratamento adequado e reabilitação de pacientes com câncer de mama. Segundo a Sociedade Americana de Câncer, cerca de 1,3 milhão de mulheres no mundo são diagnosticadas anualmente com câncer de mama, e 465 mil morrem por causa da doença. A estimativa no Brasil é de que esse tipo de câncer afete a vida de mais de 49 mil brasileiras até o final de 2009. Mais informações: www.femama.org.br e www.mulherconsciente.com.br. Fonte: Agência Brasil Médicos formados no exterior farão prova para validar diploma A partir de 2010, os médicos que se formaram em outros países poderão fazer uma prova para ter seu diploma validado no Brasil. Este é o projeto-piloto lançado pelos ministérios da Educação e da Saúde, através de portaria publicada em 16 de setembro, no Diário Oficial da U n i ã o (Seção 1, página 14). O objetivo é reduzir a fila enfrentada pelos profissionais que desejam trabalhar no país. Segundo o MEC, o processo de revalidação de diploma demora, atualmente, cinco anos. O projeto prevê que os candidatos façam uma prova aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do MEC, que será dividida em fases escrita e prática. Além disso, os candidatos devem preencher alguns requisitos, como ter feito curso reconhecido no país de origem e apresentar comprovante de carga horária. Estrangeiros em situação regular no Brasil também poderão fazer a prova. Fontes: jornal O Estado de S.Paulo e AMB Hábitos simples diminuem riscos de contaminação Lavar as mãos, usar jalecos, luvas e máscaras são práticas ainda negligenciadas por muitos profissionais de serviços de saúde, inclusive laboratórios. O alerta foi dado pelo pesquisador da Fiocruz José Paschoal Simonetti, no 6º Congresso Brasileiro de Biossegurança, realizado em setembro, no Rio de Janeiro. “Certa vez, um rapaz que trabalhava em um laboratório de medicina diagnóstica confidenciou que nem sempre utilizava jaleco, luva e máscara e ainda fumava na bancada de análise”, revelou Simonetti. Ele disse que situações como essa são comuns e não ocorrem por falta de treinamento e conscientização. “O profissional afirmou que agia desta forma, pois não tinha tempo. O treinamento é importante também para investigar os problemas que estão levando à negligência e, então, adequar as medidas de segurança à realidade de cada ambiente de trabalho”, acrescentou. Simonetti também destacou a necessidade dos cursos na área de saúde reforçarem o ensino de práticas de biossegurança. “Até hoje, vemos no país que muitos profissionais, na falta de transporte especializado, utilizam os próprios veículos para levar amostras. Também é comum ver geladeiras, que guardam reagentes e amostras, armazenar alimentos”, disse. Ele apresentou dados que mostram que profissionais de saúde têm maior risco de contaminação do que a população em geral. No caso de enfermeiros, esse risco é de três a 20 vezes maior; em patologistas é de seis a 11; e em técnicos de laboratório é de duas a nove vezes. Fonte: Agência Notisa notícias 13 TCU não audita recursos da saúde nos estados Cabe aos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal fiscalizar a aplicação dos recursos em serviços públicos de saúde. É o que informou o Tribunal de Contas da União (TCU) à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. lei Macris (PSDB-SP), considerou que o TCU apontou os Os tribunais estaduais também têm a responsabilidade de verificar se as suas respectivas unidades da Federação estão cumprindo a Emenda 29, que fixa investimentos mínimos na saúde. A responsabilidade do TCU está restrita a auditoria dos recursos em âmbito federal. Em 2005, a comissão havia pedido uma auditoria nos dados enviados por Estados e Distrito Federal para o Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops). O pedido foi na forma da Proposta de Fiscalização Financeira e Controle (PFC) 88/05, que tramita em conjunto com a PFC 90/05. O relator das propostas na comissão, deputado Vander- caminhos para que a fiscalização seja realizada, ainda que a PFC 88/05 não tenha atingido seu objetivo. O parecer do relator foi aprovado no dia 16 de setembro. Fonte: Saúde Business Web 14 notícias Calor favorece transmissão de leishmaniose visceral infectados, com ou sem sintomas clínicos, são o principal reservatório e transmissor da doença para o ser humano. Representantes do Brasil, Argentina, Paraguai, das Organizações Panamericana (Opas) e Mundial de Saúde (OMS) reuniram-se em setembro, em Foz do Iguaçu (PR), para trocar informações sobre seus programas de vigilância, controle e