UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O PROGRAMA NETUNO E O GESPÚBLICA DO EXÉRCITO BRASILEIRO POR: MARCIO AUGUSTO FERREIRA MENDONÇA ORIENTADOR: PROF. JORGE VIEIRA RIO DE JANEIRO 2010 A minha namorada Flávia, por todo o apoio incondicional e compreensão, sem os quais tudo ficaria mais difícil, aos meus pais, Marcio e Regina, por me transmitirem o carinho e ensinamentos e por fim a minha razão de viver meu filho Mateus Mendonça. 1 AGRADECIMENTOS Gostaria de externar meus agradecimentos ás pessoas abaixo, que muito contribuíram, de modo direto ou indireto, para a execução do presente trabalho. São elas: A Deus, acima de tudo! A Minha namorada, pela compreensão, apoio, carinho, pelo zelo em ajudar-me em momentos difíceis, por ser o amor da minha vida e meu norte verdadeiro. Ao meu grande Mateus, minha fonte inspiradora para continuar a estudar cada vez mais. Aos meus pais, eu agradeço pelos ensinamentos passados e por terem me dado uma família sólida. Ao meu orientador, Prof. Jorge Vieira, pela simplicidade e objetividade quando abordávamos o tema “Mononogafia”. No Âmbito Militar, ao Comandante Percilo, que sempre meu deu toda a tranqüilidade necessária para nunca esmorecer. Aos entrevistados da Marinha e do Exército, por me fornecerem elementos, dados, informações e experiência necessários à execução dessa tentativa de melhoria para a Administração Pública. 2 RESUMO Transformações e evoluções na Administração Pública colocam não só a Marinha, mas também todas as instituições públicas na busca incessante pela qualidade e excelência em suas gestões. Estas necessitarão avaliar novamente suas estruturas organizacionais e de gestão, bem como, efetuar o redefinição e a adequação para a nova realidade, o que pressupõe estabelecer um novo gerenciamento da administração por meio da eficiência, eficácia, efetividade, com a mensuração de resultados, controle social, transparência e serviços voltados para os cidadãos. Neste sentido, as organizações que almejarem atingir um nível de desempenho das pessoas, das atividades e dos serviços e produtos deverão participar desta revolução por meio da adesão ao GESPÚBLICA, denominado Programa Netuno na Marinha. Este programa é um instrumento de mudança da cultura administrativa patrimonialista e burocrática para uma administração gerencial, que prevê um modelo de gestão pública focado em resultados e orientado para o cidadão. Neste diedro, é necessário que a Instituição esteja em estado de alerta acerca de novos procedimentos que estão sendo adotados que possam servir de benchmarking para a Organização. O Exército Brasileiro tem demonstrado um avanço significativo nos últimos anos no segmento relacionado ao seu programa. Sendo assim, o propósito desta pesquisa é realizar uma análise comparativa entre o Programa Netuno e o GESPÚBLICA do Exército, com vistas a identificar os possíveis avanços e melhorias que, porventura, possam ser empregados na Instituição. Esta pesquisa não só avalia o programa da Marinha, identificando os seus pontos fortes, as oportunidades de melhoria e os fatores críticos para o seu sucesso, mas também descreve o programa na Administração Pública, na Marinha, no Exército. Por fim, também sugere algumas recomendações para estudos futuros. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 5 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................ 9 3. O GESPÚBLICA ...................................................................................................... 17 4. A ANÁLISE COMPARATIVA ................................................................................... 47 5. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 55 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 59 4 1. INTRODUÇÃO No contexto atual de evolução tecnológica do conhecimento, globalização, melhoria continuada por meio da identificação dos fatores-chave como a produtividade e a qualidade, a Marinha do Brasil (MB) não poderia ficar à margem destas mudanças. A MB vem exigindo de seu pessoal, por anos, contínua dedicação e total esforço no sentido de obter o desenvolvimento profissional, para que possam acompanhar, a contento, as constantes evoluções impostas pelo mundo moderno e pela sociedade, extremamente complexos, sempre inovando ou adaptando os procedimentos ora em vigor. Na MB, porém , assim como alguns outros órgãos públicos, ainda não foram obtidos e colhidos resultados palpáveis com a aplicação dos referidos Programas, em virtude de alguns obstáculos. Nesse diapasão, temos a inclusão de um programa de qualidade denominado: Programa Netuno. O referido processo administrativo segue uma padronização de um programa Nacional de Gestão atinente Pública ao Governo Federal: o Programa e Desburocratização (GESPÚBLICA) com pequenas adaptações à cultura naval e enfoque no Modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP). Nos últimos anos, tem sido dada importância ao trabalho realizado no Exército Brasileiro (EB) em virtude da similaridade com as Organizações Militares (OM) da MB em vários aspectos, associado ao fato que o EBiniciou a implementação formal do programa há quase sete anos e também, mesmo antes dessa formalidade, já possuía um número razoável de unidades com alguma prática gerencial no sentido de aprimoramento da gestão por meio da qualidade ou excelência. Para corroborar o exposto acima, O Capitão de Mar-e-Guerra (CMG) Ciro Yoshiro Malafaia Miyazaki menciona em sua monografia para a Escola de Guerra Naval (EGN), a importância do referencial comparativo do EB. Nesse sentido, subordina-se o presente estudo ao levantamento de questões sobre a implementação e a gestão do Programa Netuno na MB, bem como a comparação deste com o programa similar do EB. 5 1.1. O problema Devido à similaridade no que concerne aos objetivos de Defesa Nacional entre as Forças Armadas em questão, pode-se fazer o seguinte questionamento: quais são as boas soluções gerenciais realizadas no EB que podem ser transmitidas às OM da MB? Qual a situação atual do EB e da MB em relação ao GESPÚBLICA? Quais os pontos comuns e aqueles que merecem destaque por meio da comparação entre os dois programas das Forças Armadas? 1.2. Objetivos O objetivo geral do presente estudo é: identificar as melhorias e avanços que possam ser, porventura, implementados na MB em relação aplicação do Programa do GESPÚBLICA tomando como comparação o programa do EB. Os objetivos específicos são os seguintes: 1. Descrever o GESPÚBLICA na Administração Pública; 2. Descrever o Programa Netuno; 3. Descrever o GESPÚBLICA no EB; 4. Identificar os possíveis fatores críticos de sucesso para o Programa Netuno; 5. Identificar as dificuldades para implementar o Programa na MB; 6. Realizar a avaliação do Programa por meio de etapas de implementação/gestão do mesmo. 1.3. Justificativa Torna-se importante para a MB à realização de uma pesquisa que obtenha conhecimento sobre novas práticas de gerenciamento do Programa GESPÚBLICA, haja vista a colocação do Excelentíssimo Senhor Comandante da Marinha (CM) no documento denominado Orientações do Comandante da Marinha (ORCOM), conforme descrito a seguir na orientação específica A-13: “A-13. Aprimoramento da Gestão na MB. Implementar medidas destinadas à permanente aplicação do Programa NETUNO em todos os setores da MB, de forma a contribuir para o aprimoramento das práticas de gestão.”(BRASIL, 2009, p.10). Ainda sobre as ORCOM, há de se clarear o propósito do referido documento, de acordo com disposição a seguir: “As ORCOM têm o propósito de transmitir, à Instituição, as 6 orientações do CM para o período de um ano, sendo elaboradas com base na determinação de necessidades de âmbito administrativo. Expressam o pensamento e a vontade política do CM, instituindo, dentro do planejamento estratégico de longo prazo, as prioridades para o exercício que se inicia.” (BRASIL, 2009) Para a consecução de tal objetivo, é necessária que seja realizada a verificação, de modo comparativo, com uma Instituição similar à MB, levando-se em consideração as peculiaridades das Forças Armadas. A comparação das práticas adotadas poderá contribuir para a melhoria do Programa Netuno, por ocasião da preparação do referido programa para uma etapa vindoura. Essa comparação poderá trazer uma sinergia entre as duas forças armadas referentes à troca de experiências na aplicação do referido programa. 1.4. Metodologia 1.4.1 Tipo de pesquisa A pesquisa em lide classifica-se como descritiva na medida em que se propôs a descrever o GESPÚBLICA na Administração pública de uma forma geral, no MB e no EB. Também pode ser vista como exploratória na medida em que almeja ampliar as informações sobre este programa, uma vez que se propõe a identificar os possíveis fatores críticos de sucesso, bem como as dificuldades para implementar o Programa na MB. Também é proposto nesse sentido, realizar a avaliação do Programa por meio de etapas de implementação/gestão do mesmo. Levando-se em consideração os meios, classifica-se essencialmente como bibliográfica e documental, tendo ainda elementos de pesquisa de campo por valerse do uso de entrevistas para esclarecer alguns tópicos não abordados pela literatura ou pelas normas organizacionais, por restringirem-se ao caso específico de Implementação/Gestão do programa em lide na MB. 1.4.2 Método de pesquisa O procedimento de pesquisa adotado foi o estudo de caso, com a utilização de técnicas indiretas. Também serão utilizadas técnicas diretas: comparações, entrevistas, observações e análises de atos e fatos, bem como a vinculação e a interdependência dos mesmos. O estudo de caso é pertinente nesse estudo, tendo em vista tratar-se de uma investigação empírica acerca de um determinado fenômeno em particular, neste caso, a identificação de possíveis avanços e melhorias que possam ser obtidos para o Programa 7 Netuno. “O estudo de caso é usado freqüentemente para coletar informações sobre um programa. É indicado na avaliação quando há necessidade de apresentar informações em profundidade sobre a unidade ou caso em pauta...” (WORTHEN et al., 2004, p.512). “A meta é criar “descrições subjetivas” ou uma compreensão total, completa, do caso para ajudar os outros a entender e julgar seu valor e o contexto dentro do qual tem operado. (LINCOLN et al. apud WORTHEN et al.,, 2004, p.512). 1.4.3 Coleta de dados A coleta de dados foi realizada com base na leitura de bibliografia especializada, de artigos científicos em publicações especializadas e da documentação normativa específica sobre os assuntos estudados, bem como pela aplicação de entrevistas. Inicialmente foi realizado o dimensionamento das perguntas, fase na qual o autor promove a seleção das perguntas com base nas informações colhidas sobre o programa e suas peculiaridades na MB e no EB. Posteriormente, foi elaborado um roteiro de entrevista semi-estruturada, com questões abertas que possibilitasse a obtenção de informações não disponíveis na literatura. O referido roteiro foi encaminhado aos especialistas no assunto gestão pública para análise de conteúdo e verificação de impropriedades. Com isso, as perguntas foram, desta vez, dimensionadas com a consideração da separação por etapas de implementação/gestão do programa que correspondem aos blocos do roteiro de entrevistas contido no anexo 1. Portanto, As etapas de implementação/gestão foram obtidas por meio do compêndio entre: a) Ações específicas de implementação do programa (BRASIL, 2006c, p.2): divulgação e conscientização, capacitação de pessoal, institucionalização, validação e premiação e publicidade dos resultados.” e b) Áreas de atuação do Plano PRÁTICAS DE GESTÃO, 2009a, de Gestão slide 15): do Netuno (SIMPÓSIO “Aperfeiçoamento DE do programa; Ensino e gestão do conhecimento; Motivação; Comunicação.” A próxima etapa deu-se com o agendamento dos contatos por telefone e e-mail. “As entrevistas permitem esclarecimento e sondagem. Levam a uma grande riqueza em termos de informações. Podem ter valor incalculável para esclarecer as perspectivas e preocupações dos interessados.” (WORTHEN et.al., 8 2004, p. 520). 1.4.4 Seleção dos entrevistados Os entrevistados foram selecionados com base na sua experiência profissional na área de aplicação de programas de qualidade e excelência em gestão. A fim de possibilitar um referencial comparativo, foram entrevistados militares que servem nos Comitês Centrais de Implementação do GESPÚBLICA na MB e no EB, com perfis de chefia de Departamento, Divisão e auxiliares de Departamento/ Divisão. Também foram entrevistados os oficiais das referidas Forças diretamente relacionadas com a capacitação dos militares para a execução das atribuições de cada OM atinentes ao programa, a fim de coletar suas experiências e poder retroalimentar o sistema da MB, haja vista que a disseminação das informações por meio do conhecimento constitui fator relevante para o bom andamento das atividades concernentes ao programa. 1.4.5 Análise dos dados A pesquisa documental foi realizada com base em documentos normativos da MB e do EB, quanto à estrutura e ao funcionamento do Programa Netuno e do GESPÚBLICA, respectivamente, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), do extinto Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), bem como de artigos e livros relacionados ao tema citados nas referências bibliográficas posicionadas no final do presente trabalho. