Aula: 06 Temática: Entalpia Introduziremos hoje uma propriedade de grande utilidade para contabilizar o balanço térmico de processos físicos e de reações químicas que ocorram em uma pressão constante. 1. Entalpia Quando o volume em uma mudança de estado não é constante, a variação de energia interna não é igual somente ao calor recebido, é considerada a subtração da energia na forma de trabalho de expansão. Neste caso o calor fornecido a pressão constante equivale à outra propriedade termodinâmica, a entalpia, H. Definimos a entalpia pela equação: H = U + pV Como U, p e V são funções de estado, logo a entalpia também é uma função de estado. O sistema efetuando somente o trabalho de expansão (nenhum trabalho além deste) possui a variação de entalpia igual à variação do calor, à pressão constante: dH = dQ Para ficarmos com uma variação finita: ∆H = Q p É comum que os efeitos de calor sejam medidos à pressão constante, indicando variação de entalpia do sistema, mas não significando variações de energia. Para calcular a variação de energia com a pressão constante a equação fica: ∆U + p∆V = Q p FÍSICO-QUÍMICA Os processos de vaporização e fusão acontecem à pressão e temperatura constantes. Na vaporização o calor tirado das vizinhanças é o calor de vaporização (Qvap) e na fusão é o calor de fusão. Deste modo, Qvap = ∆Hvap e Qfus = ∆Hfus. O aumento de temperatura tende a aumentar a entalpia de uma substância. A relação entre tais elevações depende de condições como pressão ou volume serem constantes. Considerando a pressão constante, o coeficiente angular da curva traçada no gráfico de entalpia por pressão é chamado de capacidade calorífica à pressão constante, Cp. ∂H Cp = ∂T P A capacidade calorífica à pressão constante é análoga à capacidade calorífica, ao volume constante e também é uma propriedade extensiva. Para uma variação infinitesimal da equação acima temos: dH = C p dT se c p cons tan te em ∆T → ∆H = C p ∆T Lembrando que ∆H = Qp, então substituímos na equação acima: Q p = C p ∆T A variação da capacidade calorífica com a temperatura pode ser ignorada nos casos onde a faixa de temperaturas estudada for pequena, sendo uma aproximação exata para os gases ideais monoatômicos. Quando for necessário considerar a variação da capacidade calorífica, usamos a seguinte expressão empírica: C p ,m = a + bT + c T2 Onde Cp,m é a capacidade calorífica molar com volume constante; a, b e c são parâmetros empíricos independentes da temperatura (valores tabelados). FÍSICO-QUÍMICA A maioria dos sistemas se expande quando aquecidos em pressão constante, contudo neste processo o valor da energia transferida como trabalho para as vizinhanças é subtraída da energia transferida como calor para o sistema (∆U=Q-W). A partir daí sabemos que a temperatura do sistema se eleva mais lentamente com pressão e o volume constantes, pois em um processo que tenha o volume constante, o sistema não realiza trabalho. A menor elevação de temperatura indica maior capacidade calorífica, então na capacidade calorífica a pressão constante tende a ser maior que o volume constante. A relação entre estas duas propriedades para um gás ideal é C p − Cv = nR A equação permite a dedução de que a capacidade calorífica molar à pressão constante de um gás ideal é aproximadamente 8 J / K mol maior que o volume constante (R = 8,314 J / K mol). 2. Transformações adiabáticas Se não há transferência de calor, a mudança de estado é adiabática. Neste processo é de se esperar que haja mudança de temperatura (em uma expansão ocorre redução da temperatura). Como, para este caso, ficamos com W = -∆U, significa que o trabalho é produzido pela diminuição da energia interna, evidenciando a diminuição da temperatura. A determinação de ∆U de um gás perfeito com mudança de temperatura e de volume pode ser dividida em duas partes: • Para a primeira, consideramos T constante (no valor inicial) e variamos V, de modo que ∆U = 0 já que não há variação de energia cinética das moléculas nestas condições. • Para a segunda parte alteramos T com V constante. Na hipótese de a capacidade calorífica ser independente de T a variação é: ∆U = Cv ∆T = −Wad FÍSICO-QUÍMICA O tipo mais importante de expansão adiabática é a reversível, na qual a pressão externa é equilibrada pela pressão interna ao longo do processo. Para tanto, V f T fc = ViTi c Onde c= C v ,m T A equação para a variação de pressão provocada por uma expansão adiabática reversível em um gás ideal fica: piVi γ = p f V fγ pV γ = Constante A razão entre as capacidades caloríficas, γ, γ > 1, é dada por: γ = C p ,m Cv , m γ = Cv ,m + R Cv , m Exercícios Propostos: 1. Numa expansão adiabática de um mol de um gás ideal a uma temperatura inicial de 25°C, o trabalho produzido foi de 1200 J. Se Cv,m = (3/2) R, calcule a temperatura final, Q, W, ∆U e ∆H. 2. Um mol de um gás ideal, Cv,m = (5/2) R, é submetido a duas transformações de estado sucessivas. a) Inicialmente a 25°C e 100 kPa, o gás é expandido exotermicamente contra uma pressão constante de 20 kPa para duas vezes o seu volume inicial. b) Após sofrer a transformação (a) o gás é esfriado a volume constante de 25°C para –25°C. Calcule Q, W, ∆U e ∆H para as transformações (a), (b) e para a transformação total (a) + (b). FÍSICO-QUÍMICA 3. A entalpia padrão da decomposição do complexo amarelo H3NSO2 em NH3 e SO2 é +40 kJ / mol. Calcular a entalpia padrão de formação do H3NSO2. Vimos nesta aula um conceito de extrema importância, a entalpia. Esta propriedade ainda será muito usada por nós ao longo do curso. FÍSICO-QUÍMICA