FLUXO DA INFORMAÇÃO:
ACESSO, USO E
QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Disciplina: Fontes de Informação
Profª Ursula Blattmann
Elisângela dos Santos Faustino Röderm - [email protected]
Karla Viviane Garcia Moraes - [email protected]
25/08/2009
O QUE É INFORMAÇÃO?
 “A informação é um conhecimento inscrito
(gravado) sob a forma escrita (impressa ou
numérica) oral ou audiovisual.
 A informação comporta um elemento de sentido.
É um significado transmitido a um ser
consciente por meio de uma mensagem inscrita
em um suporte espacial-temporal: impresso,
sinal elétrico, onda sonora, etc.” (LE COADIC,
1996 p. 5)
25/08/2009
FLUXO DA INFORMAÇÃO
 Para Mostafa (1994), a informação como recurso é um
artifício agregador de valor a um produto, serve como
matéria-prima; enquanto mercadoria, condição que
adquiriu com a emergência das práticas capitalistas, a
informação se comporta como tal, sujeitas as oscilações
do mercado.
 Para Barreto (1999, p.1), a informação são : “Conjuntos
significantes com a competência e a intenção de gerar
conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou a
sociedade.”
 Barreto (1998) forma um ciclo que segue a lógica:
informação → conhecimento →desenvolvimento
→informação. A dinâmica deste ciclo é dada conforme
os componentes do processo.
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FLUXO DA INFORMAÇÃO
 Os suportes capazes de transportar a
informação de um ponto ao outro, ou seja, do
emissor ao receptor acompanha o
desenvolvimento humano.
 Principais mudanças no fluxo informacional a




partir da introdução dos suportes eletrônicos:
a interação do receptor com a informação;
tempo de interação;
estrutura da mensagem;
facilidade de ir e vir.
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ACESSO À INFORMAÇÃO
 Para Freire (2008), compreende que além da
disposição de infra-estrutura e conexão a rede
internacional de computadores, os indivíduos
precisam estar munidos de ferramentas
cognitivas capazes de possibilitar o uso da infraestrutura e as informações que encontrar
nessas redes.
 Lazarte (2006) afirma que qualquer proposta
que almeje sucesso deve apresentar atividade
que desenvolva a criatividade, a participação
ativa e a valorização, expressão e exposição de
culturas locais.
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ACESSO À INFORMAÇÃO
Canais de Informação
 Canais formais: constituído de informações
científicas, compostas por fontes primárias,
secundárias expostas em veículos reconhecidos
e legitimados por determinado grupo.
 Canais informais: os contatos interpessoais, os
telefonemas, as cartas trocadas entre cientistas,
as visitas inter-institucionais, as reuniões
científicas (desde os congressos internacionais
até pequenas reuniões de grupos locais), etc.
(CRISTOVÃO, 1979, p. 4).
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ACESSO À INFORMAÇÃO
Canais de Informação
ELEMENTO FORMAL
ELEMENTO INFORMAL
Pública (audiência potencial
importante)
Privada (audiência restrita
Informação armazenada de forma
permanente, recuperável
Informação não armazenada, não
recuperável
Informação relativamente velha
Informação recente
Informação comprovada
Informação não comprovada
Disseminação uniforme
Direção de fluxo escolhida pelo
produtor
Redundância moderada
Redundância às vezes muito
importante
Ausência de interação direta
Interação direta
Diferenças entre os elementos formais e os elementos informais da
comunicação da informação.
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Fonte: Le Coadic (1996)
COMPORTAMENTO DE
USO DA INFORMAÇÃO
 Usar a informação é trabalhar com ela para satisfazer
uma necessidade informacional. Essas necessidades
podem ser classificadas como cognitivas, afetivas ou
emocionais, ou ainda como necessidade em função do
conhecimento e necessidade em função da ação
(derivada de necessidades materiais exigidas para a
realização de atividades humanas, profissionais e
pessoais). (LE COADIC, 1996; CHOO, 2003)
 Conhecer as necessidades de informação permite
compreender porque as pessoas se envolvem num
processo de busca de informação. (LE COADIC, 1996).
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COMPORTAMENTO DE
USO DA INFORMAÇÃO
 Esclarecimento - criar um contexto ou dar
significado a uma situação.
 Compreensão do problema - permite a
compreensão de um determinado problema.
 Instrumental - saber o que e como fazer.
 Factual - determinar fatos de um fenômeno ou
acontecimento, para descrever uma realidade.
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COMPORTAMENTO DE
USO DA INFORMAÇÃO
 Confirmativa - para verificar outra informação.
 Projetiva - prever o que provavelmente vai acontecer no
futuro.
 Motivacional - utilizada para iniciar ou manter o
envolvimento do individuo, para que ele prossiga num
determinado curso de ação.
 Pessoal ou política - criar relacionamentos ou promover
uma melhoria de status, reputação ou satisfação
pessoal.
COMPORTAMENTO DE USO DA
INFORMAÇÃO
Modelo de uso da
informação
Fonte: Taylor
apud Choo, 2003,
p. 114
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QUALIDADE DA INFORMAÇÃO
 O que é qualidade?
 Propriedade que determina a essência ou a
natureza de um ser ou coisa.
 Característica superior ou atributo distintivo
positivo que faz alguém ou algo sobressair.
 Qualquer aspecto sensível de percepção que
não possa ser mensurado ou geometrizado.
(HOUAISS; VILLAR, 2001, p.2344-2345).
25/08/2009
QUALIDADE DA INFORMAÇÃO
 Não há consenso na literatura sobre
definições teóricas e operacionais da
qualidade da informação. Há uma alusão
recorrente entre autores interessados no
tema de que as definições de qualidade
de informação são ambíguas, vagas ou
subjetivas. (PAIM, NEHMY, GUIMARÃES,
1996, p. 112)
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QUALIDADE DA INFORMAÇÃO
 Diante da quantidade de informação
disponível atualmente, como podemos
avaliar a qualidade delas?
 “Quais são os parâmetros a serem
observados no processo de seleção para
verificar se uma informação tem boa
qualidade?” (OLETO, 2006, p. 58)
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A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 Abordagem ‘transcendente’
 Abordagem baseada ‘no usuário’
 Abordagem baseada ‘no produto’
 Abordagens baseadas‘na produção’
 Abordagem ‘da qualidade como um
dos aspectos do valor’