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A parte da fundamentação do presente trabalho pretende estabelecer o referencial conceitual necessário para possibilitar o entendimento das etapas vindouras do mesmo. Para a consecução de tal objetivo, faz-se mister o conhecimento de alguns conceitos, da parte do GESPÚBLICA, da regulamentação do programa, bem como os princípios e fundamentos essenciais à condução de maneira satisfatória do instrumento em lide. Nesse sentido, alguns conceitos fundamentais e essenciais merecem destaque. O primeiro deles, sem sobra de dúvidas, é o de administração. “ADMINISTRAÇÃO é um todo do qual a organização é uma das partes. É um conjunto de processos entrosados e unificados - abrange aspectos que a organização por si só não envolve, tais como previsão, comando e controle.” (FAYOL apud CHIAVENATO, 2003,p. 82). 9 Ainda para Fayol, a “Administração é aquela que tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar os atos” (FAYOL apud CHIAVENATO, 2003, p. 80). “ADMINISTRAÇÃO consiste em orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum.” (NEWMAN, 1972, p. 15). “ADMINISTRAÇÃO é a maneira de governar organizações ou parte delas. É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz. (CHIAVENATO, 2003, p. 22). “GESTÃO é o ato de gerir, administrar recursos financeiros, materiais e humanos, a fim de atender a determinado propósito. Está presente em todos os momentos e em qualquer atividade, desde aquelas mais corriqueiras do dia-a-dia até os mais complexos processos que envolvem milhares de pessoas e processos.” (BRASIL, 2002, p. 2-3) “A boa GESTÃO é aquela que define objetivos com clareza, recruta os melhores seletivos públicos, elementos através de concursos e processos treina permanentemente os funcionários, desenvolve sistemas de motivação não apenas de caráter material, mas também de caráter psicossocial, dá autonomia aos executores e, afinal, cobra os resultados.” (BRASIL, PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO, MARE, 1995, p. 38) “GERÊNCIA é a alocação de pessoas e recursos. Designe as pessoas certas para a função certa, dê a elas o que elas precisam e depois deixe o caminho livre”. (SLATER, 2001,p. 41). “Gerência é o estabelecimento de metas de qualidade e levar a sua organização em direção a elas, através da unidade fornecida por conceitos, estratégias, processos, treinamento e motivação comuns.” (JURAN, 1995, p. 15) “Planejamento, orçamento, organização, solução de problemas, controle, manutenção da ordem, desenvolvimento de estratégias e várias outras coisas – GERÊNCIA é o que fazemos,...”(HUNTER, 2004, p. 19). Ainda segundo Slater, “GERENCIAR menos é gerenciar melhor. Quando ficamos mais enxutos, notamos que estávamos nos comunicando melhor, com menos intérpretes e menos filtros.” (SLATER, 2001, p. 31) 10 2.2. Excelência O termo “excelência” vem do latim, remete-nos ao pensamento de superioridade, movimento na direção vertical e para cima, em direção. “A excelência em gestão busca otimizar seus resultados por meio de processos contínuos de melhoria, cujo foco seja persistentemente o cidadão e a sociedade.” (BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA- GESPÚBLICA, MPOG, 2009h, p. 6) “Excelência é a direção que a Organização deve se movimentar de modo a delinear e implementar providências no sentido de identificar e superar os gaps (discrepâncias) entre o que a organização é e o que deveria ser.” (CHIAVENATO, 2003, p. 394) “Encontram-se no Artigo 376 da Constituição Federal, os princípios constitucionais que orientam e norteiam as organizações públicas. A gestão pública para ser excelente tem que ser: legal, moral, impessoal, pública e eficiente. ”(BRASIL, 2006b, p. 9). “No âmbito do pensamento gerencial contemporâneo, o nível em desempenho desejado pelas organizações é o da EXCELÊNCIA ORGANIZACIONAL, para isso elas necessitam ter gestão por excelência. (KRUG, 2009a, slide n° 75).” 2.3.A qualidade A fim de contextualizar o entendimento da qualidade na Administração do Brasil, será realizado nas próximas linhas um breve histórico sobre a qualidade no serviço público, bem como algumas definições concernentes ao tema. 2.3.1 Histórico da qualidade na Administração Pública De acordo com a figura a seguir, verifica-se que a partir do início dos anos 90 tivemos ações mais efetivas com a implementação de programas ou subprogramas voltados para a área de qualidade e produtividade ou participação do setor público brasileiro. 11 1956 1979 1990 1996 2000 2005 2008 MEGP GESPÚBLICA Programa PQSP Programa QPAP Subprograma de Q&P na AdmPub Programa Nacional de Desburocratização Comissão de Simplificação Burocrática (JK) Figura: A história da qualidade Fonte: (KRUG, 2009b, slide n° 4) A Qualidade na Administração Pública brasileira obteve importância relevante a partir do final da década de 80 e início da década de 90. A partir de então, começou-se a pensar em qualidade de forma sistêmica, haja vista que anteriormente, as experiências eram realizadas de forma pontual por cada Organização. Surgiram, então, os programas de qualidade do Governo Federal. Em face do exposto, a referida abordagem somente considera um histórico com uma sucinta retrospectiva sobre o tema a partir de 1990. É relevante mencionar que o enfoque inicialmente era voltado para a gestão de processos. Ao longo dos anos, verificou-se a necessidade de mudança do referido foco para um sistema de gestão (com a implantação do QPAP em 1996) e, posteriormente, para o atendimento ao cidadão (com a criação do PQSP em 2000). Nos dias atuais, observa-se que a gestão pública ainda é realizada com base na qualidade, porém temos elementos importantes também 12 inseridos, tais como: focalização em resultados, a continuidade da orientação para cidadãos e a desburocratização. “... o foco na oferta de serviços de qualidade é mais desafiador para o Estado que para as empresas, porque requer a superação de diferenças de prioridades entre os vários níveis de governo, o que já vem sendo feito em projetos de espaços de serviços integrados ao cidadão.” (BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA - GESPÚBLICA, MPOG, 2009, p.8) 2.3.2 A qualidade propriamente dita Nesta parte, ocorre a exposição de vários conceitos sobre um tema notório para a administração pública denominada qualidade. É conveniente destacar algumas das diferentes abordagens sobre o assunto, por meio do ponto de vista de alguns teóricos, da Administração Pública Federal e da Administração Naval. “A reforma do aparelho do Estado é orientada predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações.” (BRASIL, PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO, MARE, 1995, p. 16). Juran define de corresponde modo simples e brilhante que “qualidade às características de produtos que respondem às necessidades dos clientes com ausência de deficiências.” (JURAN, 1995, p. 368) “Qualidade é aquele produto ou serviço que atende perfeitamente, de forma confiável (sem defeitos), acessível (baixo custo), segura e no tempo certo (entrega no prazo, local e quantidade certos) às necessidades do cliente (CAMPOS, 1992, p. 2). “A qualidade tem no processo o seu centro prático de ação e compreende a definição clara dos clientes - usuários do serviço público - e dos resultados esperados; a preocupação constante com o fazer certo o que é certo da primeira vez...” (BRASIL, Caderno 4 MARE,1997, p. 14) “A qualidade é a adequação ao uso. O gerenciamento da qualidade é constituído por três processos: planejamento, controle e melhoria, que constituem a trilogia da qualidade”(JURAN , 1995, p.15,21).A Figura 9 a seguir denota os processos universais para administrar a qualidade: 13 Figura: Os processos universais para administrar a qualidade Fonte: (JURAN, 1995, p. 24) Faça da qualidade sua maior prioridade. Faça da qualidade a obrigação de cada um. (SLATER, 1991, p. 151, 158). 2.4. O que é programa É importante que se obtenha um referencial teórico do termo “programa”, haja vista que será realizada uma análise comparativa de programas na presente monografia. Para tal, foram selecionados alguns autores que muito bem conceituaram o termo, conforme disposto a seguir. “Programa é um acordo permanente de prestar (...) um serviço” (CRONBACH et al. apud WORTHEN et al., 2004, p. 98). “Programas são as atividades seqüenciais necessárias para atingir uma meta. O alcance das metas é planejado por meio de programas. Os programas são planos específicos. “O termo programa refere-se a um grupo de projetos. As organizações atuam com base na sua estrutura de conhecimento, na tentativa de colocar em prática seus programas, projetos ou planos.” (CALMON, 1999, p. 17, 34). Uma definição mais simples, porém não menos brilhante do Mestre Chiavenato, “Programas são os planos relacionados com o tempo. Os programas se baseiam na correlação entre duas variáveis: tempo e atividades que devem ser executadas.” (CHIAVENATO, 2003, p. 172). 2.5. Avaliação No presente trabalho, é conveniente que seja estudado o conceito de avaliação, haja vista a realização de uma avaliação do programa netuno por meio de uma análise comparativa em relação ao GESPÚBLICA do EB. Abaixo, serão apresentados alguns referenciais conceituais atinentes à 14 avaliação que permitem um posicionamento bem diversificado do tema. “O ato de avaliar pode significar, entre outras coisas: julgar, verificar o que foi aprendido, compreendido, retido, estimar, situar, representar, determinar, dar um conselho, etc..” (HADJI apud ROSENBERG, 2002, p. 80). “Avaliação é o processo cujo dever é a determinação sistemática e objetiva do mérito, propriedade ou valor. Sem esse processo, não há como distinguir o que tem valor do que não tem” (SCRIVEN, 1991 apud WORTHEN et al., 2004, p. 56) “Avaliação é o processo de monitoramento de atividades para determinar se as unidades individuais e a própria organização estão obtendo e utilizando os recursos eficaz e eficientemente, de modo a atingir seus objetivos, e, quando isto não está sendo conseguido deve ser implementado ações corretivas” (ROBBINS apud ROSENBERG, p. 65) “A avaliação deve gerar, como conclusão, exatamente o que os cientistas sociais, por longo tempo, julgaram ser ilegítimo: um julgamento de valor, mérito. Esse é o significado maior do ponto de vista científico e filosófico da avaliação.” (SCRIVEN, 1967 apud SHADISH et al., 1995, p. 75) “Avaliação é identificação, esclarecimento e aplicação de critérios defensáveis para determinar o valor ou mérito, a qualidade, a utilidade, a eficácia ou a importância do objeto avaliado em relação a esses critérios.” (WORTHEN et al., 2004, p. 35). A prática da avaliação pode gerar o aprendizado organizacional na medida em que permite a detecção de erros e sinaliza para alternativas concretas de ação que gerem incremento da eficiência e da eficácia. (CALMON, 1999, p. 6) O medida processo de avaliação é composto de três etapas distintas: do desempenho real; comparação do desempenho real com um padrão para determinar se existe alguma diferença; e correção de quaisquer desvios por meio de ações apropriadas. (ROBBINS apud ROSENBERG, p. 69). A Figura baixo permite uma visualização do modelo proposto por ROBBINS: 15 Figura: O modelo de avaliação de Robbins Fonte: (ROBBINS, 1986, p. 453) Diante do exposto acima, verifica-se que a avaliação é um importante requisito para os administradores, fundamentalmente no sentido de identificar no interior da organização os pontos fracos e fortes, mas também como instrumento para a Instituição conhecer-se melhor, ainda mais quando se trata de uma Instituição grande e complexa como é a MB. A avaliação também se torna relevante, na medida em que saber das aptidões ou deficiências do administrador em planejar, executar, controlar ou checar e agir corretiva ou preventivamente, tomando as medidas necessárias para a retificação/não-ocorrência de falhas, é um dos poucos meios de verificar a real eficácia da Administração. 2.5.1 Avaliação de Programas Dentro desse contexto, a avaliação de programas pode ser vista de modo essencial e permanente para os administradores, ainda mais para aqueles que labutam com a aplicação de programas. Para consubstanciar a relevância deste assunto, será realizada uma exposição abaixo de algumas conceituações acerca do tema. “A Avaliação de Programas é claramente valorativa, já que o que se procura é analisar o mérito e a qualidade de um determinado programa.” (SCRIVEN, 1967 apud SHADISH et al., 1995, p. 75) “A avaliação da gestão pública significa verificar o grau de aderência das suas práticas gerenciais em relação a um referencial de Gestão pela Qualidade aplicada à Administração Pública” (BRASIL, ORIENTAÇÕES PARA A IMPLANTAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO 16 GERENCIAL NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS. BRASÍLIA, MARE, 1999, p. 29) Haja vista as conceituações e considerações acima, é pertinente mencionar que a avaliação de programas constitui relevante meio de medição de desempenho de programas. Atualmente, as organizações estão, a cada dia mais, fazendo uso da avaliação de programas. Os órgãos utilizam-se dos resultados para terem um posicionamento da realidade organizacional a tempo e à hora, objetivando, assim, a melhoria da gestão e processual. 