Como tratar e identificar mioma que atinge cerca de 80%
das mulheres
A Coluna Bem-Estar desta semana vai falar de um problema muito conhecido das
mulheres: os miomas, um tumor benigno, mas que pode trazer conseqüências
desagradáveis, se não for tratado.
Dois anos atrás, a psicóloga Darci de Queiroz, de 47 anos, moradora de Realengo,
percebeu que as roupas não estavam mais servindo. "Comecei a malhar e aumentei
o número de abdominais. Eu já fazia uma quantidade. Passei para mais, e a barriga
continuava crescendo”, conta a psicóloga.
Mas Darci não estava engordando. O que ela tinha era um mioma, tumor benigno
que aparece no útero das mulheres. Um dos sintomas é justamente o inchaço da
parte abdominal. “Um dia, eu deitei na cama, apertei a barriga e senti um caroço.
Ele já estava bem crescido. Fui a uma ginecologista. Ela pediu uma ultra-sonografia
e acusou um mioma que já estava grande e outros que não ficaram precisos. Tive
que fazer cirurgia. Na hora da operação, foram retirados 18 miomas”, diz.
Já a administradora de empresas Claudia Melo, de 30 anos, trabalhava oito horas
por dia sem qualquer sintoma. O diagnóstico veio em um exame de rotina no
ginecologista. “Para mim foi um choque. Eu nunca imaginava que eu estava com
mioma. Ainda mais, porque a gente sempre coloca na cabeça que mioma é uma
situação absurda, algo que vai fazer a pessoa perder o útero”, diz a jovem.
“No caso da Cláudia, o nosso objetivo foi justamente tratar esse mioma sem a
necessidade da retirada do útero”, observa o ginecologista Michel Zelaquett.
O medico explica que os miomas aparecem com mais freqüência nas mulheres de
18 a 40 anos de idade. Ao todo, 80% delas convivem com o problema sem
qualquer complicação. Mas ele também alerta: quando os sintomas aparecem, é
importante iniciar o tratamento para evitar conseqüências mais sérias.
“Seria o hiperfluxo menstrual, ou seja, a menstruação excessiva. Isso pode levar à
anemia grave e muitas vezes levando à necessidade de retirada do útero para
tratar esse sangramento”, explica o ginecologista.
Esse era o medo de da bancária Michele Santos, de 26 anos. Ela mora na Abolição,
subúrbio do Rio. Em 2000, a jovem descobriu um mioma de 3cm. O tratamento
com remédios não deu resultado, e o tumor cresceu para 8cm, ocupando quase
todo o útero e provocando muitas dores.
Há seis meses, Michele fez uma cirurgia para retirar o mioma e, agora, retomou a
vida normal. “O mioma foi retirado, e o meu útero foi preservado. Se Deus quiser,
ainda vou ter o meu filho”, diz a bancária.
Uma médica responde às dúvidas e telespectadores e internautas
É importante se prevenir, procurar o médico e fazer os exames sempre. O RJTV
conversou com a presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado
do Rio, doutora Vera Fonseca.
RJTV – Em quanto tempo, as mulheres devem procurar o ginecologista
para fazer os exames preventivos?
Vera Fonseca – O ideal é que a mulher procure o ginecologista,seja no consultório
ou no posto de saúde, pelo menos, uma vez por ano. Esse seria o período ideal,
para que durante a consulta ela possa ser examinada pelo médico e realizar os
exames básicos de prevenção para, principalmente, o câncer ginecológico.
A internauta Isabel Cristina conta que tem 41 anos que menstrua muito e
que chega a ficar fraca. Isso pode ser um indício de que ela tem um
mioma?
Existem outras doenças que provocam o sangramento aumentado. O mioma é uma
delas. Nós costumamos dizer às nossas pacientes que os três sintomas principais
mais básicos e mais importantes que devem levar a mulher ao ginecologista de
uma forma mais rápida e mais emergencial são: sangramento abundante, fora de
período menstrual, ou quando essa paciente tem um corrimento ou dor pélvica.
Duas internautas têm mais ou menos a mesma dúvida com relação a cisto
no ovário e mioma. Elas perguntam se é a mesma coisa.
Não são a mesma coisa. O mioma é um tumor benigno do útero. Ele fica alojado
dentro do útero que é o órgão que mantém o feto durante a gestação. O ovário é
um outro órgão que fica próximo. Na verdade, toda mulher tem dois ovários. Ele
tem a função de produzir o óvulo, o gameta feminino que vai junto com o
espermatozóide dar origem a uma nova vida. Então, são órgãos distintos e doenças
distintas e com sintomas distintos.
A internauta Mônica Morais fala que, em 1999, ela tirou 18 miomas de uma
só vez. Em 2007, ela tirou mais 12. Ela nunca conseguiu engravidar e está
casada há 20 anos. Ela acha que vai ter que retirar o útero da próxima vez.
Essa é a solução definitiva?
Na verdade, a gente não sabe se ela vai precisar retirar o útero, mas, com certeza,
é uma paciente que já teve duas intervenções cirúrgicas para tirar várias
miomectomias, que é o nome da cirurgia que a gente realiza. A chance de ela
engravidar de uma forma espontânea, creio eu, é realmente muito difícil. Pode ser
que não precise, em uma próxima vez, retirar o útero. A cada momento cirúrgico e
sem o sucesso de 20 anos, realmente é um caso ruim, em termos de fertilidade.
A internauta Rosângela gostaria de saber se tem como tratar o mioma logo
no início, com algum medicamento.
Na verdade, o que a gente tem que deixar bem claro é que na maioria das vezes
nós temos um mioma, pequeno com 2cm ou 3cm e que não causa nenhum tipo de
sintoma.
É que o nome assusta.
Muitas mulheres até falam que “o mioma se movimenta dentro do abdômen e
provoca movimentos”. Isso é importante que a gente diga. O mioma não provoca
nenhum tipo de movimento. Muito pelo contrário, apesar da sua freqüência, o
mioma na grande maioria das vezes são tumores benignos e que não precisamos
fazer nem tratamento hormonal nem tratamento cirúrgico.
É possível acompanhar esse mioma ao longo da vida?
Se você tem um mioma que tem 2cm ou 3cm e se você não tem nenhum tipo de
sintoma, não tem sangramento, não tem dor, não tem dificuldade para engravidar,
você pode viver muito bem com o seu mioma, sem nenhum problema.
A internauta Vera Lúcia quer saber se quem já teve mioma pode ter
novamente.
Pode sim, com certeza. Na verdade, os miomas aparecem principalmente no
período fértil da mulher. Após a menopausa, esses miomas regridem o tamanho.
Na verdade, o mioma é um tumor que está relacionado com o estrogênio. Após a
menopausa, com o estrogênio em baixa, eles normalmente regridem, muitas vezes,
sem dar nenhum outro tipo de incômodo para o paciente.
A internauta Leila Valéria conta que tem uma irmã internada há 15 dias
com um mioma de mais de 2kg. A médica se recusa a operá-la, porque ela
é obesa. A internauta pergunta se é normal um mioma desse tamanho.
Na verdade, pode sim existir. Com esse volume, eu nem preciso me preocupar
mais se ela tem sangramento ou não. Só pelo volume e pelo tamanho, já um
indicativo de cirurgia, até porque é um grande incômodo para essa paciente. É
óbvio que se a gente tem uma paciente obesa, ela tem um risco cirúrgico. Ela tem
que ser avaliada por um cardiologista previamente. É a cirurgia de um tumor
benigno. Normalmente não é uma urgência. Ela tem que ser preparada para ser
submetida a uma cirurgia eletiva.
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