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
25/08/2009
A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 A abordagem ‘transcendente’ é aquela que tende a perceber o valor
da informação como absoluta e universalmente reconhecido.
 A qualidade nesse sentido é sinônimo de excelência, é
extratemporal e permanente, com características que se mantêm
apesar da mudança de gostos e estilos.
 Marchand questiona essa categoria. Utilizando, como exemplo, a
obra de Platão A República, argumenta que ela só tem validade
para os ocidentais.
 Conclui que a universalidade da excelência e da durabilidade é
relativa ao usuário, o que estaria a demonstrar a ambigüidade da
definição.

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
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A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 A definição baseada no produto é compreendida por Marchand como a
abordagem que tende a ver a qualidade da informação em termos precisos
e identificáveis, sendo seus atributos passíveis de serem mensurados e
quantificados.
 Esta noção de qualidade vai ao encontro com a linha teórica proposta por
Buckland (1991) que caracteriza a ‘informação enquanto coisa’.

O termo informação, nesse contexto é utilizado enquanto atributo de
objetos, tais como dados, textos e documentos, que são mencionados
como informação porque são considerados como informativos.
 Procura-se atribuir valor a “coisas pelas quais alguém se torna informado”
porque outras dimensões da informação são intangíveis, não podendo ser
apreendidas empiricamente (Buckland, 1991; Vakkari, 1992).

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
25/08/2009
A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 Na abordagem baseada no usuário entram em
no julgamento da excelência as particularidades
individuais.
 Desta forma, os tipos e fontes de informação
que mais satisfizessem o usuário seriam as
consideradas de melhor qualidade.

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
25/08/2009
A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 A abordagem ‘baseada na produção’, tende a
ver quase sempre a qualidade como adequação
a padrões estabelecidos de necessidade de
informação do consumidor. Desvios em relação
aos padrões significariam redução da qualidade
da informação.
 A proposta geral de abordagem da qualidade da
informação pelo lado da produção apresenta
traços da ideologia da qualidade total.

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
25/08/2009
A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 Quando trata da abordagem da qualidade enquanto um dos
atributos do valor, Marchand (1990) não a exemplifica.
 Taylor (1985) entende a qualidade como um dos aspectos da
definição de ‘valor agregado’.
 A qualidade como um aspecto do valor reside na dificuldade de sua
aplicação, porque trata de dois conceitos – qualidade e valor – que,
embora correlacionados, teriam natureza distinta.
 Considerando essa vertente, o valor é pensado como a categoria
mais abrangente e a qualidade como um de seus atributos, o que
reforça a percepção da ambigüidade do uso dos dois termos na
literatura.