2.6. Partes interessadas Partes interessadas ou “stakeholders” “são os atores de interesse para uma Organização. No caso das OM da MB, temos as seguintes: os Órgãos de Direção Setorial, Fornecedores, Comunidades, Comando Imediatamente Superior, Usuários cidadãos e a Sociedade.” (KRUG, 2009d, slide n° 63) “O conceito de partes interessadas no âmbito da administração pública é ampliado em relação ao utilizado pela iniciativa privada, pois as decisões públicas devem considerar não apenas os interesses dos grupos mais diretamente afetados, como, também, o valor final agregado para a sociedade.” (BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA - GESPÚBLICA, MPOG, 2009h, p. 16-17) 3. O GESPÚBLICA Neste capítulo, será apresentada a abordagem do Programa com a visão, os conceitos, a regulamentação e outras características importantes na Administração Pública de um modo geral. Também, é evidenciada, no presente capítulo, a descrição do referido programa adaptado às especificidades da MB e do EB. “É um poderoso instrumento de cidadania, conduzindo cidadãos e agentes públicos ao exercício prático de uma administração pública ética, participativa, descentralizada, promotora do controle social e orientada para resultados, entre outras ações gerenciais.” (BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA - GESPÚBLICA, MPOG, 2009, p. 10). 17 3.1. O GESPÚBLICA na Administração Pública “O GESPÚBLICA é uma política pública de vanguarda, formulada para a gestão, alicerçada em um modelo de gestão singular que incorpora à dimensão técnica, própria da administração, a dimensão social, até então, dimensão política.” restrita à (BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA- GESPÚBLICA, MPOG, 2009h, p. 10). “O GESPÚBLICA se caracteriza por possuir uma abrangência nacional e por se direcionar às organizações públicas em geral, sendo aberto a todas as esferas de governo e a todos os poderes.”(PALVARINI, 2009, p. 1). O Governo Federal implementou desde 2005 o GESPÚBLICA, decorrente da evolução de iniciativas voltadas à missão específica da melhoria da qualidade dos serviços públicos. O símbolo do Gespública é a letra Q que é uma alusão à essência do Programa: a qualidade da gestão pública e dos serviços prestados ao cidadão. (ver Figura abaixo) Figura: O símbolo do GESPÚBLICA Fonte:(BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA- GESPÚBLICA, MPOG, 2009h , p. 13) “As cores amarela, azul e verde foram retiradas da Bandeira Nacional com o objetivo de lembrar que o GESPÚBLICA é um instrumento nacional de cidadania, orientado pelos princípios e valores éticos que norteiam a atividade pública, com a finalidade primordial de orientar e instrumentalizar o setor público para o cumprimento eficaz e eficiente de sua missão de assegurar o bem-estar da sociedade, gerando benefícios DOCUMENTO concretos para o País.” (BRASIL, DE REFERÊNCIA - GESPÚBLICA, MPOG, 2009h, p. 13). 18 3.1.1 Regulamentação Em que pese a existência de alguns decretos que versam sobre o tema, tais como:decreto n° 5383 de 3 de março de 2005 (que cria a Câmara de Políticas de Gestão Pública e do Conselho de Governo), decreto n°6932 de 11 de agosto de 2009 ((BRASIL, 2009b, p. 1) que dispõe sobre a simplificação do atendimento público prestado ao cidadão, ratifica a dispensa do reconhecimento de firma em documentos produzidos e institui a “Carta de Serviços ao Cidadão”), bem como o decreto de 17 de março ((BRASIL, 2009a, p. 1) que institui o ano de 2009 como “Ano Nacional da Gestão Pública” no Brasil), o Gespública possui regulamentação específica por meio do decreto n° 5378 de 23 de fevereiro de 2005, o qual institui o programa no âmbito da administração pública federal e estabelece seu comitê gestor. Dentre as principais diretrizes do referido diploma legal, pode-se elencar os mais relevantes: (BRASIL, 2005, p. 1) Art. 1o [...] a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da competitividade do País. (grifo do autor). Art. 2o O GESPÚBLICA deverá contemplar a formulação e implementação de medidas integradas em agenda de transformações da gestão, necessárias à promoção dos resultados preconizados no plano plurianual, à consolidação da administração pública profissional voltada ao interesse do cidadão e à aplicação de instrumentos e abordagens gerenciais, que objetivem : (grifo do autor) I - eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento das competências constitucionais do Poder Executivo Federal; II - promover a governança, aumentando a capacidade de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas; III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos recursos, relativamente aos resultados da ação pública; IV - assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental, promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e resultados; e V - promover a gestão democrática, participativa, transparente e ética. Art. 4o Os critérios para avaliação da gestão de que trata este Decreto serão estabelecidos em consonância com o modelo de excelência em gestão pública. (grifo do autor) O MEGP será adotado no presente estudo como principal referencial, haja vista que o EB e a MB o adotam, que este modelo também foi mencionado no artigo 4° do decreto e que é considerado como primordial referência pelo Diretor do 19 Departamento de Programas de Gestão da Secretaria de Gestão do MPOG, Bruno Palvarini, conforme exposto abaixo: “A principal referência do Programa GESPÚBLICA é o MEGP, baseado no atendimento aos princípios constitucionais do ser público (impessoalidade, legalidade, moralidade, publicidade e eficiência) e em fundamentos contemporâneos de boa baseada gestão em tais como processos e gestão participativa, gestão informações, valorização das pessoas, visão de futuro , aprendizado organizacional, foco em resultados e inovação.” (PALVARINI, 2009, p. 2). 3.1.2 O MEGP O modelo em lide é adotado como referência não só nacional, mas também internacional, que expressa o que há de melhor, atualmente, no que concerne à gestão contemporânea. Tal fato pode ser evidenciado por meio da colocação abaixo: O MEGP, de padrão internacional, expressa o entendimento sobre o “estado da arte” da gestão contemporânea nacional/ internacional, e é a representação de um sistema de gestão que visa aumentar a eficiência, a eficácia, a efetividade e a relevância nas ações executadas.” (BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA- GESPÚBLICA, MPOG, 2009h, p. 15). 3.1.2.1 Representação gráfica do MEGP Um dos pilares do GESPÚBLICA é a auto-avaliação do Sistema de Gestão. Esta se destina a diagnosticar, o estágio por meio de um instrumento de avaliação, de desenvolvimento gerencial e a planejar ações visando à melhoria contínua. O instrumento de avaliação possibilita a qualquer tipo de organização, de qualquer porte,setor e estágio avaliar o seu sistema gerencial e o seu desempenho em relação às melhores práticas adotadas por organizações de alta performance. Caracteriza-se por não ser prescritivo, ou seja, não sugere abordagens ou metodologias de gestão específicas e possui a premissa de reconhecer que não há uma única estrutura organizacional ou metodologia “certa” e igual para gerenciar todas as organizações. O referido Instrumento pode ser dividido em três níveis: 250, 500 ou 1000 pontos. 20 A representação gráfica do MEGP é dada por oito partes integradas, que têm como premissa a adoção de práticas de excelência em gestão, a fim de que as organizações públicas possam atingir bons níveis de desempenho e de excelência em gestão. Essas partes são denominadas critérios de excelência. Os referidos critérios podem ser agrupados em 4 blocos que representam o PDCA do Modelo de Excelência em Gestão Pública.São oito, os critérios de excelência do MEGP, quais sejam: liderança, estratégias e planos, cidadãos, sociedade, informação e conhecimento, pessoas, processos e resultados. Cada critério é composto por itens onde cada item possuem diversos requisitos referentes as ráticas de gestão que a organização deve possuir Cada critério possui uma pontuação específica de modo que o somatório dos pontos perfazendo os 8 critérios, chegam à pontuação estabelecida no instrumento que está sendo adotado, ou seja, um total de 250, 500 ou 1000 pontos. Vale ressaltar também que o GESPÚBLICA aplica o MEGP de que 250 pontos, considerado estão iniciando simplificado, para as seus programas.Conforme Organizações ocorre a Públicas evolução das Organizações, elas podem passar a utilizar o modelo de 500 pontos ( quando atingirem a pontuação igual ou superior a 200 pontos) e o de 1000 pontos (quando atingirem a pontuação igual ou superior a 350 pontos). Após o término da auto-avaliação da gestão por meio do MEGP, a organização já é capaz de iniciar o ciclo de melhoria continuada e obter resultados satisfatórios para a obtenção da excelência em gestão. Também é importante citar o Prêmio Nacional da Gestão Pública, uma vez que “observa-se a consolidação do Prêmio Nacional da Gestão Pública (PQGF) como uma instância reconhecida de verificação do nível de gestão das instituições públicas.” (PALVARINI, 2009, p. 2). 3.1.3 Atuação do GESPÚBLICA O GESPÚBLICA compreende que a qualidade da gestão é importante e fundamental, mas não é suficiente. Para tal, tem diversificado sua área de atuação no campo da simplificação, desregulamentação e proposição de diretrizes para a Administração Pública dos modelos de gestão7, das ações públicas e da gestão de políticas públicas, de forma a gerar valor público positivo para a sociedade. A referida Figura também mostra que o GESPÚBLICA atua em consonância com os preceitos da Administração Pública, com a formulação e execução das políticas 21 públicas e também com o cotidiano das Organizações, a fim de obter uma Gestão Pública totalmente focada em resultados e devidamente orientada para o atendimento das necessidades dos cidadãos Figura: A atuação do GESPÚBLICA Fonte:(BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA- GESPÚBLICA, MPOG, 2009h , p. 33) A atuação do GESPÚBLICA nos dias de hoje tem recebido transformações da ordem estratégica, de comunicação e de tecnologia, tais como: (SIMPÓSIO DE PRÁTICAS DE GESTÃO, 2009b, slides n°11,12,13,15) • “Ouvir os agentes da gestão pública;Canais múltiplos (Portal, Blog, Twitter, YouTube, Fóruns);Linguagens distintas (por exemplo: Ferramentas em vídeo); • Utilização racional dos recursos (por exemplo: substituição de ações presenciais por ações à distância); Soluções inovadoras de redes e tecnologia desenvolvidas com especialistas; Padrões e usos definidos por quem tem a necessidade – possibilidade de ajustes contextuais; • Múltiplas portas de adesão ao Programa; • Maior priorização da desburocratização e do atendimento ao cidadão.” É notória a preocupação dos responsáveis do MPOG pela gerência do GESPÚBLICA com atividades relacionadas ao trâmite e disseminação de informações. Para tal, estão sendo empregadas, cada vez mais, soluções de tecnologia por meio de ferramentas da internet (Portal, Blog, Twitter e outros), conforme disposto a seguir na palestra de Bruno Palvarini: “A gestão pública é de tal importância que não pode se restringir à ação de poucos.” (SIMPÓSIO DE PRÁTICAS DE GESTÃO, 2009b, slide n° 17). 22 3.1.4 Estratégia do programa “Mobilizar Pessoas e organizações voluntárias. A atuação voluntária das pessoas é considerada serviço público relevante, não remunerado.” (KRUG, 2009b, slide n° 13). Também deve ser considerado, nesta seara, a execução do código de ética que descreve a estratégia da rede nacional de gestão pública, dos princípios éticos, dos deveres, estabelece deveres adicionais para os órgãos que participam do PQGF, condutas vedadas e infrações éticas. A seguir é demonstrado, de modo sintético, por meio da figura 19, o desdobramento da missão do Programa em resultados. É demonstrado a seguir que a missão (por que o programa existe) pode se desdobrar na visão de futuro (onde se quer chegar, ou seja, o que o programa quer ser), esta pode ser expandida numa estratégia de modo a mobilizar pessoas e organizações para a consecução de um plano. A estratégia, por sua vez, deve possuir foco direcionado para determinadas atividades denominadas iniciativas estratégicas (o que fazer) que também devem estar em conformidade com os objetivos pessoais (ou seja, o que o cada individuo pode fazer). Quando isto ocorre, há a obtenção dos resultados estratégicos para o Programa, tais como: geração de valor público para a sociedade, processos produtivos e de qualidade e força de trabalho eficaz, motivada e tecnologicamente preparada e atingimento da sustentabilidade do Programa 23 Figura : Dimensionamento estratégico do programa Fonte:(BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA- GESPÚBLICA, MPOG, 2009h , p. 35) 24 3.1.7 Diretrizes gerais As diretrizes gerais a serem seguidas pelas Organizações no que concerne ao programa, constam de seu documento de referência e devem ser devidamente conhecidas por todos os participantes do programa. As principais diretrizes são as seguintes: (BRASIL, DOCUMENTO DE REFERÊNCIA - GESPÚBLICA, MPOG, 2009h, p. 37) “1. Os produtos e serviços são produzidos com recursos públicos e ações voluntárias de pessoas. 2. Os cidadãos e a sociedade são usuários diretos dos órgãos e entidades responsáveis por processos que se posicionam na ponta das cadeias prestadoras de serviços públicos. 3. A evidência do bom desempenho se dará pela demonstração da melhoria contínua da qualidade do sistema de gestão e dos ganhos sociais de seus usuários. 