Abordagem Atual no Tratamento
do Mioma Uterino
Dr. Frederico José Silva Corrêa
....................................... Diretor da Clínica Fertilité • Professor da UCB • Professor da FEPECS ................................................
O
mioma uterino, também
conhecido como leiomioma, fibróide e leiomiofibroma é o tumor pélvico sólido mais comum das mulheres. A prevalência
do mioma uterino pode variar de 20%
a 50% das mulheres no período reprodutivo (Verkauf, 1992). Em estudo
epidemiológico publicado recentemente nos Estados Unidos, 80% das
mulheres negras e 70% das mulheres brancas até os 50 anos de idade apresentaram evidência de mioma uterino
ao exame de ultra-­sonografia (USG) (Day Baird et al., 2003). A faixa etária
mais freqüente do aparecimento deste
tumor situa-se entre 35 e 45 anos de
idade, entretanto pode acometer as
mulheres em qualquer época da vida.
Parentes de primeiro grau de mulheres com esta patologia tem 2,5 vezes mais chance de desenvolver o tumor quando comparadas a pacientes sem casos
na família (Dixon et al., 2006).
A etiopatogenia ou a causa do aparecimento do mioma uterino é ainda
uma questão bastante discutida. Parece haver evidências suficientes que demonstram um envolvimento genético (mutações em alguns genes), hormonal (estrogênio e progesterona) e de inúmeros fatores de crescimento
além da matrix extracelular (colágeno e proteoglicanos) (Dixon et al., 2006;
Wallach e Vlahos, 2004).
O mioma uterino apresenta-se sob
a forma de um ou vários nódulos circunscritos de tamanhos variados, podendo se localizar em qualquer parte do útero (colo, corpo e fundo uterinos).
Além disso estes tumores podem se localizar em qualquer uma das três camadas uterinas, sendo denominados mioma submucoso aquele que cresce em
direção a cavidade uterina, intramural
o que cresce dentro da parede uterina e
o subseroso aquele que se desenvolve
rumo à parte externa do útero (serosa).
A localização mais comum dos miomas é na região corporal e intramural do útero (Wallach e Vlahos, 2004).
Os miomas uterinos na maioria das
vezes são assintomáticos, menos de 50% das pacientes com esta patologia vão apresentar sintomas. Quando presentes, o principal sintoma é o sangramento uterino anormal (30% a 50%
dos casos) na forma de metrorragias (sangramento em período inesperado), hipermenorréia (fluxo menstrual > 8 dias) ou menorragia (volume menstrual aumentado > 80ml). O segundo sintoma mais freqüente é a dor pélvica
que pode ocorrer em 20% a 50% dos
casos de mioma uterino. Outros sintomas menos comuns são o aumento do
volume abdominal, sintomas urinários
ou intestinais devido a compressão
tumoral, anemia, dispareunia (dor na
relação sexual) e até mesmo a infertilidade conjugal (Wallach e Vlahos, 2004).
Figura 1 e 2 – Mioma grande pesando mais de 1000g, miomectomia laparotômica com preservação do útero.
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O diagnóstico do mioma uterino depende da sintomatologia da paciente e de uma história clínica e exame físico bem feitos. Além disso alguns exames complementares podem nos
ajudar na confirmação diagnóstica. Os principais exames utilizados na avaliação do mioma uterino são os exames
de imagem, mais precisamente a ultra-­sonografia transvaginal. Em casos de múltiplos nódulos de miomas a ressonância magnética pode ser muito útil na detecção exata do número,
localização e do tamanho de todos os miomas, que são dados importantes na
escolha do tratamento. A histeroscopia
diagnóstica também pode ser importante na avaliação do mioma uterino
em relação à cavidade do útero.
O tratamento do mioma uterino só deve ser indicado aquelas pacientes
com sintomas relacionados à presença do tumor e em casos de miomas
grandes mesmo na ausênicia de sintomas. Pacientes assintomáticas ou com
miomas pequenos não necesssitam de
tratamento. A escolha do tipo de tratamento indicado para cada paciente
depende de vários fatores que devem
ser sempre analisados, tais como: tipo
e intensidade dos sintomas, idade da
paciente, número de filhos, tamanho, localização e número de nódulos de miomas e por fim o desejo ou não de preservação do útero pela paciente
(Wallach e Vlahos, 2004).
Naquelas pacientes que não desejam preservar o útero, a histerectomia
pode ser indicada. Caso contrário indica-se a miomectomia (retirado somente dos miomas), que pode ser por
histeroscopia quando o mioma ocupa a
cavidade uterina, por laparotomia (figura 1 e 2) ou por vídeolaparoscopia (figura 3). A vídeolaparoscopia seria procedimento de escolha nos casos de
miomas < 10 cm e em número menor
que 4 nódulos (Hurst et al., 2005).
Outros tipos de tratamento como
a embolização da artéria uterina ou miomatosa, a miólise (destruição dos miomas por frio ou calor) e a cirurgia por ultra-­som guiada por ressonância magnética (teve seu uso liberado pelo FDA há pouco tempo para uso
em mioma) são considerados métodos
bons de tratamento porém ainda são
pouco realizados no Brasil (Bruce et
al.,2001; Ravina et al., 1995;; Stewart et al., 2006).
Para o futuro a biologia molecular tem demonstrado que poderemos
um dia utilizar técnicas de engenharia genética, com uso de vetores para inclusão de genes dentro das células miomatosas levando a uma destruição
da mesma com desaparecimento dos
sintomas (Al-­Hendy e Salama, 2006).
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Figura 3 – Miomectomia laparoscópica, três miomas subserosos (foto) e dois intra murais (não
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