Faculdade Internacional de Curitiba
Pós-Graduação Latu Sensu Metodologias
Inovadoras Aplicadas à educação
Centro Associado de Tucuruí
Tucuruí-Pa
2008
Raimundo Nonato Alves Araújo
Maria Zélia Maria da Silva Nunes
A leitura e a escrita na era digital:
A sociedade tecnológica
Orientadora: Profª. Msc. Genoveva Ribas Claro
Tucuruí- Pa
2008
APRESENTAÇÃO
A leitura e a escrita, apesar de ser um tema bastante discutido e
pesquisado, atualmente, ainda não apresenta dinamismo e progressão.
Emília Ferreiro e Ana Teberosky mostraram seus resultados de pesquisa
há mais de duas décadas através da premiada obra "Psicogênese da
Língua Escrita", onde descreve os rumos percorridos pelas crianças ao
iniciarem sua inserção no mundo da leitura e da escrita. Além dessa
obra, cabe aqui destacar o livro "Com Todas as Letras", na qual Emília
Ferreiro faz um apanhado de sua obra clássica e acrescenta algumas
outras conclusões a respeito da aquisição do domínio da língua em suas
diversas categorias.
Mais adiante, Carlos Cagliari, em sua obra intitulada "Alfabetização e
Lingüística", autor contemporâneo e preocupado com as crianças enquanto
seres em desenvolvimento intelectual e em busca de sua posição social, em
sintonia com a cultura letrada da qual faz parte.
A tudo isso, soma-se o espanto causado pelo uso da internet,
que utiliza o hipertexto como “linguagem” e, de certa forma,
contraria todos os pressupostos defendidos por uma educação
escolar conservadora e empobrecida, resultando daí, em
conflitos de ordem sócio-econômica, política e cultural.
PROBLEMA
Nas culturas que não conheciam a escrita, a transmissão da história
se dava através das narrativas orais: o narrador relatava as experiências
passadas a ouvintes que participavam do mesmo contexto comunicacional.
Era uma espécie de história encarnada nas pessoas: quando os mais
velhos morriam, apagavam-se dados irrecuperáveis pelo grupo social.
A escrita inaugurou uma segunda etapa na história humana. Com ela,
mudaram as relações entre o indivíduo e a memória social. O sujeito pôde
projetar sua visão de mundo, sua cultura, seus sentimentos e vivências, no
papel.
Em vez do horizonte de eterno retorno das narrativas orais, a escrita
traz o sentido de linearidade. A memória de uma cultura já não cabe apenas
no conto: ela é constituída de documentos, vestígios, registros históricos,
datas e arquivos. Tudo passa a estar inscrito numa cronologia.
O distanciamento possibilitado pela grafia permite o registro das
experiências e das hipóteses, o conhecimento especulativo, o documentário
de comprovações, a compilação de teorias e paradigmas.
OBJETIVOS:
Objetivo Geral:
Tomar conhecimento acerca da leitura e da escrita que vem sendo
realizada por alunos de escolas do ensino fundamental.
Objetivos Específicos:
 Compreender o motivo de os alunos se interessarem mais pelo modo
virtual em contrapartida ao modo tradicional de ler e escrever;
 Analisar os possíveis benefícios ou prejuízos causados pela escolha de um
ou outro tipo de ler e escrever;
 Esclarecer estereótipos surgidos com o advento da tecnologia da
informação no meio educacional, no Brasil;
 Propor situações inovadoras e concretas em relação ao uso adequado dos
novos meios de comunicação no campo educacional.
METODOLOGIA
Após estudos bibliográficos de autores que tratam da leitura na era
dos computadores e da transmissão de informações por meios modernos,
como a internet, levantando as principais teorizações a respeito da
problemática surgida com o advento da tecnologia a serviço da educação,
deu prosseguimento à proposta de esclarecer os motivos pelos quais os
meios de transmissão de conhecimentos outrora utilizados estão sendo
substituídos por recursos ainda pouco explorados mas que já ganhou a
preferência das pessoas, principalmente das crianças.