5. Os órgãos públicos que implementam um ou mais „produtos‟ do GESPÚBLICA tais como a auto-avaliação, simplificação e melhoria de processos, cartas de serviço, pesquisa de satisfação de usuários e premiação, são considerados participantes do Programa. 6. As organizações públicas ou privadas que, de alguma forma, apoiam o GESPÚBLICA em sua estratégia de disseminação e assistência aos órgãos e entidades públicos são consideradas organizações integrantes da Rede Nacional de Gestão Pública (RNPG). 7. As pessoas, servidores públicos ou não, que executam alguma atribuição oficialmente sua missão públicos, reconhecida no âmbito do GESPÚBLICA em de disseminação e assistência aos órgãos e entidades são considerados integrantes da Rede Nacional de Gestão Pública (RNGP). 8. Todas as pessoas e organizações que atuam no programa, de forma permanente ou temporária, estão submetidas ao Código de Ética do Programa.” Finalmente, um modelo de gestão para ser efetivo, deve estabelecer um conjunto de diretrizes que norteiem o rumo a ser seguido, bem como as técnicas e as tecnologias disponíveis e as práticas de sucesso aplicadas pelos agentes que fazem parte da cadeia da gestão pública. 3.1.8 Ano nacional da gestão pública Por meio do decreto de 17 de março de 2009, este exercício foi o instituído como o “ano nacional da gestão pública.” (Brasil, 2009a, p. 1). “O advento do Ano Nacional da Gestão Publica e o respectivo lançamento em 30 de abril último do Fórum Nacional da 25 Gestão Publica, trouxeram consigo a necessidade de redirecionamento do Programa GESPÚBLICA para a construção coletiva de uma agenda de gestão por meio da articulação das diversas redes de atores existentes e da gestão do conhecimento no tema. (PALVARINI, 2009, p. 2). Algumas diretrizes foram emanadas no presente ano com vistas a desburocratização, simplificação de procedimentos e práticas, desregulamentação, dentre outros mecanismos de valorização da gestão pública. Os principais são: Carta de Brasília, Construção coletiva de Agenda Nacional, Implantação do Fórum Nacional GESPÚBLICA, bem como a simplificação do atendimento público prestado ao cidadão e a dispensa do reconhecimento de firma em documentos produzidos, instituídos na “Carta de Serviços ao Cidadão” em agosto último. Como já mencionado anteriormente, a estratégia do Programa foi ajustada para facilitar a construção coletiva de uma agenda de gestão. Tais alterações vêm promovendo mudanças culturais no relacionamento entre o conjunto de instituições brasileiras, tais como: um leque maior de possibilidades de adesão ao GESPÚBLICA, a ampliação das ferramentas disponíveis, o estabelecimento de parcerias com especialistas e a intensa comunicação entre os participantes do movimento pela melhoria da gestão, por meio dos mais eficientes canais (vídeos, ensinos à distância, redes sociais e blogs de gestão). As diretrizes para 2009 são as seguintes: realização da missão via articulação, mobilização e fomento das redes de gestão; e promover a Gestão do conhecimento. (SIMPÓSIO DE PRÁTICAS DE GESTÃO, 2009b, slide n° 10). Nesse sentido, o Portal da Gestão Pública (www.gespublica.gov.br) é um ponto convergente para a troca de informações com vistas ao aperfeiçoamento do MEGP. Está disponibilizado no referido endereço, também, um fórum de discussão eletrônico para que cada cidadão possa participar da construção e da permanente atualização do modelo de gestão mais adequado à realidade de nosso País. Por fim e em face do exposto, para facilitar o alcance dos resultados cobiçados pelo programa, é crucial entender e internalizar, de modo rápido e perene, modernos conceitos de sistemas e de redes de cooperação, indicadores de desempenho, a simplificação do atendimento ao cidadão, além de avançadas tecnologias de informação e de comunicação. Trata-se de um relevante aspecto da mudança cultural que se pretende adotar no campo da 26 gestão pública. 3.2.O Programa Netuno e a MB “O nome “Netuno” foi atribuído devido às características comuns entre o Deus e o Programa. Na mitologia, Netuno, recebeu da partilha do Universo o mar e as ilhas. Sabe tudo que se passa em seu reino. É idolatrado por seus súditos navegadores e guerreiros.” (BRASIL, 2006b, p. 7). “Programa Netuno é um processo administrativo destinado a aprimorar a gestão das OM e, conseqüentemente, proporcionar à Marinha do Brasil as melhores condições para estar pronta e adequada à estatura político-estratégica exigida pelo País.” (BRASIL, 2009e, p. 1). O Netuno também se utiliza do MEGP. É voltado ao propósito de fortalecer e capacitar as OM para o futuro, por meio da disponibilização de uma ferramenta de gestão que permite diagnosticar o estágio de desenvolvimento gerencial e planejar ações visando à melhoria contínua: o ciclo avaliar – agir (conforme contido na Figura abaixo). Figura: O ciclo avaliar-agir Fonte: O ciclo avaliar-agir (ORIENT. AVALIAÇÃO 250 PONTOS, 2007, p. 5) “O Programa Netuno representa, para Comandantes e Diretores, a oportunidade de contarem com uma valiosa ferramenta, calcada em modernas práticas administrativas, que os auxiliará na gestão de suas OM.” (BRASIL, 2006b, p. 9) A exemplo de sua fonte de inspiração – o GESPÚBLICA - o programa possui um sistema avaliar-agir que estabelece o encadeamento contínuo de ações de auto-avaliação e melhoria do sistema de gestão. A fim de corroborar este movimento cíclico e continuado, a figura citada anteriormente explicita o ciclo completo, desde a auto-avaliação até a implementação das melhorias adotadas. Esse é o binômio que alicerça o ciclo da 27 melhoria contínua da gestão e sobre o qual uma OM inicia o ciclo do Programa Netuno. “O ciclo estabelece três requisitos: continuidade, implementação ações de melhoria entre uma avaliação e outra, de e monitoramento das ações implementadas.” (BRASIL, ORIENTAÇÃO PARA AVALIAÇÃO 250 PONTOS, 2007, p. 3) 3.2.1 Regulamentação A decreto regulamentação do Programa do GESPÚBLICA de 2005 Netuno mencionado é baseada no anteriormente, próprio fato que ensejou, imediatamente, por meio de uma visão de futuro do Comandante da Marinha, na confecção de uma ORCOM sobre o tema com a seguinte descrição (BRASIL, 2006e, p. 10): “Estudar e propor ações para a implementação de um programa dinâmico de excelência de gestão, de acordo com o Decreto nº 5.378/2005, que estabeleceu o programa GESPÚBLICA, visando aprimorar o desempenho Institucional, focado na valorização e capacitação humana e caracterizado por ações que otimizem processos e permitam o gerenciamento de projetos, levando-se em consideração os resultados obtidos com os processos anteriores de Gestão da Qualidade tal (GQT), Gestão Contemporânea (GECON) e Reengenharia (RGA).” 3.2.2 Sensibilização inicial A sensibilização inicial da administração naval antecedeu a implantação do Programa e constituiu-se elemento imprescindível ao sucesso. (BRASIL, 2006ª, p. 2) O Programa foi apresentado aos Almirantes, Comandantes e Diretores de OM e visou conscientizá-los da importância da adoção de procedimentos voltados para a excelência dos resultados e do propósito principal do programa (obter a melhoria da qualidade, economiade meios e a desburocratização das atividades Navais), de acordo com I simpósio a seguir: Quadro 3: Palestras e palestrantes do I Simpósio PALESTRA PALESTRANTE A Contribuição do Inmetro para a Sr. Alfredo Carlos Orphão Lobo Sociedade Modelo de Gestão da Petrobrás Sr. Afonso Celso Granato Lopes 28 GESPÚBLICA: A Gestão Pública Sra. Haley Maria de Souza Almeida Orientada para Resultados e para o Cidadão O Programa Netuno Contra-Almirante Antônio M. V. Gomes Sistema de Excelência do EB Gen. de Brigada Nelson Santini Júnior Certificação MPF–BR da Aeronaútica Ten. Coronel Marino Scheid Filho Transformação Organizacional Prof. Dr. Paulo R.de M. Motta Fonte: Elaboração própria. 3.2.3 Implementação O programa foi implantado de forma global, no nível micro de administração e todas as OM compulsoriamente tinham que participar das ações específicas e iniciais de implementação que serão colocadas mais adiante. A referida forma causou impacto imediato em toda a Marinha, propiciando um marco referencial do início da mudança. No relatório de implementação do Netuno na MB, já estava prevista a necessidade de comprometimento de todos na busca da excelência em gestão, de acordo com o trecho a seguir: “é importante que a Alta-administração da organização patrocine e participe do processo de auto-avaliação. Essa participação começa pela indicação de uma equipe, nomeada de Comitê de Gestão Organizacional, com número de componentes compatível com seu tamanho” (BRASIL, 2006c, p. 6). 3.2.3.1 Diretrizes básicas O programa cuja finalidade é contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços e da administração organizacional, possui algumas diretrizes básicas. São elas: (BRASIL, 2006c, p.1) “a) manter aprestamento da tripulação das OM, sempre buscando a otimização do emprego dos recursos humanos; b) aperfeiçoar a estrutura administrativa, a fim de contribuir para eficiência e eficácia das ações da OM; c) valorizar o elemento humano, enfatizando o desenvolvimento e 29 aperfeiçoamento das qualidades morais, profissionais, intelectuais e culturais, bem como das condições psicofísicas, e o aprimoramento das atividades assistenciais que possam repercutir favoravelmente no campo psicossocial; e d) racionalizar custos, combater o desperdício e perseguir a austeridade financeira em todos os níveis e atividades.” 3.2.3.2 Objetivos Os objetivos foram elaborados a partir das Diretrizes Básicas expostas no item anterior, visando a estabelecer um estilo de gestão para as organizações militares da Marinha, com base nas determinações contidas no Decreto nº 5.378/05 – GESPÚBLICA: (BRASIL, 2006c, p. 1) “a) instrumentalizar as OM com ferramentas de análise e melhoria de processos, promovendo a eficiência por meio do melhor aproveitamento dos recursos; b) acompanhar e avaliar as ações de melhoria da qualidade dos serviços da OM alinhado com os conceitos da GESPÚBLICA, premiando aquelas que se destacarem; c) incentivar a capacitação e participação do pessoal por meio de treinamentos contínuos e premiação de iniciativas de destaque; e d) sensibilizar os diversos níveis da estrutura naval para a importância do Programa”. 3.2.3.3 Ações específicas No plano de implementação, também eram previstas ações estruturais específicas a serem desenvolvidas em três anos, quais sejam: (BRASIL, 2006c, p.2) “a) Divulgação e Conscientização: é a conscientização da importância do Programa, sendo desenvolvida através da realização de palestras sobre 8 o tema, em local escolhido pelo Órgão de Direção Setorial (ODS ). Sempre que possível far-se-á convite a palestrantes de entidades extraMarinha, visando a troca de experiências e incentivo a adoção do Programa. Na mesma ocasião caberá a DAdM apresentar os detalhes e possibilidades do Programa. b) Capacitação de Pessoal: Esta ação, coordenada pelo ODS, visa capacitar os representantes das OM envolvidas, com os seguintes objetivos: 1) disseminação potencialidade dos conceitos; 2) sensibilização sobre a do Programa; 3) participação como agentes multiplicadores nas áreas de competência no Setor; 4) participação como avaliadores internos e externos, no caso de OM de outros Setores; e 5) participação como agentes de melhoria da gestão das respectivas OM. c) Institucionalização: Esta Ação, destinada a implantação dos conceitos apreendidos no decorrer da Ação anterior, inicia-se com a auto30 avaliação da OM. Caberá ao Comitê de Gestão Organizacional (CGO) três atividades específicas: 1) realizar a primeira auto-avaliação da OM; 2) identificar os processos conseqüentemente, estabelecer que o podem Plano de ser melhorados Melhoria de e, Gestão Administrativo (PMG-A); e 3) treinar o pessoal da OM, repassando os conhecimentos adquiridos sobre a Avaliação de Gestão. deve ser um plano simples, que identifique os O PMG-A gargalos administrativos e apresente as soluções propostas. A auto-avaliação deve ocorrer em paralelo com o treinamento interno do pessoal da OM, para que, no futuro, os servidores da organização participem dessas avaliações. d) Validação e Premiação: As Ações de Validação e Premiação são correlacionadas, mas devem ser realizadas distintamente. A validação é obrigatória e será procedida pelo ODS anualmente ou sempre que se fizer necessário. A validação deve ser realizada uma vez por ano. Sendo aconselhável que, quando possível,ocorra em conjunto com a 9 Inspeção Administrativo-Militar (IAM ). De uma forma geral, os objetivos da Validação e da IAM são concomitantes, visam à melhoria da gestão administrativa. Já a participação da organização na premiação será opcional, devendo ter início após todas as OM, subordinadas a um ODS, estarem participando do Programa. Assim, é aconselhável que tenha início a partir do quarto ano de implantação. A Premiação, parte das estratégias do Programa NETUNO, visa estimular as organizações e as pessoas individualmente. e) Publicidade dos resultados: As OM e as iniciativas individuais premiadas devem ser divulgadas, mediante matérias publicadas no Boletim de Ordens e Noticias (BONO) e na revista marítima NOMAR. Estas matérias devem dar conhecimento ao público interno.” Uma consideração pertinente no que concerne à capacitação é que os agentes multiplicadores de todas as OM subordinadas são indicados pelo ODS responsável, no sentido de possuírem, preferencialmente, o seguinte perfil: a) antigüidade compatível, viabilizando o relacionamento com a direção e os diversos departamentos da