combinar ações conjuntas. A chegada da primavera e a proximidade do verão exigem alerta redobrado contra a leishmaniose visceral (LV) porque o calor favorece a transmissão da doença, que pode ser fatal. Provocada pelo protozoário Leishmania chagasi, ela é transmitida pelo inseto Lutzomia longipalpis. Os cães “A dispersão geográfica da LV em determinadas regiões da Argentina, Brasil e Paraguai aumentou muito e mudou a epidemiologia da doença em áreas urbanas e periurbanas, com aumento de casos fatais acima do esperado”, diz Renato Gusmão, da Organização Pan-amaericana de Saúde. Segundo a Opas, como ainda não existem meios para evitar que eles contaminem os homens e outros cachorros, a conduta indicada é sacrificar os cães. Para Gusmão, o tratamento e vacinação dos animais com os produtos que existem hoje não são aconselháveis porque, além de ineficazes, dificultam as ações de vigilância e prevenção da doença. A leishmaniose visceral é uma das doenças consideradas negligenciadas. Fonte: Opas Exame de urina pode ajudar no diagnóstico de apendicite Um teste de urina, ainda em fase experimental, pode diagnosticar apendicite com maior rapidez do que as provas usadas atualmente. O estudo foi realizado no Children’s Hospital Boston - CHB (www.childrenshospital.org), dos EUA. Os pesquisadores inicialmente examinaram amostras de urina de seis pacientes com apendicite e seis sem o problema. Foram identificados 32 possíveis marcadores biológicos associados. Em seguida, adicionaram 25 outros marcadores já detectados em estudos genéticos. O passo seguinte foi procurar esses 57 potenciais marcadores em 67 crianças com possível apendicite. Dentre estas, 25 realmente apresentavam o problema. As provas de desempenho dos marcadores foram comparadas com o diagnóstico patológico e com o grau histológico de apendicite. Nesta etapa, foram identificados sete marcadores biológicos associados ao problema que apresentaram desempenho diagnóstico favorável, entre eles a calgranulina A (S100-AB), a alfa-1-ácido glicoproteína 1 (orosomucóide) e a alfa-2-glicoproteína, rica em leucina (LRG). Esta aparecia especialmente enriquecida nos apêndices doentes, e sua quantidade apresentava relação com a gravidade da apendicite. “Encontramos uma proteína na urina que é o diagnóstico para apendicite”, diz diretor do centro de proteômica do CHB, Hanno Steen, coautor do trabalho. “Isto significaria um diagnóstico de apendicite mais rápido, mais confiável e de menor custo.” Ele explica que a prova fornece o resultado em 30 minutos e pode evitar muitas cirurgias desnecessárias. O novo teste ainda não foi validado em adultos. O estudo Discovery and Validation of Urine Markers of Acute Pediatric Appendicitis Using High-Accuracy Mass Spectrometry foi publicado na edição de 26 de junho de 2009 da revista Annals of Emergency Medicine (www.annemergmed.com). Fonte: wwww.labmedica.es notícias 15 Infecções podem ter relação com aterosclerose Pesquisa publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia sugere que existe uma associação entre os títulos de anticorpos anti-Chlamydia e anti-Mycoplasma na fase aguda dos pacientes com angina instável ou infarto do miocárdio. Com o título Prevalência de Chlamydia Pneumoniae e Mycoplasma Pneumoniae em diferentes formas da doença coronariana, o artigo é assinado por Irineu Luiz Maia, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), e colegas e foi publicado na edição de junho/2009. O trabalho foi realizado com pacientes que apresentaram angina por cerca de 24 horas, e que se enqua- draram em critérios determinantes de infarto agudo do miocárdio, como dor retroesternal de forte intensidade e caráter opressivo, critérios eletrocardiográficos e também marcadores de necrose miocárdica, tais como elevação de pelo menos duas vezes em relação aos valores normais da CKMB (creatinoquinase MB) atividade (normal até 25 U/L) e/ou troponina T (normal até 0,010 ng/mL). Nos exames sorológicos foi utilizada a técnica de imunofluorescência indireta. Os grupos com Síndrome Coronariana Aguda (SCA) apresentaram níveis séricos de anticorpos anti-Chlamydia e anti-Mycoplasma mais altos na dosagem basal, em relação aos pacientes com doença arterial coronariana crônica e grupocontrole. Porém, eles consideram que as diferenças encontradas não têm relevância estatística. “Não foram observadas “diferenças significativas dos níveis sorológicos entre os grupos aterosclerose crônica e controle, tanto para Chlamydia quanto para Mycoplasma. Mas para os autores da pesquisa, “esses