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
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A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 O conceito de qualidade da informação desagregada em oito dimensões
inter-relacionadas:
 Valor real - faz alusão à variabilidade da percepção do valor do produto
(informação ou serviço), dependente de estilos individuais de tomada de
decisão.
 Características suplementares - à utilidade básica de um produto ou serviço
de informação’, faz um alerta sobre os diferentes pesos que as
características da informação podem ter em contextos diversos de tomadas
de decisão.
 Confiança - lembra a existência de atitudes contraditórias de confiança em
relação a fontes.
 Significado no tempo - faz alusão à variabilidade da atualidade da
informação em diferentes contextos de tomadas de decisão.

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
25/08/2009
A ANÁLISE DE MARCHAND (1990) DAS
DEFINIÇÕES DE QUALIDADE DA
INFORMAÇÃO
 Relevância - invoca as diferenças na percepção da relevância da
informação entre projetistas de sistemas e agentes da tomada de
decisão.
 Validade - comenta sobre a variação da percepção da validade da
informação, dependente de quem a fornece e de como é
apresentada.
 Estética - menciona a subjetividade do aspecto estético da
informação.
 Valor percebido - aponta a irracionalidade da atribuição de
reputação pelo usuário a sistemas de informação.

Fonte: (NEHMY, PAIM, 1998)
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CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE
MATERIAS DE INFORMAÇÃO
CRITÉRIOS QUE
ABORDAM O
CONTEÚDO DO
DOCUMENTO
CRITÉRIOS QUE
ABORDAM A
ADEQUAÇÃO AO
USUÁRIO
CRITÉRIOS QUE
ABORDAM
ASPECTOS
ADICIONAIS DO
DOCUMENTO
Autoridade
Conveniência
Características física
Precisão
Idioma
Aspectos especiais
Imparcialidade
Relevância/Interesse
Contribuição
potencial
Atualidade
Estilo
Custo
Cobertura/Tratamento
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Fonte: Adaptado de Vergueiro, 1995.
CRITÉRIOS
PARA
AVALIAÇÃO
DA
QUALIDADE
25/08/2009
Características para avaliação da qualidade
Fonte: Tomaél, 2009.
CRITÉRIOS
PARA
AVALIAÇÃO
DA
QUALIDADE
25/08/2009
Características para avaliação da qualidade
Fonte: Tomaél, 2009.
CONCLUSÃO
 A informação é usada para responder uma questão,
solucionar problemas, tomar decisões, negociar uma
posição ou dar sentido a uma situação.
 Porém, diante do excesso de informações é necessário,
saber escolher qual a que tem qualidade para responder
as necessidades informacionais.
 Apesar de não existir um modelo único de avaliação das
informações, existe na literatura alguns critérios que
podem auxiliar na escolha de uma informação de
qualidade.
REFERÊNCIAS
 CHOO, W. C. A organização do conhecimento: como as
organizações usam a informação para criar significado, construir
conhecimento e tomar decisões. São Paulo: SENAC, 2003.
 BARRETO, A. A. A oferta e a demanda da informação: condições
técnicas, econômicas e políticas. Ciência da Informação, Brasília,
v.28, P. 1-6, n.2, 1999.
 CRISTOVÃO, H. T. Da comunicação informal a comunicação
formal: identificação da frente de pesquisa através de filtros da
qualidade. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 8, n.1, p. 336, 1979.
 FREIRE, G. H. de A. Construção participativa de instrumento de
política pública para gestão e acesso à informação. Perspectiva
em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 13, n.3, p. 195-207,
set./dez. 2008.
25/08/2009
REFERÊNCIAS
 HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa . Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
 LAZARTE, L. Ecologia cognitiva na sociedade da informação.
Ciência da Informação, Brasília, v.29, n.2, p. 43-51, maio/ago.
2000.
 LE COADIC, Y.F. A ciência da informação. Brasília: Briquet de
Lemos, 1996.
 MOSTAFA, S. P. As ciências da informação. Revista São Paulo
em Perspectiva, v.8, n.4, p. 22-27, 1994.
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REFERÊNCIAS
 NEHMY, R. M. Q.; PAIM, I. A desconstrução do conceito de
“qualidade da informação”. Ciência da Informação, Brasília, v.27,
n.1, p. 36-45, jan./abr. 1998.
 OLETO, R. R. Percepção da qualidade da informação. Ciência da
Informação, Brasília, v.35, n.1, p. 57-62, jan./abr. 2006.
 PAIM, I.; NEHMY, R. M. Q., GUIMARÃES, C. G. Problematização
do conceito “qualidade da informação”. Perspectiva em Ciência da
Informação, Belo Horizonte, v.1 , n.1, p. 111-119 jan./jun. 1996.
 TOMAÉL, M. I. (Org.). Fontes de informação na internet.
Londrina: EDUEL, 2009.
 VERGUEIRO, W. Seleção de materiais de informação. Brasília:
Briquet de Lemos, 1995.
25/08/2009
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