OM; b)Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários (C-EMOI) ou equivalente; e c) conhecimento das peculiaridades da OM, desde a missão até os respectivos relacionamentos institucionais.O de agentes multiplicadores por OM ordenamento indicado no Quadro 4: 31 deve obedecer ao número seguinte Quadro 4: Número de multiplicadores por OM Fonte: (BRASIL, 2006c, p. 3) Ainda no que concerne à capacitação, ela será processada por meio da aplicação de curso presencial ou à distância (TELEDUC por meio dos instrutores do CIAW e do apoio da Diretoria de Finanças da Marinha - DFM), contendo as disciplinas, abaixo contidas no quadro, ministradas pelas organizações relacionadas ao lado dos seus títulos: Quadro: Cursos estipulados por organização Fonte: (BRASIL, 2006c, p. 3) No componentes que tange à institucionalização, os agentes multiplicadores do CGO são instados a passar os conhecimentos obtidos na capacitação, através da transmissão de conhecimento das disciplinas de Avaliação de Gestão e Análise e Melhoria de Processos. Esta ação possui características, cíclica e contínua, e pode, portanto, ser repetida à medida que o CGO observe a necessidade. Na falta de algum critério de observação, recomenda-se repetila a cada 90 dias. A avaliação externa indicará o grau de acurácia da auto-avaliação. É importante que essa equipe do CGO tenha um bom conhecimento da organização, tenha facilidade de relacionamento com os servidores e, pelo menos um dos seus integrantes, tenha acesso direto à direção da OM. O processo de auto-avaliação tem que ser participativo e, ao final tem que representar um consenso da organização sobre a qualidade da gestão, naquele momento. Com base nessa auto-avaliação são identificados os processos que podem ser melhorados e, consequentemente, estabelecido um PMG-A. Concluída a auto32 avaliação a organização deve solicitar a validação externa dos resultados obtidos visando obter uma visão de terceiros sobre a gestão da OM, e o aumento do grau de confiabilidade de sua avaliação. Vale ressaltar que as premiações ajudam às organizações a manterem um processo contínuo de melhoria e, também, a serem reconhecidas por se destacarem nas práticas de qualidade, bem como aos militares e servidores civis da Força a desenvolverem soluções criativas, que possam ser aplicadas a totalidade ou boa parte das OM da MB. 3.2.4 Plano de Gestão do Netuno É consenso que a excelência em gestão seja um valor reconhecido e cultuado pelas OM em todas as suas atividades. O pessoal deve ser continuamente valorizado, motivado e treinado. As melhorias dos sistemas de gestão das OM devem ser coadunadas, promovendo sinergia perpassando as fronteiras das OM para refletir-se na instituição como um todo. Deste modo, a MB será reconhecida como instituição cujas práticas administrativas estejam alinhadas à excelência em gestão em suas mais diversas atividades. No decorrer da fase de implantação do Netuno, em face das dificuldades observadas e resultados pretendidos com o Programa, foi constatada pela Alta Administração Naval a premência de se criar um plano de gestão para o referido programa, com vistas a possibilitar sua continuada evolução e utilização pelas OM da MB. No simpósio de práticas de gestão, realizado recentemente em setembro último, o Diretor de Administração da Marinha, expôs o propósito, bem como os benefícios reais e potenciais do PGN: (SIMPÓSIO DE PRÁTICAS DE GESTÃO, 2009, slide n° 14). “O propósito do PGN é “Potencializar a aplicação do Programa Netuno, de modo que a excelência em gestão seja internalizada na Marinha, tornando-se autossustentável. Benefícios reais: Melhoria da gestão nas OM (excelência em todas as tarefas de bordo) e melhor emprego dos recursos humanos, materiais e financeiros Benefícios potenciais: Possível obtenção de fontes de recursos adicionais para aplicação nas OM e premiação federal e regional das OM, com aumento da visibilidade institucional da MB.” 33 3.2.4.1 Áreas de atuação e ações a empreender Foi verificada pela DAdM (Diretoria de Administração da Marinha) a demanda de melhor estruturar a base gerencial do programa, orientar o trabalho por meio de áreas de atuação e intensificar a participação das OM. Com isso, o PGN foi estruturado por meio de ações a empreender, buscando potencializar a aplicação dos conceitos do Netuno na MB de forma auto-sustentável. As áreas de atuação, , foram melhor explicitadas por meio de grupos de ações que atacam as oportunidades de melhorias no que concerne ao programa.As áreas de atuação do PGN funcionam como se fossem grandes blocos de atuação da Administração Naval nas dificuldades observadas no que concerne à implementação do programa, quais sejam: ( BORBA, 2009, slide n° 31) Número reduzido retorno de indicações, para cursos, por OM; Baixo das informações sobre as validações; Ausência de estrutura dedicada ao Programa Netuno que permitisse uma eficiente coordenação das atividades; Perfil dos participantes nas OM (pessoal inexperiente; moderno).Baixa prioridade (pessoal com múltiplas funções; encargo colateral).Rotatividade de pessoal e engajamento institucional reduzido. 3.2.4.2 Objetivos e metas Para que os resultados sejam alcançados por meio das ações a empreender citadas anteriormente, faz-se necessário o estabelecimento de objetivos, suas respectivas metas e indicadores para acompanhamento e controle. Assim, são estabelecidas as seguintes metas e indicadores (BRASIL, 2009f, p. 16): “3.1 – Objetivo 1 - Institucionalização do Programa a) Meta 1 - Até Dezembro/2011, ter 100% das OM com seus respectivos Planos de Melhoria de Gestão e Planejamento Estratégico devidamente elaborados. Indicador: Quantidade de OM que possuem os instrumentos / Quantidade de OM na MB: b) Meta 2 - Até Dezembro/2012, ter 100% das OM aplicando as práticas de excelência em gestão preconizadas pelo Programa Netuno. Indicador: Quantidade de OM que realizaram autoavaliações / Quantidade de OM na MB; Meta 3 - Até Dezembro/2011, ter 95% das OM com pessoal capacitado nos três cursos do Programa Netuno. Indicador: Quantidade de OM que tenham atingido a quantidade de cursados de acordo com o tamanho de seu efetivo / Quantidade de OM na MB. Meta 4 - Até Dezembro/2011, dispor de um sistema informatizado para a dinâmica de autoavaliação e o controle dos indicadores. Indicador: Acompanhamento das etapas do projeto do sistema em pauta. 3.2 – Objetivo 2 - Evolução da Gestão 34 Meta 1 - Até Dezembro/2011, 40% das OM da MB devem possuir uma taxa de crescimento de suas pontuações de 20% ou mais em relação à avaliação anterior. Meta 2 - Até Dezembro/2013, 60% das OM da MB devem possuir uma taxa de crescimento de suas pontuações de 20% ou mais em relação à avaliação anterior. Meta 3 - Até Dezembro/2015, 80% das OM da MB devem possuir uma taxa de crescimento de suas pontuações de 20% ou mais em relação à avaliação anterior. Indicador: Quantidade de OM que tenham obtido taxa de crescimento em suas pontuações superiores a 20% em relação às suas avaliações anteriores / Quantidade de OM na MB.” “Efeito desejado do programa é a consolidação do Programa Netuno como um processo administrativo focado na excelência em gestão, permitindo que a MB seja uma Força moderna, equilibrada e balanceada, pronta para o cumprimento de sua missão. (SIMPÓSIO DE PRÁTICAS DE GESTÃO, 2009a, slide n° 17) 3.3.O EB e o GESPÚBLICA No contexto atual de evolução tecnológica, transformação do conhecimento, globalização, melhoria continuada por meio da identificação dos fatores-chave como a produtividade e a qualidade, o EB não ficou à espreita desta revolução global. A EB vem exigindo de seu pessoal, por anos, contínua dedicação e total esforço no sentido de obter o desenvolvimento profissional, para que possam acompanhar, a contento, as constantes evoluções impostas pelo mundo moderno e pela sociedade, extremamente complexas, sempre inovando ou adaptando os procedimentos ora em vigor. Nesse contexto e apesar de o EB possuir suas peculiaridades como Instituição, assim como a MB também as possui, tais como os preceitos de hierarquia, disciplina, missão, visão estratégico, pensamento sistêmico, de futuro, valores, planejamento diretrizes sedimentadas organizacionais, dentre outras, a Instituição vem se sintonizando com a qualidade na gestão de modo a incrementar, cada vez mais, a melhoria contínua em suas unidades. Desse modo, surge, então, em 2003, o Programa de Excelência Gerencial do Exército Brasileiro (PEG-EB), cuja definição é colocada em seqüência: “O PEG-EB pode ser definido como uma ferramenta que visa a melhorar a operacionalidade do Exército, para que atenda nas melhores condições aos anseios de defesa e segurança da sociedade brasileira, tendo por base a capacitação dos recursos humanos e caracterizada por ações voltadas para a otimização dos processos, o gerenciamento de 35 projetos e o permanente estímulo para motivação de todos os integrantes da Força.” (BRASIL, 2003, p. 1) “O Programa Excelência Gerencial (PEG-EB) é o instrumento de implantação da estratégia de “reorganização das atividades sob a égide da excelência”, estabelecido pelo Comandante do Exército, General de Exército Francisco Roberto de Albuquerque, a partir de 2003, visando a melhorar a operacionalidade da tropa e atender, nas melhores condições, aos anseios de defesa e segurança da Sociedade Brasileira.” (BRASIL, 2009c, p. 1) A idealização do PEG-EB ocorreu com o objetivo acima descrito e com base no bem-estar do público alvo, fato que pode ser corroborado com a colocação emanada nas próximas linhas: “Ao ser idealizado, pensou-se num Programa que melhorasse continuamente a gestão de todo o EB e que tivesse como objetivo a operacionalidade e o bem-estar do público interno e de seus dependentes.” (BRASIL, 2009c, p. 2) Foi implantada no EB, na ocasião, a metodologia de auto-avaliação adotada pelo extinto PQSP, atual GESPÚBLICA do MPOG. O PEG-EB também faz uso do MEGP e possui, portanto, as mesmas características do programa fonte também adaptado á sua realidade, como se pode observar a seguir: “Suas principais características são: o desempenho (administração por resultados); a satisfação dos usuários; a valorização das pessoas; a comparabilidade; a melhoria e o aprendizado contínuos; e a pró-atividade. O Programa é baseado na Gestão Pública de Excelência, configurado em um modelo de gestão ou gerenciamento organizacional e definido a partir de critérios de excelência em gestão, os quais são utilizados pelo Programa de Qualidade no Serviço Público e aceitos em vários países.” (BRASIL, 2003, p. 1) “Desejava-se com a logomarca, algo que representasse a autoridade de um “rei”, e que ao mesmo tempo brilhasse como a luz do sol. Foi desenhada, a exemplo da barretina do cadete e da coroa de um rei, com os raios de sol em amarelo e, com os dizeres em verde à frente. Simples e representativa, a logomarca seconsolidou e hoje é conhecida por todos na Força.” (BRASIL, 2009c, p.3) 36 Figura: Logomarca do PEG-EB Fonte: (BRASIL, 2009c, p.3) 3.3.1 Regulamentação “A regulamentação do PEG-EB é baseada na portaria nº 191, de 17 de abril de 2003 que trata das Políticas e Estratégias do Comandante do Exército e de outra portaria, a de n° 348, de 1º de julho de 2003 que estabelece PEG-EB. (BRASIL, 2009c, p. 4)” A portaria n° 348/2003 (BRASIL, 2003) institucionalizou a gestão da qualidade de modo sistêmico no EB. Convém mencionar que o EB já participava de programas de qualidade do Governo Federal( no caso o PQSP), antes mesmo da criação do Gespública por meio do decreto n° 5378/2005, seguindo os mesmos critérios e preceitos orientados pelo Governo. Assim, demonstrando o alinhamento com a estratégia de excelência, a portaria em lide discorre: (BRASIL, 2003, p. 1) “O PEG-EB é o instrumento de implementação da Estratégia de “reorganização das atividades internas sob a égide da excelência”, estabelecida na Portaria do Comandante do Exército n° 191, de 17 de abril de 2003, estando alinhado com os objetivos decorrentes daquela Estratégia [...]” Já Sistema em 2007, também foi regulamentado o estabelecimento do de Excelência no Exército Brasileiro, em continuidade ao Programa Excelência Gerencial por meio da portaria n° 220 de 20 de abril de 2007 (BRASIL, 2007a, p. 1). 3.3.2 Sensibilização inicial No que concerne ao passo de sensibilização inicial, “o Comandante do Exército realizou reuniões e palestras de sensibilização para o Alto Comando do Exército (ACE), para mostrar a importância do PEG - EB e da utilização de novas ferramentas gerenciais para melhorar a gestão da Instituição.” (BRASIL, 2009c, p. 1) Essa sensibilização foi feita mediante palestras do próprio Comandante do Exército, como a contida na figura abaixo, assim como de consultores e executivos de organizações públicas e privadas. 