dados sugerem que a participação do processo infeccioso poderia estar restrita apenas aos mecanismos de instabilidade da placa”, explicam. O artigo pode ser lido na íntegra no site do Scielo (www.scielo.br). Fonte: Agência Notisa Congresso da WASPaLM será em Las Vegas Proteína colabora no combate ao diabetes O 26º Congresso da Associação Mundial das Sociedades de Patologia e Medicina Laboratorial (WASPaLM, na sigla em inglês), será de 19 a 23 de outubro de 2011, na cidade de Las Vegas (EUA). O evento vai ocorrer simultaneamente ao encontro anual da American Society for Clinical Pathology (ASCP). Associação que reúne 37 Sociedades, Colégios e Associações de 28 países da área de patologia e medicina laboratorial, a WASPaLM foi fundada em Paris, em setembro de 1947, com o nome de International Society of Clinical Pathology (Sociedade Internacional de Patologia Clínica). A ativação da proteína TGR5 ajuda a reduzir o ganho de peso e combater o diabetes. Esta é a conclusão do trabalho TGR5-Mediated bile acid sensing controls glucose homeostasis, desenvolvido em conjunto por pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (www.epfl.ch), Suíça, e da Universidade de Perugia (www.unipg.it), Itália, e publicado na edição on line de 2 de setembro da revista Cell Metabolism. Em pesquisa anterior, o mesmo grupo já havia demonstrado que a ativação da TGR5 em tecidos musculares e adiposos levou ácidos biliares a provocar aumento do gasto de energia do organismo de camundongos e prevenir, e até mesmo reverter, a obesidade induzida nesses animais. O novo estudo concentrou-se na ação da proteína no intestino, onde ela é expressa em células especializadas na produção de hormônios. Chamadas de enteroendócrinas TGR5, estas células controlam a secreção do hormônio GLP-1, importante no controle da função pancreática e na regulação dos níveis de açúcar no sangue. Sob condições de laboratório e utilizando novamente camundongos, os pesquisadores demonstram que a TGR5 pode efetivamente tratar o diabetes e reduzir a massa corporal do indivíduo. Segundo os autores do trabalho, esses efeitos estão relacionados ao aumento da secreção de GLP1 e do gasto energético. Os autores apresentam como método alternativo no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade aumentar a secreção de GLP-1 e administrar o ativador da proteína TGR5. Mais informações: www.cell.com/cell-metabolism. Fonte: Agência Fapesp Em 1969, ela passou a se chamar World Association of (Anatomical and Clinical) Pathology Societies – WAPS. Pouco depois o nome foi alterado novamente para World Association of Societies of Pathology (Anatomic and Clinical) - WASP. No congresso mundial realizado em 1999, em São Paulo, com a organização da SBPC/ML, a instituição alterou novamente sua denominação para World Association of Societies of Pathology and Laboratory Medicine (WASPaLM), com o objetivo de mostrar que é uma instituição abrangente. Mais informações sobre o 26º Congresso da WASPaLM em www.waspalm.org. curtas 16 Anvisa tem 0800 Denúncias, informações sobre produtos sujeitos à vigilância sanitária e orientações para viajantes podem ser obtidas pelo telefone 0800 642 9782, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que funciona de segunda à sexta-feira, das 7h30 às 19h30. Mutações não reduzem periculosidade do H1N1 Segundo a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, Margareth Chan, dados recebidos de laboratórios do mundo inteiro mostram que o vírus que circula atualmente é muito parecido com aquele do começo da pandemia. Fonte: OMS CID não é obrigatório em guias do TISS Os médicos não precisam mais preencher o Código Internacional de Doenças (CID) nas guias do padrão TISS, da ANS. Isto só é necessário em casos de internação. A decisão foi tomada na reunião do Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (Copiss), em 1º de outubro. Qualquer exigência das operadoras deve ser denunciada à ANS. Fonte: CFM Tecnologia para a saúde A Faculdade de Saúde Pública da USP inaugurou um centro de produção digital com equipamentos de ponta para produzir, editar e veicular material audiovisual para fins didáticos na área da saúde. Mais informações: www.fsp.usp.br. Fonte: Agência Fapesp Candida albicans tem reprodução homossexual É o que revela o artigo Homothallic and heterothallic mating in the opportunistic pathogen Candida albicans, de Kevin Alby e colegas, dos EUA, publicado em 13 de agosto na revista Nature (www. nature.com). Os autores descobriram que, sob certas circunstâncias, a