Houve a necessidade de uma pesquisa de campo voltada a levantar
dados que evidenciem a predisposição dos alunos em utilizar os modernos
meios de comunicação e difusão de conhecimentos, que se encontram ao
seu alcance. Para isso, e com o intuito de não encerrar o tema ou mitificálo, tal pesquisa se limitará em expor fatos e situações coletados em 02
(duas) escolas do município de Tucuruí, sendo 01 (uma) pública e 01 (uma)
particular, ambas abrangendo ensino de 1ª a 4ª séries do ensino
fundamental.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conforme Ferreiro (2001, p.31):
Não há um processo cumulativo simples, unidade por unidade, mas
organização, desestruturação e reestruturação contínua. As crianças
procuram ir sistematizando o que aprender (na aprendizagem da
linguagem e em todos os domínios do conhecimento), põe à prova a
organização conseguida através de atos afetivos de utilização do
conhecimento adquirido, e reestruturam quando descobrem quando a
organização anterior é incompatível com os dados da experiência. São
atividades por natureza; não se trata de motivá-las para que o sejam. O
que desmotiva, o que dificulta a aprendizagem, é impedir esses
processos de organização da informação.
Para Cagliari (2001), o professor muitas vezes se esquece de permitir
que o educando conheça o mundo das letras pela leitura de sua própria
realidade, para ampliá-la paulatinamente, bastando, para isso, o convite
para que o leitor fale, “se solte”, se expresse livremente sobre a sua
leitura do mundo, a sua primeira leitura.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Cagliari (2001):
Forçar o aluno a aprender o português como se fosse uma língua de
ritmo silábico e induzi-lo a modificar a sua fala natural, produzindo
aqueles que lêem ‘tudo explicadinho’, como se diz na escola, silabando as
palavras em vez de pronunciá-las com ritmo normal. Com isso não
queremos dizer que a escola não possa ensinar o que é uma sílaba, como
ela se estrutura em português, etc.; o que deve fazer é ensinar de
maneira correta e adequada. Pode até ser que não seja interessante
ensinar o que é sílaba na alfabetização, da mesma forma que não se
ensina o que são morfemas, apesar de serem utilizados na prática. (p.72)
A mediação do colega ou do próprio professor apontam a existência
de um nível de desenvolvimento – o proximal – que deve ser considerado
na prática pedagógica. Vygotsky (2002, Apud REGO, p.74) assinala que:
... zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível
de desenvolvimento real, que se costuma determinar através
da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento proximal, determinado através da solução de
problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração
com companheiros mais capazes.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Educando-se, o homem torna-se fonte de recurso para seu próprio
eu, para seus semelhantes, enfim, para todos aqueles que compartilham
o prazer de ser e estar na natureza, na sociedade. Somente a partir do
momento em que o homem conscientiza-se de que é um ser social e,
para tanto, necessita evoluir, dada a importância de sua compreensão
do processo evolutivo da espécie humana. As pessoas precisam estar
convencidas de que a educação não ocorre naturalmente mas, mesmo
assim, é impossível desviar-se dela, não admiti-la como imprescindível
para uma plena realização pessoa, um crescimento cognitivo e um avanço
social expressivo. Segundo Brandão, (1998, p.11):
A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras
que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéias, como
crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela
pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e
o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os
homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
ADORNO, T, W. & HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. RJ:
Zahar Editor, 1994.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 9.ed. são Paulo:
Brasiliense, 1998.
SCHAFF, A. A Sociedade Informática: as conseqüências sociais da
segunda revolução industrial. 3a. ed. São Paulo: Editora da UNESP,
1992.
CAGLIARI, Luiz Carlos. O príncipe que virou sapo. In: PATTO, Maria
Helena (Org.). Introdução à psicologia escolar. 2. ed. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1997.
________. Alfabetização & lingüística. 10 ed. São Paulo: Scipione,
2001.
FERREIRO, Emília. TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita.
20 ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 1999.
__________. Com todas as letras. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural
da educação. 13 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
CONCLUSÃO
As pesquisas bibliográficas realizadas possibilitaram uma
compreensão mais abrangente acerca da leitura e da escrita como
elemento de inserção das crianças no mundo letrado, no meio social em
que há o predomínio do código escrito, do entendimento do mundo a
partir de uma organização simbólico-gráfico que prioriza o língua, em
suas estruturas oral e ‘letrada’.
A equipe considerou de valor imprescindível a compreensão de
como a criança vê a utilização da escrita, juntamente com a leitura,
tanto na sala de aula, durante a realização das atividades escolares,
como também quando ela está em seu meio social, na família, entre
amigos. Pois entender o funcionamento do sistema da escrita é algo
indispensável para que a criança possa se desenvolver integralmente,
já que, com instrução, poderá orientar-se melhor no mundo em que
vive. Fato esse que enobrece todo e qualquer trabalho docente.
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