37 Figura : Sensibilização dos integrantes do EB pelo Comandante da Força Fonte: (BRASIL, 2009c, p. 1) 3.3.3 Implementação No EB, o início do processo de implementação deu-se com a seguinte forma : “a nomeação dos primeiros Assessores Especiais, os quais vieram, posteriormente, a integrar a Assessoria Especial do Gabinete do Comandante do Exército (AEsp/Gab Cmt Ex), encarregada de implantar o Programa.” (BRASIL, 2009c, p. 1) Foi estabelecida uma missão para os referidos Assessores que consistia em: “Assessorar o Comandante do Exército na implantação do PEGEB e dinamizar as ações voltadas para a consecução da finalidade e das metas do Programa, o qual prevê a melhoria da qualidade dos projetos, processos, produtos e serviços, enfim do gerenciamento no Exército Brasileiro.” (BRASIL, 2003, p. 4). Os assessores em lide também possuíam atribuições especificadas e norteadoras para a implementação do PEG-EB. Vale explicitar ainda que a orientação mestra no EB, desde o início do programa até a data atual, versa sobre: “[...] as ações do Programa deveriam ser simples e focadas nos resultados, sendo a participação das diversas OM em prêmios de qualidade de âmbito nacional, estadual ou municipal, considerada não como objetivo primordial do PEG-EB, mas sim como mais uma ferramenta de aperfeiçoamento da gestão e de aproximação Exército com as diretrizes públicos.” (BRASIL, 2009c, p. 3) 38 do Governo Federal para os do órgãos 3.3.3.1 Diretrizes O Excelentíssimo Senhor Comandante do Exército estabeleceu algumas diretrizes para nortear o PEG-EB, quais sejam: “- Prover uma administração aberta à evolução permanente e flexível para adaptar-se com rapidez a novas metodologias gerenciais e às evoluções de cenários; - Valorizar da criatividade, do comportamento pró-ativo e da autoavaliação contínua, para inovação e melhoria permanentes; - A incorporação e a adoção por parte dos militares e servidores civis de modo consciente, confiante e voluntário - a última palavra em termos de metodologia de gestão de recursos, tendo como ideal a busca da excelência de desempenho e resultados; e - consolidar o alto conceito do Exército na sociedade, também, como Instituição modelar no gerenciamento dos recursos que ela lhe disponibiliza.” 3.3.3.2 Fases iniciais A implantação do PEG-EB também ocorreu de forma compulsória para as OM e em conformidade com as seguintes fases iniciais: (BRASIL, 2003, p. 5) “1ª FASE: - Realizar a auto-avaliação em todos os níveis - 20 abril até 20 julho de 2003. O prazo de três meses é considerado suficiente para a 1ª Fase, mas exige-se rapidez na preparação do pessoal pelos multiplicadores (militares que realizaram os Cursos de Gestão Pública do MPOG); O gerenteexecutivo será o chefe, diretor, secretário ou comandante; - Deve ser nomeado um oficial coordenador e uma equipe de implantação do PEG-EB (Equipe Setorial), cuja atividade inicial será a auto- avaliação, aproveitando os militares capacitados, denominados multiplicadores; e Estabelecer os pontos fortes e as oportunidades de inovações e melhorias, conforme os critérios de excelência, cuja aplicação é do conhecimento dos multiplicadores. 2 ª FASE: - Implementar os Projetos de Inovações e Melhorias - a partir de agosto de 2003; - Cada órgão/OM definirá os seus projetos a partir da auto-avaliação. - Definir, estabelecer prioridades e gerenciar os projetos para as inovações e melhorias, designando os respectivos gerentes de projetos e suas equipes (Equipes Operacionais); - Otimizar os processos, mediante identificação e análise, simplificação, solução de problemas (utilizando ferramentas afins) e aperfeiçoamento dos processos; As ações de gerenciamento dos projetos e de otimização dos processos, acima 39 comentadas, podem projetos complexos, ser realizadas simultaneamente. haverá capacitação específica Para de os recursos humanos, com cursos de Elaboração e Gerenciamento de Projetos. ” 3.3.3.3 Modelo O modelo constante na figura abaixo direciona os passos a serem percorridos com os respectivos fluxos de ações para a referida implementação. Figura: Passos para a implantação do modelo Fonte: (BRASIL, 2003, p. 6) Sobre o modelo descrito, cabe ressaltar a não-necessidade dos passos serem ordenados. Por exemplo, os passos 3, 4 e 5 podem ser realizados em paralelo perfeitamente. O passo 6 constitui ação relevante na medida em que recebe a alimentação dos passos anteriores, centralizando também a sua distribuição para as ações posteriores. O passo 10 retroalimenta o sistema por meio dos passos 3 ou 6. Quadro: Síntese das ações de implantação PASSO/AÇÃO 1 2 CONSIDERAÇÃO Decisão do Comandante do Exército, ouvido o ACE. Rever item 3.3.2 do presente estudo. 40 Realizar um diagnóstico da situação no EB: nível de 3 satisfação, mensuração de resultados, avaliação da eficácia e identificação das possibilidades de melhorias. Análise crítica da missão, visão de futuro, política, estratégias, 4 diretrizes, objetivos, metas e ações dos planos. Participação de palestras e congêneres, visitas a outras 5 organizações, Atualização do público selecionado internamente, visitas de 6 benchmarking11 e interação com o MPOG. Mapeamento e simplificação dos processos e aplicação da 7 metodologia Explicitar as atividades, com os seus responsáveis, os prazos e 8 modo de condução. Podem ser sistêmico (todo o EB), interdepartamentais Estabelecer: o que medir e os indicadores estratégicos 9 balanceados. Medir e avaliar os resultados e adotar softwares para monitorá- 10 los. Fonte: Elaboração própria (baseada em (BRASIL, 2003, p. 6-12) 3.3.4 Gestão do programa A gestão do programa é realizada diuturnamente por meio de coordenação, sistemas de gestão, gestão da capacitação,criação do Sistema de Excelência do Exército Brasileiro (SE-EB), bem como pelos resultados auferidos nas Organizações com os prêmios alcançados até então. 3.3.4.1 Coordenação Para dar suporte à implantação do PEG-EB e efetuar o gerenciamento do sistema de modo diuturno, coordenação geral, empregadas na foram estruturadas as seguintes equipes: de de coordenação setorial e operacional. Todas essas são operacionalização do Processo de Melhoria Contínua (PMC). (BRASIL, 2006a, p. 1-2) Serão discriminadas abaixo as missões e finalidade de cada equipe no sentido de gerenciar o PEG-EB: A Equipe de Coordenação Geral tem como missão: propor estratégias, diretrizes e metas para o processo de mudanças, coordenando o programa em todo o Exército, Órgão ou Comando. (BRASIL, 2006a, p. 1-3) 41 No que concerne ao âmbito setorial e à gestão do programa, tem-se: “[...] coordenar o processo de internalização das mudanças, procedendo, ainda, à análise e à adequação à realidade de cada órgão, comando e OM das metodologias a serem utilizadas.” (BRASIL, 2003, p. 4) No que tange às equipes operacionais, observa-se a finalidade: (BRASIL, 2006a, p.1-3) “Realizar a implantação processos, desenvolvendo permitam a eliminação medidas das ações corretivas de e/ou melhoria nos preventivas que dos desvios/erros, possibilitando ganhos de qualidade e produtividade. A formação das Equipes Operacionais está baseada na inovações melhorias em forem priorizadas na Auto-avaliação da necessidade de serem implementadas determinadas áreas que e/ou organização ou OM considerada, e deve seguir a orientação da Equipe Setorial correspondente, quando for necessário. As unidades Equipes do Exército, Operacionais, devem estabelecidas trabalhar de forma nas diversas estruturada e sistemática para melhorar processos, produtos e serviços e devem fazer uso das informações dos clientes e demais partes interessadas para análise e aperfeiçoamento dos processos. A ação das Equipes Operacionais é de fundamental importância para a implementação da melhoria contínua e do aprendizado organizacional.” Em face do colocado acima, verifica-se que a estruturação do gerenciamento do PEG-EB foi realizada em níveis de comando, de modo a atuar na organização como um todo, institucionalizando o programa. 3.3.4.2 Sistemas de gestão É importante que a excelência em gestão seja um valor reconhecido e cultuado pelas OM em todas as suas atividades. As melhorias dos sistemas de gestão das OM devem ser coadunadas, promovendo sinergia perpassando as fronteiras das OM para refletir-se na instituição como um todo, como se pode demonstrar: “Em seguimento às ações deflagradas com a implantação do PEG-EB, a auto-avaliação da gestão das Organizações Militares foi sendo a cada ano ratificada ou retificada, além de ser validada por equipes externas às OM, sendo daí levantadas e priorizadas as oportunidades de inovação e melhoria (OIM), estabelecidas ações para transformá-las em pontos fortes e consolidação das mesmas em Projetos de Inovação e Melhoria (PIM). A implementação de inovações e melhorias, feita por simples ação de comando, análise e melhoria dos 42 processos e por meio de projetos, constantes do Plano de Gestão da OM, materializou desde então o processo de elaboração do Planejamento Estratégico Organizacional (PEO). O PEO e o Processo de Melhoria Contínua (PMC) são instrumentos que juntos permitem atingir melhores resultados e buscar a excelência gerencial. O conjunto integrado desses instrumentos, em consonância com a gestão dos processos e de projetos, bem como com um sistema de medição, é denominado “Modelo Excelência Gerencial do Exército Brasileiro” (MEGEB). ”(BRASIL, 2009c, p. 4) O PMC é baseado nos critérios de excelência, enquanto o MEG-EB, por sua vez, conta com algumas ferramentas de apoio por meio das quais o Comandante e seu Estado- Maior, em todos os níveis, transformam as necessidades apontadas na auto-avaliação da OM em resultados para a organização. Dentre estas, citam-se: Análise e Melhoria de Processos (AMP); Elaboração e Gerenciamento de Projetos (EGP); Sistema de Medição de Desempenho Organizacional (SMDO) e Indicadores de Desempenho Organizacional . Figura: Fases da metodologia do SMDO-EB Fonte: (BRASIL, 2009d, p. 6) 3.3.4.2.2 O SISPEG-WEB A Assessoria Especial do Gabinete do Comandante do Exército desenvolveu em conjunto com a Fundação Trompowsky, órgão vinculado ao Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP), a mais nova ferramenta gerencial, o SISPEG-WEB, disponível desde o dia 2 de abril de 2008 para todas as OM participantes do processo de Auto-Avaliação. (BRASIL, 2009c, p. 11) 43 É a versão em rede, com acesso via Internet, via endereço (https://www.sispegweb.ensino.eb.br), que permite o gerenciamento dos Planos de Gestão, Auto-Avaliação, Validação, Melhores Práticas de Gestão, Relatórios, Banco de Melhores Práticas, Cadastro da OM, Cadastro do Assessor de Gestão, Visão Sistêmica das 664 OM do EB (BRASIL, 2009c, p. 12). Segue-se a tela inicial de entrada da ferramenta Figura: Tela de entrada do SISPEG-WEB Fonte: BRASIL, 2009c, p. 12 Contribui com o Sistema de Medição de Desempenho Organizacional (SMDO- EB), alinhando os Indicadores de Desempenho Operacionais e Estratégicos das OM de nível Batalhão / Subunidade até os seus respectivos Comandos Militares de Área. (BRASIL, 2009c, p. 12) 3.3.4.3 Gestão da capacitação A AEsp desenvolveu, desde o seu início, constantes atividades no sentido de viabilizar a capacitação de recursos humanos, por meio das seguintes ações: “Confecção de sugestões acerca do currículo da disciplina Ciências Gerenciais Militares; cursos ministrada nos Estabelecimentos de Ensino na modalidade à distância sobre AMP, junto com o Centro de Estudos de Pessoal (CEP) e com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP); cursos presenciais de Indicadores de Desempenho, Melhoria Planejamento Contínua. Foram Estratégico realizados, Organizacional também, desde e de 2005, para militares das Guarnições de Brasília e do Rio de Janeiro, em parceria com a FGV, cursos de Gerenciamento de Projetos e de Gestão por Processos. Além disso, foram realizados Cursos Básicos em Gestão (CBG), com cerca de seis semanas de duração cada um, para oficiais e praças de fora da Guarnição de Brasília, executados em parceria ENAP, em Brasília/DF, todos com excelente com grau a de aproveitamento.” (BRASIL, 2009c, p. 6) Vale ressaltar que “os militares formados nestes cursos de extensão estão se constituindo em importantes disseminadores do Programa nas diversas guarnições espalhadas pelo território nacional.” (BRASIL, 2009c, p. 6). Da 44 mesma forma, em parceria com a Fundação Trompowsky, foram desenvolvidos módulos de capacitação em PEO, AMP e MC, na modalidade de ensino a distância (EAD), permitindo uma maior disseminação da cultura da excelência bem como uma atualização e padronização de conhecimentos na área de gestão. No que concerne à doutrina, o EB também disponibilizou Instruções Provisórias (IP) com informações básicas acerca do MEG, PEO, AMP, MC, EGP e SMDO. Assim, aos poucos vem se consolidando as bases doutrinárias que visam a melhorar continuamente a gestão do Exército, o que se constitui num relevante resultado da implantação do PEG-EB. Por fim, também foram realizados Simpósios Regionais em diversas guarnições e Simpósios Nacionais sobre o Programa em Brasília, por meio dos quais foram realizadas contínuas análises críticas da implantação do PEG-EB e da própria atuação da Assessoria, o que tem permitido a correção de rumos no sentido de se atingir, de forma cada vez mais eficiente, os objetivos inicialmente estabelecidos. 3.3.4.4 O sistema de excelência do EB O sistema de excelência do Exército Brasileiro (SE-EB) foi estabelecido em abril de 2007 pelo Comandante do Exército por meio da portaria n° 220, em continuidade ao Programa Excelência Gerencial (PEG-EB). (BRASIL, 2007a, p. 1) A implantação do SE-EB visa a integrar as informações gerenciais do Exército Brasileiro, para auxiliar as decisões do Comandante do Exército e do Alto-Comando do Exército, incorporando os conceitos e práticas adotadas pelo PEG-EB. (BRASIL, 2009c, p. 9) O SE-EB (observar logomarca na Figura a seguir) está baseado em quatro projetos principais: Projeto Sistema de Gestão Estratégica /Balanced Scorecard (SGE/BSC); Projeto Sistema Integrado de Gestão (SIG); Projeto de Gestão por Processos (PGP); e Projeto de Consolidação do PEG-EB. (BRASIL, 2009c, p. 10) 45 Figura: Logomarca do SE-EB Fonte: (BRASIL, 2009c, p.10) Figura: O sistema de excelência do Exército Brasileiro Fonte: (BRASIL, 2007a, p. 3 3.3.4.5 Resultados A participação em prêmios de excelência, por sua vez, vista mais como resultado do aperfeiçoamento da gestão das OM do que como objetivo, como já anteriormente mencionado, tem, entretanto, alcançado expressivos e crescentes resultados positivos, tanto a nível estadual como nacional, obtidos por organizações de diversos escalões do Exército, constituindo-se em claras indicações dos resultados do Programa.O Gráfico abaixo permite evidenciar o histórico da Instituição acerca dos prêmios de qualidade até o ano de 2007. 