reprodução de C. albicans pode ocorrer entre células do mesmo sexo. Fonte: Agência Fapesp MBA em Economia e Gestão em Saúde O Centro Paulista de Economia da Saúde (CPES), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) abriu inscrições para o MBA em Economia e Gestão em Saúde de 2010. As aulas serão de fevereiro a dezembro, às quartas-feiras. O curso é voltado a profissionais da saúde, gestores e administradores de serviços de saúde públicos ou privados, bem como profissionais de outras áreas envolvidos com a discussão de temas pertinentes ao sistema de saúde. Informações: telefax (11) 5575-6427, 5572-5941 e 5549-0158, [email protected], www.cpes.org.br. Malária tem origem milenar O artigo The origin of malignant malaria, de Francisco Ayala e colegas, publicado na PNAS (www. pnas.org.br), sugere que a malária foi transmitida de chipanzés para o homem há, no mínimo, 5 mil anos e através de um único mosquito. Atualmente, a doença atinge cerca de 500 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, e provoca 1,5 milhão de mortes. notícias 17 Multiplex-PCR é usado no diagnóstico de listeriose A pesquisadora e nutricionista Rafaela Moledo, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), órgão da Fiocruz, empregou a técnica de Multiplex-PCR para identificar com maior rapidez grupos de subtipos da Listeria monocytogenes, bactéria causadora da listeriose, infecção provocada principalmente por alimentos contaminados. A doença é muito perigosa para recém-nascidos, gestantes, idosos e pessoas com baixa imunidade. “Até aqui, as análises convencionalmente utilizadas levam até 15 dias para detectar a L. monocytogenes. Essa metodologia pode fazer isso em apenas quatro dias”, explica Moledo. Ela acrescenta que “a velocidade é crucial no diagnóstico e tratamento de pacientes com suspeitas de infecção por essa bactéria”. A ideia para o trabalho foi inspirada em um artigo publicado por pesquisadores do Instituto Pasteur, da França, que utilizaram a técnica. Para desenvolver e aplicar o método no Brasil, Rafaela e seu orientador, Victor Marin, escolheram a L. monocytogenes. Como amostra, foi usado queijo Minas frescal por ser um alimento que não é cozido antes do consumo, o que favorece a transmissão da bactéria. Marin, que é vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Projetos Estratégicos do INCQS, avisa que opção pelo queijo não significa que se trata de um produto contaminado. “O que realizamos foi meramente um estudo acadêmico em determinados lotes”, explica. O trabalho de Rafaela, Utilização da técnica Multiplex-PCR na diferenciação dos principais grupos de sorovares de Listeria monocytogenes isolados de queijo minas frescal, foi publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, de dezembro de 2008. Fonte: Agência Fiocruz de Notícias Livros Bioquímica Clínica Autores: Salim Kanaan e Maria Alice Terra Garcia Editora Atheneu (www.atheneu.com.br) O livro tem sua origem na equipe de professores da disciplina de Bioquímica Clínica da Universidade Federal Fluminense. Seu conteúdo é didático e foi escrito a partir da experiência de ensino e pesquisa de seus atores, suas aulas e cursos. Medicina laboratorial para o clínico Autores: Elza Santiago Erichsen, Luciana de Gouvêa Viana, Rosa Malena Delbone de Faria e Silvana Maria Eloi Santos. Editora: Coopmed Editora Médica (www.coopmed.com.br) Aborda diversas situações clínicas, incluindo doenças infecciosas, metabólicas, hematológicas, autoimunes. Os capítulos discutem a propedêutica laboratorial indicada no diagnóstico e condução clínica, comentam os exames laboratoriais pertinentes, contemplando os fundamentos metodológicos, variações biológicas, valores de referência, cuidados na coleta, fatores interferentes, variações analíticas e estabelecem ordem de prioridades ao apoio diagnóstico. Diagnóstico laboratorial em nefrologia Autora: Gianna Mastroianni Kirsztajn Editora Sarvier ([email protected]) Trata da investigação laboratorial nas doenças renais, enfatizando as melhores opções de exames e sua interpretação, e da importância do diagnóstico laboratorial de um modo geral. Tem a colaboração de nefrologistas e patologistas clínicos, como Adagmar Andriolo, Luisane Vieira, Paula Bottini e Wilson Shcolnik. 18 classificados Compra / Precisa-se MATRIX SELECIONA DESENVOLVEDOR DE SOFTWARE MATRIX PROCURA PROFISSIONAL DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE COM EXPERIÊNCIA EM GESTÃO E AUTOMAÇÃO DE LABORATÓRIOS. 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