46 Fonte: (BRASIL, 2008, p. 3) O Gráfico acima nos permite constatar uma evolução dos resultados atinentes a prêmios de qualidade no âmbito do EB a partir do ano de 2002, certamente, proveniente da implementação e gestão do PEG-EB. 4. A ANÁLISE COMPARATIVA No presente capítulo, aborda-se a análise comparativa entre os programas em lide contempla a avaliação dos programas por meio das entrevistas realizadas na MB e no EB. A análise se pauta na verificação dos programas por meio de blocos do roteiro de entrevistas, quais sejam: 1 - informação comunicação do programa, 2 - capacitação do pessoal do programa, acompanhamento motivação e e avaliação do comprometimento do andamento pessoal do programa, envolvido no 4- e 3- liderança, programa, 5 – relacionamento do programa com as partes interessadas, 6 – ensino e gestão do conhecimento do programa e 7 – aperfeiçoamento do programa. Os resultados completos das entrevistas encontram-se na análise comparativa dos programas que está contida no anexo. No corpo deste capítulo, faz-se alusão a algumas considerações relevantes atinentes a cada bloco. 4.1. Informação e comunicação No que concerne a este bloco, verifica-se alguns pontos comuns tanto na informação quanto na comunicação do programa, tais como: a existência de contatos informais horizontais entre os encarregados de implementação dos programas nas OM e os comitês centrais dos programas, por 47 meio de e-mail e telefone e também, a dificuldade inicial de entendimento do programa, bem como um pouco de resistência às mudanças decorrentes à implantação do mesmo. No que tange à comunicação, o fluxo de ações realizado de maneira informal possibilita às OM retirarem suas dúvidas a tempo e a hora no canal que melhor lhes convier. Tal fato permite um desbloqueio dos encarregados das OM no que concerne às informações úteis e relevantes dos programas. Já no que toca à dificuldade inicial de entendimento e à resistência às mudanças, trata-se de características intrínsecas do ser humano, que podem¸ porém, ser atenuadas ou exterminadas, conforme o caso, com a continuidade da realização de contatos informais de esclarecimentos, dúvidas e questionamentos. Nesse sentido, o EB promoveu adaptações no critério estratégias e planos que passou Militar, com o a denominar-se Plano de Gestão da Organização decorrente desdobramento nos planos de ação em todas as Organizações Militares. Também é importantíssimo citar que a comunicação no EB dá-se por meio de um fluxo de ações bastante interessante. As informações atinentes ao programa são alcançadas por meio do SISPEG-WEB, fato que permite a OM trabalhar em um ambiente amigável, que pode ser acessado pelos militares a qualquer momento e em qualquer lugar, possibilitando, assim, uma maior flexibilidade para as OM longínquas de seus Comandos Superiores Imediatos e para os próprios usuários do sistema. Também promove uma visualização globaldas atividades que estão sendo realizadas pelas OM por parte do comitê central, permitindo a emissão de relatórios gerenciais de valia para o referido comitê. Outro fato bastante relevante é a utilização por parte do EB de vídeo conferência. Essa ferramenta transmissão de novidades permite a realização de adestramentos, e informações úteis relacionados ao programa, bem como possibilita uma maior velocidade no fluxo de ações e informações de modo a incrementar a uniformização do conhecimento para as áreas mais distantes. Também, nessa Instituição, mostra-se com grande importância a realização de uma reunião anual para tratar do programa. A referida reunião promove o debate e a troca de informações, a fim de permitir a verificação do que pode ser melhorado no Programa para o ano seguinte e de modo que se tenha uma uniformidade de procedimentos para tomada de decisões equânimes envolvendo evoluções que sejam possíveis para todas as OM. Participam dessa 48 reunião, além do EME, os ODS e Comandos Militares de Área. 4.2. Capacitação do pessoal No que tange à capacitação do pessoal, observa-se alguns pontos comuns, tais como: as praças dos comitês centrais são auxiliares de seção/ divisão ou departamento, fica a cargo do Comandante da OM a indicação de um militar capacitado e especializado para gerir o programa, o consenso de que a rotatividade do pessoal pode contribuir para a descontinuidade do programa, bem como o comum acordo de que a existência de material didático bem delimitado ajuda a manter a capacitação do pessoal do programa. No encarregados, EB, embora as elas possuem praças encargos exerçam funções colaterais de auxiliares importantes, tais dos como: assessoria e instrutoria. No comitê central, existem duas praças com mais de 10 anos de experiência como examinadores de banca do PQGF, outros do DECEX, são instrutores do Curso de formação de avaliadores do Prêmio de Qualidade do Rio de Janeiro (PQRIO). Os sargentos estão habilitados a realizar instruções, adestramentos internos e até externos, bem como atuarem como multiplicadores de conhecimento na Força. Em ambas as Instituições, existe o consenso de que a rotatividade do pessoal pode contribuir para a descontinuidade do programa. Porém, não há como impedir a movimentação de militares, pois é requisito de carreira. Todavia, a forma de orientação para amenização do problema é a manutenção de um quantitativo de pessoal capacitado tanto no comitê como nas OM que possa suprir a ausência do pessoal movimentado. É importante, também, que sempre seja preparado o substituto e registradas todas as lições aprendidas. É recomendável que seja atribuída função na comissão de gestão do programa no comitê e nas OM aos militares que tenham previsão de ficar mais tempo nas unidades. Nas duas Instituições existe a flexibilidade do comando em eleger um militar capacitado e especializado para gerir o programa nas Organizações. Tal fato permite ao titular da OM escolher o militar com o perfil mais adequado para a realização da condução do programa. É de comum acordo também que o material didático bem delimitado ajuda o pessoal do programa a manter a capacitação por ocasião da passagem de funções. Não se pode mais ter apenas na cabeça das pessoas o conhecimento necessário para as funções. É fundamental compartilhar as experiências e 49 registrar. Prover cursos de capacitação para o desempenho das funções também é muito importante. Outra consideração importante é a relativa ao Comitê Central do EB. O referido comitê dispõe de quatro subáreas no EME para tratar do assunto. Possui nove oficiais e 11 praças para geri-las, bem como para coordenar as 628 OM do EB participantes do programa. Hoje, com a ajuda deste pessoal já foram treinados mais de 6000 integrantes da força, por meio de cursos extra-EB ministrados pela FGV e ENAP, bem como por meio de curso á distância produzido pela Instituição .São oferecidos cursos de Melhoria Contínua e Análise de Processo, nos quais é realizada a divulgação da importância do processo para a Força. 4.3. Acompanhamento e avaliação Sobre o bloco acompanhamento e avaliação do andamento do programa, tem-se os seguintes pontos comuns entre as Forças: caráter compulsório da aplicação do programa nas OM, a diretriz da periodicidade de duração do ciclo ser de dois anos, coincidência em algumas dificuldades e/ou problemas, recebimento de sugestões de modo setorial, algumas indicações de fatores críticos de sucesso comuns às Forças. Acerca da duração de cada ciclo de gestão nas OM do programa (autoavaliação, validação, identificação e implementação de melhorias), hoje, a idéia do EB é que seja de dois anos, coincidindo com o ciclo de comando. No primeiro ano de comando, então, o novo comandante teria o primeiro semestre para estudar o Plano de Gestão anterior, realizar inspeções de comando nas dependências da OM, realizar a auto-avaliação, ser validado pelo escalão superior e confeccionar/atualizar o Plano de Gestão. Dessa forma teria mais um ano e meio para implementar as melhorias necessárias. É consenso, também, que a periodicidade ideal é a que melhor se adequa à Instituição. Para as OM que concorrerão a prêmios, idealmente, um ano, pois os ciclos dos prêmios nacionais e regionais são desta periodicidade. Algumas dificuldades e /ou problemas foram coincidentes nas Forças, tais como: resistência a mudanças, as múltiplas funções exercidas em paralelo às atividades do programa, a sensibilização do pessoal abaixo dos padrões desejados, rotatividade do pessoal e a capacitação não totalmente adequada por ocasião do início do programa. Em que pese as Instituições não possuam pesquisa de opinião/satisfação institucionalizadas sobre o programa, tanto no EB como 50 na MB existem meios de retroalimentar o programa, seja por sites, visitas, contatos telefônicos, dentre outros. No EB, existe a facilidade de verificar a satisfação quantitativamente por meio do SISPEG e qualitativamente, por meio das reuniões de assessores e as videoconferências. São realizadas, também, pesquisas de clima organizacional das organizações com algumas perguntas de qualidade que são enviadas aos ODS e permitem um assessoramento para uma pesquisa operacional de maior porte. Um presente consenso estudo foram muito os importante fatores também críticos de obtido por sucesso ocasião (FCS) do para a implementação/gestão do programa. O autor, por ocasião do II Simpósio de Práticas de Gestão realizado na Escola Naval em setembro último, recebeu a resposta do palestrante Bruno Palvarini (Encarregado do GESPÚBLICA no MPOG) que os FCS em lide eram liderança e comunicação. Na presente pesquisa, verifica-se que além dos fatores expostos acima também tem-se a capacitação como crítica para a perfeita execução do programa. Portanto, considera-se como FCS para a implementação/gestão do programa nas OM da MB e do EB: liderança, comunicação e capacitação. Outras disponibilização considerações também foram expostas, tais como: de recursos financeiros específicos, falta de referenciais comparativos, falta de banco de dados com as melhores práticas de mercado sobre o assunto, motivação, dentre outros, que estão direta ou indiretamente relacionados com os FCS acima expostos. 4.4. Liderança, motivação e comprometimento No que concerne a este bloco, destaca-se alguns pontos comuns entre a Instituição e o EB, publicações sobre quais sejam: a liderança, existência de manuais, normas, a consideração de parcialidade de comprometimento, algumas ações específicas motivacionais comuns e em algumas OM foi notada uma tendência em se deixarem os trabalhos do Programa com um setor específico. Para corroborar o exposto no item anterior, verifica-se que ambas as Instituições são muito preocupadas com a questão da liderança, possuindo manuais, normas e publicações que regem o assunto, bem como a perseguição dos chefes em sempre atuarem na vertente psicológica da motivação de seus subordinados. Também ocorreu em ambas as Instituições, de um modo geral, a ocorrência de militares parcialmente compromissados 51 no que concerne à aplicação dos programas. As principais causas observadas são: Descrença no programa tendo em vista a visão parcial da aplicação de outras iniciativas na área de qualidade, o número de atividades tocadas em paralelo ao planejamento e execução do programa nas OM, rotatividade de pessoal, incapacidade, por vezes, de visualizar, com maior rapidez, resultados concretos. No que diz respeito às ações realizadas no sentido de motivar o pessoal, as Instituições estão realizando palestras e visitas nas OM, promoção de simpósios, participação em eventos extra, dentre outros. No EB, obtiveram-se melhoras significativas no comprometimento e na motivação do pessoal com a capacitação por meio de escalonamento dos currículos, de acordo com o grau de complexidade dos assuntos e conforme o incremento da antiguidade nos cursos de carreira. Alguns resultados também foram alcançados, tais como: o pessoal capacitado, as premiações conquistadas e a mentalidade difundida, além do uso da tecnologia da capacitação à distância. No EB, os prêmios alcançados podem ser acessados por meio do link premiações – portalpeg – no qual constam as premiações. No que concerne aos prêmios intra-força, tanto a MB quanto o EB estão iniciando suas implementações. Para o cumprimento das atividades atinentes ao programa, são necessários comprometimento e motivação de todos os militares da OM para o atingimento da excelência em gestão. 4.5. Relacionamento com as partes interessadas Acerca do relacionamento do programa com as partes interessadas, evidencia-se alguns pontos comuns entre as Instituições: seus Comandantes vêem o assunto como prioritário para as Forças, ambos possuem bom relacionamento com a sociedade e possuem informações sistêmicas sobre seus fornecedores. O CM vê o assunto de forma prioritária para a força, tendo incluído regularmente nas ORCOM informações necessárias à implementação e gestão do Programa Netuno. Recentemente, participou do simpósio de práticas de gestão, com um discurso extenso sobre o assunto. Exército também prioriza o assunto por Igualmente, meio de o Comandante do comparecimento nos simpósios, bem como com o acompanhamento no período de 2003 até 2008 por parte de Assessoria Especial do Gabinete do Comandante do Exército e, a partir do final de 2008, por meio do EME. Tanto o EB como a MB possuem ótimo relacionamento com a sociedade. Simpósios são realizados nos quais há a abertura à participação do 52 público externo. Ocorrem envios de artigos para a revista da intendência. Ocorrem também visitas no MPOG, em Brasília, por comitivas das forças. O EB estabeleceu parcerias com as instituções: Gera Brasil, da Petrobrás; Movimento Brasil Competitivo; Fundação Nacional da Qualidade, além do próprio GESPÚBLICA. Alguns órgãos foram visitados como benchmarking, como Banco Central, Petrobras e Brasil Telecom. Também ocorre a participação em grupos de benchmarking por determinadas OM, tais como: o Instituto Nacional de Desenvolvimento em Excelência (INDE) e o Gerência Executiva da Qualidade (Gequal). No que concerne ao tratamento dado às OM operativas, ambas as Instituições estão pensando em personalizar o referido atendimento, de modo a atender às especificidades e peculiaridades com vistas à customização e adequação do modelo às necessidades das Forças em lide. A MB por meio de a dispensa do planejamento estratégico por parte das OM operativas, que passarão a seguir o plano de seu ComImSup e o EB por meio da concessão da extensão do tempo necessário para a realização das atividades do programa. 4.6. Ensino e gestão do conhecimento No que diz respeito ao ensino e à gestão do conhecimento do programa, participa- se os seguintes pontos comuns: os agentes multiplicadores do programa são escolhidos em conformidade com critérios do comandante da OM, nas Instituições constantemente existem trabalhos acadêmicos sobre o tema e ambas as Forças analisam seus currículos com base na realimentação dos alunos e nas necessidades das OM. Nas duas Instituições os multiplicadores são escolhidos de acordo com a orientação dos Comandantes das OM. Também em ambas, existe a indicação de um perfil adequado pelo Comitê. No EB, são aqueles que possuem experiência na função e/ou possuem capacitação na área de gestão, como o Curso Básico de Gestão, criado especialmente para o Programa, cursos à distância de Análise e Melhoria de Processos, Planejamento Estratégico Organizacional, Melhoria Contínua, ou mesmo cursos civis, como MBA em Gestão de Projetos, MBA Executivo. Tanto na MB como no EB, anualmente, existem trabalhos acadêmicos sobre o tema, sendo realizados por oficiais no decorrer de seus cursos de carreira. No EB, existe um curso administração (Curso para de Oficiais Gestão Superiores e Assessoramento voltado de para a Estado-Maior- CGAEM), no qual é exigida a apresentação de uma monografia voltada para a 53 área de gestão. Existem mais ou menos 40 alunos por ano. As Forças analisam seus currículos com base na realimentação dos alunos e nas necessidades das OM. Ambas utilizam o ensino presencial e à distância para ministrar aulas sobre o assunto. Os dois mostram-se eficientes e eficazes. Os cursos de ensino à distância (EaD) possuem excepcional potencial de disseminação, se realizado por alunos interessados/voluntários. É muito eficaz no quesito abrangência/disseminação. Porém, de acordo com opiniões colhidas, o presencial mostrou-se um pouco mais efetivo pela interatividade. Um curso bastante interessante que foi realizado no EB, de modo presencial, foi o curso básico de gestão (em mais de 20 edições) para oficiais e praças. Hoje, no EB, as principais escolas de formação e aperfeiçoamento de oficiais e praças contemplam a disciplina de ciências gerenciais e é realizado um escalonamento da disciplina ao longo da carreira. A 2ª Subchefia do EME apreciou este ano os planos de disciplinas (PLADIS) das escolas do EB na disciplina Ciências Gerenciais e solicitou mudanças em alguns PLADIS. 4.7. Aperfeiçoamento No que tange ao aperfeiçoamento do programa, este bloco tão importante, mostra-se os pontos comuns das Forças: as oportunidades verificadas foram praticamente as mesmas, as Instituições que podem ser alvos de estudos futuros foram bem parecidas e alguns pontos fortes comuns. No que concerne às oportunidades, as Forças observaram praticamente os mesmos pontos, quais sejam: melhorar a Imagem Institucional junto à Sociedade, Governo e Forças similares e uma maior visibilidade do programa com o reconhecimento e ganho de status no meio externo. No que diz respeito à ameaças, existiu também o consenso de que ocorre quase nenhuma ameaça. Sobre a possibilidade de avanços e melhorias, verifica-se que os itens são totalmente diferentes, haja vista que as Instituições encontram-se em diferenciadas fases de condução do programa. Para a MB, os aspectos passíveis de avanços e oportunidades de melhorias são os seguintes: Sistematização das informações produzidas pelas Organizações; Aumento da troca de informações e conhecimento das OM dentro do programa, com ênfase na disseminação de conhecimento; Evolução do sistema de gestão para permitir o atingimento de prêmios externos, angariando maior visibilidade institucional; 54 Maior disseminação do Netuno; Criação do Prêmio destaque MB; Aumento da possibilidade de interação com órgãos extra-MB para que as boas práticas sejam trazidas pela instituição. Sobre as Instituições que podem ser utilizadas como benchmarking, houve consenso no que concerne à Petrobrás, Eletronorte e Gerdau. Também houve algum senso comum sobre alguns pontos fortes, quais sejam: Instituição bem avaliada/respeitada pela Sociedade; Instituição com base na hierarquia e disciplina, com valores e princípios; Instituição bem estruturada com histórico de sucesso; Envolvimento da alta administração; Material didático bem delimitado. 5. CONCLUSÃO Conforme exposto neste trabalho, podemos afirmar que por meio do início da utilização da cultura gerencial, marcada por premissas e valores, tais como: mensuração de resultados, controle social, transparência e serviço com foco voltado para os cidadãos, foram introduzidas, gradual e progressivamente, várias novas idéias inseridas em seu bojo o enfoque da gestão pública. Dentre estas inovações em termos de concepções, evidencia-se o GESPÚBLICA. Dentro deste contexto e em virtude de experiências positivas alcançadas no setor público (como é, demonstrado neste trabalho, o caso do EB), a MB inicia, em 2007, a implementação coadunar, alinhando-se com do Programa Netuno, a fim de se a Administração Pública e de prover instrumentos para o incremento da qualidade e da gestão de suas atividades, mais uma vez, com isso, rompendo barreiras norteando uma gestão estratégica moderna , na perseguição, sempre, das melhores soluções para otimizar a operacionalização de seus trabalhos. Então, objetivou-se buscar um colegas referencial comparativo em nossos de trabalho de braço forte e mão amiga. Procurou-se, assim, a realização de uma pesquisa de benchmarking, utilizando-se das pesquisas exploratórias desenvolvidas pela análise documental e público-alvo balizou-se em militares de pelas entrevistas grande renome junto aos seus pares superiores e subordinados e de indubitável competência no que concerne aos temas relacionados à gestão pública gerencial moderna. 55 cujo Nesta pesquisa, de acordo com os dados coletados nas Forças, foram estabelecidos os fatores críticos de sucesso do Programa NETUNO: liderança, comunicação e capacitação. Tornam-se, possível, indispensáveis Instituição, as especialmente incrementarão a no qualificação ações conseguinte e na medida do específicas direcionadas ao pessoal da sentido na por da área realização da gestão, de treinamentos proporcionando que maior disseminação do conhecimento, angariando, com isso, mudanças significativas nos métodos e processos ora em execução. Ainda neste diapasão, cabe destacar que existe a premência de se trabalhar tempestivamente em conformidade com a percepção organizacional e/ou setorial dos problemas e dificuldades que se apresentem. Assim, o presente trabalho, conduzido pela orientação de seu autor e levando-se em consideração o referencial comparativo de uma Instituição excelência em gestão, destaca construtivamente reconhecida pela algumas possibilidades de melhorias que, após a devida avaliação por parte do núcleo de gestão da MB, são passíveis de implementação no que concerne à gestão do Programa NETUNO: A promoção de adaptações no critério estratégias e planos que passaria a denominar-se Plano de Gestão da Organização Militar, com o decorrente desdobramento nos planos de ação em todas Organizações Militares, a fim de customizar as idéias do GESPÚBLICA para a Administração Naval; A adoção de um sistema similar ao SISPEG-WEB que permita o fluxo de informações de modo diuturno, possibilitando uma maior flexibilidade e a realização dos trabalhos em ambiente amigável; A realização de videoconferências e reuniões anuais com os ODS e Comandos de Distritos Navais (DN), a fim de, respectivamente, incrementar a uniformização do conhecimento para todos os DN e promover o debate e troca de informações para a tomada de decisões equânimes envolvendo evoluções que sejam possíveis para todas as OM; O incentivo à participação mais efetiva das praças no programa, a fim de que possam atuar de modo mais permanente e estejam aptos a realizar instruções, adestramentos internos e até externos, bem como atuarem como multiplicadores de conhecimento na Força; A manutenção de um quantitativo de pessoal capacitado tanto no núcleo de gestão como nas OM que possa suprir a ausência do pessoal movimentado. É recomendável que seja atribuída função na comissão de gestão do programa no 56 comitê e nas OM aos militares que tenham previsão de permanecer por mais tempo nas OM; O incremento em termos de pessoal e material do núcleo de gestão, de modo que se tenha, pelo menos, a metade do disposto no Comitê Central do EB; A institucionalização de pesquisa de clima organizacional nas organizações com algumas perguntas de qualidade que poderiam ser enviadas às OM; Estabelecimento, de modo sistêmico, dos prêmios alcançados pela Instituição e dos prêmios intra-força (com a criação do prêmio destaque MB) por meio de um “link” no sistema a ser implementado na MB, a fim de permitir uma maior visualização dos resultados obtidos até então; Incremento de parcerias com as instituições Gera Brasil, da Petrobrás, Banco Central e Brasil Telecom pode ser interessante, bem como a eventual participação em grupos de benchmarking, tais como: o Instituto Nacional de Desenvolvimento em Excelência (INDE) e o Gerência Executiva da Qualidade (Gequal). Também podem ser programadas visitas semestrais ou anuais nos DN para informar, esclarecer e verificar o andamento do programa nesses Distritos. O contato pessoal é muito importante; A adoção de um curso básico de gestão, similar ao que foi realizado no EB, pode ser uma forma de disseminar o NETUNO, bem como a implementação de uma disciplina nas Escolas de Formação e Aperfeiçoamento similar às “ciências gerenciais” do EB; Verificação da possibilidade de implementação de um curso para Oficiais Superiores focado na área de gestão, a exemplo do que ocorre no CGAEM do EB; e A maior disseminação das disciplinas atinentes ao Programa por meio de EaD também faz-se válida por sua abrangência de disseminação. No que concerne às sugestões de estudos futuros, é importante que sejam verificados os procedimentos e prioritária e seqüencialmente, nas práticas que estão sendo realizadas, Instituições: Petrobrás, Eletronorte e Gerdau.Outras Instituições também merecem destaque para avaliações futuras, tais como: Furnas, EMBRAPA, Banco Central. Caixa Econômica Federal, Correios, Receita Federal, Hemorio, Secretaria Estadual de Saúde do RJ. Em face do exposto neste trabalho, o Programa NETUNO, neste momento, almeja um destaque por meio do compromisso imprescindível de todo o seu pessoal, em especial daqueles 57 que desempenham funções de relevância na Administração Naval, como direcionadores de valores essenciais de comprometimento do pessoal e de motivação, por meio do balizamento de objetivos em consonância com a visão estratégica da MB e com os parâmetros da excelência gerencial. Por fim, espera-se que os objetivos pretendidos neste trabalho tenham sido atingidos, tendo em vista que as considerações realizadas por meio do referencial comparativo EB e ainda, pelas sugestões de melhorias emanadas acima para que se possa ter uma melhoria continuada e qualitativa da implementação e gestão do nosso Programa NETUNO. 58 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORBA, S. Netuno 2009. Apresentação do Microsoft Office PowerPoint 19972003. Rio de Janeiro, 2009. BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 1988. BRASIL. Congresso Nacional. Decreto 5.378 de 23 de fevereiro de 2005. Institui o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPUBLICA e o Comitê Gestor Desburocratização, do e Programa dá Nacional de Gestão Pública e outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do BRASIL, Poder Executivo, Brasília, DF, 2005. BRASIL. 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